Narrador
— E então, tia? Vai deixar seu sobrinho na rua da amargura? — Diego falou com o tom de ameaça de uma pessoa que não estava acostumada a diminuir o custo de vida e sofrer privações de qualquer tipo.
— Eu não posso ajudá-lo, por mais que me ameace, Diego. — Lamentou Amélia. Gotículas de suor se formaram em sua testa por cima da maquiagem pesada, ela estava tensa.
— E por quê? — A expressão debochada de Diego virou uma carranca. A pupila dele ficou minúscula.
— Estou sofrendo investigações por causa de sonegações, e estou com algumas contas congeladas. E lutando diariamente para que a mídia não descubra. — Amélia confessou, a contragosto.
— Eu não tenho nada a ver com isso. — O olhar gélido de Diego revelou. S
Luciana— Por quê? — Indaguei, ainda secando os lábios com as pontas do indicador.— Porque você não vai mais precisar de mim depois da festa. — Ele esclareceu, apoiando os cotovelos nas pernas.Ele estava fazendo birra.— Não tínhamos combinado que ia me ensinar outras coisas? — Fiquei desesperada. Nada indicava que eu ia realmente ficar com Otávio na festa, portanto Christofer ainda tinha tempo de me ensinar outras coisas.— Eu não quero. — Ele falou.— Chris! Não pode me abandonar assim. — Fiz um beicinho. — Eu ainda não sei tudo.— Vai aprender. — Ele me deu um beijo na bochecha e se levantou. Ele estava indo embora!Quando ele alçou a maçaneta da porta, deixei escapar:— Pensei que éramos amigos.Apelei, mesm
LucianaDepois que estive com Christofer, não senti peso na consciência.Afinal, ele só ia abrir mão de estar com outra pessoa por um dia. E ele precisava fazer isso como parte do acordo.Confesso que não me senti bem quando Otávio insinuou que Christofer poderia estar com outra pessoa naquele dia. Mas, não era nenhuma surpresa.Suspirei.Não tenho direito de sentir ciúmes por isso. Ele tem a vida dele e eu tenho a minha.Eu realmente usei tudo o que aprendi com ele contra ele mesmo, é fato. Mas, eu realmente gosto muito de beijá-lo e tocá-lo. Não fiz nada que eu não quisesse.Deu tudo tão certo depois que comecei a me encontrar com ele que eu o considerava um mentor espiritual. Se Christofer me mandasse vestir uma fantasia de repolho para encontrar Otávio, eu faria.Era hora de pensar na
NarradorLuciana respirou fundo.— Entendi que estou chata com esse assunto. — Ela falou e pegou a mão dele. — Vamos procurar o Otávio.O salão tinha muitos lustres e pouca iluminação. As mesas estavam guarnecidas com comidas estranhas e caras. Havia dúzias de tipos de saladas e os pães tinham formatos exóticos.Eles não encontraram Otávio. Christofer já sabia que, vedete como o irmão era, iria querer criar uma expectativa a respeito de sua chegada triunfal.Todos os colegas de profissão de Otávio estavam ali: médicos, diretores, e muita gente importante. Também tinha os colega de faculdade, e muitos alunos. A imprensa não compareceu, felizmente.— Ele não deve ter chegado ainda. — Christofer murmurou, vendo um garçom passar com dezenas de tipos difer
NarradorDepois de respirar fundo algumas vezes, Christofer desviou o olhar. Sem pensar muito, ele falou bem baixo:— Não.— Não minta. — Ela apontou o dedo para ele. Christofer sabia que, se dissesse que sim, Luciana ia entender que ele tinha atrapalhado os planos dela. Ia invalidar tudo o que viveram. E, acima de tudo, ia querer se afastar.Não era hora para dizer uma coisa dessas.— Eu fiquei sabendo que você não está saindo com nenhuma outra pessoa. — Luciana admitiu, derrotada. — O que me leva a crer que tudo o que você disse era um pouco verdade.Mas, subitamente, ele repensou.— E se eu estiver apaixonado por você, qual o problema? — Ele indagou, desafiador. Por sorte, estava bêbado, e não estava sentindo aquele momento completamente.— Qual o problema?! Como eu vou saber
Narrador Luciana ficou em choque. Ela perdeu a capacidade de refletir e de entender a enxurrada de emoções aflorando.— Isso não é verdade, Otávio! — Ela reivindicou. — Ele já disse que nunca gostou de mim, nós somos só amigos. O Chris ia ficar muito feliz por nós!Ela tentava convencê-lo de qualquer forma, mas sentiu que era em vão.— Ele mentiu. — Otávio suspirou, com um semblante de dor. — E eu não quero fazer meu querido maninho sofrer. Por mais que ele me odeie e me rejei
NarradorDesprezo. Seus sentimentos foram jogados no lixo.Algumas coisas nunca serão nossas, ele ouviu certa vez. Cada dia essa frase fazia mais sentido.Eu achei que meu amor era o bastante para contê-la, ele pensou.Não era.Frustração.Ele a beijou. Otávio a beijou como se aqueles lábios lhe pertencessem. E ela os ofereceu a ele deliberadamente.Christofer estava sobrando o tempo todo. Tinha cumprido seu papel com maestria e agora era hora de desaparecer.Não. Nunca. Otávio era um canalha e a estava enganando.Mas, ele a beijou.Ele a beijou.Christofer sentiu o peito queimando toda vez que se lembrou do beijo.Ele queria fazer alguma besteira, quebrar alguma coisa, agredir o próprio irmão.Inferno de vida!Christofer rolava de um lado para o outro sobre os lençói
LucianaChristofer sentiu-se golpeado. Ela não se importava com ele nem um pouco, mesmo. Agora queria que ele mentisse para o irmão, e pedia isso com lágrimas nos olhos.— Seria mentira. — Christofer declarou.— Chris… — A voz dela ficou lastimosa.— Também não tenho orgulho do que sinto, Luciana. — Ele comentou, tentando parecer frio. — Mas, vai passar.— Minta. — Ela pediu, cortando a fala dele.Christofer olhou nos olhos dela por uns momentos. Ela era cruel ou não se importava? Ou, pode ser que ela não veja e não perceba a situação. Pode ser que nunca antes tenha se colocado na pele de alguém.— Você é tão cruel. — Ele deu um sorriso triste. — Como pode pedir que eu minta sobre os meus sentimentos mais puros?— Perd
Narrador— Luci… — Chris respirou fundo. Não sabia o que dizer. Ele não sabia que ela estava ouvindo, não sabia se ela ia grudar os ouvidos à porta. Contudo, o loiro estaria mentindo se dissesse que estava surpreso.Ela emudeceu. Ouviu bem demais o que Otávio disse. Ficou alguns momentos tentando negar o que ouviu, mas ouviu.“Eu sei que está interessado naquela estúpida.”“Ela acha que não a quero por sua causa.” Ele não a queria porque ela era estúpida.“Eu vou trepar com essa garota só para te magoar.” Otávio era capaz disso? De brincar não só com os sentimentos dela, mas com seu corpo?“Garota patética”“Você nunca teve bom gosto”“Vou fazer o sacrifício de foder aquela bocetinha safada dela s&