Hanna Cooper. Fico um tempo acordada, olhando para o teto branco, lembrando da minha conversa com Koni e decidindo se pergunto ou não ao Murilo sobre sua ex noiva falecida. - Está acordado? - sussurro com o rosto pressionado contra o peito forte dele. Ele resmunga algo baixinho e me aperta mais contra seu corpo, sorrio inalando o seu cheiro. O sol está prestes a nascer. Eu poderia dizer que estamos perto das cinco horas da manhã. E eu amanheci assim, abraçada com Murilo, olhando através da minha janela, enquanto brinco com os pelos macios do seu peito. Ergo meu queixo o suficiente para ver seu rosto bonito. Os olhos estão levemente fechados, a expressão serena, calma, tranquila, sem nenhuma ruga de preocupação. Mas eu sei que ele está acordado, porque seus dedos estão em uma carícia gostosa em meu braço. Não queria quebrar esse momento. Queria ficar o resto do dia dessa forma com ele, mas não posso deixar essa oportunidade passar, eu preciso saber. - Murilo - o chamo tocando s
Hanna Cooper. Murilo estaciona em frente ao prédio do hospital e estranho. - O que estamos fazendo aqui? - me viro para ele, enquanto destravo o cinto de segurança - Vamos acabar nos atrasando para o encontro - comento, achando uma boa ideia. Ele desliga o carro e retira a chave. - Precisam de privacidade para conversar, um restaurante não é o mais indicado, achei que aqui em uma das salas de reunião seria o ideal. Concordo com um aceno de cabeça, sinto meu coração bater acelerado, estou tão nervosa. Entramos no elevador e em vez dele ir para o outro lado, como de costume, ele encosta-se na parede e puxa minhas costas para seu peito. Sua mão faz uma leve massagem na minha, como se ele quisesse me manter calma. Aprovo a forma que sua boca beija meus cabelos, meu pescoço e meu ombro. Respiro fundo e me deixo envolver por esse momento. Lamento quando as portas se abrem e precisamos nos separar. Eu o sigo até uma das salas de reuniões, após Émile dizer que era onde estavam nos esper
Hanna Cooper.Murilo me leva para sua sala e me coloca sentada no sofá de couro, no canto da sala. Ele pede para Émile trazer um copo de água, com urgência, e a pobre mulher quase sai correndo para atender seu pedido.Seguro o copo com as mãos trêmulas e bebo um gole. Minha "mãe" mentiu para mim, durante toda minha vida. Meu pai biológico não me abandonou, pelo contrário, ele me queria. Estou tão confusa.Que mãe deixaria sua filha pensar que foi abandonada pelo próprio pai?Uma mãe que abandonou a própria filha. Respondo minha pergunta.Isso me rendeu alguns traumas, mesmo como todo o amor que Marina e Vitório me deram, lá no fundo eu ainda sentia um vazio, causado pelo abandono.Alguém dá duas batidas na porta e em seguida entra. É Vitório, fico aliviada por saber que não é a minha progenitora ou o Lee. Ainda não estou pronta para encontrar com eles.Vitório senta ao meu lado, enquanto Murilo se afasta um pouco para nos dar espaço. - Minha filha - ele segura minhas mãos - Você est
Hanna Cooper.Bocejo preguiçosamente ao acordar e ver a claridade do sol invadir o quarto através do vidro da janela. Sinto meus olhos inchados e pesados, causados pelas lágrimas derramadas na noite anterior. Muita informação para assimilar e uma importante decisão para tomar.Meu celular apita avisando que chegou uma nova mensagem, olho rapidamente e vejo um monte de mensagens do meu irmão. Olho a hora e já passa das dez horas da manhã, decido levantar.Caminho para o banheiro e faço minha higiene matinal para então responder as mensagens do meu irmão.Irmão: Daqui a trinta minutos estou chegando, levarei seu café da manhã!Avisa e me sento no sofá para espera-lo e penso no quanto eu tive sorte em ter sido acolhida pelos meus pais, Vitório e Marina, no quanto fui amada e protegida. Tento imaginar como teria sido se a minha progenitora não tivesse mentido para o meu pai biológico, ele me queria e ela nos afastou apenas por maldade.Fico perdida em pensamentos por tanto tempo que sou d
Hanna Cooper.Respiro fundo.- Sente-se - peço quando ele passa pela porta e a fecho.- Sentir a sua falta hoje - ele comenta se aproximando, me afasto um pouco e ele me olha confuso - Por que está fugindo do meu toque?Respiro fundo e engulo o nó que se forma em minha garganta.- O Vicente esteve aqui hoje - aviso.- Conversei com ele hoje - fala empolgado - Ele me convidou para ser padrinho dos gêmeos, fiquei muito feliz.- Que bom - sento na poltrona em frente ao sofá - Mas eu quero falar sobre nós dois.- O que tem nós dois? - questiona confuso e se senta em minha frente no sofá.- Eu quero terminar - falo olhando nos olhos dele e seguro fortemente a dor na minha garganta causada pelo choro - Quero terminar, seja lá o que nós temos para você.- O que? Por que? - pergunta nervoso se levantando.- Não percebe o quanto isso é errado? - questiono me levantando também - Meu irmão nunca aceitaria isso e você não sente nada por mim mesmo, não vale a pena enfrenta-lo por nada.- Está duvi
Hanna Cooper. Eu não fazia o tipo de garota que poderia ser considerada uma mocinha sofredora de um romance meia boca, mas nesse momento, tudo o que eu consigo fazer é chorar e pensar em tudo o que o Murilo me falou. Sento no tapete e abraço meus joelhos, tentando de alguma forma, mantê-los unidos enquanto afundo minha cabeça no meio deles e deixo as lágrimas dominarem. Parece dramático, mas a realidade é que eu estou me sentindo desmontada, como se pedaços de mim estivessem espalhados, ou melhor, colados na sola do tênis do Murilo. As palavras que ele tinha cuspido na minha cara ainda se enterravam em meu coração, enquanto constatava minha própria idiotice. Estou me sentindo humilhada, eu sei, ele tem o direito de ficar zangado, mas não tem o direito de constatar coisas antes de me escutar, apesar que eu não tinha palavras amigáveis para dize-lo. Limpo os olhos com as costas da mão, respiro com dificuldade. O nó em minha garganta aumenta e eu encosto a boca no braço, tentando aba
Hanna Cooper.Hoje faz exatamente três dias desde o ocorrido na minha casa, Murilo tem me ignorado integralmente e eu faço meu papel de não aparecer em sua frente. Todo nosso contato está sendo através de Émile e as reuniões, não vamos mais juntos, elas são dividas, eu participo de algumas, ele de outras e passamos um relatório para Émile para o outro ficar por dentro do acontecido.Antes de sair do hospital, ligo para ela perguntando se Murilo já foi, para só então ir embora, não quero correr o risco de encontrar com ele no elevador privativo.Tive um sono leve e com alguns pesadelos, que estão me custando a noite, não consigo dormir direito, olho a hora no celular e passa das duas horas da manhã.Sinto um vento gelado bater em meu rosto, seguido de um estrondo. Sento na cama apressada e vejo que está chovendo, a chuva entra pela janela aberta molhando todo o chão. Levanto correndo da cama e fecho a janela.Volto correndo para cama, me enrolo nas cobertas e abraço a ponta, os pesadel
Hanna Cooper.No dia seguinte a minha conversa com a Angel, resolvi ligara para a dona Marina, minha mãe. Saio do quarto a procura do meu celular, já é quase onze horas da manhã e ela já deve estar fazendo alguma coisa diferente para o almoço, aos finais de semana minha mãe gosta de cozinhar e inventar umas receitas meio doidas que meu pai ama.- Oi, mãe - falo quando ela atende no segundo toque.- Oi, filha! - fala alegre.- Posso ir aí? - pergunto baixinho, sem nem saber o motivo de meu tom de voz.- Mas que pergunto mais estapafúrdia é essa? - pergunta parecendo ofendida - Vitório, sua filha está com problema na cabeça. Está tudo bem?- Está - minto.- Aquela mulher te procurou para falar coisas feias? - pergunta se referindo a minha progenitora.- Não.- E por que você perguntou se pode vim aqui? - questiona - Nunca deixarei de ser sua mãe Hanna Cooper, essa casa nunca deixará de ser sua e você não precisa de um convite muito menos pedir para vim aqui - fala brava.- Desculpe mamã