Murilo Lewis.
Tudo bem, confesso que eu não estava preparado para ver Hanna versão mulherão, quando eu fui embora ela ainda era uma adolescente que usava aparelhos, quando eu vinha visitar sua família acompanhado da minha ex noiva eu não tinha olhos para nenhuma outra mulher.
Lembro de quando eu comecei a frequentar a casa dos seus pais, eu gostava de passar um tempo com ela, sempre sentir uma vontade de cuidar e protegê-la, a minha ursinha, um dos motivos para eu achar tão errado beijá-la.
Hanna não é o tipo de mulher que quero em minha cama, por mais que esteja um mulherão de fazer qualquer homem se encantar, eu sei que ela ainda é uma menina doce e ingênua. Mesmo que não fosse irmã do meu melhor amigo, não me envolveria, pois tenho certeza que não a faria feliz.
Sou um homem do mundo, gosto de mulheres, não dou exclusividade e nem prioridade a ninguém, não mais, pois quando eu deixei alguém se aproximar do meu coração ele foi despedaçado.
Ver a mágoa nos olhos da Hanna, depois que a rejeitei, foi como um soco no estômago, nunca tive a intenção de magoá-la, mas, pela nossa amizade e pelo carinho que nutro por ela, eu a devia a verdade. Eu não iludiria a irmãzinha do meu irmão, amo aquela garota o suficiente para fazer isso.
Depois do acontecido, passei dias tentando conversar com ela, mas fui ignorado de todas as formas possíveis. Fui em seu apartamento, não a encontrei lá no momento, mas sua amiga gostosa, que estava lá sozinha, me seduziu. Na verdade eu devo tê-la seduzido, mas, de qualquer forma, quando me dei conta estava transando com a garota no chão da sala. Hanna chegou quando estávamos arrumando nossas roupas, olhou-me com descrença e mágoa, em seguida saiu correndo.
Fui atrás dela mas não conseguir alcançar, eu tinha em mente que ela iria me perdoar, era questão de tempo, porém ela não me deu chance de chegar perto nem uma vez.
Ainda tem o Vicente nessa história, ele jamais me perdoaria se eu fizesse algo com sua irmãzinha. Eu adorava ir para casa dele, sua mãe fazia minhas comidas favoritas e sempre tinha uma roupa quentinha para mim.
Minha vida não era muito fácil, mas eu não reclamava. Não conheci meus pais, eles morreram em um acidente de carro quando eu era muito pequeno, meu avô assumiu a responsabilidade de me criar. Ele trabalhava mais de dez horas por dia para nos sustentar. Nossa vida era muito regrada, desde cedo aprendi a dar valor ao dinheiro e que se eu quisesse mudar a nossa vida teria que estudar e me esforçar.
Com treze anos comecei a entregar jornal para ajudar meu avô, em um dia desses conheci Marina Cooper. Estava passando de bicicleta quando sua sacola rasgou e suas compras caíram no chão. Coloquei minha bicicleta velha de lado e a ajudei a pegar suas coisas, ela perguntou meu nome e conversou comigo o caminho todo. Nunca esqueci o seu sorriso e simpatia, a acompanhei até sua casa, ela me convidou para entrar, mas fiquei na porta com vergonha. Uma linda garotinha de grandes olhos azuis chegou em mim e me puxou para dentro.
Entrei timidamente, todos sorriram e me trataram muito bem, me convidaram a sentar, logo uma senhora apareceu com biscoitos e sucos. O pequeno anjo de olhos azuis se chamava Hanna, sentou e ficou ao meu lado o tempo inteiro. Tinha um garoto que aparentava ter a minha idade, era o Vicente, ele foi muito simpático e naquele dia nasceu uma forte amizade. Daquele dia em diante, passei a frequentar a casa dos Cooper.
Eles eram muito ricos, mas nunca me esnobaram por não ter dinheiro também, muito pelo contrário, me ajudaram a conseguir uma bolsa para estudar com o Vicente, por ser inteligente acabei acelerando algumas séries. Me formei com notas exemplares, a ida para a faculdade foi uma surpresa para mim. Marina e Vitorio me chamaram para conversar e se ofereceram para pagar a minha faculdade, mandaram eu escolher o curso, tentei negar, mas eles foram insistentes.
Fui para a Universidade cursar Administração junto com o Vicente, que começou a cursar medicina, no final do curso e eu fui fazer uma pós.
Comecei a trabalhar meio turno em um escritório, nos finais de semana trabalhava como bar tender e conseguia um dinheiro para ajudar meu avô, me manter e guardar alguma coisa.
Comecei a estudar sobre o mercado financeiro, peguei minhas economias e acompanhado do Vicente fizemos bons investimentos, no final da faculdade já estávamos ricos.
Abrir uma pequena joalheria e com o tempo ela cresceu tanto que pude expandir e abrir várias franquias. Conseguir dá um lugar digno para meu avô viver seus últimos dias, pude dá a ele a alegria de saber que venci na vida.
Há alguns anos eu conheci Ana, uma mulher por quem me apaixonei, eu mudei completamente, ficamos noivos e estávamos prestes a morar juntos quando ela me feriu grandemente.
Voltei a ser o Murilo mulherengo e prometi a mim mesmo nunca mais me apaixonar por ninguém. Um tempo depois descobrir que Ana estava com câncer, não pude deixá-la desamparada, fiquei ao seu lado até ela me expulsar e cometer uma brutalidade.
- Murilo? - volto para a realidade com Vicente me chamando - Você está ai parado a um tempo, está passando mal?
- Estou bem, estava apenas pensando em alguns compromissos. Tenho trabalhado bastante.
- Sabe que se precisar é só avisar, não tenho palavras para agradecer pelo que está fazendo por mim.
- Amigos são para essas coisas - aperto o ombro dele amigavelmente e vou embora.
Preciso me afastar um pouco da minha ursinha, tenho que esquecer esse súbito desejo é errado de várias formas.
Mas devo confessar que o sabor do seu beijo vai me perseguir para sempre.
Hanna Cooper.Cruzo a boate lotada, me esquivando de vários corpos suados e histéricos, que dançam ao som de Alive, do DJ Alok. Seguro um copo transparente contendo um líquido vermelho, doce, porém, muito forte, não fazia ideia do nome, e perdi as contas de quantos copos eu já havia bebido.Sigo Flora, minha melhor amiga desde o início da faculdade, andamos de mãos dadas até o outro lado da boate onde estão nossos amigos e uns conhecidos.Eu estava muito feliz que finalmente eu me formei e aprenderei o máximo que eu conseguir para um dia assumir o hospital da minha família. Esse pensamento me faz lembrar do Murilo, o grande amor da minha infância e adolescência. A forma rude na qual ele falou que foi um erro o nosso beijo e em como ele foi um babaca por ter transado com a minha ex amiga no meu apartamento.Preciso apagar qualquer vestígio de sentimento por aquele homem, vamos trabalhar juntos e não quero me machucar. Não mais.Depois do episódio da festa, onde nos beijamos e ele me m
Hanna Cooper.Sinto a claridade incomodar os meus olhos e os abro lentamente. Primeiro sinto uma dor de cabeça tão forte que parece que vai explodir a qualquer momento, depois observo o teto branco, sem lâmpada, a cama macia me parece muito aconchegante, percebo que não estou em meu quarto e que não estou sonhando.Sento-me rapidamente na cama e parece que o mundo está girando, a cabeça começa a latejar e aperto as minhas têmporas e respiro devagar algumas vezes tentando lembrar da noite anterior e principalmente tentar descobrir onde estou.Quando sinto que estou melhor, começo a avaliar o quarto com os olhos, vejo algumas janelas redondas e caminho até elas, as nuvens passam com rapidez e a imensidão azul do oceano preenche a minha visão, percebo está em um avião.- Um avião - exclamo chocada e tapo a boca com as mãos em descrença - Com vim parar aqui?! - coloco as mãos na cabeça preocupada.Noto a decoração rica e de bom gosto do quarto, sigo em passos lentos e cuidadosos até a por
Hanna Cooper.Na verdade eu estava um pouco feliz por ele ter me trazido junto, e principalmente por não ter que encarar minha família, a outra parte de mim estava nervosa, porque quanto eu prolongar, piores serão seus discursos protetores.- Você estava bêbada e desmaiada, ursinha. Eu poderia pedir para alguém fazer isso por mim, mas então, eu teria que encarar seu irmão e seu pai por ter feito isso, quando estivesse de volta.- Eles sabem desse detalhe? - pergunto insegura.- Tudinho - fala rindo.- Fofoqueiro - cruzo os braços emburrada.- Quanto a você não está feliz com a minha companhia, sinto lhe informar, mas breve conviveremos diariamente - lembra.- Somente o necessário, sei separar as coisas.- Separar o que exatamente, ursinha?- No hospital, vamos ser colegas de trabalho, vou está tão focada que não terei tempo de olhar para sua cara e lembrar o quão babaca é.- Eu já pedi desculpas pelo beijo.- Não estou falando do beijo - explodo - Na verdade você se desculpar pelo bei
Hanna Cooper.Um táxi nos trouxe até o hotel em que Murilo tinha reserva, em todo o caminho eu estive observando a cidade, Fortaleza é um lugar muito bonito. A suíte presidencial que ficamos hospedados é enorme e de frente para a praia.Após fazer minha inspeção pelo ambiente luxuoso, peguei o celular do Murilo e liguei para o meu irmão. Só depois que garanti mais de dez vezes que estava bem e que não sairia de perto do Murilo foi que ele desligou.- Você está fome? - Murilo pergunta atrás de mim, enquanto eu caminho para a varanda da suíte.- Um pouco - respondo.Um sorriso escapa dos meus lábios quando o sol quente toca minha pele. Amo a sensação dos raios solares esquentando a minha pele.- Ursinha - Murilo chama, e eu me viro para vê-lo na entrada da varanda. Ele sorri despreocupado, notando que me pegou distraída e ergue uma sobrancelha.- Eu perguntei se estava tudo bem se eu pedir uma comida leve.Concordo com um aceno de cabeça e volto minha atenção para as águas convidativas
Hanna Cooper.*Flashback on*Aguardo pacientemente minha babá terminar de pentear os meus cabelos, eu não gosto muito quando ela os alisa demais.Estou muito ansiosa para descer e ver meu irmão. Ele finalmente voltou para casa depois de dois meses num acampamento para meninos, ele chegou pela manhã mas eu estava na aula e quando voltei ele saiu com o papai.Eu escolhi meu melhor vestido e minha melhor sapatilha. Eu gosto de estar bonita e hoje é um dia especial, estava com muita saudade.Matilda, minha babá, termina de pentear meus cabelos e eu saio correndo para fora do meu quarto e desço as escadas, apressada.E lá está ele, em pé no meio da sala contando suas aventuras no acampamento. O irmão mais lindo que uma menina pode ter. Eu costumo passar isso na cara das minhas amigas. Sempre.- Vince - grito animada e abraço as pernas do meu irmão.Ele é muito alto, é mais velho que eu. E eu sou baixinha ainda, só tenho oito anos.Ele sorri e beija o topo da minha cabeça.- Você está maior
1 ANO DEPOIS. Hanna Cooper. Acordo sobressaltada com um som estridente ao lado da minha cabeça, bufo frustrada e morrendo de sono ainda. Bocejo preguiçosamente e passo as mãos pela cama, sentido a maciez do lençol de duzentos fios egípcios. De repente sinto cabelos na palma da minha mão, cabelos que não meus e imediatamente lembro do que aconteceu na noite passada. Coloco um travesseiro no rosto e grito frustrada. Eu cheguei de viagem ontem a noite, depois de ter passado um ano em Harvard fazendo uma especialização. Após visitar a minha família, decidi sair para comemorar e liguei para minha melhor amiga, Flora. Nós fomos para uma boate muito conhecida na cidade, perto da praia. Lá após alguns coquetéis, um homem bonito se aproximou, ele era alto, ombros largos e cabelos negros como a noite. Desde que cheguei na boate que sinto seus olhos sobre mim, confesso que gostei de me sentir desejada por um homem tão bonito. Ele se aproximou e conversamos muito, dançamos e eu acabei bebendo
Hanna Cooper.Atravesso os grandes corredores brancos do hospital em direção ao elevador que vai me levar até o andar da Administração.Dou uma ultima olhada na minha roupa e suspiro aprovando a minha escolha. Devo confessar que para minha sorte, eu fui criada por uma mãe que leva a elegância muito a sério. Ela me ensinou o gosto de se vestir bem em qualquer ocasião, seja uma festinha de aniversário ou um baile de caridade. Saber me vestir para o trabalho é como uma obrigação.É o meu primeiro dia no Cooper Clinic, então eu optei por uma saia lápis preta que vai até o meus joelhos, uma blusa branca, um casaquinho preto e um Scarpin branco.Apesar de saber que esse hospital é da minha família e que meu mentor/CEO é muito próximo, eu confesso que estou um pouco nervosa. Nesse tempo que ele já está aqui no hospital, Murilo já é conhecido por ser exigente com os funcionários.Além de atual CEO do hospital ele também é dono de uma empresa grande, que a cada dia cresce mais, alguns dizem qu
Hanna Cooper.Encaro a minha mesa, com uma vista perfeita da mesa do Murilo. É aqui que ele me quer, ao seu lado, para testar se eu sou boa o suficiente para assumir a presidência.Estou levando como um desafio, desafio esse que irá, agregar na minha carreira profissional. Mentalizo que daqui a um tempo eu serei a chefe de milhares de pessoas, assim como Murilo é.Termino de organizar a minha mesa, estou ansiosa para começar a entender o fluxo do Hospital, acredito que Murilo será um excelente mentor. Além de ser uma bela vista em um dia cansativo de trabalho, eu só preciso manter meu coração longe desse homem galante e sedutor.Após estar tudo organizado, caminho até a copa e congelo com a visão a minha frente. O universo só pode estar de brincadeira comigo, uma brincadeira de muito mau gosto. Porque estou vendo o moço bonito, que acordou na minha cama, que eu dei uns amassos bêbada e quase transei. Ele está parado de frente para máquina de café.Engulo em seco, pisco várias vezes, u