Saio da sala de aula juntamente com meus colegas de classe, preparo-me para ir à cafeteria para almoçar. As últimas duas horas de aula foram uma tortura completa, o professor Will é tão chato explicando que é inevitável não cair no sono com a sua voz pausada. Pego duas peças de frango, salada e purê de batatas que a Sra. Samantha preparou. Levo minha bandeja de comida em busca de uma mesa vazia, mas antes de dar um passo sinto um corpo enorme bater no meu, fazendo com que eu derrube toda a comida.
—Desculpe, não percebi você. Você é tão pequena que qualquer um passa despercebido por você —fecho os olhos tentando controlar minha vontade de socar seu rosto.—Warren —murmuro lançando-lhe um olhar fulminante—. Você é um imbecil.—Ei, por que me insulta? Já disse que não te vi...—Bem, você deveria checar sua visão —retorqui me inclinando para pegar a comida que caiu. Braços masculinos pegam a bandeja entre as mãos e resmungo em resposta—. Não pedi sua ajuda...Levanto o olhar pronto para insultar Warren, mas não é ele, é Luke. Abro os olhos desmesuradamente e caio de costas no chão, gostaria que alguém me beliscasse para ver se isso não é um sonho.—Uhh, veio resgatá-la o seu príncipe encantado —Warren fala com um tom de deboche.—Não seja idiota, essa não é a maneira de chamar a atenção de uma garota —replica Luke se levantando—. Acredite em mim, não vai conseguir nada agindo como um idiota.—Fala o experto —solta Warren, sorrindo de lado.Olho para eles sem entender absolutamente nada, mas é evidente a tensão no ar. Isso é o que acontece sempre que eles se encontram, a rivalidade entre eles não mudou e acho que nunca vai mudar. Eles são como dois pólos opostos que se repelem, mal estão próximos e já começa uma guerra, não se sabe o que pode acontecer entre os dois. Então decido me afastar do grupo que se formou repentinamente entre as duas facções rivais, prefiro passar despercebida e desaparecer sem que os outros percebam antes de acabar prejudicada também.No entanto, meus pés param instintivamente ao ouvir a voz de Luke.—Você acha que não percebi seu interesse por Eveline? —murmura o loiro—. Talvez os outros não percebam, mas é muito óbvio que você está tentando chamar a atenção dela de qualquer jeito. Mas desse jeito não vai conseguir.Ah, o que eu perdi?O grandalhão o olha como se ele tivesse duas cabeças.—Não seja estúpido, nunca me interessaria por alguém como ela, nem parece feminina e ainda tem tudo o que odeio em uma garota —refuta Warren fazendo uma careta de nojo para mim, causando risos dos outros.Aperto os punhos com força ao meu lado, como ele se atreve a dizer isso?Me aproximo do idiota que me olha com desprezo e jogo minha bebida em seu rosto.—Mas que mer...?!—Ouse dizer mais uma coisa e você verá do que sou capaz. Imbecil —disparo irritada.Aqueles que presenciaram o ocorrido ficam surpresos com o que fiz com o capitão do time, consigo sentir os olhares de todos cravados em minhas costas enquanto me viro para sair da cafeteria. Corro pelo corredor sem me importar em esbarrar nas pessoas que vêm em direção contrária, preciso fugir dos olhares dos outros, odeio ser motivo de riso dos outros ou, pior ainda, ser o assunto de todos. Entro no banheiro que felizmente está vazio, e me tranco em uma das cabines. Aqui ninguém vai me encontrar, ou pelo menos é isso que eu achava até ouvir uma porta bater e de repente ver Luke me puxando pelo braço para fora.—O que você está fa-fazendo? —tento me soltar de seu agarre.—Se esconder não vai resolver o problema que vem te incomodando todo esse tempo. É assim que você resolve as coisas, fugindo da situação? —o encaro envergonhada, sei que ele está certo.—Eu... —tartamudeio sem saber o que dizer.Nunca ninguém me defendeu como ele fez, o garoto pelo qual estou apaixonada e só posso me conformar em admirar de longe. Não seria realista pensar ou sonhar que talvez, algum dia, algo possa acontecer entre nós, porque isso é difícil de conseguir.—Foi bom o que você fez, você estava se defendendo. Provavelmente Warren já está a caminho do escritório do diretor, mas não se preocupe, vou falar com ele antes para que a punição não seja severa —ele segue desaparecendo no corredor.Fico ali, no meio do corredor vazio sem saber o que fazer, por um lado estou processando tudo o que aconteceu hoje, é difícil não confundir isso com um sonho. Pode ser um pouco estranho, mas há alguns dias sonhei com algo parecido e se tornou realidade.—Que começo de aulas —murmuro indo em direção à sala de aula.Depois de um bom tempo, é hora de irmos para casa, já que o professor Joshua está doente. Saio da universidade e começo a caminhar pela calçada, pensando no trabalho que preciso entregar na quinta-feira. Suspiro cansada só de imaginar o que ainda tenho que fazer, mas essa é a carreira que escolhi e se quero me formar, preciso obter as melhores notas.De repente, ouço alguém gritar meu nome, viro-me e vejo Luke correndo em minha direção. Não sei se estou sonhando de novo, mas a cena parece se reproduzir em câmera lenta. É como estar em um filme onde o garoto bonito aparece enquanto o sol brilha em seu rosto e o vento sopra em seu cabelo.Alguém me belisque...—Você está indo embora? —sua voz me faz sacudir a cabeça.Aja normalmente, Eveline. Sorrio exageradamente enquanto seguro as alças da mochila.—Uh, sim, suponho —ele franze a testa.—Supõe? —ele repete, sorrindo de lado.—Ia para a biblioteca, preciso terminar a apresentação —respondo sentindo uma estranha cosquinha no corpo com o olhar dele.—Entendi. Podemos ir a algum lugar mais tarde?Ah? Estou começando a duvidar se isso não é realmente um sonho. Por favor, me diga que não é!—Você e... eu? — pergunto confusa.—Sim. A menos que você não queira e...—Não, não. Está bem, seria ótimo ficarmos apenas nós dois — me apresso em responder, mas ao perceber o que eu disse, falo novamente. — Quer dizer, não é que não seria ótimo se outras pessoas fossem, embora eu prefira estar com poucas pessoas. No entanto, não me importaria se convidasse seus amigos ou o que... seja.Melhor fechar a boca, você está agindo como uma tola. Ouço minha consciência. Por outro lado, Luke solta uma risada divertida pela situação.Ótimo, agora eu sou a engraçadinha.—Ok, entendi. Então vou te buscar às sete, tudo bem? — aceno freneticamente até sentir que minha cabeça vai se soltar do pescoço.Luke me dá um sorriso daqueles que me causam uma infinidade de sensações por dentro, desperta os dragões que habitam em mim. Fico ali, no meio da calçada vendo-o se afastar, tudo parece tão irreal que eu me dou t***s nas bochechas para me certificar de que realmente não é um sonho.—Isso é muito estranho — murmuro para ninguém em particular.Chego em casa num instante, subo as escadas com um sorriso bobo no rosto. Me sinto num conto de fadas, esperei por esse momento e nunca imaginei que seria tão bom assim. Mas, como de costume, os pensamentos obsessivos assumem minha mente e as inseguranças surgem arruinando minha felicidade num instante.Por que de repente ele tem sido tão atencioso comigo? Há alguma razão por trás desse encontro? A incerteza me consome viva, nem consigo pensar com clareza pois comecei a imaginar todo tipo de situações negativas que me causam ansiedade.Talvez haja um motivo egoísta por trás do convite, talvez não seja o que parece. Mas e se for o que eu desejei por tanto tempo?Eu me deito de costas na cama enquanto tento não dar voltas nesse assunto, afinal é apenas um encontro.É o que espero...Quando eu era criança, meu pai costumava ler histórias de princesas que eram resgatadas por príncipes encantados. Eu me lembro de imaginar todos os detalhes contados na história, criando um filme na minha cabeça para viver e me sentir parte dela. Meu pai sempre me contava o quão maravilhosa minha mãe era, como ele se apaixonou perdidamente por ela e como foi difícil ficar sozinho comigo. Eu tinha cinco anos quando minha mãe faleceu, não me lembro de muitas coisas, mas as histórias que ouvi sobre a mulher que me deu a vida permitem que eu tenha em memória aquelas experiências que não pude desfrutar por conta própria.Ouvir essa história de amor dos meus pais me fez ter grandes expectativas ao procurar pela pessoa certa para mim, não acreditava em almas gêmeas, muito menos em metades de laranjas. Na verdade, não espero que meu parceiro ideal seja perfeito, mas que ele me mostre que, apesar dos problemas que possam surgir no futuro, estaremos um ao lado do outro, assim como meus pais.No
Agora ele vai pensar que estou indo fazer o número dois. Maravilhoso.—Ah, bem, então vamos? — ele aponta para o cais, que está a alguns metros de nós, e que eu, por algum motivo, ainda não notei.—Tudo bem.Depois de um tempo, conversamos sobre coisas triviais enquanto aproveitamos uma noite agradável perto do lago. O restaurante não é como os da cidade, é mais simples, com um estilo um tanto extravagante e retrô. Ao fundo, uma garota de pele bronzeada canta com uma voz incrível, uma melodia suave que envolve o ambiente de forma romântica.—Posso te pedir um favor? — ele fala depois de alguns minutos.—Sim, claro — eu olho para ele com dúvida.—A razão pela qual te trouxe aqui é porque preciso da sua ajuda, realmente não sei o que fazer para resolver esse problema — ele explica, suspirando cansado. — E por isso contei com você, acredito que você possa me ajudar. Vou te pagar.—Umm, ok? — eu respondo hesitante. — Diga-me.Ele sorri satisfeito.—Bom, eu não sei por onde começar, mas vo
- Laura! - chamo minha secretária, que não demora a aparecer.- Sim, senhor...?- Quem preparou o café? - interrompo levantando-me da cadeira.- Fui eu, senhor - ela responde nervosamente.- E o que eu te disse sobre não adoçar o meu café? Parece que não ficou claro para você - olho para ela seriamente.- D-desculpe, senhor - ela murmura envergonhada. - Vou lhe trazer outro.Me levanto sabendo que se esperar mais um segundo aqui, as coisas podem acabar mal.- Vou sair, cuide para que isso esteja limpo antes de eu voltar - exijo, colocando meu casaco preto.- Sim, senhor - saio do escritório, pronto para ir para casa.Não tenho tempo a perder com meus funcionários, às vezes nem mesmo entendo por que eles ainda têm emprego se não fazem bem o seu trabalho. Mas, se eu me desse ao trabalho de observar quem se destaca mais nisso, devo dizer que o único que se sobressai é Ralph, o garoto ruivo que está há pouco tempo no restaurante, os outros não são competentes. Como herdeiro dos restaurant
—L-desculpe-se-levanta - se e vejo que agarra o seu telemóvel que caiu a alguns metros de nós, assim como o meu telemóvel.Eu me aproximo para buscá-lo e dou meia volta entrando no restaurante. Eu nem entendo como as pessoas não olham para onde andam, elas estão tão trancadas em sua própria bolha que esquecem o mundo onde vivem. Se eles pelo menos percebessem o que os cerca, evitariam esse tipo de incidente. Mas não, o mais seguro é que aquela moça desajeitada tivesse a mente distraída divagando em qualquer tolice, sem estar pendente por onde anda.Fecho a porta atrás das minhas costas e entro no meu escritório em busca das coisas do meu carro, vou ao super mercado para algumas coisas antes de voltar para casa. Embora eu não costumo fazer compras em casa, como a governanta cuida disso, hoje eu decidi dar-lhe o dia de folga para ficar sozinho. Não demora muito para chegar ao shopping, estaciono o carro e entro no local abastecido. Eu faço as compras rapidamente, pois não há muitas pess
Abro os olhos desmesuradamente ao perceber o que fiz, assustada me aproximo do homem desmaiado no chão. Eu verifico seu pulso para ter certeza de que ele ainda está vivo, e suspiro aliviada ao sentir que ele ainda está respirando. Mas devo fazer algo para que acorde, não posso deixá-lo ali deitado, seria mau da minha parte fugir depois de o ter espancado. Por isso, decido agir antes que algum vizinho cotilla interprete mal a situação, já que é bastante complicada. Pelo menos agradeço que meu pai não volte para casa cedo, ele me avisou que algo havia surgido e viria mais tarde. Então, tenho uma hipótese de resolver este pequeno incidente.Agarro os braços do homem arrastando-o até o interior da sala, coloco-o no sofá empregando todas as forças para poder levantá-lo ali.Ahora e agora o que eu faço? Pensa Eveline, pensa.Começo a dar voltas aqui e ali, talvez faça um buraco no tapete de tanto andar, mas não sei como acalmar meus nervos. Tento respirar fundo, pois senão entrarei em pânic
-Ei, não é assim-levanta meu queixo com a mão. Você fez o que parecia certo para você, só que ele não viu dessa maneira e é um malagradecido.Vem à mente o homem que eu bati, você poderia dizer que ele estava com raiva e aparentemente fez um esforço sobre-humano para permanecer sereno, apesar do incidente. O mais certo é que ele não se esqueça do meu rosto, e me lembre como a garota que quase acabou com sua vida.Boa maneira de nos conhecermos.Corro às pressas pelas ruas lotadas de pessoas, a manhã é a hora em que a maioria se prepara para ir ao trabalho. Por isso é difícil conseguir um posto livre no transporte público, que aliás perdi devido ao meu estúpido alarme que não programei por causa da minha noite desvelada. Depois que Nora saiu de casa, decidi aproveitar minha série Netflix que eu tinha tempo sem assistir. Mas acontece que eu não tenho autocontrole quando se trata do meu passatempo favorito, eu tinha a intenção de apenas ver dois capítulos e, portanto, tornou-se mais cinc
Eu sempre pensei que a vida poderia mudar da noite para o dia, que em uma fração de segundos muitas coisas poderiam acontecer. Um dia estamos no alto e de repente caímos no chão. É como subir em uma montanha-russa, sabemos que haverá subida e descida, mas senti-las nos causa medo, pois as sensações do momento são um pouco desagradáveis. Pode ser normal para alguns, mas pessoalmente acho que isso me afeta muito. A incerteza de não saber o que pode acontecer mais tarde, e não estar preparada para tantas mudanças, isso sem dúvida me fez ver o que às vezes nosso mundo está inteiro, mas desmorona em um piscar de olhos.A morte da mãe tinha sido um grande golpe para mim, que era apenas uma menina de oito anos. Passei de uma pequena feliz e completa, a me sentir triste, sem vontade de continuar vivendo. Nada mais me parecia como antes, tudo havia mudado e eu estava com medo de não saber lidar com o vazio que a morte de minha mãe me causou.Depois que cheguei em casa, troquei de roupa vestind
O jantar estava sendo agradável, os pais de Luke não eram nada parecidos com os descritos pela mídia que espalhava informações falsas, inventando mais da conta para criar rumores. Eles são pessoas comuns que só querem ver seu filho ter sucesso, então estar fingindo ser a namorada de Luke me fez sentir mal. No entanto, é tudo por uma boa causa.- Que carreira estás a estudar? - pergunta O Sr. Radley, um advogado bem sucedido dono de vários escritórios de advocacia.Eu Levanto a cabeça da minha comida e limpo o canto dos meus lábios, deixando o coberto ao lado do prato.- Literatura-respondo acomodando o guardanapo no meu colo.- Oh, execelente escolha. É uma corrida muito boa—assento de acordo -. É importante ter claro que estudar antes que chegue a hora, caso contrário você pode escolher uma com pressa, mas no final não é o que você é apaixonado.- Sim, assim me disse meu pai-comentou.- Deve ser um homem muito sábio, além de que se pode notar a educação que te inculcou —sorrio orgulh