AlexanderQuando Scarlett veio até mim, informando que Evelyn tinha desmaiado, um buraco se abriu em meu peito. Era uma mistura de preocupação e medo.Quando cheguei à sala, ela estava caída no chão, com Emily e Abigail sobre ela. Jackson quis pegá-la do chão, já que eu não conseguiria por causa do gesso. Mas eu jamais permitiria que outro homem carregasse a minha mulher.Exatamente.Minha mulher.Arranquei aquela porcaria num rompante de fúria. Peguei-a no colo e segui para o meu quarto. Não permiti que ninguém entrasse. Apenas a deitei na cama e fiquei ali, velando seu sono. Desde que a conheci, esse tem sido meu passatempo preferido: velar seu sono.Quando ela acordou, o alívio me atingiu, mas eu precisava ter certeza de que ela estava bem. Informei que pousaríamos para levá-la ao hospital. Mas ela... Nunca concorda comigo de imediato. E, claro, ela faria caso por causa do gesso. O pouco que conheço de Evelyn já me fazia imaginar isso.Mas foi o toque dela no meu braço, suas unhas
EvelynDepois que Alexander saiu do quarto, me deitei e dormi. Só percebi o quanto precisava disso depois de passar o que pareceram horas adormecida.Quando acordei, vi Alexander sentado na poltrona ao lado da cama. Ele me encarava com aquela máscara de sempre, impassível, difícil de ler. E isso me incomodava.Sentei-me na cama e vi uma bandeja com comida. Olhei para ela e depois para Alexander, que permanecia calado.— Agradeço, mas estou sem fome — apontei para a comida.— Abigail disse que você já está há horas sem comer.A voz dele era seca, sem emoção. A mesma que ele usava quando nos conhecemos.— Agradeço sua preocupação. E a de Abby. Mas não tenho fome...Joguei as pernas para fora da cama e o encarei.— O que significa que não irei comer.Me levantei, mas sua voz fria chamou minha atenção.— Onde pensa que vai?Olhei para ele com a mesma expressão que ele usava comigo.— Banheiro. Alguma objeção? — levantei as sobrancelhas em desafio.— Seja rápida. Pousaremos em minutos.Ele
AlexanderQuando fui informado de que pousaríamos, fui até o quarto avisar Evelyn. Ela estava largada na minha cama, a respiração tranquila e os lábios… aqueles lábios… levemente entreabertos. Minha vontade era acordá-la e tomá-la pra mim. Mas, se antes eu achava que ainda era cedo, Brandon ainda quente em sua memória, em seu corpo, agora, eu já nem sabia mais o que pensar.Grávida?Fiquei sentado, apenas a encarando, até que ela acordou e sentiu meus olhos fixos nela.Nossa interação não foi das melhores. Eu, como sempre, prático demais, frio demais… difícil demonstrar emoções. Enquanto Evelyn... ela era o oposto. Era sentimento puro. Luz. Carinho. Amor.Dei a ordem e saí.Quando ela veio até mim para irmos ao hospital, esses sentimentos novos e conflitantes dentro de mim me impediram de dizer qualquer coisa. Na verdade, eu não disse nada.Chegando lá, é claro que ela não deixaria barato.— Doutor, esse senhor não é nada meu. Está aqui apenas como intérprete.Ela teve essa audácia. E
EvelynAs palavras de Alexander ecoavam em minha mente:— Você é minha, Evelyn. E nada do que foi dito naquele consultório vai mudar isso.O tom de posse não me incomodou, o que me incomodou foi o fato de esse homem irritante, idiota e... lindo, achar que eu estava grávida.Me afastei dele com certa relutância, porque meu corpo inteiro gritava por sua presença. Mas ainda não era a hora. Por mais fácil, por mais natural que fosse ceder aos seus beijos, ao seu toque... à sua voz grave dizendo "Minha", havia algo dentro de mim sussurrando: ainda não.E esse algo trazia Brandon à tona a cada passo.— Precisamos voltar ao hospital. Você precisa colocar o gesso de volta. Ainda não entendi... o que passou pela sua cabeça ao tirar ele?Ele me puxou para mais perto, passando o nariz pelo meu pescoço, me causando arrepios da nuca até os pés.— Você... — disse com a voz rouca. Deus... só a voz dele me derretia.Me afastei o suficiente para encará-lo.— Eu? — perguntei, confusa.Ele riu.— Sim. T
AlexanderForam segundos. Exatos segundos entre ela, frustrada por eu ter tirado o gesso, e depois, quebrada em meu colo por algo que eu disse. Não sou especialista, mas nem preciso ser para ver o trauma estampado nela. Uma simples palavra pode se tornar um gatilho.Evelyn oscila muito entre estar bem, estar mal... e indiferente a tudo. E, de verdade, isso está começando a me preocupar.Quando ela disse que não estava grávida, meu coração se alegrou. Era egoísta da minha parte, eu sei. Mas, se fosse para ela ter filhos... que fossem os meus. E não os dele.Mas foi quando começou a desabafar... A menção de Rachel e de como realmente se sentia... Eu não achei que aguentaria ouvi-la até o fim. Mesmo sabendo que ela precisava, eu queria correr dali. Não sou bom com essas coisas. Por um instante, tive medo de dizer alguma besteira e, no final, quebrá-la ainda mais do que já estava.Permaneci calado o tempo todo, até que...— Hoje faz um mês que Brandon morreu. E... um mês que te conheci...
AlexanderCom Jackson e Benjamin ao meu lado, seguimos para o encontro com Chen. Essa operação é uma das maiores de que já participei. No começo, não queria me envolver. O dinheiro era bom, mas não era isso que me atraía... Dinheiro, eu tenho.O que realmente chamou minha atenção e me fez aceitar, foi descobrir que alguns caras que estou caçando há anos estão envolvidos. Trabalho para governos, especialmente o do meu país, mas, de vez em quando... é sempre bom fazer novos aliados.— Chen disse que iremos para o último andar — Jackson chamou minha atenção.— Não gosto de mudanças. Combinamos céu aberto.Minha voz era firme. Assim como minha postura.Tinha tirado a tipoia, e os curativos no rosto estavam quase imperceptíveis. Essas pessoas me queriam morto. Souberam do meu acidente... e desejaram isso. Mas, para a infelicidade deles, eu estava aqui e melhor do que nunca.Eles me temem. E eu... gosto disso.A primeira pessoa que matei foi aos catorze anos: meu padrasto. Foi legítima defe
AlexanderQuando acho que já sei tudo sobre o Anderson, surge mais essa. Sempre soube que ele era um maldito, vi o que fez com a Rachel, comigo e com a Evelyn. Mas isso aqui… isso é de um nível de crueldade que ultrapassa até o meu.Sou letal com os caras maus, com os que merecem... mas com uma criança?Assim como eu, os caras estavam em choque. Mas alguém precisava dizer a verdade à menina. Brandon está morto.— Há quanto tempo você não vê o Brandon?Minha pergunta foi direta. Aquilo a pegou de surpresa.— Você o conhece?Ela me perguntou, e vi algo brilhar naqueles olhos tão familiares.— Nos documentos que me entregou, ele aparece como parte do esquema. Isso responde à sua pergunta?Ela me olhou desconfiada.— Sabe de uma coisa que eu sou boa, senhor Sterling? — apoiou os cotovelos nas pernas, o olhar fixo em mim.— Ler pessoas. E isso desde cedo. Brandon odiava isso em mim.Ela fez um gesto com os dedos, como se me chamasse. Essa garota era abusada. E, confesso, eu estava gostando
EvelynAssim que Alexander saiu, senti um vazio. Era estranho... Brandon vivia viajando, e eu nunca me sentira assim. Mas agora havia algo dentro de mim, uma sensação oca, como se algo estivesse fora do lugar. Quis ligar para ele, mas não queria parecer aquela namorada louca que não deixa o cara nem trabalhar.Namorada?Não... Ainda é cedo.Amigos, então? Talvez.Amigos se conhecendo... é quem sabe?Afastei esses pensamentos e chamei as meninas para irmos ao salão. Uma mudança no visual talvez caísse bem.Assim que chegamos, a moça da recepção informou que não havia horário para as três, mas que poderíamos agendar para o dia seguinte. Só que não teríamos esse tempo, amanhã já estaríamos voando de volta pra casa.A recepcionista era simpática e nos indicou alguns lugares para visitar. Decidimos ir ao Kaufhaus des Westens, um centro de compras que, segundo ela, era praticamente um ponto turístico. Talvez eu possa comprar algo para surpreender Alex, o pensamento fez meu rosto esquentar,