(Ella)Eu não sei descrever o que senti. Foi como se meu corpo tivesse sido atravessado por uma força que não era deste mundo. Um calor imenso, envolvente… mágico. Não era só físico — era espiritual, ancestral. Como se algo tivesse despertado dentro de mim, algo selado por séculos, esperando pelo momento certo para emergir. E então eu o vi.O lobo de Ethan.Poderoso. Selvagem. A pelagem prateada estava tingida de vermelho, não só pelo sangue dos inimigos, mas também pelo dele. Seus olhos — os mesmos olhos que sempre me encontraram nos momentos mais escuros — agora ardiam num vermelho profundo, feroz. E mesmo naquela forma monstruosa, eu soube que era ele. Meu lobo. Meu companheiro.Foi a última coisa que vi antes da escuridão me puxar novamente, mais forte do que nunca.---Meus dedos tatearam algo quente e firme. Pele. Respiração pesada. Um som baixo escapou dele quando minhas unhas travaram em seu abdômen. Eu reagi por instinto, ainda grogue, tentando entender se estava sonhando ou
(Ethan)Ella segurava firme nos meus pelos enquanto eu corria pela floresta. Seus dedos afundados em mim, suas pernas apertadas ao redor do meu corpo. Eu podia sentir seu calor, seu cheiro, sua excitação escorrendo — e tudo isso alimentava o meu lobo.Eu queria que ela sentisse a conexão. Que se integrasse à natureza. Porque quando a gente descobre quem é de verdade, tudo muda. O mundo ganha cor, cheiro, som. E Ella estava perto disso. Ela ainda não podia se transformar — fêmeas grávidas não podiam, poderia machucar o filhote. Mas ela se casou com um alfa. Me escolheu. E isso significava que com o tempo, ela pegaria minhas habilidades também.Ela era minha. Minha fêmea. Minha companheira. E mesmo que seu sangue fosse metade humano, o que corria nas veias agora era mais do que isso. Eu sentia. O filhote sabia. E o lobo também.Meu lobo estava faminto. Insano. E não por carne.Por sexo.Eu sabia que ela também sentia isso. A pulsação acelerada. O corpo molhado. O desejo latente. Era alg
(Ella)Meu corpo doía. As pernas, a cintura, até meus braços… Mas era uma dor boa. Daquelas que a gente lembra e sorri. Porque eu sabia exatamente o motivo. Ethan tinha sido selvagem, intenso, possessivo… e eu amei cada segundo.Por mais estranho que pareça, aquilo me completou. Ele não escondeu quem era. E finalmente, eu me senti verdadeiramente ligada a ele. Montar nele em sua forma de lobo, correr pela floresta, sentir o vento no rosto, o coração batendo no ritmo do dele… Quando ele caçou aquela gazela, quando ele a pegou com os dentes, eu juro que foi como se eu tivesse feito aquilo também. Senti o gosto do sangue, o calor, o último suspiro do animal. Aquilo me despertou algo novo.Eu me abracei mais nele. Estávamos deitados na grama úmida, cheios de terra, folhas presas no cabelo, nossos corpos nus ainda marcados pelo que havíamos feito. O cheiro da terra, da natureza… e do sexo selvagem que fizemos estava gravado em mim.Adormecemos ali, como duas criaturas que pertencem à flore
(Ethan)Eu vi nos olhos dela. A aflição. A dor. O desespero que ela tentava conter. Senti seu coração acelerar como se tivesse sido arrancado do peito e colocado dentro do meu. E então ela começou a andar, apressada, dizendo que precisava ir.— Ei, Ella — segurei seu braço com cuidado, como se fosse feita de vidro —, o que está acontecendo?Ela hesitou por um segundo. Seus olhos me fitaram com algo que eu só posso descrever como agonia.— Eu... eu preciso ir até a delegacia prestar outro depoimento.Depoimento?Sem perder tempo, olhei para Caelan.— Pegue um dos carros e faça um comboio. Só um. Eu mesmo vou levá-la. Preciso de uma conversa privada com a minha fêmea.Caelan assentiu com um olhar sério, sem fazer perguntas.Ella entrou no carro depressa e colocou o cinto com as mãos trêmulas. Seu corpo inteiro estava tenso, como se estivesse prestes a explodir por dentro.— Pequena... o que está acontecendo? — perguntei com a voz mais calma que consegui reunir, embora meu peito estivess
(Ella) Aquele delegado me olhava como se pudesse enxergar através da minha pele. Era desconfiado demais, metódico, e repetia as mesmas perguntas como se eu fosse tropeçar em alguma contradição. Eu já havia contado a mesma história dez vezes. Dez malditas vezes. — Eu já disse — insisti, cruzando os braços sobre a barriga já um pouco saliente. — Jacqueline e eu éramos apenas colegas de trabalho. Eu não sabia nada sobre a vida pessoal dela. Ele mexeu em alguns papéis, fingindo estar casual, mas eu vi o jeito que os olhos dele analisavam cada uma das minhas reações. — Mack era seu patrão, não é mesmo? — Sim, exatamente. Era, sim — respondi, tentando manter a calma, mas meu lobo interior rosnava de impaciência. — Ele acordou do coma em que ficou após levar o tiro… e disse que tudo isso é culpa sua. — O quê? — minha respiração vacilou, e precisei de toda a força que tinha para conter o rompante de fúria. — Como é que eu não fui informada disso? — Tentamos entrar em contato co
(Ethan) Eu ia matá-lo. Naquela sala, com as mãos trêmulas de raiva e o cheiro do medo do delegado impregnando o ar, tudo o que eu queria era cravar meus punhos naquele rosto arrogante. Que se danem as regras, que se dane o disfarce. Eu não me importava em me expor. Por Ella… eu faria qualquer coisa. Pagar o preço, seja qual fosse. Porque ela é a minha vida. Minha alma. Minha fêmea. O caminho até o carro foi silencioso. Ella não olhou pra mim uma única vez. Bryce saiu da delegacia ao lado de Lysandre — a vampira com olhos de heterocromia e um charme que podia dobrar qualquer humano. Ela passou por mim sem sequer mover um fio de cabelo, mas lançou um olhar profundo demais para Ella. E Ella… franziu o cenho como se tivesse sentido um calafrio na espinha. Bryce se aproximou da janela do motorista, curvou-se e falou baixo: — Sua bruxa é boa, alfa. Está com seu beta agora. Vamos para um local seguro. Lá explicarei tudo. Assenti, segurando o volante com força enquanto Ella se mantinha
(Ethan)A porta do quarto rangeu levemente quando a empurrei. Eu entrei em silêncio, cada passo meu mais pesado que o anterior. Meus ombros estavam tensos, a cabeça girando com tudo o que havia acontecido nas últimas horas. Mas o que mais me doía era vê-la daquele jeito. Deitada ali, no colchão confortável da casa segura do Clã Beaufort, sem me dirigir sequer um olhar antes de virar para o outro lado, como se eu fosse o inimigo.Aquele quarto era modesto, com móveis rústicos e cortinas finas balançando com a brisa suave que entrava pela janela. Nós tínhamos chegado sem planejamento, tomados pelo desespero. Não trouxemos nada. Nenhuma muda de roupa. Nenhum objeto pessoal. Só o que carregávamos no corpo... e no coração.Ella dormia apenas com sua camisa, que agora mal escondia o quanto seu corpo estava mudando por causa da gravidez. Seus seios, inchados, marcavam o tecido fino de forma que me fazia engolir em seco. A calcinha branca realçava a curva do quadril. E o lençol leve que a cob
(Ella)Minha cabeça estava um turbilhão e, sinceramente, eu não queria olhar nos olhos do Ethan agora. Se ele foi capaz de me ocultar algo tão sério… o que mais ele poderia estar escondendo?Assim que ele entrou no quarto, eu fingi estar dormindo. Quando ele se aproximou e tentou me tocar, virei o rosto e me afastei. Não queria lidar com ele naquele momento. Ethan era complicado demais… eu o amava, mas sabia que, se ele me tocasse, eu cederia. E eu não queria isso. Ainda não.Ele saiu, e o cansaço acabou me vencendo. Adormeci.Ainda estava escuro quando acordei com um calor intenso no quarto. Abri os olhos devagar e, para minha surpresa, conseguia enxergar no escuro como se fosse dia. Meus olhos percorreram o quarto até encontrarem Ethan deitado no tapete, sem camisa. A tatuagem em seu peito ainda era um mistério para mim. Eu nunca tinha perguntado, mas a curiosidade começava a me corroer.Ele estava respeitando meu espaço. E isso… isso me fez feliz. Ethan era um macho que odiava ser