“Qual é a ocasião?”, Kate gritou, retocando os poucos cachos ao redor de seu rosto que se soltaram em sua pressa de se arrumar. Ela olhou no espelho, ajustando as alças do vestido decotado cor vinho. Ela o havia comprado na internet por capricho, mas revelava mais decote do que ela gostaria, e Kate se pegou puxando o tecido na tentativa de cobrir um pouco mais. O tecido esvoaçante caía até logo abaixo do joelho, em um vermelho profundo que rodopiava e florescia com cada movimento leve que ela fazia. Reajustando o decote mais uma vez, ela jogou o cabelo encaracolado sobre o ombro e colocou nas orelhas um par de argolas de ouro.As batidas incessantes no banheiro cessaram quando a porta se abriu. "Ele faz essa merda todo ano... puta merda". Os resmungos de Colton cessaram, e a rouquidão na voz dele fez o estômago de Kate explodir em uma avalanche de borboletas. Seus olhos encontraram os dele no reflexo do espelho, e o coração palpitou ao ver o peito dele coberto de gotas d’água, com uma
O ding do forno fez Kate pular do chão, derrapando contra as tábuas de madeira do piso enquanto contornava o balcão. Ela riu com o tropeço, instável pela meia garrafa de vinho tinto. Colton gargalhou do salão, um bufo vertiginoso escapando dele enquanto corria os dedos pelo cabelo. Ainda estava duro por causa do gel, mas lentamente ele estava trabalhando para que voltasse à sua bagunça habitual. Soprando o cabelo da testa, Kate acenou com os braços na frente dela, afastando o ar úmido que saía do forno. “Por que está tão quente?”"É a porra de um forno, amor", Colton bufou, atrapalhado com o controle remoto para pausar o especial de comédia que eles mal estavam assistindo. “Eu ficaria preocupado se estivesse frio”.Depois de largar apressadamente a forma de bolo no fogão, ela jogou uma luva de forno na direção dele, explodindo em um ataque de risadinhas bêbadas com a surpresa dele. “Ha-ha, você é uma porra de um comediante. Eu só quis dizer que parece mais quente do que o normal”."
Colton verificou seu relógio e suspirou. 11:30 não poderia vir rápido o suficiente. Billy disse a ele para não se preocupar em voltar depois da consulta, e ele mal podia esperar para surpreender Kate – talvez levá-la ao cinema ou jantar fora. Foi incapaz de se concentrar em muita coisa a manhã inteira, até mesmo levando uma pancada na bunda por um adolescente bajulador na aula de autodefesa. O pequeno filho da putinha tinha sido tão malditamente sarcástico; ele tinha colocado cada grama de força que tinha para não tirar o sorriso de seu rosto cheio de espinhas. Os últimos vinte minutos daquela aula foram a única vez naquela manhã que Colton não olhou para o relógio. Certificou-se de que aquele merdinha fosse seu parceiro em todas as demonstrações e se certificou de usar um pouco mais de força do que o necessário todas as vezes. Mas assim que Chad, o idiota do caralho, deixou o prédio, ele estava de volta a assistir o ponteiro dos segundos tiquetaquear ridiculamente devagar. Ele sabia q
A porta de metal se abriu, rangendo apenas um pouco enquanto Kate andava nervosamente pela sala de espera. As unhas bem cuidadas tinham sido roídas até a pele, e seu coração estava acelerado enquanto ela se perguntava o que os impedia de abrir a porta completamente. Através da abertura, Kate pôde ver uma mão desgastada contra o cabo de aço e ouvir a conversa de homens. O tremor de suas próprias mãos não havia diminuído desde que ela recebeu o telefonema de Colton – a voz crua dizendo que ele estava na prisão, seguido por um borrão de instruções sobre como retirar o dinheiro da fiança. Ela correu para a cadeia do condado, e agora deixava um caminho desgastado sobre o tapete sujo enquanto andava de um lado para o outro pelo que pareciam horas. Pôde ouvir vagamente a recepcionista pedindo para ela se sentar, mas Kate não podia – seu corpo trêmulo não permitindo que ela ficasse parada.Ela cruzou os braços sobre o peito e levou uma mão à boca, mordendo a pele que já ardia ao lado de suas
“É por aqui”.Kate abriu a porta e deu um passo para o lado, permitindo que Geórgia entrasse lentamente no quarto de hóspedes. Os olhos vermelhos e inchados vagaram pelo quarto, observando o edredom preto e fofo jogado em cima da cama de solteiro, o abajur antigo herdado da avó de Kate centrado na mesa de cabeceira de mogno e os pequenos espelhos hexagonais posicionados acima da cabeceira cinza. Geórgia mordeu o lábio inferior e deu um passo em direção à estante bem organizada aninhada no canto, roçando a lombada de um dos livros com uma unha de acrílico rosa. “A Maldição da Residência Hill”, ela murmurou, balançando a cabeça em aprovação. “É o mesmo da série?”Kate descansou contra o batente da porta, mantendo os braços cruzados e forçando um sorriso desconfortável enquanto assentia. “Sinta-se à vontade para ler. É um bom livro”.Geórgia ficou quieta, continuando sua vistoria no cômodo, pousando os olhos na foto emoldurada de Colton e Kate encostada em uma pilha de arquivos. Seu ro
O ronco do motor do carro era o único som que preenchia o vazio silencioso. No banco da frente, Kate cutucava as unhas, observando com olhos cansados os prédios passarem rapidamente, uma explosão de cor piscando de vez em quando através da mistura inquietante de cinza. Olhando para Colton e seus dedos brancos contra o volante preto, ela deu um sorriso, descansando a palma da mão contra o músculo tenso da coxa dele. Levar Geórgia para sua nova acomodação era a última coisa que ele queria fazer – ele tinha dito muitas vezes ao longo da manhã –, mas Kate estava grata por ele ter concordado em ir com ela. Espiando por cima do ombro, Kate flagrou o brilho aguçado dos olhos azuis gelados, que queimavam furiosamente no gesto afetuoso da mão de Kate na coxa de Colton. O olhar dela disparou para Kate, se dissolvendo rapidamente enquanto seu rosto tenso se contorcia em um sorriso antinatural. Kate, desajeitada, se virou para a estrada, deslizando lentamente a mão para fora dos jeans pretos de
O celular caiu de suas mãos trêmulas, e Kate fechou a gaveta com um baque forte. Uma respiração áspera soprou através das páginas de seu bloco de notas, os rabiscos confusos piscando diante de seus olhos. As pernas da cadeira rangeram contra as tábuas do assoalho enquanto ela se afastava, cobrindo a boca com a mão trêmula. A voz retumbante de Colton veio da sala de estar, com cada frase furiosa pontuada com um áspero "porra". O nome de Geórgia sendo cuspido como se fosse veneno. Limpando a umidade de seu lábio superior, ela alisou o tecido de sua calça, as palmas úmidas esfregando contra seu abdômen antes de se aconchegar em sua cadeira, cavando involuntariamente os dedos no acolchoado e enrijecendo. Soltou um suspiro trêmulo e se moveu lentamente pela sala, fechando a porta com um clique suave e descansando momentaneamente contra a madeira inflexível.“Não, eu não estou brincando, Bill. Ou ela sai ou eu saio!”A adrenalina que percorria seu corpo se dissolvia aos poucos. A necessid
A escuridão cobria o quarto imóvel, além do brilho da luz da rua que espreitava pela janela com cortinas. A cama rangeu quando Kate rolou, olhando para o teto, se perguntando o que Colton estava fazendo agora. Na rua embaixo dela, o rugido distante dos motores dos carros roncava, e uma música abafada vinha de algum lugar do outro lado da rua. O urso cantante de Florence cantarolava no quarto ao lado, o ventilador do quarto de Paloma zumbia ruidosamente enquanto o relógio acima de sua cômoda batia em um tom monótono. Kate exalou, brincando com a borda sedosa do edredom e estendendo-se para pegar o celular na mesa de cabeceira. Irritação cintilou através de seu corpo cheio de ansiedade com a falta de comunicação de Colton. Toda vez que ela sentia que as coisas estavam de volta aos trilhos, que ela e Colton estavam indo na direção certa, alguma coisa acontecia que tudo dava uma guinada e eles acabavam de volta onde começaram. Ela achava que aquilo os perseguia, mas estava claro que Colt