AISHAAo deixar o hotel, uma parte de mim hesitou. Queria voltar, ficar ao lado dele, mas sabia que as complicações do meu mundo não permitiriam isso. Precisava preservar meus segredos antes que fosse tarde demais.Tive que passar na boate para pegar meu carro e, em seguida, seguir para o apartamento de Maitê. Minha amiga já havia deixado na portaria a informação de que receberia uma convidada e a placa do meu carro. Dessa forma, o porteiro apenas confirmou os dados e permitiu minha entrada.Assim que o elevador chegou ao seu andar, Maitê me aguardava na porta. Ela me analisou dos pés à cabeça, como se quisesse comprovar que eu estivesse inteira.— Você me deu um baita susto. Eu mal consegui pregar os olhos depois que cheguei em casa. — Ela voltou a me analisar. — Em compensação, você parece muito mais do que bem. — Ela me encarou.— Sim, Maitê, eu estou muito bem, obrigada! — Disse, sorrindo para ela, com minha mala na mão.— Você é louca, Aisha… como você aceitou sair com aquele hom
No dia seguinte, acordei cedo e preparei nosso café da manhã. Precisávamos correr para não nos atrasarmos na faculdade. Durante os intervalos das aulas, comecei a me inscrever em algumas entrevistas de emprego, incluindo uma para hoje depois das aulas.Assim que as aulas terminaram, encontrei Maitê e avisei-a sobre a entrevista. Aquele emprego poderia ser o primeiro passo para a vida que eu queria construir.Eles estavam oferecendo a vaga de garçonete, mas para mim não importava o cargo. Desde que fosse honesto e significasse que eu estava traçando meu próprio caminho, longe das expectativas e julgamentos da alcateia.Nunca trabalhei na área, mas estava disposta a aprender, desde que me dessem alguma oportunidade. Naquele em especial, não tinha muita esperança de ser contratada, mas participaria da seleção.Fui informada, antes mesmo de chegar ao local, que o restaurante não estaria em funcionamento naquele momento, mas que eu poderia entrar para a entrevista. Quando cheguei, em sua e
KIRONPetrus não estava errado. Em momento algum disse que ela era minha companheira. Também não poderia marcá-la sem que ela soubesse o que era e o título que carregava. Queria ter a oportunidade de conquistá-la primeiro para apenas depois revelar tudo isso.— Preciso encontrá-la, Petrus. — Disse.— Ela lhe deu alguma informação? — Ele perguntou.— Ela fugiu de todas as perguntas pessoais que fiz. — Revelei, o que fez com que ele me encarasse novamente.— Por quê?— É isso que pretendo descobrir. Ela tinha um machucado no braço, algo causado por garras, pelo cheiro causado por algum lobo. E o mais estranho… meu lycan acredita que ela é uma de nós, mas ainda não passou pela transformação.— Uma lycan? — Confirmei. — Ela não aparentava ser menor de idade, Kiron. O que explicaria isso? Bruxaria?Era uma possibilidade. Em todos esses anos de minha vida, não ouvi muitas histórias de bruxas envolvidas com lobos ou muito menos lycans, mas nunca se sabe. Antes de afirmar qualquer coisa, prec
AISHASaí da entrevista no Le Faux com o coração batendo forte de alegria. Trabalhar naquele restaurante não era apenas um emprego, era meu bilhete para longe da dependência e dos olhares sufocantes da alcateia. Queria construir algo meu, sem qualquer cobrança ou sendo lembrada de que eu era defeituosa.Enquanto caminhava em direção ao meu bistrô favorito, perto da faculdade, avistei Maitê me esperando do lado de fora. Ela parecia ansiosa. Nosso abraço foi cheio de animação e emoção. Mal conseguia conter o sorriso que parecia grudado no meu rosto.— Maí, eu consegui! Fui aceita no Le Faux. — Mal pude esperar para dividir minha felicidade com ela.Maitê sorriu amplamente, seus olhos brilhando com alegria genuína por mim.— Eu estava certa de que você ficaria, Aisha. Caso não a contratassem, eles seriam uns imbecis. Estou muito feliz por você! Esse é só mais um passo para sua liberdade.Havia compartilhado com Maitê meu desejo de deixar a comunidade onde morava, mas que ainda dependia
Passamos mais um tempo ali, conversando sobre meus planos, as oportunidades que o emprego no Le Faux poderia trazer e o quanto estávamos animadas para as novas fases de nossas vidas.Maitê falou sobre suas próprias ambições, ela tentaria uma vaga na empresa concorrente de seu pai, o que me surpreendeu.— Como assim? Vai mesmo tentar uma vaga lá? — Perguntei, com uma ponta de admiração.— Não quero crescer na empresa simplesmente porque sou a filha do dono, Aisha. Quero ser bem mais do que isso. Quero ter prestígio na minha área por mim mesma, não pelo meu sobrenome.Concordei, admirando a coragem de Maitê. Sabia o quanto podia ser difícil desafiar as expectativas da própria família.— Esse é um desafio e tanto, Maí, mas estou aqui para te apoiar, sempre. E tenho certeza de que você é determinada e capaz para isso.Ela me olhou com gratidão e, naquele momento, senti o peso do que aquilo significava para ela. Essa era mais do que uma ambição… era uma luta para construir sua identidade e
Kathy parecia ainda mais irritada ao observar o olhar de Black em mim, mas mudou seu foco em seguida, me observando e a Martín, mas eu permaneci em silêncio, sem dizer nenhuma palavra. Quando meus olhos voltaram a encarar Martín, observei um pequeno vislumbre de seu lobo, que ele tentou disfarçar bem.— Quero uma garrafa do seu melhor vinho, por gentileza. Pediremos nossos pratos quando nossos convidados chegarem. — Disse Martín.— Claro, senhor. Irei providenciar a bebida solicitada.Dei as costas a eles e saí dali, tentando disfarçar meu corpo trêmulo. Não acreditava que, de tantos restaurantes na região, aqueles idiotas escolheram justamente vir para este.— Aisha, você deseja trocar de mesa? — Quinn perguntou, analisando-me.— Não é preciso, Quinn.— Owen me informou sobre o comentário idiota que fizeram com você. Se não se sentir confortável em atendê-los, podemos fazer uma troca com outra mesa.Fiquei tensa com essa informação, ainda mais pelo termo com o qual Black me chamou. M
KIRONNão estava muito animado para aquela noite. No entanto, não podia cancelar aquela reunião com o alfa. Meu humor não era dos melhores. Já havia levantado toda a ficha daquele garoto.Ele havia assumido o lugar do pai recentemente, e três dos seus lobos foram mortos por Maximus. Participaria daquele encontro apenas como uma forma de cortesia para demonstrar estarmos empenhados em capturar aquele lycan.Ao entrar no restaurante Le Faux, fui imediatamente atingido por um aroma familiar e intoxicante: era ela, minha Aisha. Meu coração acelerou e meus olhos começaram a varrer o ambiente em busca dela, mas não a vi em canto algum.Fui conduzido à mesa dos nossos anfitriões e, ao me aproximar, finalmente a encontrei. Ela não fazia parte do grupo, mas sim da equipe de funcionários daquele restaurante. Aisha estava deslumbrante, mesmo que em seu uniforme. Cada gesto seu parecia puxar meus sentidos, impossibilitando-me de me concentrar em outra coisa.Meu lycan ansiava por tê-la em meus br
AISHAEu estava entre a perplexidade e a hesitação enquanto Kiron me segurava gentilmente em seus braços. Meus olhos encontraram os dele, buscando respostas que eu ainda não tinha certeza se queria encontrar.Ele me encarava com uma intensidade que fazia meu coração acelerar e, ao mesmo tempo, uma calma reconfortante que me fazia questionar minhas próprias dúvidas.Quando ele disse que eu era a outra metade dele, com uma voz suave, mas carregada de convicção, eu não sabia mais como agir.Senti sua mão acariciar delicadamente meu rosto, enviando um arrepio suave pela minha pele. Eu queria acreditar nele, queria me permitir acreditar naquelas palavras, mas como explicar minha ligação com Martín? Kiron seria o milagre da segunda chance?Nunca vi isso acontecer. Kiron inclinou-se para mais perto, seus lábios quase tocando os meus, mas ele hesitou, dando-me espaço para decidir. Meus olhos se fecharam involuntariamente, meu coração batendo forte enquanto esperava pelo próximo movimento.Sen