Hanna Cooper.
Cruzo a boate lotada, me esquivando de vários corpos suados e histéricos, que dançam ao som de Alive, do DJ Alok. Seguro um copo transparente contendo um líquido vermelho, doce, porém, muito forte, não fazia ideia do nome, e perdi as contas de quantos copos eu já havia bebido.
Sigo Flora, minha melhor amiga desde o início da faculdade, andamos de mãos dadas até o outro lado da boate onde estão nossos amigos e uns conhecidos.
Eu estava muito feliz que finalmente eu me formei e aprenderei o máximo que eu conseguir para um dia assumir o hospital da minha família.
Esse pensamento me faz lembrar do Murilo, o grande amor da minha infância e adolescência. A forma rude na qual ele falou que foi um erro o nosso beijo e em como ele foi um babaca por ter transado com a minha ex amiga no meu apartamento.
Preciso apagar qualquer vestígio de sentimento por aquele homem, vamos trabalhar juntos e não quero me machucar. Não mais.
Depois do episódio da festa, onde nos beijamos e ele me magoou, eu sair correndo e esbarrei no Tyler, um amigo da faculdade. Ele mesmo sem saber do que aconteceu deu um ombro para chorar e alguns copos de bebida.
Um tempo depois começamos a sair, depois começamos a ficar e então ele me pediu em namoro. Eu não o amor, mas gosto de me sentir desejada e cuidada.
Eu gosto de sair, entrar em qualquer lugar e beber a quantidade de álcool que eu ache suficiente, sem que ninguém me diga para parar, o bom do Tyler é que ele não é protetor e não tenta me controlar.
Diferente do meu irmão, que não aprova que eu saia para beber, pelo contrário, ele sequer sabe onde estou, para Vince eu estou deitada na minha cama sonhando com os anjos. Ainda bem que tenho meu próprio apartamento.
Suspiro sabendo que amanhã ele saberá da minha saída noturna, somos muito conhecidos na cidade e eu vi muitos paparazzis lá fora. Aposto que amanhã cedo ele estará na porta do meu apartamento disposto a me arrastar de volta para casa dos meus pais. Meu irmão é tão protetor que sufoca.
Fico nas pontas do pés procurando meu namorado no meio daquelas pessoas desconhecidas e o avisto um pouco mais a frente.
- Achei - aviso Flora e aponto na direção que o vi, seguimos para lá.
Vejo alguns dos meninos encostados na mesa, bebendo suas bebidas enquanto observam vidrados algumas mulheres dançarem. Viro para Tyler e congelo no lugar, fecho os olhos por alguns segundos e respiro fundo, várias vezes para ter certeza que a bebida não está me fazendo ver alucinações.
Balanço a cabeça e abro os olhos, olho para Flora que está igualmente chocada, e encaro a cena patética que se desenrola em minha frente.
O meu namorado estava beijando obscenamente a boca de uma garota no meio da balada, ele a pressiona contra a parede, suas mãos seguram firmemente o rosto dela, enquanto sua língua passeia pela boca da garota loira.
Pisco várias vezes tentando controlar as lágrimas que se formam ao redor dos meus olhos, minhas mãos começam a suar e aperto a mão da Flora.
Ela parece sair de um transe, anda duramente em direção ao casal que estão quase transando no canto da parede e puxa Tyler pela camisa, o afastando da garota.
A menina os encara assustada e eu a avalio, ele é muito linda, tem os cabelos loiros e longos, ela é bem baixinha, porém tem um corpo de dar inveja a qualquer mulher dentro dessa boate e suas roupas provocantes só realçam ainda mais suas curvas. O vestido era tão decotado que tive a impressão que seus seios pulariam para fora a qualquer momento e tão justo que parecia que ela nem conseguia respirar direito.
- Quem....? - Tyler exclama com surpresa e raiva, olha feio para a pessoa que o puxou e quando percebe ser a Flora seus olhos ficam enormes e viajam até mim - Hanna?! - foi sua reação.
Nada além de um simples "Hanna" e um olhar surpreso.
- Você ficou maluco? - me aproximo e começo a distribuir t***s no cafajeste e o empurrar - Está me traindo bem na minha frente?
- E com uma cadela qualquer - Flora acrescenta.
A garota solta uma exclamação ofendida e Tyler segura meus pulsos, impedindo-me de continuar a bater em seu peito.
- Para - exige e eu me solto - Não foi nada demais Hanna, estava só tentando me aliviar.
- Se aliviar? - pergunto chocada.
- Sim, caramba - ele passa as mãos pelos cabelos - Eu sou homem, tenho necessidades, necessidades essas que você não quer satisfazer - tenta me tocar mas me afasto - Precisa entender, isso aqui não significou nada para mim.
- Você é pior do que eu pensei – falo com desgosto.
- Hanna, vamos conversar – pede – Eu amo você, vamos esquecer isso e seguir em frente. Foi apenas um deslize.
Cansada de ouvir suas desculpas, desculpas essas que eu já tinha ouvido antes, quando ele me traiu da primeira vez e eu perdoei por achar que o problema realmente estava em mim. Mas agora chega, mereço mais do que ser traída.
Jogo o líquido da bebida que está em minha mão em seu rosto, ele reclama da ardência nos olhos, sua expressão era de dor e, por alguns segundos, eu me senti vitoriosa.
Viro-me e saio correndo entre as pessoas, em a direção a saída. Eu estou tão tonta por causa da bebida, minha visão está embaçada, e lágrimas grossas caem sem parar pelo meu rosto.
Estou me sentindo tão humilhada que tudo que eu queria era chegar em casa e ligar para o meu irmão, estou precisando do abraço dele.
Escuto a voz de alguém chamando por mim, quando chego próximo a uma porta, tive a ligeira impressão que era o Murilo, mas acredito que estou muito bêbada, seguir meu caminho até que sinto um par de braços fortes abraçar minha cintura quando finalmente o ar gelado da noite invade as minhas narinas.
Grito de susto e tento me soltar, mas o desconhecido é mais forte que eu. Grito por socorro e esperneio, mas ninguém pareceu se importar muito com isso.
Meu coração b**e mais forte com medo do que me espera, os braços fortes me erguem e me colocam no interior de um carro que cheira a couro caro. Eu não consigo ver quando a pessoa me prende com o sinto de segurança, e ela também não fala uma palavra sequer, para que eu consiga identificá-la pela voz, se é que a conheço. A porta do carro se fecha e eu tento manter meus olhos abertos, mas eles estavam muito pesados para isso, então, eu apago naquele banco de carro, desconhecido.
Hanna Cooper.Sinto a claridade incomodar os meus olhos e os abro lentamente. Primeiro sinto uma dor de cabeça tão forte que parece que vai explodir a qualquer momento, depois observo o teto branco, sem lâmpada, a cama macia me parece muito aconchegante, percebo que não estou em meu quarto e que não estou sonhando.Sento-me rapidamente na cama e parece que o mundo está girando, a cabeça começa a latejar e aperto as minhas têmporas e respiro devagar algumas vezes tentando lembrar da noite anterior e principalmente tentar descobrir onde estou.Quando sinto que estou melhor, começo a avaliar o quarto com os olhos, vejo algumas janelas redondas e caminho até elas, as nuvens passam com rapidez e a imensidão azul do oceano preenche a minha visão, percebo está em um avião.- Um avião - exclamo chocada e tapo a boca com as mãos em descrença - Com vim parar aqui?! - coloco as mãos na cabeça preocupada.Noto a decoração rica e de bom gosto do quarto, sigo em passos lentos e cuidadosos até a por
Hanna Cooper.Na verdade eu estava um pouco feliz por ele ter me trazido junto, e principalmente por não ter que encarar minha família, a outra parte de mim estava nervosa, porque quanto eu prolongar, piores serão seus discursos protetores.- Você estava bêbada e desmaiada, ursinha. Eu poderia pedir para alguém fazer isso por mim, mas então, eu teria que encarar seu irmão e seu pai por ter feito isso, quando estivesse de volta.- Eles sabem desse detalhe? - pergunto insegura.- Tudinho - fala rindo.- Fofoqueiro - cruzo os braços emburrada.- Quanto a você não está feliz com a minha companhia, sinto lhe informar, mas breve conviveremos diariamente - lembra.- Somente o necessário, sei separar as coisas.- Separar o que exatamente, ursinha?- No hospital, vamos ser colegas de trabalho, vou está tão focada que não terei tempo de olhar para sua cara e lembrar o quão babaca é.- Eu já pedi desculpas pelo beijo.- Não estou falando do beijo - explodo - Na verdade você se desculpar pelo bei
Hanna Cooper.Um táxi nos trouxe até o hotel em que Murilo tinha reserva, em todo o caminho eu estive observando a cidade, Fortaleza é um lugar muito bonito. A suíte presidencial que ficamos hospedados é enorme e de frente para a praia.Após fazer minha inspeção pelo ambiente luxuoso, peguei o celular do Murilo e liguei para o meu irmão. Só depois que garanti mais de dez vezes que estava bem e que não sairia de perto do Murilo foi que ele desligou.- Você está fome? - Murilo pergunta atrás de mim, enquanto eu caminho para a varanda da suíte.- Um pouco - respondo.Um sorriso escapa dos meus lábios quando o sol quente toca minha pele. Amo a sensação dos raios solares esquentando a minha pele.- Ursinha - Murilo chama, e eu me viro para vê-lo na entrada da varanda. Ele sorri despreocupado, notando que me pegou distraída e ergue uma sobrancelha.- Eu perguntei se estava tudo bem se eu pedir uma comida leve.Concordo com um aceno de cabeça e volto minha atenção para as águas convidativas
Hanna Cooper.*Flashback on*Aguardo pacientemente minha babá terminar de pentear os meus cabelos, eu não gosto muito quando ela os alisa demais.Estou muito ansiosa para descer e ver meu irmão. Ele finalmente voltou para casa depois de dois meses num acampamento para meninos, ele chegou pela manhã mas eu estava na aula e quando voltei ele saiu com o papai.Eu escolhi meu melhor vestido e minha melhor sapatilha. Eu gosto de estar bonita e hoje é um dia especial, estava com muita saudade.Matilda, minha babá, termina de pentear meus cabelos e eu saio correndo para fora do meu quarto e desço as escadas, apressada.E lá está ele, em pé no meio da sala contando suas aventuras no acampamento. O irmão mais lindo que uma menina pode ter. Eu costumo passar isso na cara das minhas amigas. Sempre.- Vince - grito animada e abraço as pernas do meu irmão.Ele é muito alto, é mais velho que eu. E eu sou baixinha ainda, só tenho oito anos.Ele sorri e beija o topo da minha cabeça.- Você está maior
1 ANO DEPOIS. Hanna Cooper. Acordo sobressaltada com um som estridente ao lado da minha cabeça, bufo frustrada e morrendo de sono ainda. Bocejo preguiçosamente e passo as mãos pela cama, sentido a maciez do lençol de duzentos fios egípcios. De repente sinto cabelos na palma da minha mão, cabelos que não meus e imediatamente lembro do que aconteceu na noite passada. Coloco um travesseiro no rosto e grito frustrada. Eu cheguei de viagem ontem a noite, depois de ter passado um ano em Harvard fazendo uma especialização. Após visitar a minha família, decidi sair para comemorar e liguei para minha melhor amiga, Flora. Nós fomos para uma boate muito conhecida na cidade, perto da praia. Lá após alguns coquetéis, um homem bonito se aproximou, ele era alto, ombros largos e cabelos negros como a noite. Desde que cheguei na boate que sinto seus olhos sobre mim, confesso que gostei de me sentir desejada por um homem tão bonito. Ele se aproximou e conversamos muito, dançamos e eu acabei bebendo
Hanna Cooper.Atravesso os grandes corredores brancos do hospital em direção ao elevador que vai me levar até o andar da Administração.Dou uma ultima olhada na minha roupa e suspiro aprovando a minha escolha. Devo confessar que para minha sorte, eu fui criada por uma mãe que leva a elegância muito a sério. Ela me ensinou o gosto de se vestir bem em qualquer ocasião, seja uma festinha de aniversário ou um baile de caridade. Saber me vestir para o trabalho é como uma obrigação.É o meu primeiro dia no Cooper Clinic, então eu optei por uma saia lápis preta que vai até o meus joelhos, uma blusa branca, um casaquinho preto e um Scarpin branco.Apesar de saber que esse hospital é da minha família e que meu mentor/CEO é muito próximo, eu confesso que estou um pouco nervosa. Nesse tempo que ele já está aqui no hospital, Murilo já é conhecido por ser exigente com os funcionários.Além de atual CEO do hospital ele também é dono de uma empresa grande, que a cada dia cresce mais, alguns dizem qu
Hanna Cooper.Encaro a minha mesa, com uma vista perfeita da mesa do Murilo. É aqui que ele me quer, ao seu lado, para testar se eu sou boa o suficiente para assumir a presidência.Estou levando como um desafio, desafio esse que irá, agregar na minha carreira profissional. Mentalizo que daqui a um tempo eu serei a chefe de milhares de pessoas, assim como Murilo é.Termino de organizar a minha mesa, estou ansiosa para começar a entender o fluxo do Hospital, acredito que Murilo será um excelente mentor. Além de ser uma bela vista em um dia cansativo de trabalho, eu só preciso manter meu coração longe desse homem galante e sedutor.Após estar tudo organizado, caminho até a copa e congelo com a visão a minha frente. O universo só pode estar de brincadeira comigo, uma brincadeira de muito mau gosto. Porque estou vendo o moço bonito, que acordou na minha cama, que eu dei uns amassos bêbada e quase transei. Ele está parado de frente para máquina de café.Engulo em seco, pisco várias vezes, u
Hanna Cooper.No dia seguinte, na hora do almoço, me sento com Vicente em uma mesa no seu restaurante preferido.- Murilo me contou que vocês ficarão na mesma sala - ele comenta, quando o garçom se afasta com nossos pedidos.- Sim, ele disse que não pode me ensinar se eu ficar em outra sala - tiro meu óculos escuro e guardo na bolsa - Acredito que essa vivência com ele vai ser muito boa, ele é um excelente profissional.- Mas o que você acha de ficar na mesma sala que ele? - questiona me avaliando - Não queria ter privacidade?- Como eu falei, Murilo está ali para me ensinar e se ele acha que preciso estar com ele o tempo inteiro, por mim tudo bem - falo dando de ombros - Estou em treinamento Vince, trabalhar com ele o tempo inteiro vai ser um desafio bom.- Acredito no seu potencial, irmã - ele acaricia minhas mãos em cima da mesa - Tenho orgulho da mulher que está se tornando, pensei que você acharia um afronto ter um mentor.- Jamais, eu sei que sou muito nova, acabei de sair da Fa