Yulia A primeira coisa que vejo ao abrir os olhos, é um bilhete de Renzo, com uma caligrafia que mais parecia um rabisco, no qual precisei ler duas vezes para entender que era para ficar no quarto e que ele iria tentar não demorar.Bufo, sentando na cama, os olhos vagando pelo quarto silencioso, antes de se fixar no telefone e ligar para Kate.— Oi, aqui é a Kate, se for algo importante, deixa uma mensagem — Franzo o cenho, mantendo meus olhos fechados, enquanto as lágrimas ameaçavam molhar meu rosto.— Oi — murmuro — Onde você está? Estou preocupada — Definitivamente naquele momento estava de fato preocupada. Kate não deixava o celular descarregar, era um acordo que tínhamos. E se não pudéssemos falar, partíamos para o passo seguinte: mandar uma mensagem. Fungo, deixando o telefone de lado, entrando no banheiro em seguida. Não me senti renovada após o banho, mas me sentia limpa, principalmente depois da noite inquietante que tive ao lado de Renzo. Com uma toalha seca em volta do c
Renzo Estudantes se espremiam a medida que passava por elas, com a sensação de que o corredor estava mais estreito desde a última vez que estive ali. Paro diante da porta, batendo duas vezes. Poucos segundos se passam, até que a porta abre um pouco. Ergo as sobrancelhas, ao encontrar o rosto de Giana.— O que está fazendo aqui? — pergunta em tom ríspido.— Vim pegar algumas coisas de Yulia e... — Coloco meu pé na fresta, no momento em que ela está prestes a fechar a porta — conversar com você — Empurro a porta, entrando no carro.— Ei! — Fecho a porta atrás de mim, meus olhos vagando pelo cômodo com duas camas de solteiro, antes de se fixar na garota na parede oposta ainda de pijama, dado o horário próximo a primeira aula — Não tenho nada para conversar com você e falando da Yulia, onde ela está? E por que nem ela e nem a Kate atende o celular? Ando até a cama de Yulia, pegando o celular descarregado de baixo do travesseiro, erguendo-o para que ela o visse.— Talvez por quê o celu
Yulia Ele estava sobre mim, apertando meu pescoço com força. A pressão não demora a incomodar, além de impedir que respirasse.Tento me livrar da pressão, me debatendo em baixo dele, conseguindo apenas me cansar mais facilmente enquanto a pressão continuava. Os dedos dele se fecham mais um pouco e a pressão aumenta, fecho meus olhos obrigando meu corpo a respirar, mesmo sendo impossível, a medida que sentia lágrimas escorrendo pelo canto dos meus olhos.— Pai, vou me atrasar — Resmungo, acompanhando ele até a sala de estar — Gina já está lá fora me esperando — argumento. — Ela pode esperar mais alguns minutos — diz se virando para mim — Preciso que aprenda uma coisa. Solto o ar dos pulmões impaciente, o show começaria em menos de uma hora e nem estávamos na metade do caminho. Por causa da última aula na universidade, havia atrasado completamente todo o nosso cronograma e Gina acabou tendo que se arrumar no carro, enquanto dirigia para a minha casa para eu vestir alguma coisa decen
Renzo Ao entrar no estacionamento do motel, um alarme dispara em minha cabeça ao ver duas viaturas em frente da recepção e Yulia encolhida num canto, apenas de toalha, abraçada com o próprio corpo, enquanto um policial conversava com ela.Havia deixado Yulia sozinha por cerca de duas horas, e quando volto, está com policiais. Não conseguia sequer imaginar o que poderia ter acontecido, em qual problema Yulia havia se metido na minha ausência.Mal estaciono o carro, ando em sua direção, sendo impedido por um policial que passa em minha frente. Fecho minhas mãos com força, contendo a vontade de o socar e acabar indo preso por causa disto.— Sou o guarda-costas dela — digo olhando fixamente na direção dela. O policial em frente de Yulia continua fazendo anotações, até que ela vira o rosto na minha direção, com o medo estampado em seu rosto, antes de voltar a atenção para o policial.— Vamos a conduzir para a delegacia. Balanço a cabeça confuso.— O que ela fez? — Poderia perguntar ist
YuliaTinha a impressão de que não estava completamente ali, como se o mundo ao meu redor estivesse no mudo, e tentava prestar atenção no que me diziam.Havia escapado da morte e ainda não acreditava nisso, não acreditava que tinha conseguido fugir. Era como se, a qualquer momento, ele fosse reaparecer e terminar o que havia começado. Mesmo uma parte de mim dizendo que seria complicado em uma delegacia com diversos policiais, e além disso, Renzo estava ali, vivo, e me sentia aliviada por isso.Sentada em uma sala, olhava fotografias de criminosos com tatuagens, avaliando as chances de encontrar o homem que havia me atacado por causa de uma tatuagem.Ele havia usado uma máscara de ski, e a única coisa que pude realmente ver foi uma tatuagem com uma frase abreviada. Sentia-me frustrada por isso, por não ter conseguido tirar a máscara e ver o rosto dele. As fotografias na sala de investigação eram um lembrete constante das limitações do momento crucial em que cruzou meu caminho, e a vont
RenzoOlhava atentamente o monitor em minha frente, analisando pela terceira vez as imagens das câmeras de segurança do motel. Infelizmente, as câmeras não pegavam todo o estacionamento, apenas parte. Uma delas poderia estar com defeito ou até mesmo desligada.A frustração aumenta diante da limitação das câmeras de segurança. A esperança de encontrar pistas relevantes é prejudicada pela falta de cobertura visual completa. A situação reforça a necessidade de abordagens alternativas para entender o que aconteceu e, ao mesmo tempo, proteger Yulia.O homem que atacou Yulia aparece de repente na câmera que dava para as portas dos quartos. Ele olha para a câmera, como se quisesse que visse que estava de máscara, e segue até o quarto em que estava com Yulia. Ele bate na porta e se esconde ao lado, no momento em que a porta se abre e se fecha segundos depois. Depois disso, ele simplesmente arromba a porta e entra.A descoberta nas imagens da câmera adiciona um elemento perturbador à situação
Yulia “Vai ficar tudo bem”, foi o que o chefe de polícia disse antes de eu sair da delegacia, vestida em roupas dois números maiores de que usava e que não me pertencia. Mas pelo menos não estava ainda de toalha, atraindo olhares de curiosos, não era divertido como as vezes na boate, a impressão que tinha era que qualquer um que estivesse perto o bastante de mim, poderia tentar me matar.Procurei Renzo a medida que saia da delegacia, mas não o encontrei em lugar algum. Apenas quando deixei a delegacia, que o vi encostado em seu carro, com os braços cruzados sob o peito e naquele momento, esqueci completamente que ele era meu guarda-costas e que o único motivo por estar ali, era que estava sendo pago para isto.Todos que amava haviam me deixado de alguma forma e isto incluía Kate, cujo paradeiro era completamente desconhecido. Nada me garantia, que acontecesse a mesma coisa com Renzo, caso as barreiras que ainda nos mantinham em uma distância segura, caíssem; Temia que assim como os o
RenzoNaquele momento, o único lugar que achava seguro para Yulia era na minha casa, já que ela não queria ficar com os avós. Então, fiz o que devia ser feito e dirigi para casa.Minutos mais tarde, estaciono em frente a um conjunto de prédios de tijolos vermelhos. Yulia olha com atenção para eles antes de descer do carro, levando consigo sua mochila. Ela me segue em silêncio enquanto subíamos quatro vãos de escada até meu apartamento, continuando a olhar atentamente ao redor ao destrancar a porta.Dou um passo para o lado para que ela fosse a primeira a entrar, deixando a mochila perto da porta. Ela anda até o meio da sala de estar, justamente aonde o sol estava, fazendo com que seu cabelo brilhasse na pouca luz.— Quer que eu mostre o restante do apartamento? — Ela vira para mim assentindo, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.Começo um breve tour pelo apartamento, que consistia em dois quartos e uma cozinha estreita. Às vezes, eu sentia falta de uma varanda, um lugar onde