Por Alice
Então era isso: eu estava apaixonada pelo Johnny. Ótimo descobrir isso justo quando você sabe que há uma oferecida frequentemente se jogando aos pés dele. Talvez seja tarde demais e ela já tenha vencido.
Cheguei na Dollar S.I. disposta a falar com o Johnny; não para me declarar, mas para ver se conseguia marcar algo com ele após o expediente. Sabe como é... dar uma chance de algo acontecer. Entretanto, ao contrário dos outros dias, ele não estava me esperando na entrada. Mal sinal, uma mudança na rotina logo após as investidas da Megan não podia representar boa coisa. Por favor, por favor, que ele não tenha cedido àquela beleza vulgar dela!
Respirei fundo e procurei relaxar. Eu estava exagerando. Provavelmente ele estaria no escritório, atendendo alguma demanda urgente.
Cheguei na sala e ele realmente estava l&aa
Eu não pensei muito, eu só fiz. Se eu contasse aos meus amigos o que eu tinha feito naquele almoço, eles jamais acreditariam, mas isso não importava. Tudo o que eu queria era escutar o "sim" da Alice. E aquele beijo não poderia ter sido mais fantástico.Alice e eu voltamos para o escritório sem conversar muito; eu sabia que ela era tímida, e presumi que ela fosse levar um tempo para relaxar. Já eu estava transbordando de felicidade. Cheguei a esquecer do meu disfarce e quase a convidei para tirarmos o dia de folga, mas recuperei o bom senso a tempo.No escritório, Megan, Susan e Adele pareciam fuzilar Alice com o olhar; Pam parecia ignorar o que havia acontecido. E os rapazes... bem, vocês sabem como os homens são né? Já estavam falando de outros assuntos.Mal começamos nossas atividades e Wanda entrou na sala; parecia muito tensa.- Ei, Romeu – d
Chegou o sábado e eu decidi que, apesar daquele pesadelo me rondando, eu merecia um momento de descontração com Alice; agora estávamos namorando, e a última coisa que eu queria é que começássemos mal.Combinamos de ir ao cinema e graças (ou desgraças) à Wanda tive que desenterrar das profundezas do ferro velho aquele fusca.Mal liguei aquela lata velha e ela já começou a sacudir tanto que achei que ia desmontar. Lembrei do que Wanda me respondeu quando reclamei para ela do carro: "Não queria ser pobre? Então toma aí que o filho é teu!". Se aquilo era um filho, devia ser um filho da ... boa mãe, porque acho que não existia carro pior.Mesmo assim Alice entrou sorridente no carro, e eu até senti uma pontinha de dor na consciência por reclamar tanto.Chegamos no shopping e eu achei que o fusca não ia vencer
Uma vez, quando eu tinha nove anos, meu pai me deu um relógio.- Guarde muito bem o relógio, meu filho, é uma herança de família.- Mas pai, ele é muito grande, nem da pra eu usar. - respondi, sem muito interesse no presente. Como qualquer criança, eu preferia ganhar um brinquedo.- Um dia ele vai servir em você John. Até lá, é seu dever cuidar dele.Dias depois recebemos em nossa casa a visita de um tio meu, irmão do meu pai, junto com seu filho alguns anos mais velho que eu.O garoto se comportava muito bem perto dos adultos, mas quando estavamos a sós, não demonstrava um pingo de educação. Revirou meu quarto. Como meu pai me dizia para que fossemos agradáveis com os hospedes, eu permanecia calado. Ate que, apos tanto vasculhar o quarto, o garoto achou o relógio. Segurou o relogio na altura dos
Ver meu amigo naquele quarto de UTI não era nada fácil, mas dar a notícia para sua esposa foi terrivelmente pior. Eu pude sentir pela sua voz o quanto ficou abalada, o que era compreensível; Sezao era um pai amoroso e um marido dedicado, apesar de toda dificuldade. Sua morte seria uma perda lastimável, especialmente para o Betinho.Estávamos Audineia, Alice e eu na sala de espera próxima da UTI, aguardando notícias do meu amigo. Após três horas de espera angustiante, um médico veio falar conosco.- Tenho boas e más notícias - falou o médico, e imediatamente Audineia começou a chorar.- Meu marido vai morrer? Por favor, não diga isso...- Há uma grande chance dele sobreviver. Conseguimos estancar a hemorragia. Essa é a boa notícia.- E a má notícia... - perguntei, e Alice me deu um belisc
Tudo que eu consegui fazer foi correr. Correr, sem pensar se era permitido. Correr, sem saber para onde ir.Eu só queria sair dali.Só parei já no lado de fora do hospital, quando Johnny segurou meu braço. Embora ele tivesse segurado suavemente, puxei meu braço agressivamente para me soltar.- Me solta! Não me toca! Fica longe de mim!- Calma Alice, por favor, calma! Me escuta! – Johnny repetia, mas eu não conseguia raciocinar.- Não tenho nada pra escutar – respondi, tomada pela raiva. – Não quero saber das suas mentiras Johnny! Ou eu deveria dizer John Dollar?Comecei a rir, uma risada nervosa, um sorriso triste.- Ou eu devo te chamar de patrão? Hein Johnny? Qual máscara você quer vestir hoje?- Alice, me escuta, ok? Me dá uma chance. Eu tive uma boa razão pra fazer o que eu fiz.- Sério? Uma boa r
Ligações, mensagens, recados; nada adiantou. Após minha quarta visita a casa de Alice, pelo quarto dia consecutivo, sem que ela aceitasse sequer falar comigo, o pai dela resolveu me dar um conselho:- Olha filho, ela está muito magoada. É melhor dar um tempo a ela. Quem sabe com o tempo ela mude de ideia.- Eu entendo senhor – respondi aflito – mas não sei quanto tempo mais eu vou aguentar sem falar com ela. Eu amo demais a sua filha.- Eu acredito nisso John. Acredito mesmo. Mas veja... não há muito que possamos fazer agora. Dê esse tempo à ela. Minha filha é muito doce, e ser rancorosa é um defeito que ela não tem. Então, tenha paciência.Saí de lá inconsolável. Não queria acreditar que as coisas haviam chegado naquele ponto.Mal sabia eu que o sofrimento estava apenas começando.Quando encon
Eu poderia ter perdoado, sim. Eu poderia ter relevado. Eu poderia ter aceitado e seguido em frente. O problema é que se eu fizesse isso, não estaria sendo eu. Sofri muito minha vida toda por ser certinha demais. Sofri bullyng na escola, fui rejeitada por garotos de quem eu gostava. Aprendi muito cedo o que é ficar sozinha. Paguei um preço alto por querer fazer as coisas do jeito certo, então se eu aceitasse uma mentira tão grave quanto a do Johnny, seria como me trair.Só eu sei o quanto chorei e de onde tirei forças para colocar os pés novamente na Dollar S.I. Num primeiro momento pensei em pedir demissão, mas mudei de ideia; não poderia me prejudicar ainda mais. Além disso, inconscientemente eu sentia a necessidade de descontar minha raiva no Johnny. Eu não tinha coragem para bater nele, gritar ou fazer um escândalo; mas eu poderia machucá-lo de uma forma ainda mais dolor
O dia amanheceu e eu ainda estava acordada.Combinei com o sr. Dollar de ir à casa dele falar com Johnny na primeira hora da manhã; ele mandaria um carro me buscar. Logo que terminei de me vestir, meu telefone tocou.- Alice, precisamos mudar os planos. John não dormiu em casa, nem na nossa, nem na dele. Não sei onde passou a noite, mas acredito que deve ir direto para a empresa agora pela manhã. Vou pedir para o motorista te levar para lá, ok? - disse o sr. Dollar, exasperado.Senti uma fisgada de ciúmes ao saber que Johnny havia passado a noite fora. Eu não tinha o direito de exigir nada, afinal não éramos mais namorados; porém, eu não podia dominar o que sentia.Ouvi a buzina do carro, e saí apressadamente. Apesar de irmos rápido, o caminho nunca pareceu tão longo.Cheguei praticamente junto com o sr. Dollar, que me recebeu com um forte apert