Capítulo 23

Valentim

Não sei explicar direito como foi minha rotina naquele dia. Eu apenas encontrei-me frustrado pelo segundo dia seguido ao não ver minha querida inimiga transitando pela minha casa, como se ela lhe pertencesse. Eu sabia que não era certo me sentir de tal forma — afinal, eu só queria alguém para me tirar da mesmice —, muito menos descontar minha raiva na primeira pessoa que atravessasse meu caminho, mas eu fiz, do jeito que provavelmente me renderia uma discussão quando visse Laura novamente — tudo que eu mais queria, por mais que isso soasse contraditório aos meus ideias.

Sorri, recordando da cara do capacho, Lopes, quando lhe avisei que ele deveria se mudar para a casa dos empregados, ao lado da minha, apenas porque eu não queria vê-lo durante a noite, usando e abusando das mordomias que minha residência oferecia — uma vez que estar aqui em minha casa era, acima de tudo, um cárcere privado.

Soltei um risinho satisfeito, saboreando o possível confro
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