O dia finalmente havia chegado. O casamento de Ronald e Ingrid, amplamente divulgado pelos jornais e ansiosamente aguardado pela alta sociedade, estava prestes a acontecer. O local escolhido por Hermínio era um espaço luxuoso, adornado com flores raras e velas cintilantes. Cada detalhe parecia ter sido cuidadosamente pensado para impressionar os convidados. O clima do evento era uma mistura de admiração e curiosidade. Amigos influentes de Hermínio, colegas de negócios de Ronald e conhecidos da família de Gustavo se misturavam, conversando em tons contidos e lançando olhares discretos para os recém-chegados. Ronald chegou acompanhado de Hermínio, ambos impecavelmente vestidos. Mas havia algo diferente na postura de Ronald. Ao seu lado, ele fazia questão de levar Zefa, a governanta da família, como sua acompanhante até o altar. Ela era muito mais que uma empregada, sempre fora uma figura materna para ele, cuidando dele desde a infância. Ronald sabia que, naquele dia, mais do que nunca
A recepção do casamento estava chegando ao fim, e a música suave já ecoava de maneira menos intensa pela sala. Ronald se aproximou de Ingrid, que conversava com algumas tias distantes. Com um toque leve no braço dela, ele murmurou: — Ingrid, já está tarde. Vamos para casa? Ela assentiu com um sorriso discreto. No entanto, antes que eles pudessem sair, Hermínio, que estava próximo, não perdeu a oportunidade de intervir. — Ora, Ronald, você poderia muito bem levar a Ingrid para Paris. Que tipo de casamento é esse sem uma lua de mel? — disse Hermínio, com um meio sorriso que sugeria tanto provocação quanto crítica. Ronald respondeu sem hesitar, mas mantendo o tom sempre calmo: — Não gosto de viagens longas, a menos que sejam a trabalho. Hermínio balançou a cabeça, desapontado, mas não insistiu. Era uma daquelas discussões que ele sabia que não levaria a lugar nenhum com o neto. Ronald sempre foi pragmático, difícil de se influenciar com a tradição ou com as expectativas da família.
Mais tarde, quando Ronald retornou para casa, sentiu a ausência de Zefa, mas não fez perguntas. Ele confiava que tudo estava sob controle. Porém, quando a cozinheira se aproximou para perguntar a Ingrid sobre o jantar, a situação tomou outro rumo. — Senhora, o que devo preparar para o jantar? — perguntou a cozinheira, hesitante. Ingrid, sem dar muita importância, respondeu: — Não sei... Pode fazer um risoto de camarão, com alguns acompanhamentos. Ronald, que estava ao lado, arregalou os olhos, surpreso. — Risoto de camarão? — ele disse, claramente alarmado. — Mas você sabe que sou alérgico a camarão! Ingrid pareceu surpresa, mas antes que pudesse responder, a cozinheira interveio: — Ah, desculpe, senhor Ronald, ... A senhora Ingrid demitiu Zefa mais cedo, e foi por isso que não fui avisada do que preparar para o jantar. O silêncio que se seguiu foi pesado. Ronald olhou diretamente para Ingrid, incrédulo. Ele respirou fundo, controlando o tom de voz antes de falar: — Zefa foi
Nesses dias em que Zefa estava de férias na fazenda, Ingrid estava tirando a paciência de Ronald. Ela reclamava de tudo, Ronald já não estava suportando mais ela. Ronald começou o dia com a mesma rotina que costumava seguir. A mídia o chamava de "o homem de ouro", e sua presença em qualquer evento corporativo era suficiente para atrair investidores e jornalistas. Mas, dentro de sua própria casa, ele não passava de um alvo constante das críticas afiadas de Ingrid. Naquela manhã, antes de uma importante entrevista para uma revista de negócios internacional, ele acordou mais cedo. Preparou-se com cuidado, vestindo um terno sob medida que havia sido encomendado na última viagem a Milão. Cada detalhe estava no lugar — desde os abotoados de ouro até o relógio suíço no pulso. Sua imagem pública era impecável, mas ele sabia que, dentro de casa, Ingrid sempre encontrava algo a dizer. Quando desceu as escadas, ela já estava na sala, folheando distraidamente uma revista de moda. Ao vê-lo
Ingrid estava sentada na varanda, admirando a vista de seu jardim imenso, mas seus pensamentos estavam longe dali. Pela primeira vez em muito tempo, ela sentia uma felicidade enorme. Seu telefone não parava de tocar, e as propostas de trabalho finalmente haviam se tornado interessantes. Durante anos, ela aceitara trabalhos pequenos e sem relevância. No entanto, desde que se tornara a senhora Ronald Costa, seu nome ganhara notoriedade, e agora, convites de grandes eventos e marcas importantes começaram a aparecer em sua vida. Naquela manhã, Ingrid recebera um convite para desfilar em um evento de moda em Los Angeles, um dos maiores da indústria. Era um sonho que, por muito tempo, parecia distante, quase inalcançável. E agora estava tão perto. Eufórica, ela foi correndo contar a novidade para Ronald, já imaginando sua reação. Sempre esperava um olhar de desaprovação ou indiferença, mas desta vez era diferente. Ela abriu a porta do escritório de Ronald, que estava, como sempre, imerso
Ingrid estava no quarto, escolhendo com cuidado as roupas que levaria para sua viagem a Los Angeles. Era a primeira vez que se sentia realmente animada com um trabalho. A oportunidade de desfilar em um dos maiores eventos de moda do mundo era algo que jamais imaginara, e estava determinada a aproveitar cada segundo. Já havia organizado metade das malas quando o cheiro do almoço começou a subir pela escada. Sentindo-se faminta, decidiu descer para comer. Ao descer as escadas, porém, Ingrid notou algo inesperado. Na sala de estar, ao lado de Ronald, estava Hermínio, o avô de seu marido. O homem, sempre imponente, com uma postura rígida e olhar observador, ocupava a cabeceira da mesa de jantar, o que indicava que aquela não era uma visita qualquer. — Ingrid, venha se juntar a nós — Ronald disse, num tom que misturava formalidade e uma leve tensão. Ingrid forçou um sorriso, tentando manter a compostura. Embora tivesse respeito por Hermínio, ele era o tipo de pessoa que sempre fazia que
Ingrid caminhava pelos corredores do hotel luxuoso em Los Angeles, seus saltos ecoando no chão de mármore. A cidade vibrava ao seu redor, e ela estava no centro de tudo. Desde que havia chegado, o tratamento que recebia da mídia e dos diretores do evento era algo que nunca experimentara antes. Todos a reconheciam, não apenas como Ingrid, a modelo, mas como Ingrid, a esposa de Ronald Costa. Aquele sobrenome carregava um peso e um prestígio que agora a envolviam em todas as suas aparições públicas. Durante as reuniões com os diretores do evento, Ingrid foi constantemente paparicada, sendo recebida com elogios e mimos que a faziam se sentir como uma verdadeira estrela. Ela sorria, fazia poses para as câmeras e respondia às perguntas dos jornalistas com uma autoconfiança que crescia a cada nova entrevista. Não era apenas sua carreira que estava decolando, era também a imagem pública que havia construído ao lado de Ronald, ainda que o casamento deles fosse, no fundo, apenas um acordo conv
Ingrid retornou de Los Angeles no final da tarde, e o silêncio habitual da mansão de Ronald foi quebrado pelo som dos pneus do carro deslizando na entrada. Ronald, sentado em seu escritório, apenas ergueu os olhos das folhas espalhadas sobre a mesa quando ouviu o barulho das portas do carro se abrindo. O motorista, com certa dificuldade, começou a descer uma infinidade de malas, sacolas e caixas. Roupas, acessórios e produtos que Ingrid havia comprado durante sua estadia em Los Angeles. Ronald balançou a cabeça, já imaginando que não havia espaço suficiente no closet de Ingrid para tudo aquilo. Ele desceu as escadas, se deparando com Zefa, a governanta, que ajudava o motorista a levar as malas para dentro. Ingrid passou por ele, vestida em uma roupa de grife, os óculos de sol enormes escondendo qualquer traço de cansaço ou culpa por ter gasto tanto. Ronald a observou por um momento antes de finalmente falar: — Você trouxe Los Angeles inteira com você? Ingrid apenas deu de ombros, c