(Ethan)
Eu queria fazer a guarda dela de forma segura. Sendo assim, decidi sair. Ainda era madrugada quando saí do apartamento. O ar fresco da noite era um alívio bem-vindo para os meus sentidos sobrecarregados. Antes de ir, lancei um último olhar para Ella. Ela estava desacordada, encolhida sob a coberta que eu a tinha coberto. Sua respiração era tranquila, seus cabelos estavam espalhados sobre o travesseiro, e ela parecia tão vulnerável quanto serena.
Meus instintos estavam em alerta enquanto fechei a porta com cuidado. O bairro era tranquilo, mas eu nunca baixava a guarda, especialmente com Ella agora sob minha proteção. Passei os olhos pelo ambiente ao redor, atento a qualquer sinal de perigo.
Do outro lado da rua, Caelan estava encostado no carro. Ele segurava um cigarro entre os dedos, a brasa iluminando levemente sua expressão relaxada. A fumaça se
(Ella) Acordei sentindo-me incrivelmente disposta, algo que não acontecia há muito tempo. Espreguicei-me preguiçosamente, sentindo cada músculo relaxar depois de uma noite de sono surpreendentemente tranquila. O calor do quarto ainda permanecia, mas havia algo a mais que me chamou a atenção. Um cheiro... um aroma maravilhoso e único que pairava no ar, como se fosse uma lembrança impregnada no ambiente. Era forte e másculo, com um toque amadeirado que lembrava troncos antigos e robustos, como se tivesse vindo direto de uma floresta selvagem. Mas havia também algo mais, algo quase quente e misterioso, uma nota de âmbar que deixava tudo irresistivelmente envolvente. Não era perfume — pelo menos não como qualquer um que eu já tivesse sentido antes. Era diferente, quase vivo, e fazia algo estranho em meu peito, como se o ar ficasse mais pesado e meu coração, mais rápido. Imediatamente, lembrei-me de Ethan. Com esse pensamento, virei-me para olhar para o lugar onde ele estava dormindo
(Ella) Aquele cheiro de hospital sempre me enjoava e eu não conseguia me acostumar com o frio, como se a tensão ali tivesse ganhado vida. Assim que entrei, o Dr. Carter já estava me esperando. Ele parecia mais ansioso do que eu me lembrava, suas mãos gesticulando levemente enquanto me cumprimentava. Ele me pediu para entrar rapidamente no consultório e, antes de fechar a porta, olhou para fora, como se temesse estar sendo seguido. Me sentei devagar, observando suas feições cansadas e o brilho de preocupação em seus olhos. Ele parecia agitado, diferente da tranquilidade profissional que eu estava acostumada. Minhas mãos tremiam no colo enquanto me esforçava para perguntar o que estava acontecendo. — Dr. Carter, tem alguma novidade sobre meu pai? O que aconteceu? Antes que eu pudesse terminar, ele me cortou, sua voz um pouco mais alta do que eu esperava. — Uma enfermeira vai levá-la para vê-lo em alguns minutos. É melhor você se preparar. Minhas palavras ficaram presas na garg
(Ethan) O calor da manhã já estava insuportável, mas minha paciência estava ainda pior. O celular pressionado contra minha orelha parecia quente demais enquanto eu ouvia o Dr. Carter do outro lado da linha, claramente desconfortável em falar comigo. — Senhor Silvershadow, eu estava em uma situação complicada. As dívidas da Ella estavam acumuladas há meses, e eu não sabia como contar para ela que precisaríamos remover o pai dela do hospital por falta de pagamento. A voz dele parecia envergonhada, e meu sangue já fervia antes mesmo que ele terminasse a frase. — Não importa — rosnei, interrompendo. — Meu homem está indo até aí para resolver tudo. Faça o seu trabalho e mantenha o pai dela confortável. Desliguei antes que ele pudesse responder e joguei o celular no banco do carro ao meu lado. Respirei fundo, tentando controlar a raiva. Estava parado em frente ao banco, os botões da minha camisa ligeiramente desalinhados por causa do movimento apressado. Ajeitei-os com cuidado, tent
(Ella) Eu estava empacotando tudo o que poderia precisar. Fotos, documentos importantes como passaporte, e algumas das poucas roupas boas que eu possuía. Com tudo dentro da mala, a sensação de estar me preparando para algo ainda desconhecido me consumia. Não sabia se estava fugindo ou apenas seguindo um caminho que não tinha mais volta. Quando terminei de arrumar, decidi fazer uma ligação. Precisava saber como as coisas estavam indo, se ainda havia algum problema pendente. Liguei para a delegacia, e a secretária me atendeu de forma profissional, mas eu pude ouvir um tom aliviado em sua voz quando me contou que Mack havia acordado do coma. Ela disse que ele estava cooperando com o caso e que já haviam um suspeito. Porém, Jared estava inquieto, parecia traumatizado pelo ocorrido naquela noite. O mais importante, no entanto, foi quando ela disse que eu poderia viajar tranquila, mas que deveria avisar o delegado sobre meu próximo destino assim que possível. Aquilo me deu um pouco de alív
(Ethan)Eu estava impaciente, mais ansioso do que jamais estive para ver Ella. Pensava que ela chegaria com um sorriso no rosto, leve, talvez até mais tranquila, já que alguns dos problemas dela haviam sido resolvidos. Mas, ao abrir a porta do carro, percebi que estava enganado. Ela estava pálida, e o cheiro do medo que emanava dela era inconfundível, como uma sensação de que algo estava errado. Não consegui deixar de notar o quanto aquilo me afetava, a vontade de pegá-la no colo e levá-la para dentro, abraçá-la até que tudo aquilo passasse, era avassaladora. Mas, em vez disso, eu fiquei ali, com o copo de uísque nas mãos, sentindo a dor do silêncio que nos separava.Bebi o líquido de uma vez, ele desceu queimando minha garganta, e a falta de respostas me fazia me sentir ainda mais perdido. Me aproximei dela, quase instintivamente, querendo tocá-la, acalmá-la, mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, apenas disse:— Entra, fique a vontade.Ela não contestou, e logo sumiu de minha
(Ella)Entrei no chalé e, imediatamente, me vi cercada por um ambiente luxuoso, com móveis de primeira e uma decoração impecável. O lugar era confortável, mas meu foco estava longe de apreciar o que me cercava. As mensagens ainda estavam frescas na minha mente, e a tensão no meu corpo não dava trégua. Olhei para fora pela janela, vendo Ethan parado lá fora, como uma presença que se impunha até mesmo de longe. Eu não queria que ele soubesse sobre as mensagens, sobre o que estava acontecendo. Tentei esconder minha agitação, mas sabia que ele era perspicaz demais para não perceber. Quando ele entrou, a presença dele foi como um peso sobre mim. Algo em seu olhar fez tudo mais difícil de esconder, mas, quando ouvi que ele ia encontrar quem estava por trás das ameaças, um suspiro de alívio saiu sem que eu controlasse. Ele estava determinado, e isso me acalmava, mesmo que apenas um pouco.Ethan estendeu o copo para mim, um gesto que parecia simples, mas que na minha mente parecia carregar t
(Ethan)Ella estava risonha, o que me fez sorrir também. A cada gargalhada dela, eu sentia um alívio se espalhando por mim, algo que eu não sabia que precisava. Ela estava claramente mais solta, apesar da bebida, mas logo percebi que ela era bem fraca para álcool. Eu sabia que isso era algo a ser observado com mais cuidado daqui em diante. A última coisa que eu queria era vê-la vulnerável demais em qualquer situação.Eu tinha preparado um jantar simples para nós dois. Carne ao ponto para ela, e mal passada para mim, como eu sempre preferi. Comemos juntos, de maneira descontraída, no sofá. A conversa fluía naturalmente, e ela falava muito. Falava sobre seu pai, sobre os medos que ainda pairavam sobre ele, sobre o que acontecia na delegacia, sobre os problemas que ela enfrentava e as dúvidas que a cercavam. Era como se ela estivesse tentando liberar tudo o qu
(Ethan) Eu não dormi a noite toda. Depois da informação que Caelan trouxe e da ligação que recebi, minha mente não encontrava sossego. Meu lobo, inquieto e feroz, insistia em me lembrar do perigo iminente, do desconhecido que poderia nos atingir a qualquer momento. Mas ali, entre goles de uísque e pensamentos sombrios, meus olhos encontravam um foco diferente: Ella. Ela estava deitada no sofá, envolta na manta que coloquei sobre ela, o rosto tranquilo como se o peso do mundo tivesse dado uma trégua momentânea. Olhá-la dormindo deveria ser o suficiente para me acalmar, mas meu lobo queria mais. Ele queria segurá-la, protegê-la, senti-la, possuí-la. O contrato que ela assinou não era apenas uma formalidade; de alguma forma, trouxe uma sensação estranha de posse e compromisso. Algo dentro de mim se apaziguou, mas não o suficiente para silenciar o desejo constante que sua presença despertava. O uísque queimava ao descer, um consolo para a febre em meu corpo que não era apenas do ál