Minha Cinza, Fui Sufocada até a Morte no Escuro
Minha Cinza, Fui Sufocada até a Morte no Escuro
Por: Falta de Sono
Capítulo 1
A falta de oxigênio me matou no porão. Mas, ao abrir os olhos novamente, percebi que não estava mais viva. Meu espírito pairava ao redor dos meus três irmãos.

Eles tinham acabado de chegar à enorme mansão. Gonçalo Holand, o irmão mais velho, e Ravi, o segundo, estavam ao lado de Sara Cruz, a meia-irmã. Ambos falavam com ela em um tom carinhoso:

— Ainda bem que chegamos ao hospital a tempo. Foi um susto, mas agora você está bem melhor.

Saulo, o mais novo, olhou para Sara com preocupação:

— O médico disse que você ainda está muito fraca. Precisa se alimentar bem para se recuperar.

Enquanto falava, Saulo pegou um pedaço generoso de carne e colocou no prato de Sara.

Uma empregada, que estava por perto, não conseguiu segurar a língua e disse:

— Senhores, a Srta. Jasmim está trancada no porão há três dias… Não houve nenhum sinal dela até agora.

Gonçalo franziu o cenho e respondeu com irritação:

— Hoje é o dia em que Sara saiu do hospital. Por que falar daquela desgraçada logo agora?

Antes que a empregada pudesse continuar, ela foi silenciada pelos olhares cortantes de Ravi e Saulo.

Ravi então murmurou com desprezo:

— Essa garota deve ter feito a sopa de frutos do mar de propósito. Ela sabia da alergia de Sara!

Saulo balançou a cabeça em concordância e comentou com ironia:

— E pensar que eu acreditava que ela finalmente estava aceitando a Sara. Tudo isso foi planejado desde o início!

Enquanto isso, Sara, com uma expressão de medo cuidadosamente planejada, abaixou a cabeça e sussurrou, hesitante:

— Será que a irmã vai ficar com raiva de mim depois de ser punida e passar tantos dias sozinha no porão?

Gonçalo fez um gesto de indiferença e respondeu:

— Não se preocupe, Sara. Nós sempre fomos muito brandos com ela. Nunca a disciplinamos como deveríamos. Depois dessa lição, ela vai pensar duas vezes antes de te atormentar de novo.

Enquanto falava, Gonçalo pegou o celular e abriu nossa conversa de mensagens. Ele atualizou a página várias vezes, mas as mensagens ainda estavam paradas há três dias. Eu não tinha enviado nada desde então. Nem uma única ligação.

O olhar de Gonçalo ficou ainda mais frio.

— Essa garota não teve sequer a decência de mandar uma mensagem para saber como você estava!

Nesse momento, Sara estendeu a mão e segurou a de Gonçalo, usando uma voz chorosa e trêmula:

— Eu só queria a companhia da irmã. Nunca quis causar brigas.

Gonçalo imediatamente largou o celular e acariciou a cabeça de Sara, dizendo com ternura:

— Você é tão bondosa, Sara. Não tem nada a ver com aquela ingrata.

Ravi, por sua vez, lançou um olhar cheio de desprezo ao lembrar de mim:

— Uma pessoa que é capaz de machucar a própria família por inveja? Isso é absolutamente imperdoável!

Saulo concordou com um aceno firme, cruzando os braços:

— Ela só sai do porão se ajoelhar e pedir desculpas à Sara. Caso contrário, vamos expulsá-la de casa de uma vez por todas!

Eu, que estava ali ao lado, ouvi tudo. Cada palavra me fazia rir de desgosto. Mas ninguém podia perceber minha presença.

Desde pequena, depois que nossos pais morreram, meus irmãos colocaram toda a atenção em mim. Quando pedi por um amigo da minha idade, eles fizeram questão de ir a um orfanato e trazer Sara para casa.

Eu a acolhi de coração aberto, mas Sara sempre retribuiu minha bondade com mentiras e manipulações. Com o tempo, meus irmãos foram se afastando de mim, cada vez mais.

Desta vez não foi diferente. Eles me trancaram no porão sem sequer ouvir minha versão da história.

Eu bati na porta até minhas mãos sangrarem, implorando por liberdade. Mas tudo que recebi foram palavras frias:

— Pare de gritar! Você está colhendo o que plantou. Se Sara passou mal, a culpa é inteiramente sua!

— Sempre fomos muito pacientes com você, mas agora vai aprender a lição. Fique aí dentro e reflita!

Ravi foi quem trancou a porta com correntes, e Saulo ainda colocou peso em cima dela para garantir que eu não tivesse a menor chance de sair.

Agora, olhando para Sara, que fazia um teatro perfeito diante dos meus irmãos, senti um misto de tristeza e ironia.

Minha voz, mesmo inaudível para eles, ecoou em minha mente:

“Irmãos, a pessoa que mais amava vocês no mundo foi morta por suas próprias mãos.”
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