CAPITULO 6

Hanna Cooper.

Sinto a claridade incomodar os meus olhos e os abro lentamente. Primeiro sinto uma dor de cabeça tão forte que parece que vai explodir a qualquer momento, depois observo o teto branco, sem lâmpada, a cama macia me parece muito aconchegante, percebo que não estou em meu quarto e que não estou sonhando.

Sento-me rapidamente na cama e parece que o mundo está girando, a cabeça começa a latejar e aperto as minhas têmporas e respiro devagar algumas vezes tentando lembrar da noite anterior e principalmente tentar descobrir onde estou.

Quando sinto que estou melhor, começo a avaliar o quarto com os olhos, vejo algumas janelas redondas e caminho até elas, as nuvens passam com rapidez e a imensidão azul do oceano preenche a minha visão, percebo está em um avião.

- Um avião - exclamo chocada e tapo a boca com as mãos em descrença - Com vim parar aqui?! - coloco as mãos na cabeça preocupada.

Noto a decoração rica e de bom gosto do quarto, sigo em passos lentos e cuidadosos até a porta. Abro devagar, e aprecio o interior luxuoso, com tons brancos e creme. Parece até uma casa, nem meus pais têm um jatinho desse porte.

Observo as poltronas, mesas, bar, bancos do bar, mesa de sinuca, chão, teto, televisão e ...

Esfrego os olhos para ter certeza que não estou delirando.

Murilo!

Murilo está sentado em uma das poltronas, vestido todo de preto, causando um contraste gritante com o ambiente claro, enquanto tem sua atenção em seu Notebook.

- Pode me explicar porque estou dentro de um avião com você? - pergunto cruzando os braços sobre o peito e me aproximando.

Ele levanta a cabeça pacientemente e encara os meus olhos, não me responde, ao invés disso, aponta para uma poltrona em sua frente.

- Sente-se ursinha - reviro os olhos para seu apelido - Vamos pousar em alguns minutos. Vou pedir que tragam comprimido suco para você.

- Pousar onde? - exijo saber ignorando o seu pedido - Você ficou maluco, Murilo?

Uma morena, magra e alta, com olhos verdes, sai da cabine do piloto e desfila com suas pernas longas, dentro de seu uniforme impecável de aeromoça. Ela para ao lado de dele, como se estivesse aguardando suas ordens.

Murilo fecha seu Notebook e guarda.

- Por favor, traga um comprimido para ressaca e um suco de limão para a senhorita Cooper - ele pede, e ela sorri tão abertamente, que eu acredito ser capaz de contar todos os seus dentes agora.

- Prefiro de laranja - falo só para contrariar.

Ela sorri levemente, sem a mesma empolgação que fez para o seu patrão.

- Sente-se, Hanna - a voz de exigente de Murilo me chamando pelo meu nome, lembra da voz que meu irmão usa quando ele se acha no direito de mandar em minha vida. Sera que ele sabem onde estou? E com quem?

Vicente vai tirar meu couro, quando souber que parei dentro de um avião desacordada e estou indo para não sei onde com o seu melhor amigo, galinha e sedutor.

Acredito que até o meu pai vai querer me esfolar, eles são muito protetores, e quando se trata da caçula que para eles é ingênua e indefesa, tudo fica um pouco pior.

Não que eu reclame disso, eu gosto as vezes. Eles são os melhores e mais loucos pai e irmão que uma garota poderia ter e eu me sinto protegida. Mas, também são como um pesadelo sufocante, às vezes.

"Hanna,

fique

longe

de festas e bebidas!"

"Hanna,

você

não

pode

sair

tão

tarde!"

"Eu

juro

que

vou arrebentar o

cara

que

ousar tocar

em

você!"

Esse último foi dito pelo Vicente, meu irmão possessivo e cuidadoso, não sei como Angel aguenta.

Sento-me na poltrona que Murilo indicou e prendo o cinto em minha cintura. Olho para o melhor amigo do meu irmão e tento ser o mais amigável possível.

- Onde estamos indo?

- Fortaleza - diz tranquilo - Sua família sabe que está comigo, ursinha. Fique tranquila.

Consigo respirar aliviada, mas isso não resolve os meus problemas, Vicente ainda vai querer me levar de volta para casa dos meus pais pelos cabelos, igual homem das cavernas.

- Por que está me levando para Fortaleza? Sabe que isso é um sequestro?

- Eu estava na mesma boate que você quando Vicente me ligou, pedindo para que a procurasse. Não foi difícil encontrá-la, na verdade você não saiu do meu campo de visão desde que chegou, acredite, eu segurei a vontade de tirar os copos de bebida que voce ingeriu loucamente - prendo a respiração com essa declaração, não sei o que pensar, na verdade sei, mais um homem para me controlar, já que ele me vê apenas como uma garotinha - Quando vi você saindo apressada, a interceptei e a trouxe comigo, mas eu tinha hora marcada para chegar ao aeroporto, acabei me atrasando por está tomando conta de você, mesmo que de longe, então, eu deixei Vicente sabendo que traria você comigo.

- Você poderia ter pedido para alguém me levar para a minha casa - dou de ombros - Não pense que estou gostando de está aqui com você.

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