Capítulo 3

Me dei ao luxo de comprar um bife de seis mil reais no restaurante mais caro do nosso território.

Sem uma grande família para alimentar, essa loba tinha dinheiro de sobra!

Fiquei fora até a lua ficar alta, antes de retornar à mansão.

Ao chegar, a mansão encontrava-se envolta em escuridão. Nenhuma mensagem na conexão mental, nenhuma ligação ou recado de texto enquanto estive ausente - todos haviam se recolhido para dormir, sem demonstrar qualquer preocupação.

Caminhei pela escuridão até o quarto principal. No momento em que entrei, minha loba recuou.

O perfume barato de Victoria saturava o ar, misturado com algo mais que fez meu estômago revirar. O cheiro de Alexander, excitado.

Meu território. Minha casa. Meu companheiro. Tudo contaminado.

Assim que me sentei na nossa cama super king size, um grito atravessou o ar.

— Ah!

Eu me sobressaltei, apertando rapidamente o interruptor da luz. Ali estava Victoria, deitada no meu lugar.

No meu lugar. Onde o meu cheiro deveria ser mais forte. Onde meu vínculo de companheirismo deveria estar ancorado.

Meu sangue não apenas ferveu - minha loba uivou por sangue. Todo o treinamento de manejo da raiva foi por água abaixo.

Antes que eu tivesse tempo de processar, minhas garras se projetaram para fora e acabei cortando o rosto de Victoria com elas.

Não me contive. Minhas garras deixaram marcas profundas.

Victoria desabou em lágrimas, enquanto as marcas dos arranhões começavam a se cicatrizar.

Alexander se levantou, colocando-se entre nós.

— Por que você atacou a Victoria? Estávamos apenas conversando até tarde e, sem querer, adormecemos!

O vínculo de companheirismo gritou pela posição íntima deles.

— Sério? Vocês "acidentalmente" acabaram no nosso quarto, na nossa cama, nos braços um do outro?

— Estávamos esperando por você! Você ficou fora até tão tarde que a Victoria me fez companhia. Conversamos bastante e acabamos pegando no sono aqui mesmo. Não houve nada de mais, foi completamente inocente!

A voz dele tremia. O vínculo de companheirismo denunciava suas mentiras.

— Então, por que não me ligou? Por que não mandou uma mensagem? Estava ocupado relembrando os velhos tempos com sua amiguinha de infância? Se realmente estavam me esperando, por que não ficaram na sala de estar? Por que escolheram justamente o nosso quarto privado?

Os olhos de Alexander brilharam de raiva.

— Scarlett, você está sendo completamente irracional!

Eu podia sentir o cheiro de seus aromas misturados em meus lençóis de algodão egípcio, mas, felizmente, meu vínculo de companheira não estava gritando de dor. Eles não haviam cruzado essa linha - ainda.

Me virei para Victoria.

— Eu estou de volta agora. A menos que você tenha a intenção de dividir nossa cama de companheiros?

Victoria agarrou o seu rosto.

— Alexander, está doendo muito.

Fazendo o papel de vítima. Clássico de Victoria.

Alexander mal se conteve, quase gemendo de preocupação.

— Deixe-me pegar um creme cicatrizante.

No momento em que eles saíram, selei o quarto com sorveira-das-montanhas e ativei as travas de segurança.

Sessenta mil reais em recursos de segurança. Dinheiro bem investido.

Arranquei todas as peças de cama que carregavam o cheiro deles e joguei tudo no lixo. Depois, usei ervas bloqueadoras de cheiro e fui dormir.

Na manhã seguinte, Alexander apareceu furioso.

— O que foi aquilo? Passei horas tentando entrar no nosso quarto! Você acordou a casa inteira!

— Não foi tão atencioso da minha parte? Te dei mais tempo sozinho com a Victoria. Você deveria me agradecer.

— Você está doente da cabeça? Por que eu passaria a noite com a Victoria? Você é minha companheira!

— Ah, agora você lembra que sou sua companheira? Achei que o retorno da Victoria significava que eu seria totalmente substituída.

Victoria se fez de pacificadora.

— Por favor, não briguem. Esta viagem deveria ser feliz. Não me deixem estragá-la - eu me sentiria péssima.

— Está vendo como a Victoria é compreensiva? Ao contrário de seu ciúme mesquinho! — Alexander rosnou.

Sarah se juntou a ele.

— Scarlett, seu comportamento está piorando. Negar o acesso do seu companheiro ao seu quarto! Não deixe isso acontecer novamente - vamos deixar passar dessa vez.

James rosnou.

— Você a estragou! A companheira de um guerreiro deve saber seu lugar - nenhuma fêmea ousa negar entrada ao seu companheiro! Tal desafio merece punição. Isso a ensinaria a ter respeito!

Emma sorriu, desdenhosa.

— Irmã, com seu ciúme e temperamento, meu irmão pode acabar te rejeitando como companheira.

A mesma irmã que eu havia criado e mimado por cinco anos.

Victoria me observava com um brilho triunfante nos olhos, já se imaginando no meu lugar.

Alexander arrastou as malas até mim.

— Vamos logo, precisamos sair para o ponto de travessia do território ou vamos nos atrasar.

— Scarlett, você vai carregar todas as nossas malas. — Disse Sarah. — O comboio protegido tem limites rigorosos sobre o que podemos levar. Você pode carregar tudo, já que vai sozinha.

Olhei para as oito enormes malas de grife, cada uma pesando mais de cinquenta quilos, e sorri.

— Claro. Vocês podem ir na frente. Eu estarei logo atrás de vocês.
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