Depois que chegamos da viagem de férias minha mãe foi me buscar, o que é incrível, ela não me busca desde que eu tinha treze anos. Ela conversou com meus tios um tempo e pela cara que saiu do escritório com certeza não foi uma conversa muito boa. Estou tentando entender o que há errado com o fato do meu pai querer me conhecer...
Depois de chegarmos em casa minha mãe mandou guardar as minhas coisas e tomar um banho. Fiz tudo que ela mandou fazer em silêncio. Depois de terminar de fazer tudo fiquei trocando mensagens com o Bruno, isso até a porta do quarto abrir e dona Jaqueline entrar.
_Com quem está falando? - Ela perguntou com sua frieza e grosseria costumeira.
_Com o Bruno. - Respondi.
_Ele pode esperar. - Ela diz ao se sentar em frente a minha escrivaninha. Não fui capaz de disfarçar a minha cara de revolta. _Não me olha assim! Nós precisamos conversar logo, antes que o André simplesmente resolva aparecer e
Quando sai do banheiro esperava que o homem que discutira com minha mãe tivesse ido embora, ainda que não tivesse ouvido o som da porta. Eu esperava até que ele estivesse em qualquer lugar na parte inferior da casa.Tudo estava silencioso de mais, por isso abri a porta tranquilamente pronta para ir para o meu quarto. O choque ao ver o homem encostado na porta da minha mãe foi muito, muito grande. Passei por ele praticamente sem respirar esperando que ele estivesse dormindo._Estava lá dentro esse tempo todo? - O homem me pergunta de uma forma divertida._Eu não queria atrapalhar... - Digo constrangida ._Você sabe quem eu sou? - Ele pergunta de forma séria e seu sorriso divertido se desfaz.O corredor não está totalmente escuro, desde que eu era pequena minha mãe mantém uma luz acesa para clarear um pouco a casa e eu não tenha medo, ou não tenha tanto medo._Acho que é o m
Jaqueline Gomes.Eu cresci numa casa onde a violência era comum e quase diária. Meu pai sempre teve muito dinheiro, vivi uma vida com luxo e infelicidade.Ver minha mãe sendo humilhada e constantemente agredida era de mais. O pior era saber que ela nunca reagia. Estava sempre dizendo que casamento era assim mesmo, que meu pai só estava nervoso...Aquilo me matava!Depois de alguns anos uma família se mudou para a grande casa ao lado da minha, havia amor naquela casa. Ali era realmente um lar.O casal tinha um filho, André, ele era bonito, tinha a mesma idade que eu. Com o passar do tempo viramos amigos e no último ano começamos a namorar.Os pais de André sempre souberam do que acontecia na minha casa, eu passei a fugir todas as vezes para casa deles. Incontáveis vezes a mãe de André foi quem me consolou, ela me dava conselhos, me ajudava.
As aulas começam e por coincidência ou não, Erick era da mesma sala que a minha. Ele era o melhor irmão do mundo!Sentou do meu lado e me ajudou com os deveres e trabalhos. Chegou até a dar um grande fora no meu ex. Do tipo "não cheque perto da minha irmã ou quebro sua cara!" No começo o Bruno adorou ele, mais um para me vigiar e me colocar na linha, palavras do Bruno. Com o passar do tempo o Bruno passou a ter ciúmes do Erick e eles brigaram, viviam trocando farpas e disputando atenção. Era irritante! Acho que a coisa ficou realmente muito feia quando Erick pegou Bruno e dando uns amassos no sofá da casa dele. Nós não íamos transar, acho que não. Eu estava sem a blusa e com o sutiã bem fora do lugar, meu short estava desabotoado e Bruno só de cueca. Lilian tinha saído para seu trabalho de meio período, só voltaria quase a noite então, na nossa cabeça, Bruno e eu teríamos "algumas horas de lib
_Tem duas semanas que você disse que iria contar a ele! - Bruno resmunga._Eu sei... É só que... - Tento me explicar._É só que nada Ana! Você parece estar sempre fugindo, sempre mentindo... Não quer mais namorar comigo é isso?_Não estamos namorando! - Digo na defensiva e me arrependo em seguida. Bruno me lança um olhar magoado. Sem me responder ele entra em casa.Parece que todos querem brigar comigo hoje. Primeiro Erick quando cheguei na escola. Agora Bruno. Caramba! Será que as pessoas não percebem que eu não sou uma pessoa que gosta de ficar falando disso!Namoro e sexo na minha casa, com a minha mãe sempre foram um tabu. Tudo que ela me disse quando era criança era que deveria ficar longe dos meninos porque eles me magoariam ou que não existiam príncipes.Ok. Não existem príncipes, nem contos de fada, os rapazes vão me magoar... Se eu vou quebrar a cara de qualquer jeito n
Cinco anos depois..._Tia cheguei! O Samuel vai almoçar aqui hoje. Tia Lilian!? Bea!? - Entro em casa colocando a bolsa sobre o aparador e tirando os sapatos enquanto guardo meus sapatos no pequeno armário da entrada. - Ela deve estar nos fundos da casa. - Digo para o meu namorado e pego sua mão o levando até os fundos da casa. _Beeaaa... - Chamo meio cantando. - A mamãe chegou prin...Paro na porta da varanda dos fundos num baque. Em outra época talvez eu gostasse de ver aquela mesma cena. Mas agora tudo que sinto é um tremor, um alvoroço no meu estômago, um nervoso terrível. Eu não estava pronta para essa situação. Não agora, talvez nunca! Bea está sentada no colo de Bruno e os dois me olham juntos. Ela se parece tanto com ele!_Hã... Bea vem aqui na mamãe. - Digo incapaz de aproximar deles._Boa tarde Samuel. - Tia Lílian comprimenta sorrindo, eu sei que ela está tão sem graça quanto
_Eu não sei como é... - Reclamo com Sara que quase morre de rir de mim. - Dá para não rir e me explicar._ Sério!?_ Eu não pediria se não fosse. - Estou quase perdendo a cabeça._Tá legal. Quem esta apaixonado sente o coração acelerado, as mãos soam, algumas pessoas costumam gaguejar, o estômago fica gelado, você quer estar sempre com essa pessoa, sonha com ela, só pensa nela, sente ciúmes. Tudo isso varia de pessoa para pessoa. O que você sente?_Meu coração fica acelerado, as vezes, minhas mãos soam e sempre tenho embrulho no estômago, as vezes me dá uma tremedeira, eu sinto ciúmes... Penso nele o tempo todo quando não estamos juntos..._ Você está apaixonada._Por que? Eu não podia deixar
Quando recobrei a visão estava deitada no sofá, na sala dos professores. Bruno estava sentado numa mesa de centro a minha frente com uma expressão preocupada. Não pude deixar de sorrir com seu desespero ao me ver abrir os olhos._ Graças a Deus! Estava quase te pegando no colo e te levando para um hospital!_Você não precisava fazer isso... Eu estou bem._Não foi o que pareceu. Três garotas da sua turma e o seu irmão foram atrás de mim na minha sala... Eu pensei que tivesse morrido!_Quanto exagero... - Digo me levantando. - Ai!Olho para o lugar de onde vem a dor, meu tornozelo está muito inchado e meu pé está horrível! Pareço ter alguma doença circulatória ou um caso grave de bebedeira._ Está ficando roxo. - meu amigo comenta o que eu já havia visto. Sua expressão de desgosto é só um reflexo da sua insatisfação. - Você deveria tomar cuidado meu amor, podia ser pior.
A concepção e aceitação do que sentia por Bruno foi muito boapara nós dois. Estamos seguindo com uma sintonia ímpar. Mãos dadas e beijos em público se tornaram as coisas mais comuns entre nós.Minha mãe é a única que não aceitou muito bem essa união. Ela ficou quase uma hora no meu quarto enquanto falava sobre todas as "possíveis desgraças" que eu ia viver, ressaltou uma centena de vezes o quanto eu era jovem para o compromisso. Falou dos riscos do sexo e etc...Meu pai parece feliz com tudo isso, como ele mesmo diz; alguém tem que estar feliz.Eu sei que as coisas entre ele e minha mãe estão fluindo. Bem devagar mas, estão indo. Teve um dia desses, um fim de semana, que estava em casa, que ele até dormiu com ela, na nossa casa. Quase não acreditei! Eu fico feliz por eles. Minha querida mãe parece mais leve e tranquila, acho que o amor tem o poder de mudar tudo.Eu sei que dona Lilian não está tão preocupa