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Capítulo 2 - Retorno de Joca

— Pensei que tinha me esquecido. — Disse fazendo um carinha triste.

— Cara que saudades de você, sumiu!!!! Olhe Céia quem está aqui! — Pulamos em seus braços de felicidade. Nem nos importamos com ausência de 6 anos na hora, mas depois caiu a ficha.

— Por onde andou? — Perguntei a ele.

— Por aí novinhas, deixa isso para lá. Importante que estou de volta para a felicidade da geral e morrendo de saudades de minhas parças favoritas! — Disse tentando mudar de assunto, mas bem percebi.

— Convencido nada né. Venha curtir com a gente. E vai nos contar direitinho depois esse sumiço. — Nos abraçamos mais, abraço coletivo.

— Deixa eu te apresentar, essa é minha amiga Simone! Si esse é meu amigo Joaquim, mas o chamamos de Joca.

— Prazer todo meu, Joca! — Disse toda assanhadinha, percebi que já gostou do Joca.

Entramos no baile, pagou bebida para gente e começamos a dançar.

— Simone, Joca sempre foi apaixonado pela Sara, ao que tudo indica, continua, então… — Céia cochicha no ouvido de Simone.

— Sério??? Esse pedaço de mau caminho. — Simone faz beicinho.

— O que foi que estão cochichando? — Pergunto.

— Nada! — responde Céia rapidamente. Fiquei sem entender. Continuamos dançando, curtindo, até que Joca segura meu braço e fala.

— O novinha! Está namorando ou ficou esperando por mim? — Disse diretamente.

— Se achando mesmo hein. Me lembro muito bem de não ter feito promessa nenhuma e que eu te disse que não me casaria com alguém dessa vida! Nem tinha como prometer também, já que você sumiu do nada! — Levantei as mãos e dei um tapa no ombro dele para descontrair e fugir do assunto. — Vamos dançar?

— Não agora! Quero você, Sara! — Me agarra pela cintura, me apertando em seu peito. Deixando Simone e Céia de boca aberta.

— Pare Joca de brincadeira! — Digo tentando me soltar.

— Não estou brincando, pensei em você este tempo todo, em todos os minutos. Sempre gostei de você e sabe disso! — Diz sério me prendendo com aqueles braços fortes, aqueles olhos fixos nos meus, que fiquei sem ação.

— Sempre pensei que fosse de brincadeira, desde a infância até nossa adolescência, quando sumiu… — De repente me beija, sem eu esperar ou permitir, tento me soltar em vão e me entrego aos poucos, então deixo rolar por alguns minutos até que caio em si e peço para ele parar.

— Não faço isso novamente! — Me solto, me dirijo às meninas e digo: — Aproveitem o baile estou indo embora.

— Não, vamos com você! — Disse às duas já me seguindo.

— Prefiro que fiquem e aproveitem. — Digo, levanto uma mão e vou embora. Vejo que às duas se entreolham.

Quando estou fora do baile tomando direção da minha casa, pensando em tudo o que acabou de acontecer, a volta do Joca, a declaração, o beijo, ah.... o beijo que foi de me derreter, nunca alguém conseguiu chegar assim tão perto, por mais cantadas e pedidos de beijos que eu tenha recebido, fiquei um pouco atordoada. Logo sinto um braço me puxando e me prendendo na parede.

— Ai!!! — Vejo Joca em cima de mim, respiração ofegante. — Me deixe ir embora, me solta!!!. — Digo brava e gritando.

— Não assim! Quero me desculpar, não resisti, esperei por isso a vida toda, ter você em meus braços, poder te sentir, te beijar. Sara sou louco por você, sempre fui.

— Você nunca me disse nada! Sempre levei na brincadeira! Você some por seis anos, SEIS ANOS!!! Volta como se tivesse saído ontem, me agarrando. — Digo ríspida.

— Sabe muito bem, que nunca eu ia subir o morro na toca do Das Trevas, mais Céia e eu fizemos isso, para saber se tinham notícias, preocupadas com você. Só nos dizia que não sabia, mas sabíamos ser mentira, não queriam nos falar. Por dias choramos e sua tia? Você a abandonou, só tinha você, ela morreu e você não estava aqui, nós aqui do morro, fizemos vaquinha para ela ter um enterro digno, claro que seu parceiro, ajudou bastante nisso, mas ela morreu chamando por você! — Esbravejei.

— Sei de tudo isso, Das Trevas me mantinha informado de tudo por aqui. — Observo a dor e desespero em sua voz.

— Eu sabia que mentiam para gente. — Digo irônica. — Mais nem para sua tia?

— Não podia, era melhor assim, deixa a tia de fora, nem me pergunta o porquê, por favor. Você não sabe a dor que senti e não poder estar por aqui, por ela.... — Chora e vejo muita dor.

— Você não quer falar deste tempo, ok. Direito seu e não me venha cobrar direito nenhum sobre mim, pois não sou e nunca fui propriedade sua.

— Vejo que continua a mesma marrenta de sempre, gosto assim! — Pega em minha mão, a beija e continua segurando. — Eu te amo Sara! Sei da sua vida, sei de tudo sobre você! Que trabalha em uma lanchonete, estuda, acompanhei tudo a distância, me perdoa? Quero desesperadamente ter você, para sempre comigo.

— Não estou com cabeça para homens! Estou me dedicando aos meus estudos como você bem sabe então, quase me formando, para melhorar de vida e ajudar meus pais. Isso é meu propósito de vida, você tem algum?

— No momento só ter você!

— Ah... Para, pelo amor de Deus! — Digo quase surtando. — Desde quando isso é um propósito??? Acorda Joca!!!

— Quanto aos seus pais, posso ajudar você!

— Nem pensar!!! Sempre disse e isso nunca mudará, quando eu tiver alguém não será dessa vida, não quero viver preocupada se chega vivo ou morto, seus meus filhos terão pai hoje e amanhã não. Gosto de você, mas como amigo e sempre será assim! Perdoe-me se dei alguma esperança quanto a isso, aliás dei algum dia, alguma vez?

— Não me deu nenhuma porra de esperança. — Disse baixinho, quase que para si mesmo.

— Pode me largar? Me dar espaço? — Olho para suas mãos me segurando e volto a olhar firme em seus olhos.

— Claro. Mais uma vez desculpa te invadir assim. — Disse tristonho. Dou um abraço nele, apesar da raiva que sinto, o ódio mesmo, de querer bater nele, mas ainda assim respiro fundo, além da casca de durão, lá, no fundo, vejo meu amigo Joca de sempre. O solto com uma certa dificuldade, porque me prende como se eu fosse fugir.

— Amigos??? — Digo, estendendo a mão a ele.

— Sempre! — Disse com pouco entusiasmo.

— Vou embora agora.

— Te levo até sua porta, pode?

— Sim. Vamos. — Fomos em silêncio até minha casa. Ficamos parados quietos, olhando um ao outro, sem dizer nada.

— Posso te dar mais um abraço? Eu preciso… — Sussurra quase para si, mas escuto.

— Pode. — Me abraça muito forte, como se fosse me esmagar. Deixo, apesar de me sentir desconfortável e querendo me soltar.

Joca

Fico abraçado a Sara sentindo seu cheiro, o calor do seu corpo, morrendo de vontade de tomá-la como minha, mas preciso me controlar se eu quiser conquistá-la. Mais não resisto, vou soltando do abraço com dificuldade, mais sem soltar até que nossas bocas estão bem próximas, roço o dedo pelos lábios dela e como não me afasta, então dou um beijo suave, como não teve repulsa, beijo forte, com vontade, como se fosse o último.

— Para… — Ela diz ofegante — Não faz isso comigo de novo, senão nós não nos vemos mais. Assim não dá…

Aquilo doeu, não posso ficar longe dela, não agora que voltei. Peço desculpa e me viro para ir embora. A vejo parada na porta me olhando, digo tchau em voz alta e bem baixinho para mim — Ainda vai ser minha!

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