CAPÍTULO 3

Henrique

Na medida que corria sob aquela esteira, sentia meus batimentos acelerarem, o suor descer pelo meu rosto e a cada segundo a minha respiração ficava mais cansada.

Me exercitar é um dos poucos momentos livres que eu tenho e é uma das coisas que mais me trás paz... Eu me sinto bem quando estou aqui, sinto-me como se liberasse todo um peso das minhas costas, e é exatamente por isso que isso é a primeira coisa que faço todo santo dia, religiosamente.

Desci daquela esteira ao completar dez quilômetros... A minha camiseta já estava toda molhada, meu corpo estava exausto e eu estava sedento por um copo de água.

Saí da minha academia e me encaminhei direto para a cozinha... Tudo que preciso é uma garrafa de água, um banho gelado e em seguida um café da manhã reforçado.

- Bom dia, Senhor Henrique!- Uma voz calorosa e animada soou atrás de mim me assustando.

Virei-me para trás e me deparei com a babá... Qual é mesmo o nome dela? Marta, Manuela? Não me lembro, e também não faço questão de me lembrar.

Encarei aquela garota por alguns instantes e senti um certo incômodo ao vê-la com um sorriso de orelha a orelha... Agora não são nem sete horas da manhã, não entendo o porque desse sorriso... Eu simplesmente não consigo entender pessoas que tem bom humor logo de manhã, isso é inaceitável!

- Se anuncie quando for entrar em um cômodo, não é educado chegar de supetão.- A adverti sem paciência.

- Me desculpe... Irei me lembrar disso da próxima vez. Eu só vim preparar o café da manhã do Miguel, ele está de mal humor, mas não há nada que uma refeição bem reforçada não resolva, não é?!- Aquela garota desandou a falar animada.

Eu realmente não entendo o motivo de tanta animação... Nem eu que sou dono de uma das maiores empresas farmacêuticas do país estou animado, então também não há motivos para uma babá estar animada assim.

- Garota, você fala demais... Meu Deus! Já estou com dor de cabeça. Prepare o café do Miguel em silêncio ou a minha cabeça vai explodir.- Pedi sem paciência.

Aquela garota insolente não disse mais nada, apenas acenou com a cabeça em um silêncio absoluto e começou a preparar o café do Miguel... Graças a Deus!

Não demorou muito e o Miguel adentrou pela cozinha já vestido com seu uniforme e com uma cara de poucos amigos... Talvez, apenas talvez, ele tenha puxado todo esse mal humor de mim.

- Bom dia, Miguel! A babá preparou um café da manhã bem gostoso pra você... Tem ovos mexidos, torradas e frutinhas, e tem também esse suco bem gostoso de maçã que fui eu mesmo que fiz.- Ela falou tudo de uma vez em um tom eufórico e pude sentir as minhas veias saltarem com tamanha animação.

Ninguém, ninguém deveria ter bom humor antes das dez da manhã... Isso deveria ser crime sob pena de prisão perpétua.

Rapidamente me retirei daquela cozinha antes que eu xingasse aquela mulher mais uma vez... Subi diretamente até meu quarto e me aprontei para o meu dia de trabalho, até porque, tenho um dia longo de trabalho pela frente.

- Por que vocês ainda estão aqui?- Questionei a babá ao descer as escadas e me deparar com eles ainda na sala de estar.

A aula do Miguel se inicia as sete e meia em ponto e já são seis e cinquenta nesse exato momento, então eles já deveriam estar a caminho da escola.

- O motorista está a caminho, ele se atrasou.- Tania, a governanta avisou.

Pelo visto eu vivo cercado por pessoas incompetentes... Esse motorista sabe muito bem que ele deve chegar aqui todos os dias as seis da manhã em ponto, ele já está há mais de cinquenta minutos atrasado.

- Bando de incompetente! Coloque esse homen no olho da rua, Tania. Eu não quero mais vê-lo aqui.- Falei irritado.

- Tudo bem, tudo bem...- Tania me respondeu sem tentar limpar a barra do irresponsável.

Tania já trabalha pra mim há mais de sete anos, e ela me conhece o bastante pra saber que eu não tolero erros, e é exatamente por isso que ela não tenta falar a favor de um irresponsável como esse.

- O Senhor está indo trabalhar?- Aquela garota me questionou com os seus olhos negros sobre mim.

Lá vem!

- Não, estou indo para o circo... É óbvio que estou indo trabalhar.- Falei sem paciência.

- Me desculpe, é que talvez o senhor poça nós dar uma carona... Assim o Miguel não se atrasa para a escola.- Aquela garota disse como se tudo fosse fácil assim.

Eu não vou dar carona pra ninguém, é exatamente por isso que eu pago aquele irresponsável do motorista, e pago muito bem... Fora que eu nunca levei o Miguel na escola antes, nunca.

- Me desculpe intrometer, Senhor Smith, mas é realmente uma boa ideia... A escola do Miguel fica a duas quadras da empresa, já é caminho.- Tania se meteu.

Pelo visto a Tânia está do lado dessa insolente, mas pensando bem, pelo visto essa é a única opção... Ahh, esse motorista vai me pegar muito caro por isso.

- Andem logo, eu não tenho todo o tempo do mundo.- Falei irritado.

Miguel e a babá logo vieram caminhando atrás de mim e um silêncio absurdo formou -se quando entramos no carro.

- O carro do senhor é muito bonito... Eu nunca vi um carro assim, lá no interior os carros são bem mais simples.- Obviamente a maritaca da babá foi a primeira a falar.

- É, mas você não está mais no interior.- Falei sem paciência alguma.

Essa garota quer comparar o lugar que

ela morava, que é visivelmente onde Judas perdeu as botas, com a capital de São Paulo.

- É, mas eu sinto muito a falta do interior, sabia? La é tudo tão tranquilo, a gente até consegue dormir e acordar com o canto dos pássaros.- Ela falou e ao olhar de relance pelo retrovisor, vi que ela sorria.

Encarei aquela garota por alguns segundos e tentei desvendar de onde ela tirava tanta felicidade... Ela é uma garota simples, não tem um trabalho tão bom e pelo seu rosto da pra ver que a sua vida até agora não foi fácil, por que ela é tão feliz, tão sorridente? Eu tenho tudo, tudo, e ainda assim sinto falta de algo.

- E por que você não volta pra lá?- A questionei sem paciência desviando os meus olhos dela.

- Eu bem que queria, mas não posso... São Paulo será o meu lar nos próximos meses.- Ela me respondeu sem deixar de sorrir.

Eu sou um cara cético, mas agradeci imensamente a Deus no momento em que estacionei em frente a aquela escola e o Miguel e ela desceram do carro... Eu já não aguentava mais ouvir aquela mulher falar e ver aquele sorriso bobo em seu rosto... Eu sinto que não vou aguentar nem mais uma semana com toda essa alegria dessa garota.

- Bom dia, Senhor Smith! Como vai? Seu café já está servido lá na sua sala.- Cíntia me recebeu com uma enorme pasta nas mãos.

- O que é isso?- A questionei enquanto caminhava em direção a minha sala.

Hoje eu terei um dia bem cheio, terei algumas reuniões com a equipe de logística e marketing, irei receber alguns acionistas e terei também que visitar uma das nossas fábricas... Governar toda essa companhia sozinho é cansativo, mas ser o CEO dessa empresa é a coisa que faço de melhor na minha vida.

- É o relatório atualizado dos últimos seis meses... Diminuímos os custos em trinta por cento e aumentos o lucro em trinta e três por cento.- Cíntia falou e pela primeira vez no dia me senti animado.

Saber que a empresa está progredindo durante a minha gestão me trás muita, mas muita satisfação... Me lembro bem que na época que meu pai faleceu algumas pessoas disseram que eu iria afundar a empresa em menos de um ano, é gratificante ver todas essas assistindo o processo da companhia.

- Isso sim é uma boa notícia!

- Uma ótima notícia! Acho que temos um grande motivo para comemorar.- Cíntia diz com um sorriso totalmente malicioso em seus lábios.

Eu sei muito bem de que forma a Cíntia deseja comemorar... Vejo em seus olhos o que ela quer e pelo visto, ela quer agora.

- E o que você me sugere?- A questionei enquanto olhava para os seus seios fartos através do seu decote.

Cíntia deu meia volta ao ouvir a minha pergunta, ela trancou a porta da minha sala e veio até mim com seus olhos presos aos meus.

- Eu quero te chupar... Bem aqui e agora!- Ela respondeu descendo com sua mão até o meu membro, e naquele momento fiquei totalmente animado.

Cíntia não precisou dizer mais nada, eu puxei seu corpo para mim, tomei os seus lábios bem no meio da minha sala e nós transamos em cada canto daquele lugar.

Adentrei pelos portões da minha casa as nove horas da noite em ponto... Eu tive um dia literalmente cheio, então só penso em descansar nesse momento.

- Bom noite, Senhor Smith! O seu jantar

está servido na sala de jantar... O Senhor vai precisar de mais alguma coisa?- Tania me recebeu na sala de estar.

- Não, Tania! Pode descansar.-Avisei prontamente enquanto subia as escadas.

Me livrei daquele terno assim que entrei pela porta do meu quarto, tirei toda minha roupa e entrei de baixo da água gelada do chuveiro sentindo um grande alívio... Era exatamente disso que eu precisava.

Saí do banho ainda totalmente nu e adentrei pelo meu closet em busca de algo confortável... Eu facilmente dormiria assim, mas preciso descer para jantar, então irei vestir ao menos uma calça de moletom.

- Senhor Smith?- Pude ouvir batidas na porta do meu quarto e em seguida a mesma foi aberta bruscamente.

Eu até pensei em tentar me cobrir com algo, mas não deu tempo nem de pensar... A insolente da babá abriu a porta antes que eu pudesse fazer algo.

- AHHH!- Ela gritou histericamente ao ver que eu estava totalmente nu.

- SAIA JÁ DAQUI!- Gritei tentando me tampar com uma almofada qualquer.

Aquela garota que estava com uma feição indescritível em seu rosto bateu a porta do meu quarto bruscamente saindo do meu campo de visão.

- Me desculpe, Senhor Smith... Me perdoa, nem sei o que dizer.- Ela pediu gaguejando e pelo tom da sua voz deu pra perceber seu nervosismo.

Eu deveria estar totalmente fora de mim com essa garota insolente, mas quando me lembro da feição de desespero, vergonha no rosto daquela garota e do seu rosto todo corado, só consegui dar risada de toda a situação.

Essa garota definitivamente não b**e bem da cabeça!

- Maju...- Falei sozinho ainda rindo de toda a situação enquanto me lembrava do seu rostinho de garota corado perante toda a situação.

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