Hanna Cooper.
Sinto a claridade incomodar os meus olhos e os abro lentamente. Primeiro sinto uma dor de cabeça tão forte que parece que vai explodir a qualquer momento, depois observo o teto branco, sem lâmpada, a cama macia me parece muito aconchegante, percebo que não estou em meu quarto e que não estou sonhando.
Sento-me rapidamente na cama e parece que o mundo está girando, a cabeça começa a latejar e aperto as minhas têmporas e respiro devagar algumas vezes tentando lembrar da noite anterior e principalmente tentar descobrir onde estou.
Quando sinto que estou melhor, começo a avaliar o quarto com os olhos, vejo algumas janelas redondas e caminho até elas, as nuvens passam com rapidez e a imensidão azul do oceano preenche a minha visão, percebo está em um avião.
- Um avião - exclamo chocada e tapo a boca com as mãos em descrença - Com vim parar aqui?! - coloco as mãos na cabeça preocupada.
Noto a decoração rica e de bom gosto do quarto, sigo em passos lentos e cuidadosos até a porta. Abro devagar, e aprecio o interior luxuoso, com tons brancos e creme. Parece até uma casa, nem meus pais têm um jatinho desse porte.
Observo as poltronas, mesas, bar, bancos do bar, mesa de sinuca, chão, teto, televisão e ...
Esfrego os olhos para ter certeza que não estou delirando.
Murilo!
Murilo está sentado em uma das poltronas, vestido todo de preto, causando um contraste gritante com o ambiente claro, enquanto tem sua atenção em seu Notebook.
- Pode me explicar porque estou dentro de um avião com você? - pergunto cruzando os braços sobre o peito e me aproximando.
Ele levanta a cabeça pacientemente e encara os meus olhos, não me responde, ao invés disso, aponta para uma poltrona em sua frente.
- Sente-se ursinha - reviro os olhos para seu apelido - Vamos pousar em alguns minutos. Vou pedir que tragam comprimido suco para você.
- Pousar onde? - exijo saber ignorando o seu pedido - Você ficou maluco, Murilo?
Uma morena, magra e alta, com olhos verdes, sai da cabine do piloto e desfila com suas pernas longas, dentro de seu uniforme impecável de aeromoça. Ela para ao lado de dele, como se estivesse aguardando suas ordens.
Murilo fecha seu Notebook e guarda.
- Por favor, traga um comprimido para ressaca e um suco de limão para a senhorita Cooper - ele pede, e ela sorri tão abertamente, que eu acredito ser capaz de contar todos os seus dentes agora.
- Prefiro de laranja - falo só para contrariar.
Ela sorri levemente, sem a mesma empolgação que fez para o seu patrão.
- Sente-se, Hanna - a voz de exigente de Murilo me chamando pelo meu nome, lembra da voz que meu irmão usa quando ele se acha no direito de mandar em minha vida. Sera que ele sabem onde estou? E com quem?
Vicente vai tirar meu couro, quando souber que parei dentro de um avião desacordada e estou indo para não sei onde com o seu melhor amigo, galinha e sedutor.
Acredito que até o meu pai vai querer me esfolar, eles são muito protetores, e quando se trata da caçula que para eles é ingênua e indefesa, tudo fica um pouco pior.
Não que eu reclame disso, eu gosto as vezes. Eles são os melhores e mais loucos pai e irmão que uma garota poderia ter e eu me sinto protegida. Mas, também são como um pesadelo sufocante, às vezes.
"Hanna,
fiquelongede festas e bebidas!""Hanna,
vocênãopodesairtãotarde!""Eu
juroquevou arrebentar ocaraqueousar tocaremvocê!"Esse último foi dito pelo Vicente, meu irmão possessivo e cuidadoso, não sei como Angel aguenta.
Sento-me na poltrona que Murilo indicou e prendo o cinto em minha cintura. Olho para o melhor amigo do meu irmão e tento ser o mais amigável possível.
- Onde estamos indo?
- Fortaleza - diz tranquilo - Sua família sabe que está comigo, ursinha. Fique tranquila.
Consigo respirar aliviada, mas isso não resolve os meus problemas, Vicente ainda vai querer me levar de volta para casa dos meus pais pelos cabelos, igual homem das cavernas.
- Por que está me levando para Fortaleza? Sabe que isso é um sequestro?
- Eu estava na mesma boate que você quando Vicente me ligou, pedindo para que a procurasse. Não foi difícil encontrá-la, na verdade você não saiu do meu campo de visão desde que chegou, acredite, eu segurei a vontade de tirar os copos de bebida que voce ingeriu loucamente - prendo a respiração com essa declaração, não sei o que pensar, na verdade sei, mais um homem para me controlar, já que ele me vê apenas como uma garotinha - Quando vi você saindo apressada, a interceptei e a trouxe comigo, mas eu tinha hora marcada para chegar ao aeroporto, acabei me atrasando por está tomando conta de você, mesmo que de longe, então, eu deixei Vicente sabendo que traria você comigo.
- Você poderia ter pedido para alguém me levar para a minha casa - dou de ombros - Não pense que estou gostando de está aqui com você.
Hanna Cooper.Na verdade eu estava um pouco feliz por ele ter me trazido junto, e principalmente por não ter que encarar minha família, a outra parte de mim estava nervosa, porque quanto eu prolongar, piores serão seus discursos protetores.- Você estava bêbada e desmaiada, ursinha. Eu poderia pedir para alguém fazer isso por mim, mas então, eu teria que encarar seu irmão e seu pai por ter feito isso, quando estivesse de volta.- Eles sabem desse detalhe? - pergunto insegura.- Tudinho - fala rindo.- Fofoqueiro - cruzo os braços emburrada.- Quanto a você não está feliz com a minha companhia, sinto lhe informar, mas breve conviveremos diariamente - lembra.- Somente o necessário, sei separar as coisas.- Separar o que exatamente, ursinha?- No hospital, vamos ser colegas de trabalho, vou está tão focada que não terei tempo de olhar para sua cara e lembrar o quão babaca é.- Eu já pedi desculpas pelo beijo.- Não estou falando do beijo - explodo - Na verdade você se desculpar pelo bei
Hanna Cooper.Um táxi nos trouxe até o hotel em que Murilo tinha reserva, em todo o caminho eu estive observando a cidade, Fortaleza é um lugar muito bonito. A suíte presidencial que ficamos hospedados é enorme e de frente para a praia.Após fazer minha inspeção pelo ambiente luxuoso, peguei o celular do Murilo e liguei para o meu irmão. Só depois que garanti mais de dez vezes que estava bem e que não sairia de perto do Murilo foi que ele desligou.- Você está fome? - Murilo pergunta atrás de mim, enquanto eu caminho para a varanda da suíte.- Um pouco - respondo.Um sorriso escapa dos meus lábios quando o sol quente toca minha pele. Amo a sensação dos raios solares esquentando a minha pele.- Ursinha - Murilo chama, e eu me viro para vê-lo na entrada da varanda. Ele sorri despreocupado, notando que me pegou distraída e ergue uma sobrancelha.- Eu perguntei se estava tudo bem se eu pedir uma comida leve.Concordo com um aceno de cabeça e volto minha atenção para as águas convidativas
Hanna Cooper.*Flashback on*Aguardo pacientemente minha babá terminar de pentear os meus cabelos, eu não gosto muito quando ela os alisa demais.Estou muito ansiosa para descer e ver meu irmão. Ele finalmente voltou para casa depois de dois meses num acampamento para meninos, ele chegou pela manhã mas eu estava na aula e quando voltei ele saiu com o papai.Eu escolhi meu melhor vestido e minha melhor sapatilha. Eu gosto de estar bonita e hoje é um dia especial, estava com muita saudade.Matilda, minha babá, termina de pentear meus cabelos e eu saio correndo para fora do meu quarto e desço as escadas, apressada.E lá está ele, em pé no meio da sala contando suas aventuras no acampamento. O irmão mais lindo que uma menina pode ter. Eu costumo passar isso na cara das minhas amigas. Sempre.- Vince - grito animada e abraço as pernas do meu irmão.Ele é muito alto, é mais velho que eu. E eu sou baixinha ainda, só tenho oito anos.Ele sorri e beija o topo da minha cabeça.- Você está maior
1 ANO DEPOIS. Hanna Cooper. Acordo sobressaltada com um som estridente ao lado da minha cabeça, bufo frustrada e morrendo de sono ainda. Bocejo preguiçosamente e passo as mãos pela cama, sentido a maciez do lençol de duzentos fios egípcios. De repente sinto cabelos na palma da minha mão, cabelos que não meus e imediatamente lembro do que aconteceu na noite passada. Coloco um travesseiro no rosto e grito frustrada. Eu cheguei de viagem ontem a noite, depois de ter passado um ano em Harvard fazendo uma especialização. Após visitar a minha família, decidi sair para comemorar e liguei para minha melhor amiga, Flora. Nós fomos para uma boate muito conhecida na cidade, perto da praia. Lá após alguns coquetéis, um homem bonito se aproximou, ele era alto, ombros largos e cabelos negros como a noite. Desde que cheguei na boate que sinto seus olhos sobre mim, confesso que gostei de me sentir desejada por um homem tão bonito. Ele se aproximou e conversamos muito, dançamos e eu acabei bebendo
Hanna Cooper.Atravesso os grandes corredores brancos do hospital em direção ao elevador que vai me levar até o andar da Administração.Dou uma ultima olhada na minha roupa e suspiro aprovando a minha escolha. Devo confessar que para minha sorte, eu fui criada por uma mãe que leva a elegância muito a sério. Ela me ensinou o gosto de se vestir bem em qualquer ocasião, seja uma festinha de aniversário ou um baile de caridade. Saber me vestir para o trabalho é como uma obrigação.É o meu primeiro dia no Cooper Clinic, então eu optei por uma saia lápis preta que vai até o meus joelhos, uma blusa branca, um casaquinho preto e um Scarpin branco.Apesar de saber que esse hospital é da minha família e que meu mentor/CEO é muito próximo, eu confesso que estou um pouco nervosa. Nesse tempo que ele já está aqui no hospital, Murilo já é conhecido por ser exigente com os funcionários.Além de atual CEO do hospital ele também é dono de uma empresa grande, que a cada dia cresce mais, alguns dizem qu
Hanna Cooper.Encaro a minha mesa, com uma vista perfeita da mesa do Murilo. É aqui que ele me quer, ao seu lado, para testar se eu sou boa o suficiente para assumir a presidência.Estou levando como um desafio, desafio esse que irá, agregar na minha carreira profissional. Mentalizo que daqui a um tempo eu serei a chefe de milhares de pessoas, assim como Murilo é.Termino de organizar a minha mesa, estou ansiosa para começar a entender o fluxo do Hospital, acredito que Murilo será um excelente mentor. Além de ser uma bela vista em um dia cansativo de trabalho, eu só preciso manter meu coração longe desse homem galante e sedutor.Após estar tudo organizado, caminho até a copa e congelo com a visão a minha frente. O universo só pode estar de brincadeira comigo, uma brincadeira de muito mau gosto. Porque estou vendo o moço bonito, que acordou na minha cama, que eu dei uns amassos bêbada e quase transei. Ele está parado de frente para máquina de café.Engulo em seco, pisco várias vezes, u
Hanna Cooper.No dia seguinte, na hora do almoço, me sento com Vicente em uma mesa no seu restaurante preferido.- Murilo me contou que vocês ficarão na mesma sala - ele comenta, quando o garçom se afasta com nossos pedidos.- Sim, ele disse que não pode me ensinar se eu ficar em outra sala - tiro meu óculos escuro e guardo na bolsa - Acredito que essa vivência com ele vai ser muito boa, ele é um excelente profissional.- Mas o que você acha de ficar na mesma sala que ele? - questiona me avaliando - Não queria ter privacidade?- Como eu falei, Murilo está ali para me ensinar e se ele acha que preciso estar com ele o tempo inteiro, por mim tudo bem - falo dando de ombros - Estou em treinamento Vince, trabalhar com ele o tempo inteiro vai ser um desafio bom.- Acredito no seu potencial, irmã - ele acaricia minhas mãos em cima da mesa - Tenho orgulho da mulher que está se tornando, pensei que você acharia um afronto ter um mentor.- Jamais, eu sei que sou muito nova, acabei de sair da Fa
Hanna Cooper.- Ursinha - o som rouco da sua voz baixa me arrepiam quando ele senta ao meu lado.Acredito que os sons roucos que saem de sua boca no ato sexual devem causar coisas pervertidas nas mulheres.Ele estende um braço para trás de mim segurando o encosto do assento e olha meus olhos fixamente.- O que há entre você e o Madson?- Eu e quem? - questiono sem entender e ele ri da minha confusão.- Heitor Madson.Outra coisa que eu não fazia ideia. Seu sobrenome. Eu tomo um pouco do meu coquetel que Flora me trouxe.- Nada - digo e o vejo arquear uma sobrancelha em dúvida - O quê? Ele é apenas um colega de trabalho. Eu não posso sair com colegas de trabalho?- Você quer dizer par mim que não transou com ele? - ele faz a pergunta como se estivesse me perguntando se eu almocei.Faço minha melhor cara de ofendida.- Mas é claro que não.- Eu tenho dois olhos, ursinha. Há duas opções - ele move os ombros e meus olhos caem para a abertura de sua camisa - Ou ele é um virgem, babando pel