O domingo amanheceu sereno, mas dentro da casa de Hermínio, a atmosfera era de pura expectativa. Ronald e Hermínio estavam impacientes, cada um perdido em pensamentos sobre a tal surpresa que Carla prometera. Hermínio, sentado em sua poltrona habitual, tentava disfarçar a ansiedade, mas seu olhar estava fixo na porta. A cada som, ele se mexia na cadeira, como se esperasse que Carla entrasse a qualquer momento com a resposta para seus mistérios. Pouco antes do horário combinado, o cardiologista de Hermínio chegou. Seu semblante sério contrastava com a calma que tentava transmitir ao paciente. — Hermínio, vim mais cedo hoje. Quero ter certeza de que você está bem antes desse almoço importante — disse o médico, ajeitando sua maleta e aproximando-se de Hermínio, que franziu a testa, agora mais intrigado do que nunca. — Médico? Eu estou bem... por que tanta precaução? — Hermínio questionou, a impaciência transbordando em sua voz. O médico sorriu, tentando acalmá-lo. — Sabemos que emoç
Davi corria pelo jardim com uma energia contagiante, sua risada ecoando pelo vasto quintal da casa de Hermínio. O menino estava radiante com a presença de Ronald e Hermínio, especialmente ao ver como o bisavô, que antes parecia tão frágil, agora se movia com uma disposição renovada. Hermínio, ao lado de Ronald, apoiava-se no andador, mas a expressão em seu rosto era de pura felicidade. Ele parecia ter rejuvenescido vários anos em questão de minutos, como se a chegada de Davi tivesse lhe dado um novo motivo para viver. — Você viu isso, Ronald? — Hermínio disse com uma risada leve, os olhos fixos no bisneto que explorava o jardim. — Acho que esse menino vai me manter vivo por muitos anos ainda. Ronald sorriu, emocionado ao ver o avô tão cheio de vida. O cardiologista, que havia ficado por perto para garantir que tudo estava bem, observava a cena com um sorriso discreto. Ele, também tocado pela emoção do momento, percebeu que Hermínio estava estável, e decidiu que era hora de partir.
Ronald acompanhou Carla até sua casa, ele foi para buscar a mala de Davi que iria passar uma semana na casa de a Ronald e Hermínio seu bisavô que acabará de conhecer. Carla e Ronald agora estavam no quarto de Davi, cercados por brinquedos e pequenos pertences espalhados pelo chão. O clima era carregado, não de tensão, mas de algo que ainda oscilava entre o alívio e o desconforto. O silêncio entre eles durava apenas alguns segundos, mas parecia se estender muito mais. Ronald, com uma camisa casual e o semblante pensativo, olhou para Carla enquanto ela dobrava uma pequena camiseta de Davi. Ele, finalmente, quebrou o silêncio. — Carla, eu ainda tenho que me acostumar com essa ideia de já ter um filho. — disse Ronald, a voz um pouco hesitante, mas com um tom sincero. — Mas confesso que me sinto muito feliz. — Um leve sorriso atravessou seu rosto, algo raro em meio à complexidade dos sentimentos que o envolviam. Carla, parada à frente da cama de Davi, sentiu um nó se formar em sua garg
Na casa de Hermínio, a presença de Davi trouxe uma nova energia. O garoto corria pelos amplos corredores da mansão, explorando cada canto como se estivesse em uma grande aventura. Para Hermínio, que até poucos dias atrás nunca havia conhecido o bisneto, essa semana estava sendo como um presente inesperado. Ele observava Davi com um olhar misto de curiosidade e afeto, admirando a vitalidade e inocência da criança. Às vezes, Hermínio se via pensando em tudo o que havia perdido ao longo dos anos, mas tentava não deixar que esses pensamentos dominassem o momento. Zefa, a fiel governanta, estava sempre por perto, ajudando a cuidar tanto de Hermínio quanto de Davi. Ela, que sempre teve um carinho especial por Ronald, agora se via encantada pelo pequeno Davi, ajudando-o com as refeições, acompanhando suas brincadeiras, e, claro, zelando pela saúde e bem-estar de Hermínio, que ainda estava em processo de recuperação. Era uma rotina cansativa, mas Zefa estava feliz com a novidade que o menino
Naquela tarde, depois da fisioterapia de Hermínio Carla e Ronald sentaram-se juntos na sala da mansão para discutir os planos da semana seguinte. Ronald conversando com o filho descobriu que o maior sonho de Davi era conhecer a Disney. Então Ronald propôs a Carla que viajassem na semana seguinte para realizar o tão sonhado desejo do Davi. — Carla eu e você e o Davi vamos para Disney a semana que vem. — Ronald, impossível não posso me afastar do trabalho agora. — Eu já preparei tudo, você não vai deixar nós dois viajarmos sozinhos? — Está bem vou ver se consigo ajeitar tudo e pegar uma semana de folga. — Então, estamos mesmo decididos. — Ronald começou, olhando para Carla com um sorriso leve. — Na semana que vem, vamos levar Davi para a Disney. Ele não vai acreditar quando chegarmos lá. Carla riu, mas havia uma mistura de nervosismo e expectativa em seu riso. Ela olhou para Davi, que estava distraído brincando com seus bonecos, e depois voltou sua atenção para Ronald. — Ele va
De repente Carla teve um pensamento, e começou a se sentir estranha. — Ronald, de repente veio em minha mente que estamos agindo muito errado, pois nós três aqui, e você é um homem casado. — Carla, você conhece toda a minha história, meu casamento com Ingrid e apenas conveniência, estou só esperando ela voltar de viagem e finalmente me divorciar. — Será que Ingrid vai aceitar Ronald? — Com facilidade tenho certeza que não, mais não tem mais motivos para continuarmos com essa farsa, até o vovô já sugeriu o divórcio. — Ronald… — começou ela, hesitante. — Eu nunca imaginei que estaríamos aqui, assim, juntos com Davi. É tudo tão… estranho. — Havia um tom de vulnerabilidade em sua voz que Ronald nunca tinha ouvido antes. Ronald sentou-se ao lado dela na cama, a proximidade entre os dois causando uma onda de eletricidade que era difícil de ignorar. Ele suspirou, como se estivesse ponderando tudo o que sentia naquele momento. — Eu também não. — Ele admitiu, a voz mais suave, quase um
Ingrid estava radiante após a sua participação em dois desfiles importantes durante a turnê pela Europa. A fama e o glamour tinham sido intensos, mas agora, de volta à Itália, onde ela e as outras modelos estavam se preparando para o mais aguardado de todos os desfiles — o de Paris —, ela finalmente teria alguns dias para si. Richard, o organizador da turnê, havia dado a todas três dias de descanso, e Ingrid soube exatamente como aproveitá-los. Ela saiu do hotel cedo naquela manhã, determinada a resolver algo que vinha pairando sobre sua mente. O sol da Itália estava agradável, mas Ingrid mal prestava atenção ao clima ao redor. Sua mente estava focada em um único pensamento: verificar se o processo de inseminação havia dado certo. Ao chegar à clínica, seus passos eram rápidos e decididos. Ela foi recebida e levada para uma série de exames. O médico disse que Ingrid atrasou muito para retornar a clínica , e se ela estivesse grávida mesmo, já estaria com quase dois meses de gravidez.
Ingrid chegou à mansão de Ronald sentindo o peso da longa viagem da Europa em seu corpo. O cansaço era evidente, e tudo o que ela queria era descansar. Não encontrando Ronald, presumiu que ele ainda estivesse na empresa, resolvendo questões da Belle Essenza. Subiu para o quarto, tomou um banho longo e relaxante, deixando a água quente lavar não só o cansaço, mas também as preocupações que começavam a pesar em sua mente. Ao descer as escadas, renovada, Ingrid foi cumprimentar Hermínio. Ela notou de imediato algo diferente no semblante dele. Hermínio parecia muito mais animado do que de costume, seu olhar mais leve e uma felicidade que ela não reconhecia. — Você está ótimo, Hermínio. Algo especial aconteceu? — comentou ela, tentando esconder o próprio cansaço na voz. Antes que ele pudesse responder, a porta da frente se abriu, e Ingrid ouviu vozes familiares. Virou-se e, para sua surpresa, viu Ronald, Carla e um garoto entrando na sala. A visão inesperada a pegou desprevenida. Davi,