Quando eu era criança, meu pai costumava ler histórias de princesas que eram resgatadas por príncipes encantados. Eu me lembro de imaginar todos os detalhes contados na história, criando um filme na minha cabeça para viver e me sentir parte dela. Meu pai sempre me contava o quão maravilhosa minha mãe era, como ele se apaixonou perdidamente por ela e como foi difícil ficar sozinho comigo. Eu tinha cinco anos quando minha mãe faleceu, não me lembro de muitas coisas, mas as histórias que ouvi sobre a mulher que me deu a vida permitem que eu tenha em memória aquelas experiências que não pude desfrutar por conta própria.
Ouvir essa história de amor dos meus pais me fez ter grandes expectativas ao procurar pela pessoa certa para mim, não acreditava em almas gêmeas, muito menos em metades de laranjas. Na verdade, não espero que meu parceiro ideal seja perfeito, mas que ele me mostre que, apesar dos problemas que possam surgir no futuro, estaremos um ao lado do outro, assim como meus pais.No entanto, parece um pouco difícil de encontrar.Eu me olho detalhadamente no espelho na parede, antes de sair do meu quarto nervosa. Ainda não pedi permissão ao meu pai para sair, não sei o que dizer sem que ele interprete mal a situação ao ver o Luke. Desço o último degrau e furtivamente vou para a cozinha, onde vejo meu pai cortando alguns vegetais para o ensopado que ele tanto gosta.— Uau, cheira maravilhoso —comento me aproximando dele e roubando um pedaço de carne.Meu pai me repreende com o olhar ao perceber o que eu fiz, ele não aprova que eu roube sua comida. Ele franze o cenho ao notar minha roupa, normalmente não costumo me arrumar para lugar nenhum.— Aonde você vai? —ele pergunta.Hesito por alguns minutos antes de responder.— Vou sair um momento, posso? —faço um bico e ele concorda apertando minha bochecha.— Mas não se atrase, e diga para a Nora dirigir com cuidado, tá? —desvio o olhar para o ensopado que começou a ferver.Sou péssima em mentir, então não leva nem um minuto para que meu pai perceba que não vou sair com minha amiga. Então, me adianto para falar.— E-ei, na verdade, marquei de encontrar um amigo da faculdade que... —a campainha toca, interrompendo-me.Eu viro a cabeça em direção à porta e, antes que eu possa me dirigir a ela, meu pai já está abrindo.Oh não... Isso não pode estar acontecendo!— Boa noite, senhor —o loiro saúda.— Boa noite, o que deseja? —meu pai pergunta, soando sério.Eu caminho até eles dando passos largos até ficar na frente de Luke.— Oi! —eu digo com muita empolgação, mais do que gostaria—. Eu estava te esperando.— Sim, desculpe pela demora, surgiram algumas coisas antes de sair —ele explica educadamente.— Não se preocupe, eu entendo —digo sorrindo.Então, escuto um pigarro alto atrás de mim. Eu viro a cabeça e vejo meu pai nos observando com curiosidade.— Ah, sim, quero te apresentar meu pai —eu aponto.— Luke, prazer em conhecê-lo, senhor...— Alexander —meu pai completa, apertando a mão do loiro. Ele aperta com força, fazendo Luke fazer uma careta de dor, mas ele disfarça com um sorriso amigável—. Volte antes das dez, caso contrário, eu...Eu abro os olhos desmesuradamente e reajo rápido antes que ele comece seu discurso de pai protetor, então eu intervino segurando o braço de Luke e o arrastando para o carro estacionado na rua.— Tchau, pai, vemos você em breve! —me despeço entrando no carro.Eu solto o ar que estava segurando sem perceber, ainda bem que agi rápido, às vezes meu pai pode ser um pouco... peculiar.— Você não tinha dito com quem ia sair? —Luke pergunta, ligando o motor.— Ah, não. Quer dizer, eu comentei há alguns minutos antes de você chegar —brinco com as mãos, sem coragem de sustentar seu olhar.— Ah, entendi.O silêncio prevalece entre nós durante a jornada, nenhum de nós diz uma palavra novamente. Eu observo seu perfil quando ele para o carro em um dos semáforos, meus olhos percorrem seu cabelo loiro que cai na testa, depois descendo pelo nariz arrebitado e pelo queixo marcado. Sua beleza chama atenção a metros de distância, fazendo sentido ele ser conhecido como o "modelo" da faculdade.— Já te disseram que você é curiosa? —ele fala de repente, me tirando do meu devaneio.Eu afasto o olhar dele, fingindo olhar pela janela, mas é evidente que ele percebeu como eu estava o observando. Tola.— Não sou, talvez quando eu gosto de algo, mas de resto, não... —Eu calo subitamente ao perceber o que acabei de dizer. Por outro lado, ele ri da minha torpeza ao falar—. Quero dizer, normalmente sou, embora prefira chamar de observadora.Silêncio, você só está piorando as coisas.— Sério mesmo? —ele concorda, sorrindo.— A distraída sou eu, talvez —comento em tom de brincadeira, o que causa uma leve ruborização nas minhas bochechas—. Às vezes pensamos que somos invisíveis para os outros, que passamos despercebidos. Mas a verdade é que sempre há alguém que nos admira de longe.Meu coração dá um salto com suas palavras, fico muda e sem saber como responder. Ele sai do carro e demoro um pouco para perceber que chegamos, é um lugar um pouco distante da cidade. De repente meu alarme interno dispara imaginando que os casos que vi naquele programa de TV são reais. Onde o homem bonito leva a garota para um lugar isolado para matá-la.Oh não! E se o Luke é realmente um assassino? Não deveria ter aceitado sair, mas agora não sei como voltar para casa sem que...—Você está bem? — ele me olha preocupado.Eu balanço a cabeça, voltando à realidade.—Eu? — gaguejo nervosa.—Sim, de repente você ficou pálida e seu rosto ficou com expressão de medo. Você está se sentindo bem? — eu assinto lentamente, afastando qualquer pensamento intruso que me deixa paranóica.—Sim, sim. Foi só uma dor... de estômago — minto, acariciando minha barriga.—Você precisa ir ao banheiro?Sério, Eveline? Pelo menos seja mais inteligente ao mentir.—O quê? Não, não! — nego, sentindo-me envergonhada pelo que soltei.Agora ele vai pensar que estou indo fazer o número dois. Maravilhoso.—Ah, bem, então vamos? — ele aponta para o cais, que está a alguns metros de nós, e que eu, por algum motivo, ainda não notei.—Tudo bem.Depois de um tempo, conversamos sobre coisas triviais enquanto aproveitamos uma noite agradável perto do lago. O restaurante não é como os da cidade, é mais simples, com um estilo um tanto extravagante e retrô. Ao fundo, uma garota de pele bronzeada canta com uma voz incrível, uma melodia suave que envolve o ambiente de forma romântica.—Posso te pedir um favor? — ele fala depois de alguns minutos.—Sim, claro — eu olho para ele com dúvida.—A razão pela qual te trouxe aqui é porque preciso da sua ajuda, realmente não sei o que fazer para resolver esse problema — ele explica, suspirando cansado. — E por isso contei com você, acredito que você possa me ajudar. Vou te pagar.—Umm, ok? — eu respondo hesitante. — Diga-me.Ele sorri satisfeito.—Bom, eu não sei por onde começar, mas vo
- Laura! - chamo minha secretária, que não demora a aparecer.- Sim, senhor...?- Quem preparou o café? - interrompo levantando-me da cadeira.- Fui eu, senhor - ela responde nervosamente.- E o que eu te disse sobre não adoçar o meu café? Parece que não ficou claro para você - olho para ela seriamente.- D-desculpe, senhor - ela murmura envergonhada. - Vou lhe trazer outro.Me levanto sabendo que se esperar mais um segundo aqui, as coisas podem acabar mal.- Vou sair, cuide para que isso esteja limpo antes de eu voltar - exijo, colocando meu casaco preto.- Sim, senhor - saio do escritório, pronto para ir para casa.Não tenho tempo a perder com meus funcionários, às vezes nem mesmo entendo por que eles ainda têm emprego se não fazem bem o seu trabalho. Mas, se eu me desse ao trabalho de observar quem se destaca mais nisso, devo dizer que o único que se sobressai é Ralph, o garoto ruivo que está há pouco tempo no restaurante, os outros não são competentes. Como herdeiro dos restaurant
—L-desculpe-se-levanta - se e vejo que agarra o seu telemóvel que caiu a alguns metros de nós, assim como o meu telemóvel.Eu me aproximo para buscá-lo e dou meia volta entrando no restaurante. Eu nem entendo como as pessoas não olham para onde andam, elas estão tão trancadas em sua própria bolha que esquecem o mundo onde vivem. Se eles pelo menos percebessem o que os cerca, evitariam esse tipo de incidente. Mas não, o mais seguro é que aquela moça desajeitada tivesse a mente distraída divagando em qualquer tolice, sem estar pendente por onde anda.Fecho a porta atrás das minhas costas e entro no meu escritório em busca das coisas do meu carro, vou ao super mercado para algumas coisas antes de voltar para casa. Embora eu não costumo fazer compras em casa, como a governanta cuida disso, hoje eu decidi dar-lhe o dia de folga para ficar sozinho. Não demora muito para chegar ao shopping, estaciono o carro e entro no local abastecido. Eu faço as compras rapidamente, pois não há muitas pess
Abro os olhos desmesuradamente ao perceber o que fiz, assustada me aproximo do homem desmaiado no chão. Eu verifico seu pulso para ter certeza de que ele ainda está vivo, e suspiro aliviada ao sentir que ele ainda está respirando. Mas devo fazer algo para que acorde, não posso deixá-lo ali deitado, seria mau da minha parte fugir depois de o ter espancado. Por isso, decido agir antes que algum vizinho cotilla interprete mal a situação, já que é bastante complicada. Pelo menos agradeço que meu pai não volte para casa cedo, ele me avisou que algo havia surgido e viria mais tarde. Então, tenho uma hipótese de resolver este pequeno incidente.Agarro os braços do homem arrastando-o até o interior da sala, coloco-o no sofá empregando todas as forças para poder levantá-lo ali.Ahora e agora o que eu faço? Pensa Eveline, pensa.Começo a dar voltas aqui e ali, talvez faça um buraco no tapete de tanto andar, mas não sei como acalmar meus nervos. Tento respirar fundo, pois senão entrarei em pânic
-Ei, não é assim-levanta meu queixo com a mão. Você fez o que parecia certo para você, só que ele não viu dessa maneira e é um malagradecido.Vem à mente o homem que eu bati, você poderia dizer que ele estava com raiva e aparentemente fez um esforço sobre-humano para permanecer sereno, apesar do incidente. O mais certo é que ele não se esqueça do meu rosto, e me lembre como a garota que quase acabou com sua vida.Boa maneira de nos conhecermos.Corro às pressas pelas ruas lotadas de pessoas, a manhã é a hora em que a maioria se prepara para ir ao trabalho. Por isso é difícil conseguir um posto livre no transporte público, que aliás perdi devido ao meu estúpido alarme que não programei por causa da minha noite desvelada. Depois que Nora saiu de casa, decidi aproveitar minha série Netflix que eu tinha tempo sem assistir. Mas acontece que eu não tenho autocontrole quando se trata do meu passatempo favorito, eu tinha a intenção de apenas ver dois capítulos e, portanto, tornou-se mais cinc
Eu sempre pensei que a vida poderia mudar da noite para o dia, que em uma fração de segundos muitas coisas poderiam acontecer. Um dia estamos no alto e de repente caímos no chão. É como subir em uma montanha-russa, sabemos que haverá subida e descida, mas senti-las nos causa medo, pois as sensações do momento são um pouco desagradáveis. Pode ser normal para alguns, mas pessoalmente acho que isso me afeta muito. A incerteza de não saber o que pode acontecer mais tarde, e não estar preparada para tantas mudanças, isso sem dúvida me fez ver o que às vezes nosso mundo está inteiro, mas desmorona em um piscar de olhos.A morte da mãe tinha sido um grande golpe para mim, que era apenas uma menina de oito anos. Passei de uma pequena feliz e completa, a me sentir triste, sem vontade de continuar vivendo. Nada mais me parecia como antes, tudo havia mudado e eu estava com medo de não saber lidar com o vazio que a morte de minha mãe me causou.Depois que cheguei em casa, troquei de roupa vestind
O jantar estava sendo agradável, os pais de Luke não eram nada parecidos com os descritos pela mídia que espalhava informações falsas, inventando mais da conta para criar rumores. Eles são pessoas comuns que só querem ver seu filho ter sucesso, então estar fingindo ser a namorada de Luke me fez sentir mal. No entanto, é tudo por uma boa causa.- Que carreira estás a estudar? - pergunta O Sr. Radley, um advogado bem sucedido dono de vários escritórios de advocacia.Eu Levanto a cabeça da minha comida e limpo o canto dos meus lábios, deixando o coberto ao lado do prato.- Literatura-respondo acomodando o guardanapo no meu colo.- Oh, execelente escolha. É uma corrida muito boa—assento de acordo -. É importante ter claro que estudar antes que chegue a hora, caso contrário você pode escolher uma com pressa, mas no final não é o que você é apaixonado.- Sim, assim me disse meu pai-comentou.- Deve ser um homem muito sábio, além de que se pode notar a educação que te inculcou —sorrio orgulh
POV. AidanDias chuvosos me pareciam tristes. Eram dias com pouca luz, onde os raios do sol não eram visíveis, tudo ficava úmido e frio. Não entendi como algumas pessoas gostavam de mim, em especial não gostei nem um pouco. Talvez seja devido ao meu medo de tempestades, quando criança lembro que costumava me esconder entre os cobertores sempre que via aquelas nuvens escuras aparecerem no céu. Além disso, eu estava sozinha em casa quando isso acontecia, e tinha que controlar qualquer sentimento que isso gerasse. Embora seja verdade que eu havia superado o medo das tempestades, não entendia por que ainda me sentia em estado de alerta, como se fosse um perigo iminente quando o tempo mudasse.Por outro lado, eu não podia ficar em casa enquanto o tempo passava e eu estava esperando a chuva parar. Eu tinha me levantado com meu humor no chão, tinha semanas que não acontecia comigo, mas só acontecia quando eu precisava me encontrar com um amigo de infância que combinou de me encontrar no rest