Capítulo 6 Hysk

Malyska

Os tempos de aulas pareciam passar se arrastando naquele dia tudo por causa da Feira da comilança. Nossa diretora sempre reservava os dois últimos tempos para a feira, pois ela queria que os alunos conseguisse aproveitar ao máximo, todos os tipos de comidas e doces oferecidos na feira. Neste dia todos os alunos esperavam com ansiedade, ainda mais que nos anos passados.

O tic tac zuninha em nossas mentes, os olhos cheios de expectativas, presos no Senhor do tempo que se encontrava grudado na parede. Aguardando seu fiel servo, terminar de fazer sua jornada, a última volta para que ele, o tão esperado minuto se concluísse. Quando o servo finalmente soa seu último tic.

O sino toca, nos contagiando com a felicidade em gritos de alegria sob o olhar sorridente do nosso professor, mas sem perder a severidade para que pudéssemos exercer a educação que aprendemos tanto em nossa casa como na instituição.

Belalinda se levanta do seu lugar, sentando sobre a minha mesa enquanto tirava um pirulito da bolsa, falando sem parar, removendo a embalagem.

__ Desce Belalinda, sabe que é proibido se sentar nas mesas de aula!__ ela me olha sorrindo colocando o pirulito na boca sem nenhuma preocupação.

__ Relaxa Malyska, a aula acabou.

__ Mesmo assim, tem que manter as regras. E vamos logo, não quero perder nenhum detalhe da Feira__ a arrosto de cima da mesa, nossos novos colegas de classe chegam.

__ Algum problema?__ eles nos olhavam curiosos.

__ Não liguem, Belalinda gosta de chamar atenção., mas neste exato momento quero ir a feira. E não estou nem um pouco a fim de acompanhá-la em seus joguinhos__ finalmente consigo tirar minha amiga da sala de aula, às vezes ela era impossível.

Caminhamos por entre os corredores apertados que separavam as barracas. Cada ano que se passava, elas ficavam ainda mais chamativas.

As barracas enfileiradas abaixo dos Ipês, mostravam as diversidades de comidas típicas que existiam na feira. Tapiocas recheadas tanto doces quanto as salgadas, enfeitavam as bandejas decoradas com folha de bananeira e, muitas flores.

Vinhos de Pátoa, buriti, açaí, ginipapo e vários outros... Geleias, compotas, queijos, bejus... Se fosse fazer gosto levaria a fera inteira.

Belalinda comprou uma tapioca recheada com queijo, carne seca, banana da terra frita e, requeijão caseiro por sobre a bagunça toda. Decorada com finas fatias de tomates, cebolinha em palha cortada finíssima.

E uma de chocolate artesanal derretido que escorria banhando os morangos vermelhinhos os cobrindo completamente. As massas eram variadas e, eu adorava as com castanha do Pará ralada, pareciam deixá-las ainda mais saborosas.

Já nossas amigos novatos, ficaram perdidos, mas Belalinda os ajudou em suas escolhas também. Tudo estava perfeito! D. Adelaide, trouxe seus saborosos sorvetes! Minha boca degustava em antecipação, mas a fila estava enorme. Não era de se adimirrar, os sorvetes dela eram artesanais e, muito famosos em toda região.

Findei desistindo do sorvete caminhando até onde os outros estavam, Belalinda mastigava com gula um espetinho de bolinhas de tucumã e, cupuaçu revestidos de chocolate.

__ Falei pra você que deveria ter encomendado um pote pelo zap, era só chegar e pegar com o atendente__ minha amiga me relembra com dificuldades em falar, pois os doces em sua boca atrapalhavam a sua voz sair com nitidez. Mas sabia o que ela queria me dizer, mesmo sendo muito tarde para isso. Ela sabe que sou esquecida!

__ Esquece vai, não vou estragar essa oportunidade__ Belalinda da de ombros, afirmando que tudo bem pra ela.

Eu não queria mesmo, era estragar esse dia que estava sendo muito diferente para mim. Nunca havia recebido permissão da minha mãe para ficar de bobeira com a minha melhor amiga perambulando por aí, por isso queria aproveitar.

Pode ser loucura da minha cabeça, mas pra mim era como se estivesse sendo observada pois sinto um arrepio subir por minha coluna o tornando eletrizante por todo o meu corpo, alguém nos observava. Não sei explicar poderia ser aquele sexto sentido que todas as mulheres falavam ter.

Olho para todos os lados e não consigo ver ninguém, a sensação me deixa agoniada sendo uma distração me fazendo se chocar contra uma parede.

Mas... Que parede! Nunca ouve uma parede neste caminho para o pátio de eventos da escola!

Ho dó! meu copo de suco é amassado com o impacto, fazendo todo o líquido ser derramado sujando toda a parede. Bem, pelo menos eu pensava ser uma parede. Paredes tinham pés?

E a verade me veio ao levantar meus olhos para o rosto que pertencia aos braços fortes que me acudiram, me segurando ou do contrário teria me espatifado toda no chão.

Que sensação agradável e reconfortante em poder sentir o calor que emanava daquele corpo os olhos penetrantes negro como a própria noite. Com um brilho rápido percorrendo neles mas que sumiu logo em seguida despertando minha curiosidade.

__ Tenha mais cuidado!__ Nossa que voz! Rouca e... dominante me deixou hipnotizada mesmo que estivesse me criticando.

__ Você apareceu do nada, igual a uma montanha. E, eu que tenho que prestar atenção? __ Porque eu estava irritada? Seria por ele ser lindo ou por saber que nunca teria chance com alguém como ele?

__ E vocês. O que estão fazendo?

Ele nem se deu ao trabalho em me responder, direcionando sua atenção para os dois novatos, também não me importava.

__ Nós estamos nos enturmando. Não foi essa sua recomendação? Fazer Amigos e se misturar?

O bonitão arrogante olha deles para mim e termina fixando seu olhar em Belalinda. Ótimo mais um para a sua lista de fãs!

__ Hum e, você quem é?__ Ele se aproxima da minha amiga sem desviar seus olhos do rosto dela. Me senti estranhamente traída e, super constrangida, diante da intensidade com que ele a encarava.

__ Belalinda, muito prazer. E, o seu qual é?__ o estranho parecia avaliar cada expressão do rosto da Belalinda em silêncio. Podia jurar que havia visto uma luminosidade preenchendo ao redor das suas íris.

__ Belalinda já se apresentou, essa é Malyska. Esse é Hysk, nosso irmão, estuda aqui também e, vai passar o dia conosco.

__ Interessante__ sussurra Belalinda, brincando com um novo piruto em sua boca, retribuindo o olhar do irmão dos novatos com olhar safado. Algo me dizia que Belalinda iria se divertir hoje e eu, pela primeira vez me senti encomendada. Não só pelo fato do candidato ser bonitão, musculoso e, possuir aquele calor maravilhoso e... Nossa!Eu estava babando! Te controla Malyska.

__ Malyska!__ Belalinda me chama com alegria em seu rosto. Acordo do meu instante de luxúria. Mas me arrependo, agora os olhos negros estavam me analisando intensamente fazendo com quê, as bochechas do meu rosto ardessem ainda mais. Sabia, pós as podia sentir queimarem.

__ Estou bem.

__ Tem certeza? Qualquer coisa te levo pra casa.

__ Imagina que vou desperdiçar essa chance de ser livre por mais algumas horas.

Vejo nossos novos conhecidos encolherem suas sobrancelhas, eles não precisavam conhecer minhas instabilidades. Queria mesmo era aproveitar aquele momento e, quem sabe Hysk seria a oportunidade de Belalinda se entregar ao amor. Ficarei feliz por ela.

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