EvelynAs palavras de Alexander ecoavam em minha mente:— Você é minha, Evelyn. E nada do que foi dito naquele consultório vai mudar isso.O tom de posse não me incomodou, o que me incomodou foi o fato de esse homem irritante, idiota e... lindo, achar que eu estava grávida.Me afastei dele com certa relutância, porque meu corpo inteiro gritava por sua presença. Mas ainda não era a hora. Por mais fácil, por mais natural que fosse ceder aos seus beijos, ao seu toque... à sua voz grave dizendo "Minha", havia algo dentro de mim sussurrando: ainda não.E esse algo trazia Brandon à tona a cada passo.— Precisamos voltar ao hospital. Você precisa colocar o gesso de volta. Ainda não entendi... o que passou pela sua cabeça ao tirar ele?Ele me puxou para mais perto, passando o nariz pelo meu pescoço, me causando arrepios da nuca até os pés.— Você... — disse com a voz rouca. Deus... só a voz dele me derretia.Me afastei o suficiente para encará-lo.— Eu? — perguntei, confusa.Ele riu.— Sim. T
AlexanderForam segundos. Exatos segundos entre ela, frustrada por eu ter tirado o gesso, e depois, quebrada em meu colo por algo que eu disse. Não sou especialista, mas nem preciso ser para ver o trauma estampado nela. Uma simples palavra pode se tornar um gatilho.Evelyn oscila muito entre estar bem, estar mal... e indiferente a tudo. E, de verdade, isso está começando a me preocupar.Quando ela disse que não estava grávida, meu coração se alegrou. Era egoísta da minha parte, eu sei. Mas, se fosse para ela ter filhos... que fossem os meus. E não os dele.Mas foi quando começou a desabafar... A menção de Rachel e de como realmente se sentia... Eu não achei que aguentaria ouvi-la até o fim. Mesmo sabendo que ela precisava, eu queria correr dali. Não sou bom com essas coisas. Por um instante, tive medo de dizer alguma besteira e, no final, quebrá-la ainda mais do que já estava.Permaneci calado o tempo todo, até que...— Hoje faz um mês que Brandon morreu. E... um mês que te conheci...
AlexanderCom Jackson e Benjamin ao meu lado, seguimos para o encontro com Chen. Essa operação é uma das maiores de que já participei. No começo, não queria me envolver. O dinheiro era bom, mas não era isso que me atraía... Dinheiro, eu tenho.O que realmente chamou minha atenção e me fez aceitar, foi descobrir que alguns caras que estou caçando há anos estão envolvidos. Trabalho para governos, especialmente o do meu país, mas, de vez em quando... é sempre bom fazer novos aliados.— Chen disse que iremos para o último andar — Jackson chamou minha atenção.— Não gosto de mudanças. Combinamos céu aberto.Minha voz era firme. Assim como minha postura.Tinha tirado a tipoia, e os curativos no rosto estavam quase imperceptíveis. Essas pessoas me queriam morto. Souberam do meu acidente... e desejaram isso. Mas, para a infelicidade deles, eu estava aqui e melhor do que nunca.Eles me temem. E eu... gosto disso.A primeira pessoa que matei foi aos catorze anos: meu padrasto. Foi legítima defe
AlexanderQuando acho que já sei tudo sobre o Anderson, surge mais essa. Sempre soube que ele era um maldito, vi o que fez com a Rachel, comigo e com a Evelyn. Mas isso aqui… isso é de um nível de crueldade que ultrapassa até o meu.Sou letal com os caras maus, com os que merecem... mas com uma criança?Assim como eu, os caras estavam em choque. Mas alguém precisava dizer a verdade à menina. Brandon está morto.— Há quanto tempo você não vê o Brandon?Minha pergunta foi direta. Aquilo a pegou de surpresa.— Você o conhece?Ela me perguntou, e vi algo brilhar naqueles olhos tão familiares.— Nos documentos que me entregou, ele aparece como parte do esquema. Isso responde à sua pergunta?Ela me olhou desconfiada.— Sabe de uma coisa que eu sou boa, senhor Sterling? — apoiou os cotovelos nas pernas, o olhar fixo em mim.— Ler pessoas. E isso desde cedo. Brandon odiava isso em mim.Ela fez um gesto com os dedos, como se me chamasse. Essa garota era abusada. E, confesso, eu estava gostando
EvelynAssim que Alexander saiu, senti um vazio. Era estranho... Brandon vivia viajando, e eu nunca me sentira assim. Mas agora havia algo dentro de mim, uma sensação oca, como se algo estivesse fora do lugar. Quis ligar para ele, mas não queria parecer aquela namorada louca que não deixa o cara nem trabalhar.Namorada?Não... Ainda é cedo.Amigos, então? Talvez.Amigos se conhecendo... é quem sabe?Afastei esses pensamentos e chamei as meninas para irmos ao salão. Uma mudança no visual talvez caísse bem.Assim que chegamos, a moça da recepção informou que não havia horário para as três, mas que poderíamos agendar para o dia seguinte. Só que não teríamos esse tempo, amanhã já estaríamos voando de volta pra casa.A recepcionista era simpática e nos indicou alguns lugares para visitar. Decidimos ir ao Kaufhaus des Westens, um centro de compras que, segundo ela, era praticamente um ponto turístico. Talvez eu possa comprar algo para surpreender Alex, o pensamento fez meu rosto esquentar,
AlexanderQuando Jordan encontrou Evelyn, não senti alívio, senti medo. Medo de não chegar a tempo, de alguém pegá-la, machucá-la... Benjamin seguiu em um carro, enquanto Jackson e eu fomos em outro. Meus homens já estavam todos espalhados pela rua, caçando aqueles malditos que ousaram seguir a minha mulher.Dei ordem para Jackson não ir pela frente, mas sim pelo outro lado. Algo dentro de mim me dizia para fazer isso. Sempre fui um cara espiritual, e minha intuição raramente falhava.Meus olhos a encontraram. Desci do carro sem aviso e fui em sua direção. Ela não me reconheceu de imediato, mas quando o fez, seu alívio espelhou o meu. Ela estava bem. Ela estava comigo.Mas eu não gostava quando minhas ordens eram ignoradas. E Evelyn tinha esse hábito maldito de me desobedecer.Seguimos em silêncio de volta ao hotel. Mal me dirigi a ela e, claro, aquilo começou a incomodá-la.Dei minha última ordem a todos, e então Evelyn e eu subimos para o nosso quarto. Ela foi direto para o banheiro
EvelynMe tranquei no banheiro, como fazia sempre que Brandon perdia a linha.Não estava preparada para mais gritos, objetos arremessados ou culpa.Porque a culpa era sempre minha...Se eu não tivesse desobedecido...Deitei no chão gelado. O frio sempre me acalmava.Ele me trazia de volta à realidade.Ouvia Alexander entre um soluço e outro, mas meu foco ainda era o frio.Até que ele disse:— ...entrou na minha vida... e nunca me obedece...Essa não sou eu.Ou agora era?Deixei Alexander entrar.Eu via a sinceridade em suas palavras.Mas sempre tem essa voz...Às vezes, é só um sussurro.Mas está ali.E sempre diz a mesma coisa.Cedi a ele por alguns minutos. Achei que nossa conversa estava fluindo.Até que ele disse:— Evie, Brandon foi abusivo com você. Ele se aproveitou da sua dor.Agora...As vozes que antes eram sussurros se tornaram gritos, estridentes e agudos, dentro de mim.Sei que disse que talvez não o conhecesse como pensava.E que talvez... talvez não fosse amor.Mas daí
AlexanderConsigo lidar com qualquer situação: com terroristas, com abusadores malditos, com cretinos como Brandon. Mas com ela... com Evelyn... nunca sei exatamente como agir. Me descubro a cada dia. Há momentos em que gosto do que estou me tornando para ela, mas, ao mesmo tempo...Prometi curá-la de todos os seus traumas. E vou fazer isso acontecer. Só que resistir a ela hoje foi a coisa mais difícil que já precisei fazer. Toda vez que fecho os olhos, me vem a imagem dela, tão entregue para mim naquele quarto. Minha vontade era jogá-la na cama e mostrar para ela o que é ser minha. Mas aquelas palavras dela:“Eu quero você.”Elas tiveram um impacto dentro de mim. Eu também a quero. Ela já é minha. Só preciso consumar isso. Mas Evelyn não está pronta. E quando ela descobrir que o que teve com Brandon nunca foi amor... isso vai destruí-la.Inventei mil desculpas e me escondi na sala de reuniões. Minha cabeça era um turbilhão, meu corpo gritava por ela. O melhor seria me afastar, deix