ISABELLA
— Bunny, acorda. — Todo o meu corpo começou a tremer, gemo enquanto me espreguiço. Minha mãe está ao lado da minha cama me observando como um falcão.
— Mãe, posso te ajudar? — pergunto sarcasticamente. De repente, minha mãe tira um vestido rosa.
— Uau, então agora você consegue tirar vestidos do cu.
— Se arrume, Isabella. — Minha mãe revira os olhos, eu a encaro como se ela fosse louca.
— Sarah, querida, o sol ainda não nasceu, então eu também não. — Zombei de sua voz aguda e irritante enquanto puxava o cobertor sobre minha cabeça. Uma coisa que mamãe odeia é quando a chamo de Sarah, ela sempre diz "sou sua mãe, me chame de mãe" blá blá.
— Isabella, Evans, levante-se agora mesmo! — Grita minha mãe, puxando o cobertor.
— Tá bom. — Murmurei.
Levantei-me e fui ao banheiro, minha mãe estava logo atrás de mim.
— Mãe, posso cagar sozinha? — Antes que ela pudesse responder, fechei a porta do banheiro na cara dela.
— É melhor você estar pronta em 10 minutos. — Grita minha mãe. Ligo o chuveiro sem ouvir uma palavra do que ela diz.
Depois do meu banho quente, começo a me maquiar, faço isso de qualquer jeito. Ela deve estar maluca se acha que vou vestir aquele vestido rosa feio com rabos de cavalo, vou usar a roupa mais reveladora que tenho.
Coloquei um short e combinei com um top rosa de renda. Meus peitos estavam em plena exibição, ainda cobertos, mas também reveladores, um sorriso se formou em meus lábios. Soltei meu cabelo loiro ondulado e penteei as mechas com os dedos.
— Isabella, anda logo. — Ouvi minha mãe gritar lá de baixo, rapidamente coloquei os sapatos antes de descer as escadas. Minha mãe não estava na entrada, então fui para a cozinha sabendo que ela estaria lá. Encostei-me à porta da cozinha com um sorriso de satisfação esperando que ela se virasse.
— Bom dia, mãe. — Seu rosto ficou pálido enquanto seus olhos se fixavam no meu corpo. — Estou bonita, né? — Comentei sobre sua expressão facial enquanto sorria docemente, praticamente podia ver fumaça saindo de suas orelhas.
— Isabella Lillian Evans, vá se trocar agora mesmo! — Ela grita, Jesus, a casa está prestes a desabar com a força de sua voz irritante.
— Hum, não. — Peguei uma maçã verde, a vermelha é muito comum, eu gosto das ácidas.
— Vai se trocar! — Minha mãe gritou mais uma vez, coloquei as mãos nos ouvidos tentando bloquear sua voz.
— Para de gritar. — Falei, irritada.
— Você está fora de controle, Bella.
— Eu não dou a mínima! — Gritei, igualando o tom dela.
— Seu pai... — Minha mãe ia responder, mas foi interrompida.
— O que está acontecendo com essa gritaria? — Charles entra na cozinha com uma xícara de café na mão.
Toda a confiança que eu tinha agora se foi, desvanecendo-se assim que ouvi sua voz. Charles traz uma atmosfera tão poderosa, mas é só para ele mesmo, não funciona comigo. Charles me deixa fraca e eu não gostava dessa sensação.
— Isabella não quer trocar de roupa! — Diz minha mãe, frustrada.
Os olhos de Charles se fixam em mim, comecei a me sentir desconfortável, então cruzei os braços sobre o peito.
— Querida, vá para o carro, eu vou falar com ela. — Charles dá um beijo na cabeça dela, eu estava rezando para que ela não fosse, mas ela assentiu e saiu.
Droga.
Assim que minha mãe saiu, Charles deu um passo à minha frente e eu dei um passo para trás. Seus olhos estavam cravados nos meus, eu engoli em seco, nervosa.
— Você está brincando com fogo. — Charles deu outro passo em minha direção, eu dei mais um passo para trás.
— Eu gosto de viver no limite.
— E o limite você terá, Bunny. — Charles disse meu apelido de forma lenta e rouca. Ele deu um passo maior à minha frente, eu dei o último passo para trás até que meu corpo tocou a parede. Gemi baixinho quando ele colocou as mãos na parede atrás de mim, me prendendo.
— Senhor Salazar, está muito perto. — Bufei, soando trêmula. Minha boca estava seca, eu precisava de água, de algum tipo de hidratação.
Ele me olhou por um segundo antes de se inclinar em direção ao meu ouvido.
— Não aja como se não gostasse da minha proximidade. — Sussurrou, e eu apertei as coxas.
Abri a boca para rebater sua frase, mas as palavras não saíram. Eu queria gritar, 'você está com a minha mãe, idiota', mas não saiu da minha boca. Deus, eu queria dar um tapa naquela cara perfeita, mas meu corpo não se movia, estava congelada no lugar. Ele viu minha luta e um sorriso se formou em sua boca, sua boca perfeita e perversa.
— Você é muito tentadora, Senhorita Evans. — Charles se inclinou para o meu ouvido mais uma vez e sussurrou tão suavemente que eu tremi sob ele.
— E v-você é muito irritante. — Tentei soar forte ou até mesmo confiante, mas nem consegui fingir.
Seus olhos passaram por muitas emoções, assim como os meus. A buzina do carro nos fez pular os dois, ele fechou os olhos e saiu furioso. Me segurei tentando me acalmar daquele momento quente.
— Jesus, me dá forças. — Olhei para o teto, rezando a Deus.
Recuperei todas as minhas forças e saí. Sentei-me no banco de trás enquanto minha mãe estava sentada no banco do passageiro e Charles no do motorista.
— Ótimo, você não se trocou. — Minha mãe esfregou a cabeça tentando aliviar sua dor de cabeça, este vai ser um dia bem longo.
O silêncio está me matando, odeio não falar.
— Mãe, para onde estamos indo? — Perguntei, nervosa.
— Ah, o Charles vai nos levar para um almoço de negócios. — Ela me diz.
Agora estou ferrada, deveria ter vestido aquele vestido rosa feio, o amigo de negócios dele vai pensar que sou uma espécie de vadia.
— Ok. — Sussurrei, agindo como se nada me incomodasse, mas por dentro eu estava gritando.
Todo o caminho foi um silêncio constrangedor, minha mãe nem falava, o que era surpreendente, considerando que ela sempre tem algo a dizer. Demorou uma hora e meia para chegarmos ao destino, eu estava contando o tempo. Fiquei surpresa ao ver que não era um restaurante, mas sim outra mansão. Enquanto saía do carro, meus shorts subiram um pouco, e eu os puxei para baixo imediatamente. Ouvi alguém pigarrear, me virei para ver os olhos de Charles cheios de luxúria.
— Você não parece muito bem, Charles. — Falei, ele queria jogar um jogo, então acho que vou acompanhá-lo. Ele me olhou confuso, eu tinha um enorme sorriso no rosto.
— Ah, querido, você está doente? — Minha mãe colocou o dorso da mão na testa dele e depois nas bochechas, verificando sua temperatura.
Não pude deixar de sorrir vitoriosa.
— Algo acabou de chamar minha atenção, mas vou lidar com isso mais tarde.
Aquelas palavras eram tão inocentes, mas não pude deixar de pensar que havia más intenções por trás delas. Desviei o olhar dele e comecei a caminhar junto com minha mãe e Charles. Chegamos à frente dessa enorme casa, um mordomo e uma empregada estavam parados perto da porta.
— Charles Salazar e minha família. — Charles disse a eles, encolhi-me ao ouvir "família".
Ambos assentiram e o mordomo abriu a porta de par em par, eu segui em silêncio atrás da minha mãe.
Todo o lugar era incrível. Podia sentir o cheiro agradável em todas essas paredes, tudo estava tão limpo e brilhante, diferente da casa de Charles, que era escura e sombria. Este lugar estava coberto de flores e plantas diferentes, devem ter um fetiche por plantas ou algo assim. Acho que estamos na sala de jantar, há uma grande mesa no centro com, claro, as flores.
—Você conseguiu—. Uma voz disse à minha direita, me assustando até a morte.
ISABELLA—Você conseguiu.— Uma voz disse, era um homem de terno, talvez alguns anos mais velho que Charles. Charles e esse estranho rapidamente apertaram as mãos de forma agressiva, todos os homens fazem isso, percebi.—Esta é minha noiva, Sarah, e sua filha Isabella—. Charles nos apresentou ao homem. Apertei suas mãos levemente com um sorriso caloroso em meus lábios.—Gino Fuentes—. Ele pronunciou seu nome com um sorriso.Desconfortável.Os olhos de Gino desceram até a minha roupa, puta merda. Eu parecia uma prostituta que trabalha nas ruas no tempo livre e eles estavam vestidos tão bem e modestamente.—Onde estão sua esposa e sua filha?— Charles perguntou, tirando a atenção da minha roupa, o que agradeci.—Minha esposa não pôde vir, mas minha filha deve chegar em breve com seu noivo—. Gino nos indicou nossos assentos. —Meu filho e sua esposa também chegarão logo com seus filhos.Sentei ao lado da minha mãe, e ela ao lado de Charles. Fiquei feliz por não ter que me sentar ao lado de
ISABELLAMeus olhos percorreram seu escritório, ignorando sua pergunta. Nunca tinha estado em seu escritório, era tão organizado e perfeito. Passei os dedos levemente pela parede, minhas pernas me seguiram rapidamente. Ele me observava como um leão que se aproxima sorrateiramente de sua presa, eu parei no meio da sala.—Pensei que fosse um fantasma—. Sussurrei, as palavras escaparam dos meus lábios, saíram ásperas e profundas.—É mesmo?— Respondeu.Em sua mão segurava um copo de uísque com apenas um cubo de gelo. Notei que nas vezes em que o vi bebendo suas bebidas alcoólicas, elas sempre tinham apenas um cubo de gelo.—É sim.Isabella, por que você é estúpida? Me repreendi mentalmente.—Hoje foi interessante—. Charles se recostou em sua cadeira, com o dedo indicador no queixo. Observei cada um de seus movimentos, seu dedo começou a roçar sua pele suave como mel.Meus olhos percorreram cada curva do seu rosto, eu não conseguia desviar o olhar. Ele era tão cativante e sensual que me de
ISABELLAMinha mãe tem passado os últimos dias batendo na minha porta, implorando para que eu fale com ela ou até mesmo para que a deixe entrar, mas eu me recusei.Como posso olhar minha mãe nos olhos depois do que fiz? Não ouvi nada de Charles, ele nem mesmo me implorou para não contar à minha mãe.—Bunny, tem alguém aqui para você—. A doce voz da minha mãe veio de trás da porta. Tirei os lençóis brancos de cima de mim e me aproximei da porta na ponta dos pés, inclinei-me e encostei o ouvido na porta, tentando captar uma voz familiar.—Sou eu, Heidi.O que ela está fazendo aqui?Abri a porta apressadamente e joguei meus braços em volta do pescoço dela, puxando-a para mais perto de mim. Heidi se assustou no começo, mas logo se recuperou e retribuiu o abraço. Heidi é minha prima por parte de pai, é basicamente como minha irmã. Sempre fomos eu, Grace e Heidi, mas depois que meu pai nos deixou, ela também me deixou.—Não acredito que você está aqui—. Eu disse, muito emocionada com minhas
ISABELLA—Isabella, você sabe perfeitamente quem eu sou — disse Charles, aproximando-se de mim.—Fique aí! — Gritei, exigindo que ele permanecesse onde estava. —Eu não sei quem você é, olhe para todas as pessoas que você acabou de matar —. Gritei, apontando para a marca de mão ensanguentada na parede.Eu estava mais do que furiosa, mas acima de tudo, morrendo de medo.—Eram pessoas más, Bunny — sibilou, irritado com tudo.—E talvez você também ache que eu sou uma pessoa má, lunático.BeepBeepCharles levou o telefone à orelha.—Venha limpar essa maldita bagunça, agora — gritou muito alto, e depois jogou o telefone no balcão.—Você mentiu para minha mãe — sussurrei, ele levantou os olhos para encontrar os meus. —Isso vai muito além de simplesmente transar com a filha dela.Ele estava prestes a dizer algo, mas parou.—Eu não acredito.—Você vai sair da cidade comigo, e nem pense em dizer não, porque eu prometo que mato seu primo patético — ameaçou-me com uma voz cheia de veneno.Eu não
ISABELLA—Vai ficar aí parada como uma estátua?Revirei os olhos e fechei a porta atrás de mim, tentando correr em direção ao banheiro, mas antes que minha mão tocasse na maçaneta, a mão de Charles se interpôs à minha frente, impedindo-me de continuar.—Sai da frente—. Exigi, irritada. Ele está começando a me pressionar, qual é o problema dele comigo?—Estou te deixando nervosa?— Ele diz baixinho ao meu ouvido, fazendo um arrepio percorrer minha espinha.Infelizmente, ele confundiu minha raiva com nervosismo, os dois têm significados bem diferentes.—Muito pelo contrário.—Então olhe nos meus olhos—. Ele diz. Eu praticamente podia ver o sorriso dele na minha cabeça, arrogante desgraçado.Meus olhos estavam fixos no chão, tinha medo de fazer contato visual com seus olhos pecaminosos.Finalmente, fiz contato visual com ele, engoli o enorme nó na garganta enquanto lamia meus lábios secos e necessitados. Seus olhos desceram até meus lábios, de repente eles brilharam com curiosidade.O ar
ISABELLAO sol entrava abundantemente no quarto, brilhando contra a minha pele pálida e sedosa. Abri os olhos e me virei suavemente para encontrar a cama vazia, apenas eu nela. Segurei com força os lençóis ao redor do meu corpo e me levantei. Procurei Charles por todo o quarto, mas ele não estava em lugar algum, até que ouvi a porta do banheiro se abrir, e ele apareceu, muito elegante, com uma calça jeans preta e um suéter preto de malha.Aquele suéter me parecia muito familiar.— Onde você conseguiu esse suéter? — Eu me levantei sobre os joelhos, minhas bochechas ficaram coradas só de pensar na noite passada.— Sua mãe me comprou. — Ele virou de costas para mim e pegou seu café que estava sobre a mesa.Minha mãe mentiu quando disse que era para um colega de trabalho.— Isso é fantástico. — Disse, agora zangada porque ele estava usando aquele suéter depois de passar a noite comigo. Levantei-me completamente e tentei caminhar até o banheiro, mas sua mão agarrou a minha, bruscamente.—
ISABELLADesviei o olhar para a mesa e coloquei as mãos sobre o colo. Algo estava definitivamente errado com esse homem, ele estava vestido exatamente com as mesmas roupas pretas que os homens que Charles matou usavam.—O que está acontecendo agora?— Charles perguntou, percebendo meu nervosismo.—Nada.— Minha voz saiu como um mero sussurro.Charles continuou digitando em seu celular, sem prestar realmente atenção em nada, enquanto o homem suspeito se sentava na cabine atrás de mim. Lentamente, coloquei a mão no bolso de trás para pegar o celular e enviar uma mensagem sobre o cara que me dava arrepios, mas antes que pudesse fazer isso, a doce senhora trouxe nossa comida.Mantive minha mão no bolso de trás, congelada, tentando não fazer movimentos bruscos para não chamar a atenção.—Obrigada— Eu disse.—Não se preocupe—. Ela disse com um forte sotaque italiano.Charles começou a cortar suas panquecas, enquanto eu olhava para a comida à minha frente, perdida em pensamentos.Dei-lhe um ch
ISABELLALevanto a mão para aliviar a dor de cabeça e abro os olhos suavemente. Estou em um quarto, um quarto laranja que nunca tinha visto antes. Comecei a sentir pânico, levantei-me apenas para que a gravidade me abandonasse e caí no chão. Ofeguei de dor quase imediatamente. A porta se abre de repente, mãos agarram meu rosto.—M-mãe—. Disse, surpresa.—Sou eu, querida—. Minha mãe sorri enquanto me ajuda a me levantar do chão e me coloca de volta na cama. Não me lembro de ela ter aparecido, apenas da arma apontada para Charles e para mim.—Onde está o Charles? Ele está bem?— Perguntei apressadamente. Minha mãe me olhou com desconfiança antes de acenar com a cabeça. Minha mãe baixou o olhar para suas pernas, ela está agindo estranho. —O que está acontecendo?—O que está acontecendo é que você está dormindo com meu noivo. E o que é ainda pior é que você está apaixonada por ele—. Grita minha mãe, zangada. Eu não entendo, Charles contou a ela que dormimos juntos.—M-mãe, n-não—. Chorei.