Capítulo 3

Logan Oconnor

Respiro fundo sentindo o vento batendo contra meu rosto quando a lancha ganha velocidade, nos afastando da praia e ganhando mais profundidade no mar. Procuro não pensar muito na ideia de querer jogar Diogo no mar, como acordar amarrada em seu pé e uma grande âncora na outra ponta. Era para ter ficado em Los Angeles, mesmo não tendo oportunidade de ficar com a Valentina. Agora tenho que dividir a lancha com idiota do jogo, a prima maluca dele, a mulher obcecada por ele, Hannah que acredita que serei louco de ficar com ela novamente e uma pirralha queria ter 23 anos. Passou a língua preguiçosamente pelo lábio, e consequentemente logo passa a mão pelo cabelo afastando os fios que caía pelo meu rosto. 

— Se continuar olhando para garota desse jeito, vou começar a pensar que está apaixonado…

—Vá se ferrar, Diogo. — Olho para ele irritado. — Você pode ter acabado de nos colocar em uma baita encrenca.

Diogo revira seus olhos em um castanho claro.

— A garota não é um perigo, ok? Sabe que não erro com as pessoas. 

Infelizmente terei que concordar com ele, Diogo parecia um cachorro quando significa saber se a pessoa presta ou não. Sorri, um cachorro sarnento. Mas não posso negar que ele nunca errava sobre uma pessoa. 

— Que seja! Não queria que ela viesse.

— Por que está atraído…

— Porque não a conhecemos.

Ele não viu o óbvio?!

— Não me olha desse jeito, Logan.

— Olho do jeito que quiser!

— Você está parecendo uma criança birrenta. 

— E você um…

— Olá, meninos. — Hannah fala, subindo as escadas para nos encontrar e Mia vem logo atrás. — Trouxe um agradinho para vocês.

Não vamos muito longe da praia, apenas queremos algo mais reservado. Aceito a cerveja que Hannah me oferece, e um grande sorriso surge em seus lábios. É uma bela moça, mas o que tivemos no passado já foi o suficiente. Uma loucura de cada vez e não faço mais essas coisas.

— Oi, loirinho. — Mia abraça Diogo por trás e oferece a cerveja que está em sua mão. — Está precisando se refrescar.

Diogo sorri e aceita a cerveja.

— Está na direção. — Lembro ele e dou um gole na minha cerveja.

O líquido desce refrescante pela minha garganta, bebo mais da metade querendo matar a sede que até então não imaginava ter.

— Sei das minhas responsabilidades. — Resmunga e desliga a lancha.

Algumas pessoas passavam de jet ski por nós, algumas lanchas maiores ou pequenas com suas músicas não muito distantes. Havia um espaço bom entre uma ou outra.

— Quanto tempo, Logan. — Hannah se aproxima mais de mim, diminuindo o resto de espaço que tinha entre nós. Pausa a mão em meu peito por cima da camisa fazendo linhas imaginárias. — Sentia a sua falta.

Seu cabelo está em corte chanel diferente da última vez que a vi com os cabelos longos.

— É faz um tempinho. — Me viro, ficando de costas para ela. 

Há tempo de ver Alana ri depois que Lea fala alguma coisa, ao mesmo tempo que a fedelha olha um pouco cismada por Lea está tocando tanto em sua perna. Até quero uma cena engraçada de ver, senti as mãos de Hannah deslizando pelo meu peito e rapidamente a segurei. Hannah mantém um sorriso no seu rosto quando me viro novamente para ela.

— Apenas amizade, Hannah. — Bato com cotovelo no Diego que estava aos beijos com Mia. — Vou descer.

Diogo resmunga alguma coisa, mas não faço questão de parar e saber o que é. Com certeza estava me xingando por atrapalhar ele. Sei que não será preciso dizer duas vezes para Hanna poder entender, sabem como sou e insistir é algo que não deveria fazer. Passando pelo cabelo novamente, vou para a parte de baixo da lancha garantir mais uma outra cerveja. Entro a tempo de ver Hannah indo para parte da frente da lancha, fui até a geladeira pegando outra garrafa de cerveja. 

Finalizo a cerveja que Hannah havia me dado, deixando a garrafa na pia e me viro. Bato com meu corpo contra a Alana, e sou rápido ao passar o meu braço pela sua cintura antes que ela caísse. 

— Aí! — Resmungou.

Estávamos no corredor da lancha e posso te evitar da sua queda, mas não evitei com que batesse a cabeça na parede. 

— Você não olha por onde anda?! — Brigo com ela.

— Eu?! — Me olhe irritada, tirando o seu cabelo de seu rosto. — Você que virou e não se importando com nada. Tentei avisar, mas era tarde demais.

Massageou a parte de trás da cabeça. 

— Além de fedelha agora não tem noção de equilíbrio?

Alana b**e com as suas duas mãos contra o meu peito, fico surpreso e a solto dando dois passos para trás.

— Para de me chamar assim.

É um misto de emoções que passa pelo seu rosto, ela vai chorar? Estranho sua reação, não a conheço, mas parece que chamava assim ativa algum gatilho nela. Olho com mais atenção, Alana tem 1,67 cm no mínimo perto do meu 1,92 m de altura. Seu corpo é bem modelado, seu cabelo preto é cheio e ondulado, a melanina em sua pele a deixa mais atraente. O rosto é bonito, conseguindo o seu foco central para depois descer para o seu corpo.

— A chamo como quiser. — Deixo claro. Olho para o corredor de onde estava vindo quando nos esbarramos. — Conseguiu alguns segundos longe da Lea? Talvez agora eu começo a te valorizar…

— Ela consegue ser uma pessoa melhor do que você. — Alana cruza os seus braços na altura do peito me olhando séria.

É uma mulher que não abaixa a cabeça, tem atitude, garra e não esconde isso. É, pode ser divertido esses dias aqui.

— Ainda quero ver sua identidade…

— Você é um velho chato. — me interrompe e passa por mim não querendo continuar nossa conversa. 

— Ei?

Relutante, ela me olha.

— Lea é Bi. — Aviso. — Se não curte a fruta é melhor deixar claro, ou ela vai continuar te alisando até você duvidar da sua sexualidade.

Alana abaixa a cabeça pensando nas minhas palavras, parecia fazer sentido para ela. 

— Obrigada pelo aviso. 

— E você curte?

— O que?

— Ficar com mulher.

Alana ergue uma sobrancelha.

— Por que esse assunto desperta seu interesse, Logan?

Mexo meus ombros incomodado com o seu olhar.

— Apenas puxando assunto para depois não ser chamado de mal educado. — Faço pouco caso e abre a tampa da cerveja batendo a peça na quina da parede. — Quer uma?

Alana me olha por alguns segundos. 

— Aceito.

Vou até a geladeira e ela se aproxima mais me acompanhando.

— A essa hora Hannah deve estar fazendo companhia a Lea. Elas se entendem, sabe? — Pego a cerveja e abro antes de entregar para ela.

Alana dá um sorrisinho desafiador. Essa mulher acende o fogo e brinca com ele, jovem com atitude que muitas da sua idade não tem. 

— Pelo que fiquei sabendo, você também entende Hannah muito bem.

Não escondo meu desgosto. Alana bebe a sua cerveja rindo. 

— Lea tem uma boca muito aberta. — Reclamo.

— Imagino que deva ficar mais ainda quando bebe.

Faço uma careta ao lembrar o quanto essa mulher já me fez passar vergonha e precisei ajudar algumas vezes por seu primo ser meu melhor amigo. Diogo se aproveitava dessa façanha, principalmente quando a sua prima se metia em confusão ao falar demais para certas pessoas.

— Ah, não imagina. — me encosto contra o balcão, dividido com a pia e não muito longe fica a geladeira. — E você imagina, pensa no pior.

Apoio o cotovelo no meu braço fazendo pequenos movimentos que a garrafa no ar. Alana me olha assustada. 

— Sério? 

Balanço a cabeça, concordando.

— Ela é uma pessoa boa, às vezes fala demais, mas é uma pessoa boa. 

— Você está falando bem de alguém? 

Fico tentado revirar os olhos para essa garota.

— Não nos conhecemos…

— Mas fui seu alvo desde que nos conhecemos…

— Não gosto de você, é diferente. — Dou de ombros.

Ela ri não achando graça alguma. 

— E posso saber o motivo de você não gostar de mim? Porque tudo que fiz foi tentar te ajudar. — Parecia realmente se importar com a resposta.

A olho por alguns segundos ficando em silêncio. Alana está usando um biquíni preto liso, a saída de praia é no modelo de uma camisa social, mas transparente. A peça em um tom de verde-militar tem um contraste bom contra sua pele. Algo me dizia que ela é problema, é como sair da zona de conforto. Ou será um conforto.

— Estou ainda considerando levar em segui que o meu instinto diz sobre você.

— E o que sua intenção diz sobre mim? 

Não respondo.

Deixando a sua cerveja em cima do balcão, ela se aproxima de mim. 

— Me diz longa. — me mantenho na mesma posição de antes, olhando em seus olhos. — Faz parecer que sou como uma criptonita que enfraquece o super-homem.

Mulheres como ela podem ser consideradas uma kriptonita.

— Para uma mulher que aconteceu agora, não acha que está sendo relatante demais? — A voz é boa, sendo gostosa de ouvir.

Assim como mulheres como ela, podem ser manipuladas. Sendo tão intensa e ignorando os sinais. 

Continuo com o meu silêncio, Alana pega a cerveja em minha mão e bebe. Olho para trás dela vendo que a garrafa dela não está muito longe, olhando em meus olhos ela finaliza o líquido da garrafa mostrando que está acostumada com a bebida. Alana passa a língua preguiçosamente pelos lábios, o que acaba prendendo a minha atenção ali.

— Tem medo de se envolver com uma garota mais nova, Sr. Logan? — insiste com as perguntas. 

— Você gosta de fala, hein?

— Principalmente quando as minhas perguntas não são respondidas. — Seus olhos descem para minha boca e é sua vez de fica em silêncio.

Finalmente! Inclino a minha cabeça em sua direção, um movimento lento e calculado, Alana ergue o corpo para frente e a sua boca com a minha em minha direção pronta para me beijar. Viro o meu rosto no exato momento em que nossos lábios quase se tocam. 

— No fim você acaba sendo igual as outras. — Passo por ela e pego a sua cerveja em cima do balcão.

Siga o meu caminho voltando para encontrar com os outros, a deixando para trás.

Quando a Alana aprece não faz questão de falar comigo, ou me olhar. Contive um sorriso, ela se ofende fácil de mais. Depois de algumas fotos que Mia insistiu que tirassem antes de ir para a água, me peguei observando mais do que necessário a Alana. 

As garotas se divertiam na água, me apoio contra a beira de ferro que tem na proa, olhando para elas. Uma em específico. A risada parecia ritmada com a música que toca na lancha, Alana mergulha novamente e ao ressurgir passa a mão pelo cabelo afastando do rosto. A tempo de fugir da Lea que tenta pegá-la ao começa uma brincadeira de pique e pega no mar. As outras meninas ria com atentiva falha da loira.

Lea nunca ficou tão a vontade assim, Mia e Hannah fazem parte da indústria da moda também, mas Lea começou mais cedo e com os anos tinha dificuldade em ser ela mesma.

— Olha, quem diria que você ficaria tão encantado pela garota nova. — Diogo se aproxima e olha para as garotas se divertindo.   — Parece que Alana conseguiu amaciar a carne do Sr. Oconnor. E aí, a garota beija bem? Ela tem uma boquinha linda, não fique com ciúmes…

— Percebeu o jeito que ela pousou para as fotos? — Continuo observando Alana, bebo minha cerveja e a vejo fingir está triste porque agora seria a sua vez de tentar pegar uma das meninas.

Sinto um olhar nada agradável de Diogo para mim.

— Hum, o que tem?

— Ela teria futuro como modelo, modelo fotográfica por conta da altura. — Olho para Diogo. — Acredito que seu corpo tenha as medidas certas, dependendo da agência que for aceita.

— Sério?

— O quê?

Diogo suspira levemente irritado.

— Ferias, Logan! Você desaprendeu o significado dessa palavra?

— Só foi um comentário.

Por que ele está tão irritado? Diogo desiste de falar comigo, voltando a olhar para garotas, vejo um barco com o porte maior que o nosso se aproximar. Elas haviam feitos amizades, é agora que esse dia vai se alongar mais ainda.

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