Giovana continuava sentada no último degrau da escada, com as mãos no rosto, de olhos fechados, enquanto as lágrimas escorriam pelos seus olhos. Tania havia lhe oferecido uma xícara com café, que ela prontamente recusou. A empregada insistia que Giovana precisava se alimentar pelo bem do bebê, mas Giovana sentia que nada poderia descer pela sua garganta.A dor era insuportável, tanto no coração dela quanto em sua cabeça, que latejava sem parar.— Eu sei que esse não é o momento de falarmos sobre isso –, Ricardo tocou-lhe os joelhos delicadamente, – mas o Antony pediu para que eu levasse você para longe daqui.Embora tivesse concordado com Antony, Giovana ainda resistia à ideia de ter que partir, deixando tudo para trás. O coração dela se contorceu em agonia e Ricardo desejou sofrer no lugar dela.— Você também concorda com ele sobre eu vender minhas ações? – Perguntou ela com uma voz trêmula.— Sim, eu concordo –, disse Ricardo, abaixando o olhar, – a empresa começou a passar por séri
O céu, daquela manhã de outono, estava nublado encobrindo todo o sol. Antony olhava pelas grades, acima da sua cabeça, onde conseguia ver as nuvens negras. Na noite passada teve muito tempo para pensar sobre o que de fato tornou-se sua vida. Tinha consciência do que viria depois da sua prisão e das consequências que teria que enfrentar, embora o seu coração estivesse ferido, ele não se desesperou. Ele era inocente, e certamente provaria isso ao mundo.Ainda vestia a mesma roupa de quando foi preso. Estava sujo e com fome e ninguém, além de Xavier, havia ido visitá-lo. Certamente Giovana o visitaria se ele não a tivesse impedido. Lembrou-se dela e o seu coração sangrou ainda mais. Pela primeira vez estava odiando ter que decepcioná-la e imaginou os olhos tristonhos dela ao ouvir que ele não queria mais vê-la.Passos vindo em sua direção rompeu seus pensamentos. Quando Antony se virou, viu dois guardas, encarando-o com severidade. Presumiu que eles haviam vindo buscá-lo para levar até o
Quando Giovana chegou na casa cercada por montanhas e árvores, percebeu que Antony havia pensado muito sobre onde a esconderia das maldades de Irma. Ali ninguém a encontraria.Quando pisou os pés na casa, foi recebida pela mulher do caseiro. No entanto, as palavras dela lhe causaram uma enorme dor.— Seja bem-vinda, Giovana – a mulher a abraçou, agindo como se a conhecesse há muito tempo – , preparamos tudo como o senhor Antony pediu, para a chegada de vocês.Que sensação foi essa que veio com a dor? Indagou Giovana sem saber distinguir o que de fato acontecia.— Quando a senhora conversou com o Antony?Giovana não pretendia de modo algum ser mal-educada e não cumprimentar a mulher, agradecendo a ela todo o empenho em recebê-la tão bem, no entanto, a curiosidade em saber dos passos do marido foi maior que ela mesma.— Há dois dias, senhora – respondeu-lhe – , mas desse assunto o senhor Antony sempre tratou com o meu marido. Eu fui encarregada apenas de preparar a casa para a senhora
Antony sentiu como se vivesse o inferno na terra. Suas impressões digitais foram coletadas e uma foto registrada, antes dele caminhar por aqueles corredores e ser jogado em uma cela individual. O lugar cheirava mal, mas não era tão sombrio como a cela da delegacia.O colchão desgastado e sem forro revelou os dias difíceis que ele passaria ali. Agora vestido como um prisioneiro, Antony olhou para as paredes amareladas de sujeira e se perguntou em que momento ele enlouqueceria de vez.O tempo demorou a passar. Quando saiu para fazer sua primeira refeição junto aos outros detentos, percebeu o quanto sua vida seria difícil a partir dali. Sentou-se isolado dos outros e tentou não manter contato visual com nenhum deles. Antony não tinha nenhuma intenção de fazer novos amigos no presídio e só quando chegou ali, percebeu o quanto precisava ser inocentado rapidamente.Quando já entardecia, os guardas vieram o buscar e o levaram a sala de visitas. Antony nunca imaginou que ficaria tão feliz em
Dois dias já haviam se passado e até mesmo parecia uma eternidade para Antony. Passava o maior tempo na cela, nem mesmo nos banhos de sol ele queria participar. Houve tempo para pensar sobre tudo que havia acontecido em sua vida, até mesmo para chorar pela morte do Nicolau.Se ele estivesse vivo, Antony seria sua decepção. Nicolau não suportaria a ideia de ver o filho preso. Sentiu saudades do pai e uma culpa quase o consumiu. Nicolau morreu carregando com ele a sensação de que Antony o odiava. Nos últimos meses da sua vida, as brigas entre eles se intensificaram. Antony nunca conseguiu administrar a ideia de Nicolau querer controlar sua vida, até mesmo os seus relacionamentos. O obrigou a se casar com uma mulher que ele não amava, apenas para garantir a herança que Antony almejou a vida inteira.Só agora ele entendia que Giovana havia sido o melhor presente que Nicolau o havia dado. Queria ter percebido isso antes. Sentia que era tarde demais para tentar consertar as coisas entre ele
Giovana tinha os dedos entrelaçados, enquanto caminhava de um lado ao outro no quarto, esperando que Ricardo lhe desse notícias sobre Antony. Descruzou os dedos percebendo que suas mãos estavam suadas. Precisou limpá-las na saia e logo em seguida pegar o celular. Não havia nada. Nenhum sinal. Desde o dia em que Antony havia sido preso, Giovana evitava acessar suas redes sociais, mas a curiosidade era maior que ela. Um bombardeio de mensagens invadiu suas notificações. Quando rolou o feed, o rosto de Antony apareceu e a legenda dizia o que ela tanto queria saber. Antony estava livre.Ligou para ele. Giovana se lembrava da promessa que havia feito a si mesma de não mais falar com ele, mas ela ignorou todos os seus extintos e ligou para Antony, sentindo as mãos suarem cada vez mais.Do outro lado da cidade, Antony ainda tentava entender por que Andreas fazia aquelas coisas estranhas. Mal havia colocado os pés na antiga casa, seu celular vibrou. Seu coração deu um salt
Giovana caminhava pelo vasto campo e já se encontrava a alguns quilômetros de distância da casa. Tania tinha o semblante assustado no rosto e quando olhava para trás, percebendo que a casa ficava cada vez menor, seu rosto se contorcia em preocupação.— Não acha melhor voltarmos, senhora?Contudo, Giovana ignorava completamente as palavras da mulher e continuava caminhando.— Isso poderá fazer mal até mesmo para o bebê – continuou justificando em vão –, e se o senhor Antony ligar? A senhora perderá a grande chance de falar com ele.Giovana parou imediatamente para olhar para Tania sem acreditar que ela usaria tal argumento para convencê-la.— Caminhar não faz mal para ninguém, Tania – falou com dificuldade, enquanto tentava encher os pulmões com ar –, e o Antony não vai me ligar. Ele me abandonou nesse lugar e não voltará para me buscar.— Senhora – Tania parou quando percebeu que Giovana continuaria caminhando até perceber que não tinha para onde ir –, é arriscado caminharmos em
Antony dirigia em alta velocidade em direção à empresa. Quase havia causado um acidente alguns minutos atrás e voltado a ser preso por pura negligência. Ele mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo.Em pouco tempo, ele já estacionava em frente à empresa. Sabia que Ricardo vinha logo atrás para tentar impedi-lo de cometer uma grande loucura, mas Antony estava furioso, embora não fora de si. Sabia exatamente o que estava fazendo.Quando chegou no andar principal, se encontrou com Valeria, que veio correndo em sua direção com os olhos brilhando. Ela precisou se segurar para não o abraçar, com a euforia que sentia por vê-lo livre.— Senhor Antony –alargou o sorriso, mas Antony não olhou para ela.Quando a secretaria percebeu que ele andava em direção ao seu escritório, ela impôs o corpo na frente dele, com a intenção clara de impedi-lo.— Não pode entrar, senhor – os lábios de Valeria tremeram com o olhar gélido que Antony depositou sobre ela –, o seu escritório está uma bagun