Luíza Na porta está parada uma senhorinha baixinha, cabelos quase grisalhos, óculos de grau, sorrindo simpática para nós, aparentando estar perto dos seus 60 anos.—Bom dia queridos, vocês com certeza são o Lucca e a Luíza, não é mesmo? — Nós dois concordamos apenas com um aceno de cabeça — eu sou a Dra. Abigail, mas já adianto que quero ser chamada apenas pelo meu nome tudo bem? Pois vamos ter momentos bastante íntimos aqui e quero que se sintam à vontade para tal coisa.—Pode entrar Abigail, nos siga por favor! — O Lucca logo toma a frente nos guiando até a sala de estar que para varia, é incrivelmente espaçosa e linda. Deus, será que posso morar aqui? — Pode sentar onde achar melhor, quer alguma coisa para beber? — Alguém está nervoso, o Lucca é educado, mas não é de falar tanto assim com pessoas que está vendo pela primeira vez.—Obrigado pela gentileza, mas estou bem, vou sentar nessa poltrona, acho que terei uma visão melhor de vocês dois, já que pelo que entendi, vão fazer as
Luíza SEGUNDO DIA DE TERAPIA—Como estão hoje? Luíza falará sobre a sua visão tudo bem? — Já estamos na mesma sala de ontem, nos mesmos lugares, prontos para mais uma sessão. Ontem foi intenso, eu e o Lucca conversamos bastante antes de dormir o que também ajudou. Ele me disse que falar o que tinha falado comigo ouvindo, tinha sido libertador, que se sentia melhor do que antes.—Estamos bem Abigail e sim, ela vai falar hoje — ele responde segurando minha mão, sabendo que posso desabafar facilmente ao começar a falar.—Quando estiver pronta Luíza — ela fala com sua calma que já acostumamos apenas com a primeira sessão.—O Lucca falou sobre o início do nosso relacionamento, sobre nossas experiências e medos mas não os expos, sei que ele não o fez porque grande arte tem a ver comigo e ele respeita meu espaço, sempre foi assim — falo olhando dela para ele — bom, eu sou filha única de uma mãe que morreu no parto e um pai que nunca me quis, fui criada por minha avó materna que morreu de c
Luíza TERCEIRO DIA DE TERAPIA—E então... pensaram no que disse ontem? Quem vai falar primeiro? — Ela logo faz a pergunta que já temos a resposta, sei que a dele é a mesma que a minha porque conversamos sobre isso — o que fará vocês seguirem em frente?—ELA—ELE — respondemos ao mesmo tempo sorrindo um para o outro.—Porque? — Ela pergunta e Lucca já dá indícios de que vai falar primeiro.—Porque é com ela que vejo meu presente e futuro, é com ela que me vejo construindo tudo o que for possível, é o amor que sinto por ela que me faz ter certeza que podemos fazer qualquer coisa se estivermos juntos na mesma sintonia — me derreto e emociono ao mesmo tempo.—Minha resposta é exatamente a mesma, Abigail. Não me vejo construindo um futuro sem ser ao lado dele, não me vejo seguindo sem ter ele comigo, não me vejo sendo feliz com outra pessoa que não ele. Pode ser prematuro pensar assim se considerarmos que estamos juntos a quase seis meses..., mas foi com ele que percebi muitas coisas sobr
LuccaSabe uma pessoa feliz? Imagine você aí uma pessoa muito feliz, imaginou? Agora multiplique essa felicidade por mil e o resultado será o tamanho da minha felicidade desde que pedi a Luíza em casamento. Foi espontâneo, não o pedido em si por que eu já vinha com esse pensamento a um tempo, mas o jeito que tudo aconteceu. Depois que a terapeuta foi embora, além de me sentir mais leve do que já me sentia desde a primeira conversa, eu tinha mais certeza do que sentia por Luíza e do que ela sentia por mim... de uma maneira triste, nós acabamos nos ligando ainda mais. A dor nos fez ficar mais fortes, mas mais ainda, fez nós nos amarmos ainda mais, admirarmos o outro ainda mais e hoje todo mundo está vindo aqui para o campo. Eles não sabem ainda da novidade, nem mesmo o meu irmão que está trazendo o anel que eu já havia encomendado, pensando que seria tudo de outro jeito — mas aparentemente ela gostou até mais ter sido como foi — sabe que já fiz o pedido, ele acha que ainda vou fazer e p
Lucca—Concordo Barbie baby — Luíza responde a minha irmã — continuando... vamos casar em exatos três meses nem mais nem menos, esse foi o máximo de tempo que o Lucca deu então nem adianta tentarem uma extensão de tempo porque se eu não consegui, vocês também não vão e sobre o lugar — ela sorri largo antes de falar — será aqui na casa de campo, mais precisamente naquele gramado enorme, ao pôr do sol.—Adorei! — Minha mãe se pronuncia — apesar de achar três meses muito rápido para organizar e saber que trazer tudo para cá vai dar um certo trabalho, nós conseguimos fazer isso não é Elisa? — Minha mãe pergunta e a Elisa concorda na hora — E você Carmem, pode adiar sua volta para três meses porque vai nos ajudar com tudo.—Mãe, nós decidimos que será algo mais íntimo e tem que ter a cor vermelha porque é a cor preferida da Luíza — digo logo, antes que ela ache que faremos uma festa domo as que ela dá na cidade.—Podemos fazer isso! — Minha mãe diz.—Contem comigo — responde minha tia.—V
LuccaDEPOIS DE HORAS JOGANDO...—Isso não pode ser possível, não tem como uma pessoa ser tão sortuda assim! — Erick fala indignado, porque minha irmã foi quem mais ganhou para variar.—É que não se trata apenas de sorte e sim de inteligência — ela diz apontando para a própria cabeça — vocês são inteligentes, mas tem o ego maior ainda, então sempre perdem.—Pode até ser, mas você sempre ganhou tudo desde criança e agora por sua causa Erick, vamos ter que pular na porra da piscina congelando! — Luigi brada com o Erick que está com a cara péssima.Meu irmão está sem acreditar na quantidade de vezes que nossa irmã ganhou e os outros riem da situação. Não tem o que ser feito, o Erick topou, nós jogamos, perdemos — o que já era esperado — e agora teremos que pagar nossa aposta — mais uma vez — porém, só mais tarde, depois de ver o sol indo embora junto com todos os outros. Temos feito isso todo dia porquê de alguma forma nos trouxe um certo acalento, não sei explicar e hoje vamos dividir
LuízaPor onde eu começo?Antes de tudo preciso dizer gritando: MEU ANEL DE NOIVADO É PERFEITOOOO!Agora sim, vamos lá... depois dos dias que passamos na casa de campo, voltamos para Nova York na segunda pela manhã, todos nós, no mesmo dia assim que cheguei no AP, o Lucca disse que me ajudaria a arrumar o que fosse levar para a cobertura, porque jamais que ele deixaria a noiva dele morando com a louca da Emma — palavras dele, não minhas, que causaram uma briguinha bastante engraçada entre eles dois — mesmo com a picuinha rolando entre eles, os dois me ajudaram a organizar tudo que era meu e iria comigo para a casa dela — pasmem, ele botou os seguranças para carregara caixas e malas para os carros que nos escoltam, que nunca vejo por sinal — tudo que era meu foi tirado do apartamento que vivi durante quase todo o tempo que estou em NY, Emma que estava dando uma de “não estou nem aí”, chorou igual a uma criança me fazendo prometer que iria falar com ela todos os dias — como se fosse po
Luíza Apaguei todas as luzes deixando apenas um abajur de canto aceso para deixar um clima mais sensual, liguei o aparelho de som que tem na sala na música, Crazy in Love – Beyoncé — muito clichê, mas essa era a ideia — deixei tocando no modo repeat, me sentei na poltrona que fica de frente para quem entra na sala com as pernas meio abertas, assim que escutasse o barulho da porta era hora de começar a brincadeira e foi exatamente isso que eu fiz. Quando ouvi a porta bater, escutei ele me chamando por ter achado estranho o silencio, tudo escuro e uma música tocando baixo pelo apartamento, não respondi esperando ele aparecer com minhas mãos já passeando por meu corpo fingindo não ter escutado nada — essa é uma das coisa que descobri que um voyeur gosta, tipo espiar, assistir alguém que não sabe que no caso finge não saber que está sendo assistido — não demorou tanto para que os passos firmes se aproximassem da sala e logo depois o palavrão em italiano ecoasse pelo ambiente “ Cagna che