Luciana
Fiquei ruborizada. Fiquei aliviada. Eu ia acreditar nele, ia acreditar que ele sente algo genuíno por mim, sem saber o tamanho do seu sentimento. Eu só sabia que eu fazia parte do rol de garotas por quem Christofer se interessou.
Oficialmente, eu agora poderia pensar sobre quem eu gosto. Aliás, falta só uma coisa.
— V-Você quer... — Eu apalpei minha barriga. — V-Você quer ver...
— Quero. — Ele falou, e se debruçou sobre mim. — É o que mais quero ver na vida.
Eu precisava que ele visse. Do contrário, não ia acreditar que ele me conhecia de verdade e que, portanto, não poderia gostar de mim de verdade.
— P-Promete não rir... e nem sentir nojo de mim? — Perguntei, colocando a mão no pijama na região da cintura.
— A sua cicatriz é a coisa mais preciosa para mi
NarradorChristofer entendeu o que ela disse, mas quis achar que entendeu errado. Ele tinha dificuldades para acreditar que uma pessoa pudesse ser assim tão controladora.Cafetina maldita, ele só conseguia pensar nas duas palavras.— Eu já percebi tudo. — Prosseguiu Amélia.— Percebeu o quê? — Christofer perguntou, somente para não fazer juízo de valor. Mas, já tinha entendido em absoluto e suas palavras entredentes confirmaram isso.— Ora, Christofer, é preciso verbalizar? Somos adultos aqui. Você é um rapaz muito bonito, minha filha é herdeira.Antes que ela terminasse de falar, conseguiu vislumbrar o maxilar dele se retesando.— Está sugerindo que... — Ele já a olhava com desprezo.— Minha filha contratou um serviço de acompanhante, isso &e
LucianaPor quê?Por que ele foi perguntar isso, se eu também estava com tantas dúvidas?Eu não posso responder algo que eu também não sei.Eu achava que para namorar alguém bastava um pedido.Hoje, especificamente, entendo que a transição é difusa. É uma região nebulosa que não tem lei. Alguns vínculos não têm denominação.Pensei no Otávio. Pensei mu
Narrador— E então, tia? Vai deixar seu sobrinho na rua da amargura? — Diego falou com o tom de ameaça de uma pessoa que não estava acostumada a diminuir o custo de vida e sofrer privações de qualquer tipo.— Eu não posso ajudá-lo, por mais que me ameace, Diego. — Lamentou Amélia. Gotículas de suor se formaram em sua testa por cima da maquiagem pesada, ela estava tensa.— E por quê? — A expressão debochada de Diego virou uma carranca. A pupila dele ficou minúscula.— Estou sofrendo investigações por causa de sonegações, e estou com algumas contas congeladas. E lutando diariamente para que a mídia não descubra. — Amélia confessou, a contragosto.— Eu não tenho nada a ver com isso. — O olhar gélido de Diego revelou. S
Luciana— Por quê? — Indaguei, ainda secando os lábios com as pontas do indicador.— Porque você não vai mais precisar de mim depois da festa. — Ele esclareceu, apoiando os cotovelos nas pernas.Ele estava fazendo birra.— Não tínhamos combinado que ia me ensinar outras coisas? — Fiquei desesperada. Nada indicava que eu ia realmente ficar com Otávio na festa, portanto Christofer ainda tinha tempo de me ensinar outras coisas.— Eu não quero. — Ele falou.— Chris! Não pode me abandonar assim. — Fiz um beicinho. — Eu ainda não sei tudo.— Vai aprender. — Ele me deu um beijo na bochecha e se levantou. Ele estava indo embora!Quando ele alçou a maçaneta da porta, deixei escapar:— Pensei que éramos amigos.Apelei, mesm
LucianaDepois que estive com Christofer, não senti peso na consciência.Afinal, ele só ia abrir mão de estar com outra pessoa por um dia. E ele precisava fazer isso como parte do acordo.Confesso que não me senti bem quando Otávio insinuou que Christofer poderia estar com outra pessoa naquele dia. Mas, não era nenhuma surpresa.Suspirei.Não tenho direito de sentir ciúmes por isso. Ele tem a vida dele e eu tenho a minha.Eu realmente usei tudo o que aprendi com ele contra ele mesmo, é fato. Mas, eu realmente gosto muito de beijá-lo e tocá-lo. Não fiz nada que eu não quisesse.Deu tudo tão certo depois que comecei a me encontrar com ele que eu o considerava um mentor espiritual. Se Christofer me mandasse vestir uma fantasia de repolho para encontrar Otávio, eu faria.Era hora de pensar na
NarradorLuciana respirou fundo.— Entendi que estou chata com esse assunto. — Ela falou e pegou a mão dele. — Vamos procurar o Otávio.O salão tinha muitos lustres e pouca iluminação. As mesas estavam guarnecidas com comidas estranhas e caras. Havia dúzias de tipos de saladas e os pães tinham formatos exóticos.Eles não encontraram Otávio. Christofer já sabia que, vedete como o irmão era, iria querer criar uma expectativa a respeito de sua chegada triunfal.Todos os colegas de profissão de Otávio estavam ali: médicos, diretores, e muita gente importante. Também tinha os colega de faculdade, e muitos alunos. A imprensa não compareceu, felizmente.— Ele não deve ter chegado ainda. — Christofer murmurou, vendo um garçom passar com dezenas de tipos difer
NarradorDepois de respirar fundo algumas vezes, Christofer desviou o olhar. Sem pensar muito, ele falou bem baixo:— Não.— Não minta. — Ela apontou o dedo para ele. Christofer sabia que, se dissesse que sim, Luciana ia entender que ele tinha atrapalhado os planos dela. Ia invalidar tudo o que viveram. E, acima de tudo, ia querer se afastar.Não era hora para dizer uma coisa dessas.— Eu fiquei sabendo que você não está saindo com nenhuma outra pessoa. — Luciana admitiu, derrotada. — O que me leva a crer que tudo o que você disse era um pouco verdade.Mas, subitamente, ele repensou.— E se eu estiver apaixonado por você, qual o problema? — Ele indagou, desafiador. Por sorte, estava bêbado, e não estava sentindo aquele momento completamente.— Qual o problema?! Como eu vou saber
Narrador Luciana ficou em choque. Ela perdeu a capacidade de refletir e de entender a enxurrada de emoções aflorando.— Isso não é verdade, Otávio! — Ela reivindicou. — Ele já disse que nunca gostou de mim, nós somos só amigos. O Chris ia ficar muito feliz por nós!Ela tentava convencê-lo de qualquer forma, mas sentiu que era em vão.— Ele mentiu. — Otávio suspirou, com um semblante de dor. — E eu não quero fazer meu querido maninho sofrer. Por mais que ele me odeie e me rejei