CAPÍTULO 5

Henrique

A sala de reuniões está abarrotada nesse momento. Pela primeira vez no semestre reunimos todo o time de lideres para que possamos discutir sobre os lucros do último semestre e também discutir estratégias para o semestre que está por vir... Eu sei que eu deveria ser a pessoa mais focada nesse momento, mas a minha cabeça está bem distante daqui.

A minha mente está uma verdadeira confusão nesse momento e mil assuntos rodam dentro dela sem parar... Eu penso no Miguel, nos meus pais, nós negócios e até mesmo na destrambelhada da babá do Miguel. Aquela garota definitivamente não nasceu para ser babá, acho até que ela está durando tempo demais lá em casa, mas sinto que dessa semana ela não passa... Pelo que fiquei sabendo, Miguel aprontou uma boa com ela esse fim de semana, sinto que até o fim de semana ela pede as contas.

Estava com meu pensamento distante, mas ao ouvir o Mattew falar de forma tão sínica, minha mente despertou automaticamente.

- Os gráficos estão apresentando uma melhora em 58,9 por cento em comparação ao semestre passado... Parabéns a todo o time que tem se empenhado muito e não vamos esquecer de dar o mérito ao nosso CEO, Henrique Smith, que tem feito um trabalho espetacular gerindo a todo esse império.- Mattew, um dos responsáveis pelo setor de marketing fez um discurso falso para me bajular enquanto sorria de uma forma totalmente forçada.

É engraçado ver como algumas pessoas mudaram seus posicionamentos sobre mim desde que me tornei o CEO dessa empresa. O Mattew sempre foi uma das pessoas que se opos quando anunciaram que eu me tornaria o CEO da empresa, hoje ele faz de tudo para me bajular e ser meu amigo, mas eu nunca, nunca vou cair no papinho dessa gente.

Sorri friamente ao ouvir todo aquele papinho furado e apenas balancei com a cabeça em forma de aceno... Mattew não me engana, ele só permanece na empresa até o momento por um bom funcionário, mas estou de olho nele e no momento em que ele pisar na bola, eu mesmo o colocarei no olho da rua.

- Bom, acho que todos os assuntos necessários já foram abordados... Vamos todos voltar as nossas posições, pois temos muito trabalho duro a se fazer.- Falei ao me levantar já cortando o papinho furado do Mattew.

Todos que alí estavam se dispersaram voltando para os seus postos e eu claro aproveitei a deixa para fazer o mesmo... Eu já estava de saco cheio daquela reunião, já estava louco para sair logo daquela sala.

- Senhor Smith... Gostaria de parabeniza-lo mais uma vez. Eu sempre soube que o seu trabalho aqui na empresa seria excelente, e eu estou me empenhando ao máximo para ajudar o Senhor em toda essa jornada. Se o Senhor precisar de mim para qualquer coisa, estou a sua disposição.- O Mattew me alcançou enquanto eu tentava voltar para a   minha sala.

- Ótimo, Mattew! É muito bom ouvir isso, estava mesmo precisando de alguém para auxiliar os estagiários que estão chegando essa tarde, faça isso por mim.- Pedi com um sorriso tão sínico quando o dele exposto em meu rosto.

- Ahh... Claro, pode deixar!- Ele me respondeu visivelmente frustado com o meu pedido.

- Obrigado pela cooperação, Mattew! Irá ajudar muito a empresa.- O agradeci com ironia e lhe dei costas antes que ele falasse algo.

Se esse imbecil acha que vai conseguir qualquer posição de prestígio equi dentro puxando o meu saco, ele está enganado. De mim ele não irá conseguir absolutamente nada!

- Senhor Smith, tem uma moça querendo falar com o Senhor na linha dois... O nome dela é Cassandra.- Cíntia me avisou e eu não tive reação ao ouvir aquele nome.

O que é que essa vagabunda quer comigo?

Essa cachorra está sumida há mais de quatro anos, ela não iria ressurgir do nada atoa.

- O que ela quer?- Questionei a Cíntia totalmente fora de mim.

- Não sei, ela não especificou assunto nenhum... Eu posso transferir a ligação?- Cíntia me questionou com os seus olhos curiosos sobre mim.

Ahh, mas agora eu quero saber o que essa vadia tem para falar comigo... Eu fui muito paciente e bonzinho com a puta barata da Cassandra da primeira vez, mas agora não serei mais.

- Pode, pode transferir.- Falei já adentrando para minha sala.

Sentei-me em minha mesa e tirei o telefone do gancho pronto para acabar com aquela mulher.

- Cassandra?- Atendi tomado pela raiva.

- Henrique! Que bom ouvir sua voz! Quando a sua secretária falou que ia tranferir a ligação para você eu nem acreditei, faz tempo que eu tempo falar com você.- Cassandra diz com um tom bem animado em sua voz.

- Cassandra, eu te conheço... Fala logo o que você quer, você não iria me ligar para ficar batendo papo.- Disse sem paciência.

- As estações mudam, mas você sempre continua o mesmo, Henrique. Eu estou te ligando para falar do Miguel...- Ela até tentou continuar, mas eu prontamente a interrompi.

Falar do Miguel? Essa mulher nem deveria estar falando no nome do meu filho. Eu não quero nem imaginar o que ela vai dizer.

- Eu não tenho nada a tratar com você sobre o Miguel, Cassandra... O Miguel é meu filho, você não é nada dele.- Afirmei.

- Pelo que eu me lembre, e eu me lembro muito bem, nós dois fizemos ele juntos e pelo que diz a lei, ele também é meu filho Henrique.- Ela falou tirando uma risada de mim.

Essa mulher é uma golpista, um animal cuida bem melhor do seu filhote do que essa mulher pode cuidar de uma criança.

- Cassandra, pelo que eu me lembre, você recebeu muito bem para ficar distante do Miguel e ainda recebe muito bem para isso.

Não tente se aproximar dele, Cassandra, ou eu sou capaz de fazer uma loucura.- Falei fora de mim.

- Henrique, me escuta... Eu só quero conhecer o meu filho, eu só quero ver o Miguel.- Ela falou, mas eu não quis ouvir aquele absurdo.

Bati o telefone contra o gancho antes que ela dissesse mais alguma coisa... Essa vadia me deu a criança no dia do parto, ela não quis nem olhar no rosto do próprio filho em troca de dinheiro, eu não vou permitir que alguém assim se aproxime do meu filho, porque eu sei que ela só está querendo usar o Miguel para tirar ainda mais dinheiro de mim... E ela definitivamente não vai fazer isso.

Só de ouvir a voz daquela golpista senti minha cabeça latejar de dor... Eu não vou mais conseguir trabalhar graças a essa puta dos infernos. M*****a a hora que eu transei com essa mercenária!

Levantei-me daquela mesa já pegando minha pasta e saí da minha sala sem nem olhar para o lado.

- Você já vai?- Cíntia me questionou enquanto me acompanhava até o elevador.

- Cíntia, não atenda mais as chamadas dessa mulher e não me avise se ela deixar algum recado. Eu não quero ouvir o nome dela, não quero ouvir falar dela... Você me entendeu?- A questionei com meus olhos sobre ela.

- Sim Senhor, irei bloquear o nome dela agora mesmo.- Ela respondeu rapidamente. - Mas o Senhor já vai? Achei que você iria paga o flat comigo essa noite.- Cintia diz.

- Não estou a fim de transar com você hoje, Cíntia... Fique tranquila que quando eu estiver com vontade, eu mesmo te procuro.- Falei sem paciência alguma.

- T..á b...om!- Ela me respondeu gaguejando.

Entrei naquele elevador sem dar a Cíntia uma chance de dizer qualquer outra coisa. Não estou com cabeça para ouvir qualquer baboseira agora.

Nesse momento eu não estou nem um pouco a fim de transar com a Cíntia ou com qualquer outra mulher, tenho coisas bem mais importantes para me preocupar... Se essa cachorra dessa Cassandra reaparecer do nada, eu terei um grande problema para lidar.

A porta da minha mansão foi aberta automaticamente quando me aproximei da mesma e ao entrar pela sala de estar me tranquilizei ao ver Miguel alí.

- Miguel!- Falei soltando um leve suspiro.

Nesse momento ele está sentado no chão com a babá, suas mãos estão toda sujas de tinta e eles estão pintando algo que não consigo decifrar... Eu poderia ficar fora de mim com a insolente da babá por toda essa bagunça, mas não vou, estou mais calmo em ver que o Miguel está bem.

- Me desculpa, Henrique... Quer dizer, Senhor Smith. Foi minha ideia fazer essa bagunça, mas eu já vou arrumar.- A babá falou se levantando desesperada ao me ver.

- É bom mesmo, se essa tinta sujar o meu porcelanato pode ter toda certeza que irei descontar do seu salário.- Impliquei para não perder o costume.

A gente não pode ser mole com esses funcionários, ainda mais com essa cabeça voada desse garota... Se eu der mole, é bem possível que ela coloque fogo na minha casa.

Me livrei do meu terno, da minha gravata e sentei-me em uma das poltronas enquanto observava a Maju limpando toda a bagunça com a ajuda do Miguel, o que confesso que está me surpreendendo muito... Nunca vi o Miguel interagir tão bem com uma babá.

- É assim, babá?- Miguel a questionava com os seus olhinhos atentos.

- Isso! Muito bem! Você é tão inteligente, Miguel.- Ela o elogiou e por um segundo a cena me fez sorrir.

É, talvez essa desmiolada não seja uma opção tão ruim, mas só talvez... Eu ainda penso e quero coloca-la no olho da rua, pois o seu bom humor ainda me incomoda e muito.

Maju desviou os seus olhos do chão enquanto limpava aquela sujeira, olhou para mim com aquele sorriso por alguns segundos e o seu rostinho me ver pensar em coisas que eu não deveria pensar... Não sobre ela, não com ela.

Essa garota é tão simples, Maria Júlia é totalmente diferente de todas as garotas que eu costumo sair... Ela é baixa, o seu corpo é magro e ela é tão simples, mas as vezes ela me olha com esse sorriso exposto em seu rosto e eu consigo imagina-la nua em minha mente... Eu a enxergo totalmente nua e realizando os meus desejos mais obscuros.

- Porra!- Exclamei alto tentando desviar aqueles pensamentos loucos da dentro da minha cabeça.

- Papai, o que é porra?- Miguel me questionou do nada me assustando.

Mas que merda! Eu tinha que falar isso justo perto desse menino? O Miguel repete tudo que a gente fala.

Pude ver a Maria Júlia rindo disfarçadamente de toda a situação e aquilo me deixou irritado... Ela não faz ideia, mas ela é a culpada de eu ter falado esse palavrão na frente do menino.

- Miguel, não repita mais isso... Essa não é uma palavra bonita!- O repreendi.

- Então por que você está falando?- Miguel me questionou me deixando sem respostas.

- Porque sim! Agora volta a limpar essa bagunça... Eu vou subir e quando eu descer quero tudo bem limpinho.- O Respondi já subindo as escadas para fugir dad situação.

Eu definitivamente não sei ser pai... Como é que se responde a essas perguntas? Eu não sei... Eu não tive a menor referência dos meus pais e definitivamente não me sinto apto para ser pai também.

Eu fui criado por babás desde que saí da barriga da minha mãe... Eram elas que me levavam para a escola, que me educaram e que me colocavam pra dormir toda noite. Lembro-me bem que tive uma babá que cheguei a chamar de mãe, e quando minha "mãe" descobriu a colocou no olho da rua, me lembro bem daquela cena, eu chorava vendo-a sair pela porta e minha mãe não se deu ao trabalho nem de me acalentar... Pra dona Ana Estela, a minha querida e amada mãezinha, eu só servia como um troféu a ser apresentado para as amigas da alta sociedade e para posar em capas de revista, e é exatamente por isso que não me sinto nem um pouco de remorso de me manter cada vez mais afastado daquela megera.

Desliguei o chuveiro afastando aqueles pensamentos de mim e saí do banheiro com a toalha amarrada na cintura... Adentrei pelo meu closet me vestindo, vesti apenas uma leve calça de moletom e uma camiseta branca.

Saí pela porta do meu quarto já indo em direção as escadarias e me surpreendi ao ver que o piso da sala estava limpo.

- Olha papai, a gente limpou tudinho!- Miguel falou animado ao me ver descer as escadas.

- Não fizeram mais que a obrigação, já que foram vocês que sujaram tudo.- O respondi.

Notei que Miguel ficou cabisbaixo e tristonho com minha resposta, mas eu sei muito bem que preciso agir assim com ele.

O Miguel é um menino muito arteira e difícil de lidar, é exatamente por isso que o trato assim... Se eu for mole, ele nunca irá me respeitar. Eu preciso ser assim!

- Nossa...- Pude ouvir a babá falar baixinho e senti uma olhar de reprovação vindo dela sobre mim.

- Algum problema, babá?- A questionei sem entender o motivo daquele olhar.

Maria Júlia levantou-se do chão se aproximando de mim e começou a falar bem baixinho para que o Miguel não pudesse ouvir.

- Eu não quero me meter na forma que o Senhor educa o seu filho, mas eu acho que falar um "parabéns" não vai te machucar. O Miguel é um menino muito bom, Senhor. Ele só precisa de um pouquinho de carinho e encorajamento.- Aquela garota gente a audácia de vir querer me dar conselhos.

Quem essa garota pensa que é para me dizer a forma que eu devo tratar o Miguel? Ele é meu filho e eu sei muito bem como devo trata-lo... Eu nunca aceitou ouvir palpites de ninguém, não vai ser agora que irei aceitar.

- Eu por acaso pedi sua opinião? Eu não contratei os seus serviços para você dar uma de psicóloga infantil, eu te contratei para cuidar do Miguel, faça isso e cuide da sua vida!- Fui totalmente rude para ver se ela entendia o recado.

- Me desculpa, eu só quis ajudar.- Ela respondeu com seus olhos ainda presos aos meus.

- Eu não pedi sua ajuda! Nunca mais se meta na forma que eu crio o Miguel, eu não vou tolerar os seus palpites uma segunda vez... Da próxima você está na rua!- Fui totalmente franco com ela.

Maria Júlia não falou apenas uma palavra se quer ao ouvir a minha resposta, mas vi em seus olhos que ela queria dizer muitas, mas muitas coisas para mim... E bom que ela reconheceu o seu lugar e não disse. Não tolero pessoas intrometidas!

- Agora volte a fazer o seu trabalho, você é muito bem paga pra isso, babá!- Falei por fim e passei por ela saído daquele cômodo.

É bom que essa garota não tente me enfrentar uma segunda vez... Eu estou sendo muito tolerante com ela, e nem sei porque estou sendo tão bonzinho, mas não lhe darei uma segunda chance, da próxima ela estará no olho da rua.

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