ThierryO peixe tinha mordido a isca, e mordido bonitinho. Nem demorou muito tempo para a Rose vir conversar comigo na delegacia. Nesse meu tempo a frente desses processo, eu tive que aprender a resolver os casos do meu jeito, conhecer as pessoas de um jeito que deixasse em evidência os podres que ela escondia, saber lidar com tudo aquilo, saber usar tudo a meu favorAquilo não foi diferente, um negocinho de nada me trouxe um resultado enorme, a mulher estava começando a me falar exatamente o que eu queria saber. Os seus olhos me mostravam mais do que eu consegui ver todas as vezes em que ela tinha vindo aqui na delegacia contar uma mentira atrás da outra sobre o desaparecimento da sua filha. A coisa principal e que não demorou nada para ela me soltar, foi a confirmação saindo alta e clara de que a porra toda tinha sido moldada sim para me deixar ocupado e tirar a minha visão daquilo que era importante, que tudo aquilo estava sendo feito para que os grandes, aqueles envolvidos naquela
ThierryEu não tinha muito contato com a mãe da Cecília, por isso nem me atentei que era ela ali, toda na falta de educação, parada na porta da minha sala, e tomando o meu tempo como se nada tivesse acontecidoNunca ninguém se atrevia a fazer o que ela fez, ainda mais comigo pegando o testemunho sobre qualquer caso, mas ela não, parecia até que tinha feito de propósito sabe. Eu sabia que era ela não por conta do nosso contado, porque a falta dele era o que mais acontecia no nosso meio, mas todas as poucas vezes que tinha ido na casa da Ceci e coincidentemente, nunca a encontrei, vi alguns porta retratos coma foto da mulher expostos na estante da sala. Não perdia meu tempo reparando muito, mas vi uma ou outraEla estava toda arrumada, parecia até uma adolescente pronta para a balada, com aqueles pedaços de pano grudado a vácuo no corpo, completamente diferente do jeito discreto, sutil e elegante da minha Cecília, aquela ali, até vestindo o nosso uniforme neutro, ficava linda, com o cor
CecíliaEu estava muito envergonhada com o aparecimento de supetão da minha mãe ali no meu local de trabalho, ainda mais com ela vestida daquele jeito. Aquela não era a mãe que eu conhecia, jamais, ela nunca tinha se vestido daquele jeito, pelo menos eu não conseguia achar uma lembrança parecida com essa na minha cabeça, só que dos males o menor e ela foi a que menos percebeu a ajuda imensa que nos tinha dadoApesar de a gente ter conseguido que a mulher, a tal de Rose, aparecesse na delegacia para poder contar tudo o que sabia sobre o envolvimento do dono do morro dos Macacos nas coisas que o Thierry estava tendo que investigar, não era completamente certeza de que ela estaria disposta em contar até as coisas mínimas. Na verdade, a gente era muita gente porque quem tinha conseguido aquela proeza toda tinha sido só o Thierry mesmo, nós estávamos ali só pra dar uma poio moral mesmoMas enfim, mesmo na minha vergonha, mesmo querendo me enfiar num buraco e desejando horrores que a minha
RafaelTem gente que acha que todo mundo é retardado, só que não conta com o grau de esforço de cada um. já dizia a minha mãe "Meu filho, todo mundo é inteligente porque foi Deus que criou todo o ser humano e ele não vai nada na imperfeição. O que diferencia um ser do outro é o quanto ela se esforça pra conseguir uma coisa, isso sim faz ela se destacar"Eu pensava nessa frase todo santo dia, ainda mais quando minha rainha atendeu um pedido de Deus e ficou bem no rumo de uma bala perdida soltada do cano de um samango filha da puta. O cara fez isso de propósito, só pra mostra pra ele que era melhor do que todo mundo ali na comunidade, que tava com o poder nas mãos, mas eu me esforcei, me esforcei pra caráleo e achei o endereço do cuzãoEle tinha acabo com a minha vida, tinha feito questão que eu visse o sofrimento da minha rainha, por isso eu não me importei com os gritos desesperados da esposa dela na hora que eu enfiei a minha rola lá no fundo do cú dela e senti o sangue escorrendo pe
CecíliaO ar estava bem pesado com todo mundo falando sobre a mesma história e também os seus motivos para participar daquela presepada toda, enquanto o Thierry só escutava. Foi daquela atenção toda que eu dei um jeito de sair de fininho de dentro da sala para ir atrás da minha mãe e ver o que ela queriaSério, achei mesmo que tinha acontecido alguma coisa, tanto por ela aparecer de supetão no meu trabalho, coisa que ela nunca tinha feito, nem uma ligação ela se dignava a me dar enquanto eu estava ali, aliás, ela nunca me ligava, como por causa da roupa ridícula que ela usava para desfilar ali dentro. Pelo amor de Deus, será mesmo que ela não sabia que a a maioria das pessoas que trabalhava ali eram homens?Fui direto para a recepção, sem parar na minha sala, porque não tinha como ela estar me esperando ali, pelo jeito ninguém tinha avisado de quem era a sala que ficava bem à frente da do delegado e a encontrei sentada em uma cadeira almofadada, na sala de espera, com as pernas cruzad
ThierryEu não era o retardado que se dava ao luxo de cair na mesma enganação duas vezes, então, do mesma forma que eu tinha certeza que o juiz estava tomando os devidos cuidados para que o seu nome não fosse ligado com o nome do dono do morro dos Macacos, eu tomei o meu cuidado particularO filha da puta já estava com as cartas do jogo todas a posto, tanto que me entregou, ali mesmo, um pen drive com tudo e mais um pouco sobre as movimentações do Imperador, qual rota ele fazia, o dia da semana que ele parava para fazer toda a organização do seu pessoa, como ele treinava aquele que ele chamava de menor, qual era a função de cada um fora do território do morro, como o dinheiro chegava nas mão deles, saía do país e entrava novamente limpinho como água, mas em nenhum desses detalhes, o nome do Andrade aparecia, em nenhumNão tinha como aquilo acontecer, porque uma pessoa ia se dignar a fazer todo aquele teatro se ele não estivesse atolado até a cabeça com a história. Só que uma coisa tin
ThierryEu ainda tive que acabar de escutar algumas ladainhas do Andrade, ver o jeito indignado que a Rose olhava para ele em todo o momento que o neguim tentava de todas as formas fugir da responsabilidade de ser pai e tacar na cara da mulher que a menina que ele estava sendo obrigado a cuidar era resultado de uma foda mal dada, e também, tive que acabar de ouvir aquela enxurrada da mulher, toda se explicando que não podia, de jeito nenhum, nem mais pisar os pés no morro, que além de não ter mais para onde voltar, para quem voltar, nem para o retardado do marido corno, ela não estava nem em condições de comprar uma calcinha freadaEu ainda tive que escutar aqueles dois por um bom tempo, mas na boa, nem estava ligando muito porque aquilo ali, bem na frente, era resultado de um conjunto de coisas que estavam completamente favoráveis a mim, finalmente, depois de tanto tempo. O Almeida continuava lá, com aquele jeitão de policial veterano sabe, marrento, impondo a sua presença e com cara
Cecília Eu voltei para casa, só que o meu pensamento ficou inteirinho com o Thierry, eu queria ter ficado com ele, sem dúvidas, mas era a minha obrigação dar forças para a minha mãe, porque estava nítido que realmente ela não estava bem. Quando a gente se é criança, dependentes, os pais fazem qualquer coisa para fazer com que qualquer coisa que possa nos causar sofrimento, vá embora, não chegue perto, não nos machuque e é isso que a gente tem que fazer quando são eles que precisam disso da nossa pessoa, temos que mostrar que assim como uma mãe é para um filho, um filho tem que ser para uma mãePor isso voltei para casa e, pela primeira vez em algum tempo, eu vi ela com aquela sua roupinha habitual, de dona de casa, mas que valorizava as suas curvas, com um avental cobrindo a parte superior do seu corpo e toda ocupada lavando a louça, se esforçando para fazer um jantar simples, mas gostoso, pelo menos era isso que o cheiro estava denunciandoEu parei e fiquei ali, parada, perto do sof