Era um sábado à tarde, e o calor parecia ter decidido dar as caras em grande estilo. Enquanto Bryan e as meninas se divertiam na piscina, eu estava na cozinha, tentando convencer Sophie a experimentar suas primeiras colheradas de papinha de maçã. A ideia parecia boa na teoria, mas na prática...— Essa papinha de maçã é uma delícia, por que minha princesa não está abrindo a boca? — perguntei, já um pouco frustrada.Sophie apenas me olhava com aquela cara de "Você acha mesmo que vou trocar o seu leite por isso?"— Porque a princesa está mal acostumada com o peito da mãe — Bryan respondeu, surgindo atrás de mim e pegando Sophie do cadeirão com a facilidade de quem parecia sempre saber o que fazer.— Sério? Será que eu devia ter começado com a papinha antes? — perguntei, já começando a duvidar de mim mesma.Bryan riu, balançando a cabeça.— Vem aqui. — Ele me puxou pra um abraço. — Você fez tudo certo, Liah. Cada bebê tem seu tempo.Eu queria acreditar nele, mas soltei um suspiro pesado.
Eu estava ali, na cama do Bryan, tentando entender por que simplesmente não conseguia me levantar. Não era preguiça, nem cansaço. Era algo mais. Algo sobre o modo como ele me segurava, como se o mundo lá fora pudesse esperar.Ainda assim, notei uma inquietação nele, algo no jeito como ele olhava para o nada e movia os dedos sobre o lençol.— Preciso olhar as meninas na piscina — ele disse, como se estivesse tentando se convencer de que tinha que se levantar.— Pede pra babá olhar elas, por favor... — pedi, sem nem pensar.Era estranho, porque eu nunca pedia nada. Sempre tentei resolver tudo por conta própria, mas, naquele momento, a ideia de ele sair do quarto era insuportável. Talvez fosse o peso de tudo que aconteceu nas últimas semanas, ou talvez eu só precisasse de um pouco mais de tempo com ele.Bryan me encarou, claramente surpreso.— Mas...— Bryan… — insisti, tentando manter a voz firme.Ele suspirou, pegou o celular no criado-mudo e, sem questionar mais, ligou para a babá.—
Era pra ser só um dia comum. Só isso. Era tudo o que eu queria: assistir à apresentação do Dia da Família no jardim de infância da Stacie, filmar todos os passos descoordenados dela, rir com os outros pais e talvez até comer um lanche enquanto todo mundo fofocava sobre as crianças. Nada muito complicado, certo? Errado.Desde o momento em que vi Adalyn, a avó das meninas, entrar no auditório, senti um calafrio. Não que fosse uma surpresa vê-la ali, mas o fato de ela estar conversando e rindo com Brendon já me deixava desconfiada. Esses dois juntos só podiam significar problemas, e, como sempre, eu estava certa.Bryan tinha se levantado pra resolver alguma coisa com a diretora, me deixando sozinha com a Stacie no palco e o meu instinto gritando que algo ia dar errado.E foi aí que Brendon decidiu agir.— Venha aqui! — ele disse, segurando meu braço de forma que não deixava espaço pra discussão.— Me solta! — protestei, mas ele começou a me arrastar pelo corredor.O barulho do meu protes
Estava quase bom demais para ser verdade. Depois de toda a confusão com Brendon, as coisas em casa finalmente tinham se acalmado. Ele tinha ido embora, Bryan estava mais tranquilo, e eu finalmente estava me reconectando com Samantha. Passar os intervalos com ela na escola de novo era como recuperar uma parte de mim que tinha se perdido no meio do caos.Bryan, claro, não facilitava. Depois do incidente no jardim de infância, ele virou a encarnação de um guarda-costas misturado com babá. Eu não podia nem pegar um copo d’água sem ouvir: "Liah, você está se esforçando demais, senta aí!" Era como se o machucado no meu pulso tivesse se transformado numa fratura completa nas duas pernas!Ainda assim, eu tinha que admitir, o cuidado dele era reconfortante, mesmo quando me deixava louca. Ele até me ajudou a processar tudo o que aconteceu com Brendon. Quando contei sobre a nossa discussão, sobre ele não querer herdar a empresa e, pior, sobre as insinuações maldosas que ele fez, Bryan ficou surp
Chegar em casa depois de tudo o que aconteceu com Brendon era como sair de um pesadelo. Eu queria abraçar as meninas e, ao mesmo tempo, esquecer que tudo aquilo tinha acontecido. Mas claro, Bryan não ia me deixar escapar tão fácil.Assim que cruzamos a porta, ele me pegou pela cintura. Antes que eu pudesse processar o que estava acontecendo, já estava no colo dele, com minhas pernas automaticamente entrelaçadas na cintura dele e minhas mãos agarradas ao pescoço.— Bryan, o que você tá fazendo?! — perguntei, confusa, tentando não cair.— Cuidando de você.Ele começou a subir as escadas sem nem pestanejar, me carregando como se eu pesasse um saco de farinha. Era surreal o quanto ele parecia no controle de tudo. Eu, por outro lado, só conseguia pensar que a qualquer momento poderíamos cair e rolar escada abaixo.— Bryan, pelo amor de Deus, eu sei andar sozinha! — insisti, mas ele apenas encostou a testa na minha.— Não quero você andando.Meu coração estava batendo tão rápido que parecia
Eram três da manhã. Eu estava dormindo tranquilamente, ou ao menos tentando, quando o celular de Bryan começou a tocar. Era um som tão alto que ecoava pela casa inteira. Ele, como sempre, não mexeu um músculo, preferindo se enroscar mais em mim como se isso fosse abafar o barulho.— Bryan, vai acordar a Sophie... — resmunguei, já antecipando o inevitável.E claro, dito e feito. Antes mesmo que ele pensasse em atender, o choro da nossa caçula tomou conta do quarto.Suspirei, levantando para pegá-la no berço ao lado da cama. Enquanto a colocava no peito, vi Bryan atender o telefone com aquela expressão de quem queria matar alguém por estar sendo incomodado.— Sim, O’Connor falando... — começou, e eu sabia que era sério só pelo tom da voz dele.A conversa parecia urgente, as palavras vinham rápidas e tensas. Fiquei quieta, mas minha curiosidade me corroía por dentro.— Bryan, tá tudo bem? — perguntei, tentando decifrar seu rosto.— Preciso resolver algo urgente da companhia. — Ele deslig
Assim que chegamos ao hospital, tudo foi um caos. Bryan foi levado direto para a ala de cuidados intensivos, e eu, contra a minha vontade, fui arrastada para uma sala de exames.— Estou bem! — gritei pela terceira vez para as enfermeiras, completamente irritada com a insistência delas em me examinar.— É apenas protocolo, senhora, precisamos ter certeza de que não há nada grave.Protocolo ou não, eu só queria estar com Bryan. Cada segundo longe dele parecia uma eternidade, e meu coração estava pesado com a imagem dele desacordado.— Vamos trazer os papéis para você assinar. — A enfermeira, vendo que eu não cederia, finalmente me deu uma saída.— Obrigada. — Respirei fundo, tentando me acalmar.Fizeram alguns curativos nos arranhões dos meus joelhos e mãos, que ficaram ralados e esfolados com a queda. Coisa simples, mas a espera para ser liberada parecia interminável.Assim que me soltaram, praticamente corri até a recepção da emergência para perguntar sobre Bryan.— Quero saber em que
Eu já estava acordada fazia algum tempo, apenas admirando o rosto sereno de Bryan enquanto ele dormia. Mesmo com o cansaço evidente nos traços dele, a força e a determinação pareciam esculpidas em cada linha. Seus olhos, embora fechados agora, eram de um verde profundo que brilhava quando ele sorria. A barba rala no maxilar forte lhe dava um ar de maturidade, e o cabelo castanho-escuro, ligeiramente bagunçado, fazia com que ele parecesse casualmente impecável."Como alguém pode ser tão... perfeito?", pensei comigo mesma, sem perceber o sorriso bobo que surgiu no meu rosto.— Em outra vida, devo ter sido uma santa para merecer alguém tão especial como você. — Murmurei baixinho, com medo de acordá-lo.Só que a perfeição não poderia me salvar da realidade de uma bexiga cheia. Infelizmente, a vontade de ir ao banheiro era mais forte do que o meu desejo de continuar admirando aquele homem.Com cuidado para não acordá-lo, deslizei para fora da maca. Assim que abri a porta do quarto, senti a