(Ella) Eu estava empacotando tudo o que poderia precisar. Fotos, documentos importantes como passaporte, e algumas das poucas roupas boas que eu possuía. Com tudo dentro da mala, a sensação de estar me preparando para algo ainda desconhecido me consumia. Não sabia se estava fugindo ou apenas seguindo um caminho que não tinha mais volta. Quando terminei de arrumar, decidi fazer uma ligação. Precisava saber como as coisas estavam indo, se ainda havia algum problema pendente. Liguei para a delegacia, e a secretária me atendeu de forma profissional, mas eu pude ouvir um tom aliviado em sua voz quando me contou que Mack havia acordado do coma. Ela disse que ele estava cooperando com o caso e que já haviam um suspeito. Porém, Jared estava inquieto, parecia traumatizado pelo ocorrido naquela noite. O mais importante, no entanto, foi quando ela disse que eu poderia viajar tranquila, mas que deveria avisar o delegado sobre meu próximo destino assim que possível. Aquilo me deu um pouco de alív
(Ethan)Eu estava impaciente, mais ansioso do que jamais estive para ver Ella. Pensava que ela chegaria com um sorriso no rosto, leve, talvez até mais tranquila, já que alguns dos problemas dela haviam sido resolvidos. Mas, ao abrir a porta do carro, percebi que estava enganado. Ela estava pálida, e o cheiro do medo que emanava dela era inconfundível, como uma sensação de que algo estava errado. Não consegui deixar de notar o quanto aquilo me afetava, a vontade de pegá-la no colo e levá-la para dentro, abraçá-la até que tudo aquilo passasse, era avassaladora. Mas, em vez disso, eu fiquei ali, com o copo de uísque nas mãos, sentindo a dor do silêncio que nos separava.Bebi o líquido de uma vez, ele desceu queimando minha garganta, e a falta de respostas me fazia me sentir ainda mais perdido. Me aproximei dela, quase instintivamente, querendo tocá-la, acalmá-la, mas, antes que pudesse fazer qualquer coisa, apenas disse:— Entra, fique a vontade.Ela não contestou, e logo sumiu de minha
(Ella)Entrei no chalé e, imediatamente, me vi cercada por um ambiente luxuoso, com móveis de primeira e uma decoração impecável. O lugar era confortável, mas meu foco estava longe de apreciar o que me cercava. As mensagens ainda estavam frescas na minha mente, e a tensão no meu corpo não dava trégua. Olhei para fora pela janela, vendo Ethan parado lá fora, como uma presença que se impunha até mesmo de longe. Eu não queria que ele soubesse sobre as mensagens, sobre o que estava acontecendo. Tentei esconder minha agitação, mas sabia que ele era perspicaz demais para não perceber. Quando ele entrou, a presença dele foi como um peso sobre mim. Algo em seu olhar fez tudo mais difícil de esconder, mas, quando ouvi que ele ia encontrar quem estava por trás das ameaças, um suspiro de alívio saiu sem que eu controlasse. Ele estava determinado, e isso me acalmava, mesmo que apenas um pouco.Ethan estendeu o copo para mim, um gesto que parecia simples, mas que na minha mente parecia carregar t
(Ethan)Ella estava risonha, o que me fez sorrir também. A cada gargalhada dela, eu sentia um alívio se espalhando por mim, algo que eu não sabia que precisava. Ela estava claramente mais solta, apesar da bebida, mas logo percebi que ela era bem fraca para álcool. Eu sabia que isso era algo a ser observado com mais cuidado daqui em diante. A última coisa que eu queria era vê-la vulnerável demais em qualquer situação.Eu tinha preparado um jantar simples para nós dois. Carne ao ponto para ela, e mal passada para mim, como eu sempre preferi. Comemos juntos, de maneira descontraída, no sofá. A conversa fluía naturalmente, e ela falava muito. Falava sobre seu pai, sobre os medos que ainda pairavam sobre ele, sobre o que acontecia na delegacia, sobre os problemas que ela enfrentava e as dúvidas que a cercavam. Era como se ela estivesse tentando liberar tudo o qu
(Ethan) Eu não dormi a noite toda. Depois da informação que Caelan trouxe e da ligação que recebi, minha mente não encontrava sossego. Meu lobo, inquieto e feroz, insistia em me lembrar do perigo iminente, do desconhecido que poderia nos atingir a qualquer momento. Mas ali, entre goles de uísque e pensamentos sombrios, meus olhos encontravam um foco diferente: Ella. Ela estava deitada no sofá, envolta na manta que coloquei sobre ela, o rosto tranquilo como se o peso do mundo tivesse dado uma trégua momentânea. Olhá-la dormindo deveria ser o suficiente para me acalmar, mas meu lobo queria mais. Ele queria segurá-la, protegê-la, senti-la, possuí-la. O contrato que ela assinou não era apenas uma formalidade; de alguma forma, trouxe uma sensação estranha de posse e compromisso. Algo dentro de mim se apaziguou, mas não o suficiente para silenciar o desejo constante que sua presença despertava. O uísque queimava ao descer, um consolo para a febre em meu corpo que não era apenas do ál
(Ella) De repente, Ethan mudou de atitude e começou a encarar a porta como se esperasse algo ou alguém. Aquilo me deixou com um calafrio. Minha fome desapareceu, e o simples ato de engolir parecia difícil. Quando ele disse para eu não me mover, minha vontade era questionar, mas seu tom firme me congelou no lugar. As três batidas na porta soaram altas, cada uma ecoando como se fosse o prenúncio de algo ruim. Meu coração disparou, e tudo o que eu conseguia pensar era nas mensagens ameaçadoras. E se o stalker realmente conseguisse me encontrar, mesmo aqui? Ethan abriu a porta de maneira brusca, sua raiva era palpável. Foi quando ouvi um som que parecia um rugido baixo vindo de sua garganta. Meu corpo inteiro ficou tenso, mas minha curiosidade me fez espiar da cozinha. Na entrada, estava um homem. Um estranho de uma confiança que quase rivalizava com a de Ethan — talvez até mais. Ele sorriu, um sorriso largo e quase desafiador, estendendo a mão para Ethan, que a pegou com evide
(Ethan) Abri a porta com a tensão pulsando no ar. Desde o primeiro instante, meu instinto gritava para acabar com ele ali mesmo. Vampiros e lobos eram inimigos naturais, e aquele cheiro inconfundível de morto-vivo me fazia querer rasgar sua garganta. Mas eu sabia que, por causa da guerra, precisava engolir meu orgulho e fazer sacrifícios. Ele estendeu a mão, seu gesto irritantemente polido, e falou com uma confiança que já me irritava: — Senhor Silvershadow, sou Harrison. Bryce Harrison, do Clã Beaufort. Cerrei o maxilar antes de apertar sua mão, mantendo minha postura firme. Caminhamos até a sala, e mal nos sentamos quando ele soltou um comentário que quase me fez perder o controle: — Sua humana tem um cheiro maravilhoso. A maneira como ele a olhou fez meu sangue ferver. Em um instante, fui até Ella, tocando seu rosto com possessividade e beijando sua bochecha, deixando minha saliva em sua pele. Bryce sabia o que aquilo significava. Minha marca de domínio. Ela era min
(Ella) Estava sentada na beirada da cama, ainda trancada no quarto. A curiosidade me consumia enquanto tentava ouvir o que estava acontecendo lá fora. Pressionei o ouvido contra a porta, mas não consegui distinguir nada. A madeira era robusta, sólida, e abafava qualquer som. Suspirei frustrada, me afastando da porta. Então, ouvi passos pesados ecoando pelo corredor. Meu coração disparou. Fiquei encarando a maçaneta, que começou a girar devagar. Minha respiração ficou presa na garganta. Quando a porta finalmente se abriu, o alívio me invadiu ao ver Caelan parado ali, com um sorriso de canto nos lábios. Aquele sorriso era descontraído, mas também parecia zombeteiro, como se ele soubesse que eu estava tentando escutar através da porta. — Ethan mandou te entregar isso. — Ele ergueu a mão, revelando um celular. Caelan deu um passo à frente, inspecionando o aparelho antes de entregá-lo para mim. — É mais moderno que o seu antigo. Já vem com um chip novo — informou, me observ