(Ella)Ver meu pai ali me deixou tão assustada, triste e com raiva que meu peito parecia pequeno demais para conter todos os sentimentos que me tomavam. Sua pele estava marcada por hematomas, seus olhos estavam inchados, e havia sangue seco em seu rosto. O homem que me criou, que segurou minha mão quando eu era pequena, agora estava ali, fraco e machucado, sendo tratado como nada.E então, havia Lucian. Seu cinismo me corroía por dentro. Como alguém com o mesmo sangue de Ethan podia ser tão diferente? Ele não tinha nada a ver com meu marido. Enquanto Ethan era força, proteção e honra, Lucian era apenas maldade pura. Eu via em seu rosto o prazer sádico que sentia ao ver minha dor. E o pior era que eu não era a única que sentia isso. Os homens e mulheres ao seu redor estavam tensos, mas não por respeito — era medo. Eles o seguiam porque não tinham escolha. Porque Lucian era um monstro.Meu coração batia forte, mas eu precisava manter a cabeça erguida. Eu não podia demonstrar medo. Minha
(Ethan)Ella estava imóvel.Eu via seus olhos arregalados, o corpo tenso e o peito subindo e descendo de maneira irregular. Algo estava errado. Eu senti o cheiro do medo exalando dela, misturado à raiva e ao nojo.Foi então que percebi.O desgraçado do meu irmão estava encostando seu pau sujo nela.O toque de Lucian sobre minha fêmea, o modo como ele sussurrava em seu ouvido, como se a tivesse sob seu domínio, me fez ver tudo vermelho. Meu lobo rugiu dentro de mim, urrando por sangue.Ella tentou se soltar, mas ele era mais forte.E então, vi seu olhar suplicante para Bryce. O vampiro assentiu, compreendendo o que precisava fazer.O movimento dele foi o gatilho.Ella gritou, engasgando quando Lucian apertou ainda mais sua garganta.Meu rugido foi ensurdecedor.Minha visão ficou turva de ódio. Meu lobo assumiu o controle, mas antes que eu pudesse atacar, Bryce agiu.Tudo aconteceu em um segundo.Lucian gritou quando Ella cravou as unhas no braço dele. Por um breve instante, ele afrouxo
(Ethan)Meu lobo estava inerte, mas atraído como nunca. Eu me aproximei lentamente, cada passo pesado pela confusão e pela incredulidade que se formava dentro de mim. Aquele lobo de pelagem pálida, quase translúcida sob a luz fraca da floresta... não podia ser. E, ao mesmo tempo, eu sabia que era. Me ajoelhei, ainda em minha forma de lobo, e toquei meu focinho na pele dela, farejando sua essência. O aroma que explodiu em meus sentidos era inconfundível: minha Ella. Minha fêmea.Meus músculos tremeram enquanto eu me transformava de volta. Senti a pele queimar, os ossos se moldarem, os músculos se rearranjarem. Me ergui, nu, suado e sujo de sangue. Joguei os cabelos para trás e fiz um coque improvisado com uma tira de couro do meu pulso. Bryce se aproximou junto com Caelan. Eu ergui a mão num gesto firme.— Ninguém toca nela. — minha voz soou mais baixa do que o normal, quase um rosnado. — Achem a pele que ela usava antes disso acontecer.Caminhei até ela. Ella estava nua, encolhida, os
(Ella)Eu não sei descrever o que senti. Foi como se meu corpo tivesse sido atravessado por uma força que não era deste mundo. Um calor imenso, envolvente… mágico. Não era só físico — era espiritual, ancestral. Como se algo tivesse despertado dentro de mim, algo selado por séculos, esperando pelo momento certo para emergir. E então eu o vi.O lobo de Ethan.Poderoso. Selvagem. A pelagem prateada estava tingida de vermelho, não só pelo sangue dos inimigos, mas também pelo dele. Seus olhos — os mesmos olhos que sempre me encontraram nos momentos mais escuros — agora ardiam num vermelho profundo, feroz. E mesmo naquela forma monstruosa, eu soube que era ele. Meu lobo. Meu companheiro.Foi a última coisa que vi antes da escuridão me puxar novamente, mais forte do que nunca.---Meus dedos tatearam algo quente e firme. Pele. Respiração pesada. Um som baixo escapou dele quando minhas unhas travaram em seu abdômen. Eu reagi por instinto, ainda grogue, tentando entender se estava sonhando ou
(Ethan)Ella segurava firme nos meus pelos enquanto eu corria pela floresta. Seus dedos afundados em mim, suas pernas apertadas ao redor do meu corpo. Eu podia sentir seu calor, seu cheiro, sua excitação escorrendo — e tudo isso alimentava o meu lobo.Eu queria que ela sentisse a conexão. Que se integrasse à natureza. Porque quando a gente descobre quem é de verdade, tudo muda. O mundo ganha cor, cheiro, som. E Ella estava perto disso. Ela ainda não podia se transformar — fêmeas grávidas não podiam, poderia machucar o filhote. Mas ela se casou com um alfa. Me escolheu. E isso significava que com o tempo, ela pegaria minhas habilidades também.Ela era minha. Minha fêmea. Minha companheira. E mesmo que seu sangue fosse metade humano, o que corria nas veias agora era mais do que isso. Eu sentia. O filhote sabia. E o lobo também.Meu lobo estava faminto. Insano. E não por carne.Por sexo.Eu sabia que ela também sentia isso. A pulsação acelerada. O corpo molhado. O desejo latente. Era alg
(Ella)Meu corpo doía. As pernas, a cintura, até meus braços… Mas era uma dor boa. Daquelas que a gente lembra e sorri. Porque eu sabia exatamente o motivo. Ethan tinha sido selvagem, intenso, possessivo… e eu amei cada segundo.Por mais estranho que pareça, aquilo me completou. Ele não escondeu quem era. E finalmente, eu me senti verdadeiramente ligada a ele. Montar nele em sua forma de lobo, correr pela floresta, sentir o vento no rosto, o coração batendo no ritmo do dele… Quando ele caçou aquela gazela, quando ele a pegou com os dentes, eu juro que foi como se eu tivesse feito aquilo também. Senti o gosto do sangue, o calor, o último suspiro do animal. Aquilo me despertou algo novo.Eu me abracei mais nele. Estávamos deitados na grama úmida, cheios de terra, folhas presas no cabelo, nossos corpos nus ainda marcados pelo que havíamos feito. O cheiro da terra, da natureza… e do sexo selvagem que fizemos estava gravado em mim.Adormecemos ali, como duas criaturas que pertencem à flore
(Ethan)Eu vi nos olhos dela. A aflição. A dor. O desespero que ela tentava conter. Senti seu coração acelerar como se tivesse sido arrancado do peito e colocado dentro do meu. E então ela começou a andar, apressada, dizendo que precisava ir.— Ei, Ella — segurei seu braço com cuidado, como se fosse feita de vidro —, o que está acontecendo?Ela hesitou por um segundo. Seus olhos me fitaram com algo que eu só posso descrever como agonia.— Eu... eu preciso ir até a delegacia prestar outro depoimento.Depoimento?Sem perder tempo, olhei para Caelan.— Pegue um dos carros e faça um comboio. Só um. Eu mesmo vou levá-la. Preciso de uma conversa privada com a minha fêmea.Caelan assentiu com um olhar sério, sem fazer perguntas.Ella entrou no carro depressa e colocou o cinto com as mãos trêmulas. Seu corpo inteiro estava tenso, como se estivesse prestes a explodir por dentro.— Pequena... o que está acontecendo? — perguntei com a voz mais calma que consegui reunir, embora meu peito estivess
(Ella) Aquele delegado me olhava como se pudesse enxergar através da minha pele. Era desconfiado demais, metódico, e repetia as mesmas perguntas como se eu fosse tropeçar em alguma contradição. Eu já havia contado a mesma história dez vezes. Dez malditas vezes. — Eu já disse — insisti, cruzando os braços sobre a barriga já um pouco saliente. — Jacqueline e eu éramos apenas colegas de trabalho. Eu não sabia nada sobre a vida pessoal dela. Ele mexeu em alguns papéis, fingindo estar casual, mas eu vi o jeito que os olhos dele analisavam cada uma das minhas reações. — Mack era seu patrão, não é mesmo? — Sim, exatamente. Era, sim — respondi, tentando manter a calma, mas meu lobo interior rosnava de impaciência. — Ele acordou do coma em que ficou após levar o tiro… e disse que tudo isso é culpa sua. — O quê? — minha respiração vacilou, e precisei de toda a força que tinha para conter o rompante de fúria. — Como é que eu não fui informada disso? — Tentamos entrar em contato co