Vlad
— Um celular. — Anne ralha ironicamente, enquanto sorri sarcástica para mim. Os seus olhos antes sorridentes e brilhantes agora me acusam como se eu fosse o pior criminoso na face da terra e eu suspiro, pensando em algo para dizer-lhe.Mas o que eu devo dizer, que eu menti outra vez? Que escondi o fato de que poderíamos ter deixado essa ilha desde o começo de toda essa bagunça?— Sabia que eu estava quase acreditando nesse Vlad todo atencioso?— Mas esse sou eu de verdade! — replico. — Anne eu...— Você mentiu para mim esse tempo todo, Vladmir Mazza! — Ela praticamente grita essa acusação. — Não. — Seu sorriso sarcástico se alarga. — Você mentiu para mim desde o começo de tudo. Desde que esbarrou em mim naquele maldito café— Anne, por favor me escute...— Como eu sou burra, não é? Você deve ter pensado, que garota ingênua, como é fácil enganá-la e tirar dela o quiser. Quer dizer, eu me deixei enganar por duaAnne— Aqui está, senhor Vladmir. — Um funcionário do hotel diz largando as malas em um canto de parede. Entretanto, estou ocupada observando o confortável, porém, luxuoso apartamento, que tem boa parte das suas paredes de vidros, onde podemos observar toda a cidade.Respiro fundo e mesmo sem dizer-lhe nada, decido ir conhecer um pouco mais da casa que ficarei por trinta dias.Trinta dias. Às vezes me pergunto onde está o meu juízo.— Onde fica o outro quarto? — inquiro após andar por cada pedaço desse lugar.— Não temos outro quarto. — Vladmir responde com naturalidade.— Como assim, não tem outro quarto?— Não tem, Anne — bufo audivelmente.— Vladmir, eu deixei bem claro...— Que não dividiremos o mesmo quarto e nem uma cama. Eu me lembro de cada exigência sua, minha esposa. — Cruzo os braços na defensiva quando ele me olha nos olhos.— E então, como vai ser isso? — Ele dá de ombros.— Vamos dividir esse quarto.— Vlad...— Mas você pode ficar com a cama se quiser.— Oh! E, onde voc
Vlad... Eu levei anos para construir tudo que conquistei até agora, Vladmir e você não tem o direito de destruir tudo com os seus caprichos!Meus caprichos? Que merda ela está dizendo? Eu nunca fiz nada por mim, sempre foi tudo dedicado a eles e agora sou cobrado pelos meus caprichos? O Tim do elevador me desperta e eu saio imediatamente, caminhando com passos duros direto para a minha moto. Preciso me sentir livre, respirar ar puro porque estou morrendo sufocado por dentro.... Você pensa que sabe tudo, não é? ... Mas eu me sacrifiquei por você. ... Eu o trouxe para a esse mundo e você me deve isso!Trinco o maxilar.Sim, você me deu à luz, mas impiedosamente me jogou nas trevas em seguida, Senhora Mazza. Contudo, em meio a todo esse fogo que arde dentro de mim, tem uma enorme pedra de gelo dentro do meu coração que não derrete nunca. Fizeram de mim um homem sem alma, sempre pronto para servi-los. Mas agora... Deus, agora estou vendo um mundo diferente se abrir para mim e o medo d
Vlad Respira fundo, Vlad! Digo para mim mesmo quando a minha esposa sai do banheiro usando apenas um shortinho de seda rendado e uma miniblusa que deixa a sua barriguinha do lado de fora. Enquanto ela caminha na direção da cama, seca os seus cabelos com o auxílio de uma toalha. No entanto, ao olhar na minha direção desvio o meu olhar e finjo arrumar a minha cama improvisada do chão. Contudo, o meu coração quase salta para fora da boca quando ela apoia um pé na beirada do colchão e as suas mãos começam a deslizar por sua pele, espalhando um creme perfumado nela. Ela só pode estar de brincadeira comigo! Minutos depois, o som da sua respiração se espalha pelo quarto e eu volto a desviar o meu olhar, jogando um travesseiro sobre uma coberta grossa que abri no chão. Logo o barulho do secador preenche os meus ouvidos e eu me acomodo no meu cantinho, porém, não me deito, apenas finjo mexer no meu celular. Esses trinta dias serão o meu tormento. Penso abrindo a câmera apenas para observá-
Vlad— O que você fez, Vladmir? — Anne resmunga quando entramos no elevador. Confuso, apenas procuro os seus olhos, encontrando-os indecifráveis.— O que eu fiz?— Flores, beijo, almoço. O que você pretende com tudo isso? — Em resposta me viro de frente para ela e apoio as minhas mãos na parede atrás dela, olhando-a dentro dos olhos.— Estou fazendo exatamente o que te prometi, querida esposa. — Chego ainda mais perto, sentindo o seu hálito aquece o meu rosto. Contudo, os seus olhos estão ainda mais próximos dos meus e as minhas mãos coçam de vontade de puxá-la ainda mais para mim e de tomá-la aqui mesmo. No entanto, respiro fundo e controlo o meu coração afoito. — Estou trilhando um novo caminho até o seu coração. — Faço um esforço sobrenatural para me afastar dela
Anne ...Você não precisa mais ir trabalhar. — Era só o que me faltava! — resmungo assim que o táxi entra em movimento. — Como assim, eu não vou trabalhar mais? Em que tempo ele pensa que vivemos? — bufo alto e olho pela janela. Lembranças da noite passada me vem a cabeça e me pergunto onde está o gatilho que desencadeou todos esses pesadelos. O bolo de aniversário. Foi aí que tudo começou, certo? ... Só, sopre as velinhas, Anne, mas não antes de fazer um pedido. ... Ah não, é que... faz tempo que não comemoro o meu aniversário. É isso! É por aí que eu preciso começar a perguntar. Não demora e o carro para em frente aos portões da mansão Mazza. O meu coração dispara de emoção e então percebo o tamanho da saudade que estou sentindo de todos eles. Contudo, a essa hora encontrarei apenas uma pessoa que me interessa nessa casa. Victória Summer, a minha mãe e a única pessoa que poderá sanar as minhas dúvida
VladEm silêncio apenas a observo espalhar uma loção por sua pele e aprecio o leve aroma adocicado que se espalha pelo quarto, e quando ela termina simplesmente se deita na cama, porém, Anne não me dá as costas como das outras vezes. Ela se vira para a beirada e me fita deitado na cama improvisada.— Como foi o seu dia?Isso é novo para mim e interessado, me viro de lado, ficando de frente para ela.— Bem corrido e um pouco estressante. E o seu?— Recebi uma promoção hoje. — Ela abre um sorriso largo, porém, arqueio as sobrancelhas.— Como assim?— O meu chefe está abrindo uma filial em Portugal e ele me ofereceu um cargo de CEO da empresa.— Assim, do nada? — Uno as sobrancelhas.— Não está feliz por mim?— Qual empresa você vai assumir? — Ela dá
Anne— Você não disse uma palavra no caminho até aqui — falo assim que entramos no apartamento e ela faz menção de ir para o quarto. A Observo dar uma freada brusca nos seus passos.— Você não tem o direito de se meter na minha carreira profissional, Vladmir! — Anne rebate com dureza na voz.— E eu não estou — respondo ao seu ataque com calma.— O que foi tudo aquilo?— Só estou garantindo que ninguém meta a mão no que é meu.— EU NÃO SOU SUA PROPIEDADE! — Ela grita vindo na minha direção.— E eu não disse que você é. — Continuo calmo, mas juro que estou por um fio. — Por que não me contou sobre esses jantares? — Cobro.— Não achei que isso importaria.— Mas importa. Anne, eu não quero
Anne— Bom dia, Anne! Tem um tal de Lucas Brazão querendo falar com você. — Minha secretária avisa pelo telefone e imediatamente me sinto ansiosa.— Pode mandá-lo entrar, Mely — peço, me ajeitando na cadeira no mesmo instante e não demora para a porta se abrir. Um rapaz vestindo um conjunto de terno caro passa por ela, lançando-me um olhar firme e eu bem sei o porquê.Sim, eu tomei a liberdade de procurá-lo no final do seu expediente e praticamente o encurralei, exigindo algo dele. É claro que tive que ser bem persuasiva e o resultado está em pé bem na minha frente me estendendo um pedaço de papel.— Os endereços que você me pediu.— Não contou nada para o Vlad, não é?— Ainda não, mas preciso contar. — Meneio a cabeça fazendo um sim para ele.— S