Hanna Cooper.Bocejo preguiçosamente ao acordar e ver a claridade do sol invadir o quarto através do vidro da janela. Sinto meus olhos inchados e pesados, causados pelas lágrimas derramadas na noite anterior. Muita informação para assimilar e uma importante decisão para tomar.Meu celular apita avisando que chegou uma nova mensagem, olho rapidamente e vejo um monte de mensagens do meu irmão. Olho a hora e já passa das dez horas da manhã, decido levantar.Caminho para o banheiro e faço minha higiene matinal para então responder as mensagens do meu irmão.Irmão: Daqui a trinta minutos estou chegando, levarei seu café da manhã!Avisa e me sento no sofá para espera-lo e penso no quanto eu tive sorte em ter sido acolhida pelos meus pais, Vitório e Marina, no quanto fui amada e protegida. Tento imaginar como teria sido se a minha progenitora não tivesse mentido para o meu pai biológico, ele me queria e ela nos afastou apenas por maldade.Fico perdida em pensamentos por tanto tempo que sou d
Hanna Cooper.Respiro fundo.- Sente-se - peço quando ele passa pela porta e a fecho.- Sentir a sua falta hoje - ele comenta se aproximando, me afasto um pouco e ele me olha confuso - Por que está fugindo do meu toque?Respiro fundo e engulo o nó que se forma em minha garganta.- O Vicente esteve aqui hoje - aviso.- Conversei com ele hoje - fala empolgado - Ele me convidou para ser padrinho dos gêmeos, fiquei muito feliz.- Que bom - sento na poltrona em frente ao sofá - Mas eu quero falar sobre nós dois.- O que tem nós dois? - questiona confuso e se senta em minha frente no sofá.- Eu quero terminar - falo olhando nos olhos dele e seguro fortemente a dor na minha garganta causada pelo choro - Quero terminar, seja lá o que nós temos para você.- O que? Por que? - pergunta nervoso se levantando.- Não percebe o quanto isso é errado? - questiono me levantando também - Meu irmão nunca aceitaria isso e você não sente nada por mim mesmo, não vale a pena enfrenta-lo por nada.- Está duvi
Hanna Cooper. Eu não fazia o tipo de garota que poderia ser considerada uma mocinha sofredora de um romance meia boca, mas nesse momento, tudo o que eu consigo fazer é chorar e pensar em tudo o que o Murilo me falou. Sento no tapete e abraço meus joelhos, tentando de alguma forma, mantê-los unidos enquanto afundo minha cabeça no meio deles e deixo as lágrimas dominarem. Parece dramático, mas a realidade é que eu estou me sentindo desmontada, como se pedaços de mim estivessem espalhados, ou melhor, colados na sola do tênis do Murilo. As palavras que ele tinha cuspido na minha cara ainda se enterravam em meu coração, enquanto constatava minha própria idiotice. Estou me sentindo humilhada, eu sei, ele tem o direito de ficar zangado, mas não tem o direito de constatar coisas antes de me escutar, apesar que eu não tinha palavras amigáveis para dize-lo. Limpo os olhos com as costas da mão, respiro com dificuldade. O nó em minha garganta aumenta e eu encosto a boca no braço, tentando aba
Hanna Cooper.Hoje faz exatamente três dias desde o ocorrido na minha casa, Murilo tem me ignorado integralmente e eu faço meu papel de não aparecer em sua frente. Todo nosso contato está sendo através de Émile e as reuniões, não vamos mais juntos, elas são dividas, eu participo de algumas, ele de outras e passamos um relatório para Émile para o outro ficar por dentro do acontecido.Antes de sair do hospital, ligo para ela perguntando se Murilo já foi, para só então ir embora, não quero correr o risco de encontrar com ele no elevador privativo.Tive um sono leve e com alguns pesadelos, que estão me custando a noite, não consigo dormir direito, olho a hora no celular e passa das duas horas da manhã.Sinto um vento gelado bater em meu rosto, seguido de um estrondo. Sento na cama apressada e vejo que está chovendo, a chuva entra pela janela aberta molhando todo o chão. Levanto correndo da cama e fecho a janela.Volto correndo para cama, me enrolo nas cobertas e abraço a ponta, os pesadel
Hanna Cooper.No dia seguinte a minha conversa com a Angel, resolvi ligara para a dona Marina, minha mãe. Saio do quarto a procura do meu celular, já é quase onze horas da manhã e ela já deve estar fazendo alguma coisa diferente para o almoço, aos finais de semana minha mãe gosta de cozinhar e inventar umas receitas meio doidas que meu pai ama.- Oi, mãe - falo quando ela atende no segundo toque.- Oi, filha! - fala alegre.- Posso ir aí? - pergunto baixinho, sem nem saber o motivo de meu tom de voz.- Mas que pergunto mais estapafúrdia é essa? - pergunta parecendo ofendida - Vitório, sua filha está com problema na cabeça. Está tudo bem?- Está - minto.- Aquela mulher te procurou para falar coisas feias? - pergunta se referindo a minha progenitora.- Não.- E por que você perguntou se pode vim aqui? - questiona - Nunca deixarei de ser sua mãe Hanna Cooper, essa casa nunca deixará de ser sua e você não precisa de um convite muito menos pedir para vim aqui - fala brava.- Desculpe mamã
Hanna Cooper.Hesito antes de segui-la escada acima até seu quarto, o maior da casa, com closet e banheiro embutidos.Mamãe tira os sapatos e deita na cama, me chamando para deitar ao seu lado enquanto pega o controle da TV em cima do criado mudo. Deito ao seu lado e olho ao redor, as paredes são de um tom creme e o forro do teto de madeira antiga. A cama tem quatro colunas, com dossel. O chão é de u tom claro de porcelanato, mas um espesso tapete felpudo cobre o espaço ao redor da cama. No lado esquerdo fica a poltrona de papai e atrás duas portas. A do banheiro, que tem uma enorme banheira, no maior estilo perua, e a porta ao lado leva ao closet, que é quase do tamanho da minha sala, cozinha e lavanderia juntos. Lá dentro tem inúmeros sapatos de grifes e casacos de pele que nunca seriam usados no clima brasileiro.Na maior parte da minha infância brinquei em seu closet, imaginando que ali era minha casa e eu era uma estilista de bonecas de cabelos coloridos. Na adolescência, eu entr
Hanna Cooper.Tenho problemas com as segundas-feiras, mas acho que a de hoje, especificamente, está sendo pior. Antes eu tinha um motivo, algo que me empenhava a levantar da cama e vestir uma roupa descente, hoje nem tive vontade de fazer isso. O máximo que fiz foi tirar o pijama e vestir um conjunto de saia lápis, preta, com uma blusa branca com mangas até os cotovelos. Escovo dentes e nem me dou o trabalho de comer, apenas de pentear os cabelos. Para evitar que a população se assuste com minha cara, pego meus óculos escuros dentro da gaveta do criado mudo.Saio de casa um pouco atrasada e pego um táxi, assim que entro no hospital, começo a suar, meu estômago dar cambalhotas e eu penso que fingir que estou com virose e voltar para casa era uma boa ideia. Sabia que me sentir assim era ridículo, mas só a possibilidade de encontrar Murilo no elevador, ou em qualquer lugar, me apavora a ponto de eu querer usar as escadas e olha que sempre tive medo de altura.Entro no elevador da mesma m
Hanna Cooper.O resto do dia passa corrido, esses dias atolada de contratos para revisar, de atividades para fazer tem me mantido ocupada a ponto de não pensar em bobagens.Quando termino tudo e começo a arrumar as coisas para ir embora, percebo o quanto é bom ter amigos e algo que nos distraia para seguir em frente. Eu já não sinto mais tanta pena de mim mesma, já consigo encarar o que aconteceu como um erro e que realizar o meu maior sonho, de ter o meu amor de uma vida nos braços se tornou um pesadeloSaio apressada da minha sala, paro apenas para colocar meus fones de ouvido e acenar para Émile, que sorri e deseja um boa noite.Entro no elevador privado e procuro por minha Playlist e coloco a música Banga Bang de Jassie j, Ariana Grande e Nicki Minaj, encosto o ombro contra o aço gelado e tento me controlar para não começar a dançar. Abaixo um pouco o volume, a música deixam qualquer ser vivo animado.Quando a música chega no refrão o elevador para e abaixo o volume mais uma vez,