Luciana
Engoli seco de novo. Suspirei e sequei meus olhos. Nunca tivemos uma conversa tão franca e tão emocionada.
Bem, comigo as fãs dele fizeram pior: jogaram pedras. Não sei o que vai acontecer quando descobrirem a placa do meu carro.
— Ele te tocou? Onde ele tocou? — A voz de Christofer se elevou de novo.
— Já falei que ele não me tocou! — Coloquei o dedo na cabeça, sinalizando a loucura do que ele insinuou. — Eu estou no meu apartamento esperando os dias para o divórcio. Foi só um papel! Aliás, por
NarradorChristofer voltou ao Pub e se sentou no bar. Ele precisava beber mais ainda se queria passar por aquela noite.Eles transaram, mas Luciana esteve com ele apenas algumas horas, rápida e objetiva. Não, ele não queria isso. Ser amante era insuportavelmente doloroso. Era o pouco que ele conseguia agora.Seus amigos ainda estavam ali, mas ele não queria dar satisfações a ninguém. Ainda eram 2h da manhã, e o grupo estava acostumado a sair daquele Pub no mínimo às 4h.— E aí, o que aconteceu? — Lucas perguntou, sentando-se ao lado do amigo. — Achei que não ia mais te ver hoje.— Finge que eu morri. — Christofer murmurou, engargantando um Martini seco.— Ah. — Lucas lamentou. Estava cansado de avisar, cansado de ver a decadência do amigo, mas também não conseguia se
NarradorAquela foi a pior madrugada de sua vida.Aquela não era a primeira vez na vida que Christofer era molestado. Mas ele sentiu a mesma vergonha e a mesma vontade de morrer que sentiu na outra vez.Christofer agonizou sob o efeito de todas aquelas drogas. O coração acelerado. O ar que não cabia nos pulmões.Não conseguia entender o que poderia ter feito para merecer aquilo.Demorou até que ele conseguisse mexer o corpo. A arritmia foi passando. O desespero foi dando lugar a uma imensa dor.O corpo todo doía tanto que ele se sentia atropelado. O coração doía muito mais.Ele tinha vergonha de si mesmo.Evitou até mesmo se olhar no espelho do armário dos pais de Lucas ao passar por ele.E, por falar em Lucas, Christofer abriu a porta do quarto de seu amigo e viu que ele estava desmaiado no chão. Christofer te
LucianaEla encolheu os ombros. Sentiu um incômodo gigante por achar que pudesse ter sido vigiada, mas, no fundo, não se importava.— Não te interessa! — Luciana respondeu, irritada.Maurício mostrou para ela o celular. Fotos desfocadas dela com Christofer na noite anterior, na frente do Pub. Ele passou algumas, até mostrar o carro saindo do motel.— Eu sou o seu marido! — Ele gritou. Já sabia que ela ia fazer algo do tipo.— Está mergulhando demais no personagem!
LucianaEra a enésima vez que eu ligava para Christofer. Não aguentava mais ouvir o telefone chamando.Mandei uma mensagem:"Se não me responder, vou aí na sua casa."“Não venha.” Ele respondeu, rapidamente.Liguei insistentemente para Christofer, não sei o que ele estava fazendo, mas eu não conseguia controlar minha ansiedade, eu não podia parar de ligar.— Luci… — Ele atendeu.
NarradorO primeiro soco se perdeu no caminho.Gustavo foi jogado para trás e bateu as costas no capô do AUDI.— Você?! — Gritou Christofer, assustado. O loiro não entendeu errado: aquele verme ia socar a barriga de uma mulher grávida, não tinha como manter a calma dessa vez.— Você de novo?! — Gustavo se levantou, percebendo que poderia se livrar de dois problemas de uma vez só: se livrar daquela criança que tanto iria atrapalhar sua vida e, também, se vingar do idiota que o humilhou da outra vez. A revanche perfeita. Ele colocou a mão dentro do paletó, retirando alguma coisa. — Mas, estou preparado desta vez.Antes que Gustavo terminasse de tirar uma arma da cintura, a mesma foi chutada para bem longe.— Eu vou te mostrar como faz. — Disse Christofer, pegando a cabeça de Gustavo e usando-a para que
NarradorBen uniu as sobrancelhas, sentindo que era um péssimo assunto para se falar.— Que merda, hein? Você não tem sorte, mesmo.— Obrigado, eu não tinha reparado ainda. — Christofer debochou. Se não mudasse de assunto urgentemente, ia ter que brigar de novo e faltavam energias. — E o intercâmbio? Como foi lá nos Estados Unidos?— Uma merda. — Ben respondeu sem mais informações.— Como assim? Passou nas matérias, pelo menos? &mda
NarradorNu.Aquele estranho com um rosto bastante familiar estava nu.O grito que ela deu acordou os pacatos vizinhos.— Q-Quem é você? — Ela perguntou, paralisada de terror, cobrindo o rosto. — Cadê o Chris?— Eu sei lá! — Ben respondeu, abandonando de vez a letargia para ficar agitado. Ele se cobriu com um lençol e, rapidamente, recobrou a consciência da noite anterior e da conversa com seu primo. — Acho que sei quem é você. Não fale! Luiza? Laura? Lúcia!— Luciana! — Ela catou sua bolsa em cima da cama, com o rosto mais vermelho que uma pimenta dedo de moça. — O que está fazendo na cama dele?— Bem, eu estava dormindo. — Ben coçou a cabeça. Ele não achava que tinha cometido um crime tão grande assim por sair do chão e deit
LucianaOs outros dias eu passei com medo. Ficava sentada em frente à janela, pensando no que fazer. Tinha um homem de terno que passava de lá para cá na rua, e às vezes, era outro. Eles se dividiam em turnos.Eu estava atenta a tudo.Eu estava sendo observada de perto.Nada de malas.Lucrécia assistia TV até minutos atrás, agora estava na cozinha.Eu precisava avisar a ela o que ia acontecer. Ela já estava sabendo da minha situação, mas não imaginava que eu ia fugir. Ela parecia confortável na minha casa, como se tivesse morado ali a vida toda. Rapidamente memorizou onde guardo todos os talhes, copos. Como funciona o chuveiro. Os turnos da máquina de lavar. Era como se a casa fosse mais dela do que minha agora.— Luci, você não comeu nada. — Lucrécia me estendeu um balde de pi