CAPITULO 4

Murilo Lewis.

Tudo bem, confesso que eu não estava preparado para ver Hanna versão mulherão, quando eu fui embora ela ainda era uma adolescente que usava aparelhos, quando eu vinha visitar sua família acompanhado da minha ex noiva eu não tinha olhos para nenhuma outra mulher.

Lembro de quando eu comecei a frequentar a casa dos seus pais, eu gostava de passar um tempo com ela, sempre sentir uma vontade de cuidar e protegê-la, a minha ursinha, um dos motivos para eu achar tão errado beijá-la.

Hanna não é o tipo de mulher que quero em minha cama, por mais que esteja um mulherão de fazer qualquer homem se encantar, eu sei que ela ainda é uma menina doce e ingênua. Mesmo que não fosse irmã do meu melhor amigo, não me envolveria, pois tenho certeza que não a faria feliz.

Sou um homem do mundo, gosto de mulheres, não dou exclusividade e nem prioridade a ninguém, não mais, pois quando eu deixei alguém se aproximar do meu coração ele foi despedaçado.

Ver a mágoa nos olhos da Hanna, depois que a rejeitei, foi como um soco no estômago, nunca tive a intenção de magoá-la, mas, pela nossa amizade e pelo carinho que nutro por ela, eu a devia a verdade. Eu não iludiria a irmãzinha do meu irmão, amo aquela garota o suficiente para fazer isso.

Depois do acontecido, passei dias tentando conversar com ela, mas fui ignorado de todas as formas possíveis. Fui em seu apartamento, não a encontrei lá no momento, mas sua amiga gostosa, que estava lá sozinha, me seduziu. Na verdade eu devo tê-la seduzido, mas, de qualquer forma, quando me dei conta estava transando com a garota no chão da sala. Hanna chegou quando estávamos arrumando nossas roupas, olhou-me com descrença e mágoa, em seguida saiu correndo.

Fui atrás dela mas não conseguir alcançar, eu tinha em mente que ela iria me perdoar, era questão de tempo, porém ela não me deu chance de chegar perto nem uma vez.

Ainda tem o Vicente nessa história, ele jamais me perdoaria se eu fizesse algo com sua irmãzinha. Eu adorava ir para casa dele, sua mãe fazia minhas comidas favoritas e sempre tinha uma roupa quentinha para mim.

Minha vida não era muito fácil, mas eu não reclamava. Não conheci meus pais, eles morreram em um acidente de carro quando eu era muito pequeno, meu avô assumiu a responsabilidade de me criar. Ele trabalhava mais de dez horas por dia para nos sustentar. Nossa vida era muito regrada, desde cedo aprendi a dar valor ao dinheiro e que se eu quisesse mudar a nossa vida teria que estudar e me esforçar.

Com treze anos comecei a entregar jornal para ajudar meu avô, em um dia desses conheci Marina Cooper. Estava passando de bicicleta quando sua sacola rasgou e suas compras caíram no chão. Coloquei minha bicicleta velha de lado e a ajudei a pegar suas coisas, ela perguntou meu nome e conversou comigo o caminho todo. Nunca esqueci o seu sorriso e simpatia, a acompanhei até sua casa, ela me convidou para entrar, mas fiquei na porta com vergonha. Uma linda garotinha de grandes olhos azuis chegou em mim e me puxou para dentro.

Entrei timidamente, todos sorriram e me trataram muito bem, me convidaram a sentar, logo uma senhora apareceu com biscoitos e sucos. O pequeno anjo de olhos azuis se chamava Hanna, sentou e ficou ao meu lado o tempo inteiro. Tinha um garoto que aparentava ter a minha idade, era o Vicente, ele foi muito simpático e naquele dia nasceu uma forte amizade. Daquele dia em diante, passei a frequentar a casa dos Cooper.

Eles eram muito ricos, mas nunca me esnobaram por não ter dinheiro também, muito pelo contrário, me ajudaram a conseguir uma bolsa para estudar com o Vicente, por ser inteligente acabei acelerando algumas séries. Me formei com notas exemplares, a ida para a faculdade foi uma surpresa para mim. Marina e Vitorio me chamaram para conversar e se ofereceram para pagar a minha faculdade, mandaram eu escolher o curso, tentei negar, mas eles foram insistentes.

Fui para a Universidade cursar Administração junto com o Vicente, que começou a cursar medicina, no final do curso e eu fui fazer uma pós.

Comecei a trabalhar meio turno em um escritório, nos finais de semana trabalhava como bar tender e conseguia um dinheiro para ajudar meu avô, me manter e guardar alguma coisa.

Comecei a estudar sobre o mercado financeiro, peguei minhas economias e acompanhado do Vicente fizemos bons investimentos, no final da faculdade já estávamos ricos.

Abrir uma pequena joalheria e com o tempo ela cresceu tanto que pude expandir e abrir várias franquias. Conseguir dá um lugar digno para meu avô viver seus últimos dias, pude dá a ele a alegria de saber que venci na vida.

Há alguns anos eu conheci Ana, uma mulher por quem me apaixonei, eu mudei completamente, ficamos noivos e estávamos prestes a morar juntos quando ela me feriu grandemente.

Voltei a ser o Murilo mulherengo e prometi a mim mesmo nunca mais me apaixonar por ninguém. Um tempo depois descobrir que Ana estava com câncer, não pude deixá-la desamparada, fiquei ao seu lado até ela me expulsar e cometer uma brutalidade.

- Murilo? - volto para a realidade com Vicente me chamando - Você está ai parado a um tempo, está passando mal?

- Estou bem, estava apenas pensando em alguns compromissos. Tenho trabalhado bastante.

- Sabe que se precisar é só avisar, não tenho palavras para agradecer pelo que está fazendo por mim.

- Amigos são para essas coisas - aperto o ombro dele amigavelmente e vou embora.

Preciso me afastar um pouco da minha ursinha, tenho que esquecer esse súbito desejo é errado de várias formas.

Mas devo confessar que o sabor do seu beijo vai me perseguir para sempre.

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