Depois de um banho quente e demorado, vesti meu pijama e me joguei na cama, sentindo o corpo relaxar como se eu tivesse derretendo no colchão. A ideia era ler um livro até o sono chegar. Trouxe meu favorito na mala, achando que seria a companhia perfeita pra um fim de noite tranquilo. Mas, quando abri o livro e comecei a ler as primeiras linhas, ouvi o som de gritos e uma trilha sonora sinistra vindo da TV do Bryan.Olhei por cima do livro, tentando ignorar, mas a curiosidade foi maior. A tela piscava, iluminando o quarto dele com tons de azul e vermelho, e o som de passos rápidos ecoava. Eu já tava imaginando mil teorias sobre o filme. Bryan percebeu na hora que eu não estava prestando atenção em mais nada.— Vem pra cá assistir! — ele chamou, me olhando com aquele sorriso despreocupado.Hesitei por um segundo, mas minha curiosidade venceu. Peguei meu travesseiro, arrastei meus pés até a cama dele e me enfiei debaixo da coberta como se fosse a coisa mais natural do mundo.---Pipoca
Os dois dias em Santiago passaram voando, como se alguém tivesse apertado o botão de “avançar” na vida. Eu queria mais tempo ali, vendo neve, tomando chocolate quente e fugindo das aulas, mas, claro, a realidade sempre chama. Bryan precisava voltar ao trabalho porque, aparentemente, sem ele a empresa desmoronava. CEO, né? Deve ser difícil ser tão indispensável.Tudo estava tranquilo até a hora de embarcar. Bryan recebeu uma mensagem no celular e, de repente, a expressão dele mudou. Ficou sério, mais até do que o normal, e um silêncio estranho se instalou entre nós. Não perguntei nada, porque, sinceramente, parecia coisa de “adulto ocupado”.Quando finalmente chegamos na mansão, percebi que o clima ruim ainda estava no ar, mas eu só entendi o porquê quando entramos na sala de estar.---Lá estava ela: uma senhora com cabelos castanhos impecáveis, um casaco que parecia custar mais que minha bolsa de estudos e olhos azuis que eram uma versão mais fria dos meus. Ela tinha aquela vibe de a
Jantar sem o Bryan parecia tranquilo no início, quase como uma “noite das garotas”. Samantha, Stacie e eu sentamos na mesa, e logo a conversa começou a fluir... mais ou menos. Eu tava com um olho na comida e outro no celular, porque o Bryan não respondia minhas mensagens.— Tá parecendo noite das garotas — Samantha brincou, pegando mais um pedaço de lasanha.— É, seu pai deve ter tido algum problema que o segurou. Não tá me respondendo — falei, já checando o celular pela terceira vez.— Ah, às vezes acontece — ela respondeu, dando de ombros.Suspirei e decidi mudar de assunto.— Então, me contem, o que vocês aprontaram enquanto eu estava fora?Stacie quase pulou da cadeira com o braço levantado.— Eu primeiro!— Pode falar, boneca. — Dei um sorriso, mas bati no braço de Samantha pra ela prestar atenção na irmã.— No sábado, a babá nova deixou a gente chamar nossos amigos pra piscina.Quase engasguei com o suco.— Espera, como é que é? — Olhei diretamente pra Samantha, já esperando uma
A ideia de dividir o quarto com Bryan naquela noite parecia inofensiva. Quer dizer, já tínhamos feito isso várias vezes nos últimos dias, sempre com Sophie no meio. Nada demais. Mas naquela noite, de volta à mansão e no quarto dele, parecia completamente diferente.Era como se todas as decisões impulsivas que tomei nos últimos meses finalmente estivessem batendo na porta. Era oficial. Não era só um “contrato” ou uma “ajuda temporária”. Eu estava vivendo como esposa dele. E, por mais que eu quisesse me convencer de que era apenas uma brincadeira, cada vez mais parecia real.O resultado? Fiquei enrolando.Comecei a esticar a rotina da Sophie como se minha vida dependesse disso. Dei banho nela, passei creme, fiz massagem, vesti o pijaminha mais fofo que encontrei e cantei até ela dormir. Não satisfeita, ajeitei cada fralda no trocador como se fosse um desafio de simetria. Stacie, que estava no meu encalço, não falou nada, mas me olhava com curiosidade.— Senhora, não precisava ter feito
Como eu já suspeitava, os planos de "voltar pro meu quarto" foram pelo ralo. Adormeci no quarto do Bryan, com Stacie ainda grudada no meu peito. Quando acordei, o sol já estava iluminando as frestas da cortina, e o que me despertou de vez foi o som de batidas na porta.— Tá aberto! — gritei ainda meio sonolenta.Samantha entrou com Sophie nos braços, usando aquele pijama de unicórnio que parecia fofo demais pra uma adolescente tão cheia de atitude.— Toma — ela disse, me entregando a bebê sem cerimônia.— Sam, espera! — chamei, tentando me sentar direito com a bebê no colo.— Olha, sei que fez o seu papel e tudo mais. Não precisa pedir desculpas — ela respondeu, já virando as costas.Eu não queria me desculpar, queria falar com ela sobre o Joshua, aquele garoto que parecia ser encrenca pura. Mas antes que eu pudesse formar uma frase, ela já estava saindo do quarto como se eu fosse um lembrete ambulante de suas punições.Suspirei, me prometendo que ia dar um jeito de ter aquela convers
Acordar cedo nunca foi meu forte, mas aparentemente, para Stacie, o nascer do sol é só um detalhe irrelevante. Estava no meu terceiro ou quarto sonho quando ouvi a vozinha dela tentando me tirar da cama.— Stacie, deixa a mamãe dormir um pouco mais. Ela tem prova mais tarde — Bryan tentou, claramente mais acordado do que eu.— Por que a mamãe tem que ir pra escola? As outras mamães não vão! — Stacie questionou, como se tivesse descoberto o segredo mais absurdo da vida.— Porque essa mamãe é diferente — ele respondeu, com aquele tom típico de "não me faça elaborar".— Por que?— Porque sim.Achei engraçado. A resposta clássica do “não sei como explicar isso agora”. Mal sabia ele que eu já estava acordada há uns segundos, só ouvindo tudo com os olhos fechados. Não aguentei e acabei rindo.— Tá vendo, papai? Você acordou ela! — Stacie disse, cruzando os braços e fazendo uma cara de brava que parecia saída de um meme.— Ah, agora a culpa é minha?— É sim — retruquei, entrando na brincadei
Era um sábado à tarde, e o calor parecia ter decidido dar as caras em grande estilo. Enquanto Bryan e as meninas se divertiam na piscina, eu estava na cozinha, tentando convencer Sophie a experimentar suas primeiras colheradas de papinha de maçã. A ideia parecia boa na teoria, mas na prática...— Essa papinha de maçã é uma delícia, por que minha princesa não está abrindo a boca? — perguntei, já um pouco frustrada.Sophie apenas me olhava com aquela cara de "Você acha mesmo que vou trocar o seu leite por isso?"— Porque a princesa está mal acostumada com o peito da mãe — Bryan respondeu, surgindo atrás de mim e pegando Sophie do cadeirão com a facilidade de quem parecia sempre saber o que fazer.— Sério? Será que eu devia ter começado com a papinha antes? — perguntei, já começando a duvidar de mim mesma.Bryan riu, balançando a cabeça.— Vem aqui. — Ele me puxou pra um abraço. — Você fez tudo certo, Liah. Cada bebê tem seu tempo.Eu queria acreditar nele, mas soltei um suspiro pesado.
Eu estava ali, na cama do Bryan, tentando entender por que simplesmente não conseguia me levantar. Não era preguiça, nem cansaço. Era algo mais. Algo sobre o modo como ele me segurava, como se o mundo lá fora pudesse esperar.Ainda assim, notei uma inquietação nele, algo no jeito como ele olhava para o nada e movia os dedos sobre o lençol.— Preciso olhar as meninas na piscina — ele disse, como se estivesse tentando se convencer de que tinha que se levantar.— Pede pra babá olhar elas, por favor... — pedi, sem nem pensar.Era estranho, porque eu nunca pedia nada. Sempre tentei resolver tudo por conta própria, mas, naquele momento, a ideia de ele sair do quarto era insuportável. Talvez fosse o peso de tudo que aconteceu nas últimas semanas, ou talvez eu só precisasse de um pouco mais de tempo com ele.Bryan me encarou, claramente surpreso.— Mas...— Bryan… — insisti, tentando manter a voz firme.Ele suspirou, pegou o celular no criado-mudo e, sem questionar mais, ligou para a babá.—