Lili Abro uma brechinha de olho encontrando o dia já claro através das brechas das cortinas e após me esticar todinha em cima do colchão, soltando um som apreciativo baixo e arrastado, deslizo a minha mão para o lado a sua procura no mesmo instante em que um sorriso preguiçoso se abre nos meus lábios e me lembro do que fizemos na noite passada. Eu já não sei viver sem você. Oh, meu Deus, como ele é fofo! Eu quero me casar com você. Oh, céus, ele falou sério?! Assustada com essas lembranças eu me viro para encontrá-lo deitado do meu lado. Contudo, ele não está lá e em contrapartida, encaro o relógio digital no outro criado mudo. — Puta que p...! — Solto um rosnado estrangulado, pulando bruscamente para fora da cama e corro para o banheiro. Que merda, Dante, custava me acordar?! Rosno mentalmente, soltando um grito agudo quando a água gelada molha o meu corpo. O que eu devia fazer com você? Mas que droga, uma hora e meia de atraso! Filha de uma...! Levo cerca de vinte minutos entre ves
Lili — Não é o que você está pensando, Lilian. — Franzo a testa. Como porra ele sabe o meu nome? — Eu não estou pensando em nada, porra! Você está me seguindo há alguns dias. O que você quer comigo?! — rosno erguendo o ferro para bater na lataria do carro. — Ei! Ei! Ei! Calma, me deixe falar, ok? O meu nome é Heitor Becker. — Volto a franzir a testa em confusão. — Becker? _ Ele faz um sim com a cabeça. — Da Becker Corporation? — Agora estou ainda mais confusa. Por que o CEO das indústrias de tecnologias mais famosa no mundo inteiro está me seguindo? — Isso. Eu posso sair do carro pra gente conversar? — Sobre o que? — Ele respira fundo e olha para frente, e depois para mim de novo. — Ok, é... eu sou o filho legítimo de Renan Becker e de Júlia Becker. — Por essa eu realmente não esperava. — O que você quer de mim? — Eu soube que está investigando a morte do seu pai. Eu vi quando invadiu a mansão onde ela mora. — Heitor abre a porta do carro receoso e com os olhos balançando do f
Lili Dante rosna e Heitor j**a uma pasta em cima da mesinha centro. — O nome verdadeiro dela é Alícia Peterson, uma empregada que morava em um subúrbio que trabalhava para uma senhora de cinquenta anos chamada Marie Francois. — Uma francesa? — Milionária, viúva e sem filhos. A mulher apareceu morta do dia para a noite. O diagnóstico? Parada cardiorrespiratória e do nada Alícia era a sua única herdeira. Foi assim que ela teve acesso a alta sociedade e consequentemente a Renan Becker, o meu pai. Um casamento de mais de dez anos o estava levando a falência e ela já estava de olho na sua próxima vítima... — O meu pai — afirmo e ele meneia a cabeça fazendo um sim. Quando percebi que você também estava especulando, eu pensei, preciso me aproximar dela e quem sabe finalmente conseguirei provar algo. — Como assim se aproximar dela? — Heitor estava me seguindo. Eu o peguei vigiando a porta da minha casa e hoje ele seguiu o meu carro. Eu o confrontei e... — Espera! Tinha um imbecil te seg
Dante Uma semana... Canadian Hotel. Eu nunca havia entrado nesse aparte hotel, nem mesmo para negociar os termos do nosso contrato. Mas chegou a hora de expor tudo, de finalmente falarmos abertamente e de encerrar essa página errada da minha vida de uma vez. Desde que me conheço por gente, eu sempre tomei as decisões erradas, mas acreditei que ao assumir as empresas isso não voltaria a acontecer. No entanto, aconteceu e nem foi por uma decisão minha realmente. Enfim, eu preciso me livrar desse último erro antes de finalmente fazer a coisa que eu considero a mais certa entre tantas decisões acertadas que pretendo realizar daqui por diante. O Tim do elevador me desperta e as portas se abrem me fazendo apertar a alça da maleta entre os meus dedos, e eu dou dois passos para dentro dele. No painel de controle aperto o botão da cobertura e suspiro quando penso que em uma fração de segundos estarei cara a cara com uma mulher apaixonada, de coração partido e decidida a infernizar a minha vi
Dante Um lugar reservado em um restaurante italiano, uma mesa posta para sete pessoas, os detalhes vermelho e branco insinua algo bem romântico e uma caixinha aveludada parece queimar a minha pele através do tecido do meu terno. Puxo uma respiração e penso que eles estão com um atraso de cinco minutos. Cinco minutos, isso nem é considerado um atraso de verdade. Respira, Dante, ela está a caminho. Peço para mim mesmo e volto a olhar o relógio. Em poucos segundos Max e Sam adentram o pequeno salão e de alguma forma me sinto aliviado. Após receber o abraço dos meus amigos a porta volta a se abrir e para a minha total surpresa Jennifer Travel passa por ela. A porra toda é que ela não está vestindo um vestido caro e provocante, nem a maquiagem glamurosa, nem mesmo os seus cabelos estão arrumados. A minha mãe está vestindo um uniforme do restaurante e uma tiara de garçonete. Ela para bruscamente bem na minha frente e seu semblante antes decidido, agora parece se desfazer em... vergonha?
Jennifer Travel Eu sempre fui tratada como uma bonequinha de luxo. ...A belíssima Jennifer se sentará ao lado do filho do governador. ...A belíssima Jennifer usará um vestido feito pelo Pierre Cardin. ...A belíssima Jennifer prefere isso ou aquilo. Imagine as pessoas ditando todos os seus passos a cada respiração que você dá. Eu vivia sufocada pelos meus pais, os empregados da casa e até mesmo pelas visitas que eles recebiam. Sim, estou reclamando de tanto luxo e atenção. Eu queria um momento só meu nem que fosse por um dia. Saber como era escolher as minhas próprias vestes, sentir o sabor de um chocolate amargo e respirar um perfume que eu mesma escolhesse, mas esse era um direito que eu não tinha. Foi aí que surgiu o jovem Dante em nossas vidas. Ele era um rapaz simples, de bons hábitos e encorajado pelo meu pai a descobrir os truques do mundo dos negócios. Ele era perfeito para os meus pais e por esse motivo tornou-se imperfeito para mim. É lógico que eu lutei contra todos os
Jennifer TravelEu sei que sempre almejei a minha liberdade, mas não assim e não de todo jeito. Dante precisa pensar com mais clareza! Enquanto caminho pelas calçadas de Manhattan, arrastando uma mala imensa, ligo para o meu filho. Nós realmente precisamos conversar e resolver essa situação. O problema é que ele se recusa a me atender, mas logo iremos nos enfrentar. Alguns bons minutos depois paro em frente ao Plaza para solicitar um quarto. Eu sei que o cartão que ele me deixou jamais pagaria o conforto desse lugar, mas dá pra passar uma noite. É tempo suficiente para encontrar o meu filho e fazê-lo mudar de ideia. Não demora muito para eu estar dentro de uma banheira com uma água fria e deliciosamente perfumada, e tomando uma taça de champanhe. Passo longos minutos lá dentro até me sentir definitivamente relaxada. No quarto, vestida apenas com um roupão eu começo a mexer nas minhas coisas e encontro o envelope que o meu filho me deixou. Na frente dele tem o nome do meu marido e com
Jennifer TravelIsso não é o cúmulo da minha decadência? Pois é, é o que tenho para hoje. No caminho o meu celular começa a tocar e um alívio me acomete quando vejo o nome de Gregory Smith brilhar na tela.— Gregory? Ah, graças a Deus!— O que você quer, Travel?— Como assim o que eu quero? Eu sou a sua sócia!— Jennifer você não é mais a sócia do hotel.— Como assim? Eu investi cem milhões nesse hotel!— Sim, e você ficou com dez por cento da sociedade. Eu e Mat investimos quinhentos milhões. Você sabe, são centenas de empregados, cozinha para manter tudo do bom e do melhor, além de...— Não me venha com essa, Gregory! Se não me quer como sua sócia pelo menos devolva o meu dinheiro!— Do que você está falando? Você recebeu por um ano inteiro as margens de lucros do hotel. Eu não te devo mais nada!— Não faz isso comigo, Gregory! — Minha voz falha.— Eu sinto muito, Travel! — Penso em rebater quando ele encerra a ligação e sem forças, me encosto no muro e começo a chorar.***Trettori