THEODORO Quando acordei, fiquei um pouco surpreso por não encontrar Zahara na cama, mas depois de olhar o relógio percebi que ainda era cedo e era impossível que tivesse saído. Levantei da cama e comecei a andar pelo apartamento. Ninguém na sala, nem no banheiro então fui até a cozinha e a encontrei. — Tomando café da manhã sozinha? — Que susto, Theo. — Desculpa, não foi minha intenção — abracei sua cintura. — Você vai trabalhar hoje? — Não, me deram folga hoje. Por que a pergunta? — Tenho planos para hoje. — Isso quer dizer que vamos fugir do castelo de novo? — Exatamente. Você quer? — Adoraria. Óculos escuros e um boné de algum time de beisebol foi o disfarce que consegui de última hora para Zah usar e se passar por uma cidadã comum, ela estava parecendo a adolescente que eu conheci. Calça jeans, camisa preta da banda Nirvana, que peguei da minha mala e tênis brancos. — Você ficou uma graça com a minha camisa — comentei já dentro do carro e a caminho do lugar que tinha es
ZAHARA Não vou negar que tinha ficado um pouco decepcionada por não conseguirmos ir ao Central Park, mas não tínhamos outra escolha a não ser voltar para o meu apartamento. Theo apoiou a mão direita sobre a minha perna acariciou por cima da calça jeans. — Acho que o nosso piquenique já era — comentei. — Mas ainda podemos fazer o nosso piquenique e voltar outro dia ao Central Park. — Mas aonde? — Em casa mesmo. — Ah, mas não é a mesma coisa. — Eu sei, mas é melhor do que nada. Assim que chegamos ao meu prédio, Theo deixou o carro na garagem e subimos para o meu apartamento. Fui para o meu quarto para me trocar, acabei ficando entretida com as mensagens no celular e quando voltei à sala, fiquei surpresa ao ver tudo montado na mesinha de centro. — Meu Deus, Theo. Não acredito que você arrumou tudo isso em tão poucos minutos. — Eu disse que ainda poderíamos fazer o piquenique. Ele me entregou uma taça de champanhe e fizemos um pequeno brinde antes de nos sentamos no tapete felp
THEODORODepois do nosso "piquenique", tive que deixar Zahara sozinha para resolver alguns problemas do meu cliente que surgiram. O que demorou mais do que eu estava esperando e quando fui para o quarto já era tarde da noite, mas quando abri a porta, me surpreendi ao vê-la acordada e lendo um livro.— O que está lendo? — perguntei enquanto me aconchegava debaixo dos lençóis.— É assim que Acaba, da Colleen Hoover. Conhece?— Nunca ouvi falar. É bom?— Sim, você deveria ler qualquer dia.— Dica anotada.— O que me assusta é saber que tudo o que está escrito aqui foi baseado numa história real.— Agora fiquei curioso.— Qual foi o último livro que você leu? — Ela parecia bastante interessada.— Acho que foi o livro FEIA, da autora Constance Briscoe.— E era sobre o que?— A história da primeira advogada negra dos Estados Unidos.— Caramba.— Muito bom, mastenho outros planos para nós dois para essa noite.— Ah é? — Sim, dormimos juntinhos.Ergui seu queixo com a ponta do dedo e selei m
ZAHARAAntes que eu chegasse à cozinha, já podia sentir o cheiro delicioso que vinha da cozinha e assim que entrei, vi Theo parado junto ao fogão mexendo os ovos e o bacon na frigideira.— Caramba. — Ele se virou e me viu. — Esse cheiro está me deixando com ainda mais fome.Theo pegou um prato no armário e serviu os ovos mexidos juntamente com as tiras de bacon, colocando-o na minha frente, e logo depois se virou novamente para servir um pouco de café em duas xícaras para nós dois.— Um café da manhã especial para você aguentar gravar as cenas de hoje.— Obrigada, Theo. De verdade.Percebi um sorriso amarelo em seu rosto, não sabia dizer se ele parecia estar incomodado ou ansioso, mas sabia que tinha alguma coisa o incomodando. A certeza veio quando ele perguntou:— Zah, eu preciso te perguntar uma coisa.— Pode perguntar — levei uma garfada de ovos e bacon até a boca esperando ele falar.Houve um silêncio incômodo durante algunse segundo entre a gente antes que ele finalmente continu
THEODORO Eu não queria ter que voltar para o Brasil naquele momento, tinha planejado tantas coisas para fazer com Zah, mas tinha que ser feito para que as coisas não se complicassem entre nós dois. Eu tinha passado boa parte da noite em claro pensando sobre isso e quando a resposta dela veio, eu tive certeza. — Sim, Zah. Eu vou embora, vou voltar para o Brasil. — Você tem certeza dessa sua decisão? — Infelizmente, sim. — Tudo bem. — Ela respondeu e saiu rápido da cozinha, tentando esconder de mim as lágrimas, mas eu já tinha visto e a cena me deixou om o coração feito uma uva passa. — Zah! — Segurei seu braço com gentilieza, detendo-a e fazendo-a olhar para mim. — Não quero viajar sabendo que te deixei chateada, não quero correr o risco de perder a sua amizade. — Ainda vamos continuar sendo amigos. — Fico feliz por saber. — Você vai viajar quando? — Hoje ainda. — Achei que tivesse me dito que tinha uma surpresa para mim hoje. — É, eu tinha preparado uma surpresa, mas não
ZAHARAQuando cheguei ao meu apartamento, estava levemente bêbada, procurei em todos os cômodos aquela presença masculina que tanto me agradava, ainda tinha esperanças de que houvesse algum sinal de que Theo tinha desistido de voltar para o Brasil, mas estava tudo quieto e vazio.Assim que voltei à sala, vi um buquê e uma sacolinha da Cartier em cima do aparador, peguei o cartão e li o pedido de desculpas, mas sabia que aquela letra não era a de Theo porque essa não tinha o rabisco no final da letra tão característico do meu melhor amigo.Com a raiva falando mais alto, rasguei o papel em milhões de pedacinhos, assim como ele tinha feito com o meu coração, e joguei tudo para o ar. Eu não queria um pedido de desculpas dele, queria que ele estivesse comigo. Fui para o meu quarto, desliguei o celular e me joguei na cama. Se Theo esperava que eu aceitasse o pedido de desculpas dele e mandasse uma mensagem falando sobre o presente, estava muito enganado.Pela manhã, acordei com os raios de
THEODOROQuando minha irmã finalmente me deixou em casa, deixei a mala ao lado da porta e me joguei no sofá. Era uma droga estar de volta, queria ter ficado com Zahara, mas não seria certo deixar que ela criasse sentimentos e depois feri-los. Tem um relacionamento com Zah era complicado por ela ser uma pessoa pública e eu ser mais reservado, sem contar a pontada de ciúmes que teria que controlar toda vez que a visse com outros homens.Os primeiros dias, eu verificava meu celular a cada nova notificação que chegava na esperança de que fosse de Zahara. Era meio louco, eu sentir tanta falta dela até porque fazia pouquíssimo tempo que tínhamos nos reencontrado depois de tantos anos afastados.As semanas foram passando, eu me sentia cada vez mais vazio por dentro, como se tivessem arrancado meu coração e eu não fosse mais capaz de responder pelos meus próprios atos. Não sabia como seguir com a minha vida sabendo que a magoei. Nunca me senti tão mal.Passei a ignorar as ligações e deixar qu
ZAHARAEu sei que tinha falado que nao procuraria Theo depois do que ele fez, mas paguei com a língua. No terceiro dia voltando para casa e sem ter a presença dele no meu apartamento me esperando com alguma surpresa, decidi sair para beber num bar próximo ao meu prédio, sem me importar se alguém me reconheceria.Acabei ficando tão bêbada que não me recordo de como voltei para casa, porém quando acordei e peguei o celular na mesinha de cabeceira e dei uma olhada, para me arrepender logo depois. Eu tinha enviando várias mensagens de texto para Theo e ligado um monte de vezes, por sorte ele não tinha respondido nenhuma delas. Uma verdadeira humilhação.Quando Stephanie apareceu no meu apartamento, tinha cara de poucos amigos e trazia nas mãos um exemplar do tablóide da manhã, o que não era nada bom, e tive vontade de me esconder da mesma maneira que fazia quando era criança e minha mãe queria me dar um bronca por ter feito algo de errado.— Você pode me explicar isso aqui? — Ela estendeu