Giovana precisou se sentar, pois já não sentia suas pernas reagirem ao som da voz de Antony. Seu coração batia tão descontroladamente que ela tinha a sensação de que o ar fugia dos seus pulmões. Um sorriso sincero surgiu no seu rosto e seus olhos brilharam.— Como você está? – Ele perguntou após longos segundos em silêncio.— Eu estou bem – ela respondeu sorrindo do outro lado da linha, então se lembrou do que havia acontecido com suas ações e o sorriso abandonou imediatamente o seu belo rosto – Antony, eu sinto muito pelas ações, eu não tive a intenção.— Está tudo bem, Giovana – Antony levantou o olhar até Andreas, que olhava para ele com grandes expectativas, mas suas palavras foram sinceras. Antony já não estava furioso com Giovana – eu e o Andreas já resolvemos isso.— Resolveram? – Ela se assustou com a revelação. Antony e Andreas haviam se juntado para resolver algo?— Você deve se preocupar apenas com a gravidez – as palavras saíram dilacerando a sua garganta – só isso importa
Não havia mais tempo para se lamentar. Antony se vestia no antigo quarto de Giovana, enquanto observava as pichações ou o que restara das marcas dela, na parede, lembrando que era por aquele motivo que toda a sua vida havia ruido.Se ele não tivesse pedido o divórcio no mesmo dia que Gina estava no hospital lutando pela vida. Se ele tivesse escutado Giovana ao invés de depositar sobre ela suas frustrações, Gina teria sobrevivido e nada disso teria acontecido.Irma não a perseguiria, ele não teria se casado com Giovana pela segunda vez.Ele não teria descoberto o quanto ama ela. A vida perderia a graça e ele não seria o homem que havia se tornado naquele momento.Talvez as coisas acontecessem por algum motivo, que Antony não conseguia entender. Colocou o terno e passou as mãos, sobre o cabelo, enquanto concluía os pensamentos. Precisava focar nos objetivos principais e esquecer o resto, para que assim vivesse em paz.Viver ao lado da mulher que agora ele amava. Giovana estava fixada em
Irma estava em frente ao antigo computador de Gina, procurando qualquer pista de onde Giovana havia se enfiado. Passava rápido pelas páginas da web, com os olhos vidrados a cada matéria sobre a prisão de Antony, tentando encontrar qualquer pista, mas não havia nada.Ela deu um grito, batendo o mouse com força sobre a mesa, enquanto sentia o peito enchendo-se de angústia e ansiedade. Levantou-se agitada, enquanto caminhava de um lado a outro sobre a pequena sala e buscava uma solução. Irma só descansaria quando conseguisse se vingar de Giovana e fazê-la paga pela morte de Gina.Ainda vivia na mesma casa em que seu falecido marido comprou. As paredes manchadas de sujeira e as telhas furadas, indicavam que a casa não passava por uma reforma há muitos anos. Irma se lembrava que o fato da casa estar em ruínas era uma das principais queixas de Gina. Aliás, depois que ela morreu, as coisas para Irma pioraram consideravelmente, já que era Gina quem sustentava toda a despesa da casa.Aquilo er
As semanas se passavam depressa - Antony sentava-se na varanda da antiga casa e ficava a tarde olhando o pouco movimento das ruas, enquanto Andreas não voltava da empresa. Havia sido impedido de pisar os pés lá, por questões de segurança e de estratégias. Tinha dias que ele achava que iria enlouquecer, dentro daquela casa sozinho. Viver uma vida monótona, longe do trabalho era algo que ele nunca imaginou viver.Na mesma proporção, era aliviador saber que lentamente os investidores iam voltando pela confiança que o Andreas passava. Quem diria que aquele garoto conseguiria ser bom nos negócios e evitar que a empresa declarasse falência. Embora tudo parecesse bem, ainda faltava algo. Antony sentia como um enorme vazio no peito, e essa falta tinha nome.Tentou dissipar esses pensamentos quando viu Xavier se aproximando. Tinha um semblante preocupado no rosto e parecia cansado, como se tivesse lutado uma guerra interminável. Desfrouxou a gravata e limpou o suor que lhe corria a fase. O dia
Antony caminhou para longe de casa o mais rápido que pôde, sabendo que dali a poucos minutos todos saberiam da sua fuga. O sol quente fazia sua pele arder, e as gotículas de suor encharcaram sua roupa em poucos minutos.Ele não tinha a mínima ideia para onde ir. Pensou em caminhar até a casa de Irma, mas concluiu que seria ingenuidade da parte dela manter-se na mesma casa depois de tudo o que fizera. Só após longos minutos caminhando pelas ruas, ele chegou a uma decisão.Parou na parada de ônibus. Antony até mesmo havia esquecido a última vez em que andara de ônibus. Ainda era criança quando Nicolau trabalhava como um simples vendedor de balas. As lembranças, ainda que incompletas, dele entrando no veículo e se sentando ao lado do pai, encheram o coração dele de nostalgia. Mas havia algo que ele jamais esquecera: o quanto se sentia enjoado com as voltas que o ônibus dava pela cidade. O volume de pessoas no mesmo local dava-lhe uma sensação estranha que fazia Antony até mesmo passar ma
Era verão e o sol irradiava intensamente no céu. Giovana estava agachada em frente à horta da fazenda, colhendo cebolinha para o almoço. O contato da terra molhada com suas mãos dava a ela uma sensação de paz. Giovana havia decidido que ocuparia a mente com tudo o que fosse possível, para não pensar tanto em Antony.Já fazia alguns dias que ela não tinha notícias dele. Não ousara ligar para ninguém, e ninguém havia ligado para ela. Antony já tinha seus próprios problemas para se preocupar, e Giovana não pretendia se tornar mais um.Quando se levantou, sentiu uma leve fisgada nas costas, fechando os olhos. Ouviu o barulho de um carro se aproximando e quando abriu os olhos, os raios de sol embaçaram a visão por alguns segundos. Ela não reconhecia aquele veículo. Contudo, observou o carro parar e duas figuras masculinas descerem de lá.Giovana apressou-se na direção dos rapazes com um largo sorriso no rosto. Embora esperasse que Antony também descesse, não se importou quando percebeu que
—Vocês foram visitar a Giovana sem eu saber?— Antony parecia inconformado. Olhava para Andreas e Ricardo, que não demonstravam nenhum arrependimento sobre aquilo, pelo contrário, falavam cada detalhe da viagem a ele, fazendo a revolta se alargar dentro de Antony.—Desde quando vocês dois são amigos?— Interrompeu a empolgação. Seus olhos pareciam frios, como gelo. Era uma mirada forte o suficiente para intimidar qualquer um dos dois.—Não somos amigos—, Ricardo gaguejou, sentindo a voz falhar, —eu estou apenas ajudando ele a resolver os problemas da empresa.—A fazenda não faz parte da empresa—, Antony rosnou de volta, —não podem tirar de mim o direito de resolver os meus próprios problemas. Aquele lugar é um problema meu.Por um momento os rapazes se assustaram com a ferocidade dele.—Está frustrado porque não pode ir visitar a Giovana—, Andreas disse, mas se arrependeu logo em seguida quando contatou o rosto de Antony se contorcer de fúria, —mas compreendemos ser normal se sentir ass
No dia seguinte, Antony voltou para a mesma parada de ônibus do dia anterior, mas dessa vez o sol estava ainda mais forte e o ônibus demorou mais do que ele imaginou. Estava impaciente e angustiado. Talvez quando chegasse na casa de Irma fosse tarde demais. Ela fugiria certamente para bem longe e ele perderia a grande chance de recuperar sua liberdade. Esses pensamentos só fizeram o buraco em seu peito se alargar em proporções inimagináveis.Vinte minutos exatamente, o ônibus parou ao lado dele. A casa de Irma era longe dali, praticamente do outro lado da cidade. Por um instante de insanidade, Antony até pensou em ir a pé até lá, mas não conseguiria ir muito longe.Enquanto o veículo avançava, ele elaborava um plano. Pensou nas diversas possibilidades e consequências. Precisaria fazer tudo corretamente para não ser descoberto e falhar em suas tentativas de fazer Irma confessar tudo.Quando desceu do ônibus, seu coração disparou. Caminhou mais alguns metros, quando avistou a casa ao lo