Thalisa nos levou de volta ao grande salão. A essa altura os tais Leons já haviam entrado no castelo. Estava apavorada com toda essa adrenalina, mas - para minha surpresa - não sentia que esse tipo de situação era novidade em minha vida.
Thalisa parou na frente de um velho quadro e o empurrou para o lado. O quadro revelou um buraco. Não era bem o tipo de esconderijo que tinha em mente, mas a situação não deixava outra alternativa.
O buraco não era grande, mas era o suficiente para umas cinco ou seis pessoas ficarem. O que me incomodou mesmo foi a escuridão. Após Thalisa soltar o quadro, um manto negro pairou sobre os meus olhos. Não conseguia enxergar absolutamente nada, isso era assustador.
– Nicardo, cadê você? – sussurrei tateando o nariz de alguém.
– Estou aqui! – uma mão puxava o meu braço. Nicardo estava do meu lado direito.
– Vamos ficar em silêncio! – Thalisa disse bem baixinho.
Barulhos de todos os tipos ecoavam pelo palácio. Portas sendo arrombadas, coisas sendo jogadas no chão e passos pesados para todos os lados. Eu me segurava para não gritar com cada susto que levava.
Demorou um bom tempo até que eles fossem embora. Para mim pareceu uma eternidade e cheguei a pensar que morreria naquele buraco escuro. O pânico tomou conta de mim e tive que vencê-lo para nossa segurança e isso havia me deixado exausta e a flor da pele, como um grito que você engole e fica entalado na garganta.
– Será que eles já foram? – Nicardo sussurrou.
– E um pouco arriscado olhar, mas vou tentar.
Não precisou de Thalisa sequer estender a mão, passos que pareciam ser de duas pessoas – ou dois seres – começaram a fazer o chão tremer. Eles eram gigantes?
Ruídos estranhos, como rugidos de um leão distorcidos, começaram a passear pelo salão. Os passos pararam e ouvi um ruído parecido com um cão farejando algo. Um silencio tomou conta do local novamente.
– Acho que agora eles foram.
Thalisa tentou conferir novamente, mas outra vez não foi preciso. Ouvimos alguém bater no piano com força. Eles ainda estavam por ali. Será que eles não iriam embora nunca?
Temi não aguentar o pânico e começar a gritar apavorada, mas para minha sorte Nicardo estava segurando a minha mão. Não sei se meu coração iria aguentar tanta adrenalina assim.
Os passos continuavam pelo salão e pareciam acompanhar as batidas do meu coração, ficando cada vez mais altos. Alexis, Alexis, Alexis. Por que esse nome na minha cabeça agora? Quem ou o que é Alexis? Eu realmente não estava tendo um dia muito bom.
Nicardo reparou que eu estava ficando agitada e me abraçou. Temporariamente aquilo me acalmou, mas a cada novo passo que os Leons davam no salão era um sobressalto em meu coração e minha respiração começava a ficar descontrolada.
– Beatriz, acalme-se! – Thalisa também segurou minha mão – Você já enfrentou coisas tão terríveis quanto eles.
– Mas eu não me lembro! – tentei não gritar – Fora que você disse que eles eram perigosos demais para apenas nós três.
– E eles realmente são! – Thalisa sussurrou ainda segurando minha mão.
– Acho que isso não está ajudando. – Nicardo também tentava não gritar.
– Vamos ficar em silêncio, eles podem estar nos ouvindo! – Thalisa deu uma ótima ideia.
Os passos começaram a se aproximar do nosso esconderijo. Estava ficando louca. E se eles nos descobrissem? Estava tentando afastar esses tipos tão deprimentes de pensamentos da minha mente, mas era difícil quando o fim era certo.
Os passos começaram a se afastar e tive um rápido momento de alivio. Estava prestes a me assegurar de que estávamos seguros quanto um clarão iluminou todo o nosso esconderijo e me deixou cega por alguns instantes. Havíamos sido descobertos.
Os Leons não eram exatamente aquilo que eu estava esperando. Achei que veria leões de cinco metros de altura, andando em duas patas, com garras e dentes enormes e com os olhos ameaçadores que todo o grande predador tem quando está de olho em sua caça. Ao invés disso, o que encontrei foi um pouco diferente.
Eram dois seres peludos de um pouco mais de dois metros de altura, com uma grande barriga e um umbigo pontudo. Não tinha presas e nem garras. Um usava duas grandes espadas e o outro um tipo de besta gigante. A única coisa que estava igual ao que eu imaginava eram os olhos de predador, fitando-nos como se estivessem sentindo o sabor que cada um de nós tínhamos.
– E o que vamos fazer agora? – finalmente pude gritar.
– Agora teremos que lutar! – Thalisa pulou do esconderijo e foi direto na cabeça do da esquerda, que estava com as duas espadas. – Você, tente se proteger com isso!
Thalisa havia conseguido pegar um dos escudos que estava pendurado na parede. Havia dois escudos pendurados, um de cada lado do salão e quatro pares de espadas cruzadas em cada parede. Na verdade não eram quatro pares exatos, Nicardo havia pego uma das oito espadas.
– Mas como eu uso isso? – perguntei.
– Apenas se defenda! – ela gritou enquanto puxava uma espada. Nicardo fez o mesmo.
Antes que eu pudesse responder qualquer coisa Thalisa pulou do Leon e começou a correr pelo salão, chamando atenção dele. Nicardo já estava lutando com o outro Leon e tinha ganhado um ponto de vantagem contra o monstro que havia perdido sua besta gigante – Nicardo havia feito em pedaços.
Thalisa pegou outra espada e se defendeu contra as duas espadas gigantes do Leon. Ela não parecia tão temerosa quanto eu, mas podia ver que ela estava com um pouco de medo.
O outro Leon estava lutando contra Nicardo desarmado. Nicardo o golpeava nos braços, mas ele parecia nem sentir. Estava começando a acreditar que aqueles bichos eram invencíveis e que nossas horas estavam contadas.
Thalisa pulou novamente no Leon e o desequilibrou. Por alguns instantes ela teve o Leon sob seu controle, mas depois ele voltou a reagir. Thalisa continuava se impulsionando para trás e o Leon tentava não cair, mas foi inútil.
O Leon perdeu totalmente o equilíbrio quando Thalisa havia saído de cima dele. Ele cambaleou e acabou caindo para trás e atravessando uma das imensas janelas que rodeava o salão.
O Leon que estava lutando contra Nicardo acabou se distraindo com o companheiro e levou um golpe na barriga, o que o fez acordar e voltar para a luta.
Eu estava completamente perdida e apavorada. Não queria que nenhum Leon machucasse Nicardo e a Thalisa. Não me lembrava dela, mas não era por isso que desejaria o seu mal. E, ao que tudo indica, somos amigas de longa data.
Deixei o escudo tapando meu rosto. Apenas os olhos estavam visíveis. Eu queria muito ajudar, queria muito fazer alguma coisa, mas o que? Olhando a minha impotência, não consegui acreditar que um dia eu lutei.
Perdi totalmente o que estava acontecendo com Thalisa e o outro Leon, mas a luta de Nicardo continuava dentro do salão. E continuava com força total. Por sorte Nicardo estava conseguindo seguir bem com a luta.
Ele havia pego o outro escudo e estava conseguindo se defender dos golpes de espada que o Leon transferia incansavelmente sobre ele. O Leon não parecia desesperado, mas agia feito um louco, acertando o chão com fúria sempre que errava o alvo. Nicardo continuava na defensiva, provavelmente estava esperando o melhor momento para atacar.
Eu continuava com o escudo tapando meu rosto e ainda estava apavorada com o que estava acontecendo. Estava preocupada com Thalisa, não ouvi mais nenhum sinal desde que ele foi atrás do outro Leon. O que será que estava acontecendo?
O Leon de Nicardo resolveu mudar de tática. Jogou a espada para longe, perfurando a parede e começou a atacar Nicardo com as mãos. Ele agarrou Nicardo por trás, que conseguiu escapar e golpear o Leon na barriga. Nicardo tentou outro golpe, mas o Leon o chutou e o fez bater de costas na parede. Quase morri neste momento.
Joguei o escudo fora e fui socorrer o Nicardo. Eu não podia deixá-lo fazer isso com o meu namorado. Mas o que eu poderia fazer para ajudar? Estava tão apavorada que nem me lembrei que havia inundado uma rua inteiro no dia anterior.
– Você está bem? – perguntei.
– Estou, volte e se proteja! – ele gritou se ponde de pé novamente.
– Mas...
– Volte e se proteja Beatriz! – ele gritou novamente. – Eu irei ficar bem.
Nicardo voltou para luta escorregando por debaixo das pernas do Leon e o atacando pelas costas. O Leon se contorceu e deu um grito que estremeceu o chão. Antes de Nicardo retirar a espada, o Leon virou-se para Nicardo e o pegou pelo braço, rodando-o e o atirando novamente contra a parede.
Tentei ir ajudá-lo novamente, mas o Leon foi mais rápido e o pego pelas pernas e o atirou no chão. Nicardo tentou se levantar, mas com os pés, o Leon o jogou de volta ao chão.
O sangue vermelho vinho escorria das costas do Leon. Era a primeira vez que o vi sangrar desde que a luta começou. O Leon tentou retirar a espada das costas, mas não conseguia alcançá-la. Nicardo aproveitou o momento de distração e chutou a barriga do Leon sem dó.
O Leon caiu de costas e a espada atravessou o monstro, que ficou paralisado no chão. Thalisa reapareceu nos dando um susto quando abriu a porta do salão. Ela viu o Leon caído e arregalou os olhos, ele estava se levantando.
– Nicardo, cuidado! – gritei.
Antes que Nicardo pudesse fazer qualquer coisa, Thalisa deu um salto e golpeou o Leon na cabeça, decapitando-o. O Leon caiu de cara no chão.
– Esses monstros são como zumbis, só morrem se acertar na cabeça. – ela disse.
– Legal. – Nicardo olhava com um pouco de raiva – E por que não avisou antes?
– Eu também só descobri agora! – Thalisa arrancou a espada das costas do Leon. – Pegue isso!
Thalisa jogou a espada para Nicardo, que agarrou. Ele olhou a espada suja de sangue e caminhou para perto do Leon. Ele começou a limpar a espada na roupa do Leon e depois a analisou.
– Essa não está enferrujada! – só agora ele havia percebido isso.
– Essas foram duas espadas que trouxe para emergências como essa! – Thalisa também limpava a dela. – O resto do castelo está vazio. Esses eram os últimos, provavelmente ficaram para dar uma última checada.
– Realmente foi a última! – Nicardo tinha um sorriso mórbido no rosto.
– Nós vamos sair daqui agora certo? – perguntei.
– Sim, nós vamos! – Thalisa respondeu – Não só deste castelo, mas como do reino. Zoira já começou a ser um lugar perigoso demais para nós.
Saímos do castelo completamente encapuzados. Thalisa havia escondido sobretudos e lenços no castelo para uma fuga como essa. Aparentemente ninguém estranhou três criaturas encapuzadas andando pelas ruas de forma suspeita e esperava que continuasse assim até chegarmos onde quer que devêssemos chegar.
Começava a enxergar Zoira como realidade. Não via mais aquele lugar como algo fora do comum ou como um sonho. Era como se eu sempre estivesse por ali, andando por aquelas ruas. Seria a minha memória recobrando coisas deste meu passado esquecido?
Andamos muito, mas finalmente chegamos ao nosso destino. Era uma casinha, quase imperceptível de tão simples, perto do porto. Thalisa se aproximou da porta e fitou o lugar, como se esperasse o momento certo para agir.
Depois de ter certeza de que não havia ninguém olhando, Thalisa bateu cinco vezes na porta. Três vezes com a mão e duas com o pé. Estranhei o ato, mas imaginei que esse deveria ser algum tipo de senha avisando que era ela quem estava chegando.
Quem abriu uma pequena fresta da porta foi um rapaz de estatura média, com grandes e grossos óculos, cabelos pretos bem escuros e olhos tão pretos quanto o cabelo. Talvez pudesse ser bonito sem os óculos. Era magro e usava uma blusa branca com a gola manchada e um tipo de bermuda balão azul que fazia com que suas pernas parecessem com uma lona de circo.
– Finalmente vocês chegaram. – o rapaz abriu totalmente a porta – Entrem!
A casa era um pouco maior do que aparentava ser do lado de fora. Havia um grande cômodo que estaria completamente vazio se não fosse a presença de um tapete, uma mesa e seis cadeiras. Havia uma porta, a esquerda, ao lado da mesa e outra na direção oposta. Uma única janela estava aberta e dela conseguíamos ver todo o porto.
A porta da direita estava aberta. Pude notar algumas coisas. Havia outra mesa, porém menor e em cima da mesa havia vários livros e jogado no chão também. Além dos livros, haviam vários cadernos, papeis soltos, lápis e réguas espalhados por todo o canto. Andei um pouco para perto da porta impulsivamente – que intrometida – e vi uma cama, também cheia de livros e cadernos.
–... então já chegou a hora? – não havia reparado que estavam todos conversando.
– Desculpe, chegou a hora de que? – perguntei.
– A hora de partir e encontra com Tales alteza! – o rapaz fez uma reverencia.
– Alteza? – me assustei – Que história é essa?
– Acho que não lhe apresentei – Thalisa e aproximava do rapaz – Esse é o Cosmo. Nosso gênio inventor e meu melhor amigo. Cosmo pegue leve com a Beatriz! Ela ainda não se lembra de nada.
– Espere, mas ele me chamou de alteza! – entrei no meio dos dois – Até onde vocês me contaram eu apenas lutei contra monstros e afins. Eu por acaso me casei com algum príncipe?
– Não. – Nicardo respondeu híspido – Vamos mudar de assunto?
– Você conseguiu informações sobre os outros? – Thalisa perguntou.
– Não. – Cosmos respondeu sentando em uma das cadeiras – Apenas com Tales, mas ainda assim foi só uma vez e ele não sabia de nada sobre os outros. Disse apenas que iria investigar.
– Que situação! – Thalisa parecia aflita.
– Hoje de manhã apareceram dois guardas aqui! – Cosmo falava também aflito.
– E o que aconteceu? – Thalisa perguntou preocupada.
– Eles revistaram a casa inteira e quase descobriram tudo.
– Mas eles não desconfiaram de nada? – Thalisa colocava a mão no coração.
– Aparentemente não. – Cosmo respondeu – Apareceram, revistaram tudo e constataram que não tinham motivos para me prender. Temi que eles pudessem me levar apenas pela suspeita. Não seria a primeira vez que eles fazem isso.
– Calma Cosmo, nós já estamos prontos para partir! – Thalisa o acalmava.
– Isso é ótimo. – Cosmo fitava o chão – Já estava ficando com medo de não voltar a te ver.
– Não precisa temer. Eu estou aqui. – Thalisa abraçava – Também odiaria não te ver mais!
– Mas vocês estão falando de fuga? – Nicardo perguntou.
– Sim. – Thalisa respondeu – Não dá mais para ficar em Zoira. Estamos correndo muito perigo por aqui. Isso que aconteceu com o Cosmo é a maior prova de que este reino não é mais seguro. Em pensar que parte da culpa e... – Thalisa se calou.
– Mas você é diferente! – Cosmo consolava Thalisa – Agora, mas do que nunca, você precisa ter forças para vencer essa batalha e tomar o que é seu por direito.
Não estava entendendo muito bem o que estava acontecendo, mas sabia que deveria ser algo grave e esperava conseguir me lembrar – se é que um dia eu soube de quem a Thalisa estava falando.
– Está certo. – Thalisa ergueu a cabeça – Não estamos com tempo para isso. Agora é o momento de agir e lutar.
– É assim que eu gosto de ver! – Cosmo sorriu.
– Vocês se conhecem há muito tempo? – perguntei.
– Pouco depois que você voltou para a Terra, logo quando começou a guerra, encontrei esse rapaz fugindo de um bando de criaturas errantes que passaram para o lado de Leone. – Thalisa sorria – Eu o salvei e desde então ele me segue para todos os lugares. Tornamo-nos grandes amigos e ele tem sido útil. Cosmo é um excelente inventor. Mas está a oito meses trabalhando em um único projeto.
– Será o projeto que nos levará daqui! – Cosmos sorria misteriosamente.
– Que projeto é esse? – Nicardo perguntou.
Antes que ele pudesse responder, bateram na porta. Eu, Thalisa e Nicardo ficamos sem saber o que fazer. E se fossem os guardas?
– Rápido, entre nessa porta e sigam para a porta da direita. Batam três vezes na parede e entrem! – Cosmo abria a porta da esquerda.
Entramos na cozinha da casa. Não era muito grande, apenas uma pia e um fogão, mas era maior do que poderia aparentar se olhássemos do lado de fora. Essa casa era encantada?
Não foi muito difícil achar a tal porta. Tecnicamente era a única porta, já que a da esquerda era tão pequena que só passaria parte da minha perna – ao menos que ela aumentasse de tamanho depois que abríssemos.
Agora estávamos na dispensa. Havia três grandes prateleiras cheias de latas, sacos e frutas. A nossa frente, uma parede lisa. Batemos três vezes como ele mandou e nos afastamos automaticamente. A parede começou a descer e revelar uma passagem. A parede voltou ao normal e ficamos no escuro outra vez.
Ouvimos alguns barulhos de conversa, mas não parecia estar acontecendo nada de grave com o Cosmo. Minutos depois um silêncio tomou conta do lugar. Estava ficando enjoada de ficar no escuro, no silêncio e na expectativa de salvar a minha vida.
Ouvimos três batidas quebrando o silêncio. Estávamos enxergando novamente.
– Vocês não acenderam as luzes? – Cosmo sorriu empurrando um tipo de tijolo que parecia estar solto – Instalei faz pouco tempo!
A porta se fechou novamente, mas desta vez não ficamos na escuridão. A luz revelava um longo corredor. A cada 30 centímetros uma nova luz se acendia.
– Foi complicado trazê-lo até aqui. – Cosmo parou – Ainda me pergunto como consegui, mas isso não vem ao caso.
Cosmo abriu uma porta no chão e nos deparamos com um objeto grande e acinzentado boiando no meio de uma imensidão azul.
– Isso é um submarino? – perguntei.
– Correto! – Cosmo sorriu – Mas não é como os outros, esse submarino foi projetado para ser mais rápido, mais forte e, com um pouco de magia, ser invisível.
– Invisível? – Thalisa parecia surpresa.
– Depois que você sumiu, fiquei estudando as magias que você me ensinou e consegui adicionar isso ao projeto. – Cosmo falava com orgulho. – Agora sim, seremos imperceptíveis.
– Isso é maravilhoso! – Thalisa também parecia orgulhosa.
– Ele é silencioso, rápido, forte e pode ficar invisível. Realmente é o meu maior projeto! – Cosmo descia uma escada improvisada e abria a entrada do submarino.
– Nós iremos atrás de Tales? – Nicardo perguntou – Mas onde ele está?
Thalisa e Cosmo se entreolharam preocupados. Thalisa suspirou fundo e quase pensei que ela deixaria Nicardo sem resposta, mas respondeu.
– Tales está em Padja, sua terra natal. – seu olhar era triste – Mas acho que você não irá gostar do que vai encontrar.
O submarino não era como eu imaginava que um submarino fosse. Era quase como uma casa improvisada. Tinha colchões, tinha pia, tinha uma mesa e um armário. Tinha também todo o equipamento de submarino, como a mesa de controle. Realmente esse Cosmo deveria usar algum tipo de mágica ilusória, por que o submarino olhando de fora também parecia bem menor do que olhando de dentro. – O submari
Reencontrar Tales – para os outros – foi uma grande alegria. Estavam todos eufóricos e cheios de coisas para contar. Para mim ele era um estranho, mas sabia que ele deveria conhecer de mim mais do que eu julgo que ele saiba. – Você não mudou nada! – Tales sorriu – Parece a mesma Beatriz de 1 ano atrás. – Obrigada. Eu acho – respondi. A noite foi inexplicavelmente assustadora. Minto, dava sim para explicar o motivo de ela ser assustadora. Um clima sombrio havia sido criado enquanto gritos de horror e sussurros de dor eram incansavelmente emitidos do lado de fora do galpão. O galpão era todo fechado e não podíamos ver absolutamente nada do que acontecia lá fora. Os demais moradores pareciam já estar acostumados, mas eu, Nicardo, Thalisa e Cosmo estávamos um pouco “confusos”. Camila me abraçou e se ajoelhou aos meus pés como se sua vida dependesse disso. Ou de mim. Ou das duas coisas. Não estava entendendo nada e ela parecia estar tão confusa quanto eu, o Nicardo e os outros. – Vocês já se conhecem? – Thalisa perguntou fitando a mim e ao Nicardo. – Sim. – Nicardo olhava para Camila – Da Terra. Estava me sentindo muito culpada por ter esquecido Camila. Tentava lembrar em que momento nos perdemos ou como isso aconteceu. Ela estava tão feliz em me ver e acabei deixando-a sozinha outra vez. Que ótima melhor amiga que eu sou. – Vamos fazer o seguinte? – Nicardo sugeriu um plano – Eu e a Beatriz voltamos e procuramos a Camila e você e o Tales vão atrás do Cosmo e da Levinda. Espero estar errado, mas acho que eles estão em apuros! – Você tem certeza? – Thalisa pergun06. Gritos & Sussurros (E Outras Coisas)
07. Brigas de Irmãos
08. Presos, Desaparecidos e Um Sonho Confuso
Ver o rosto de Aby surgir do nada no meio da escuridão foi realmente assustador. Não que ela fosse feia, pelocontrário, mas ver um rosto flutuante não é algo muito acolhedor. – Então? Vão querer minha ajuda? – ela perguntou. – O que est
Diferente do que acontecia na maioria dos sonhos, não acordei no ápice da emoção. O sonho simplesmente mudou de cenário. De repente tudo ficou branco e eu estava flutuando no nada. Noiníciofoi estranho, mas logo me acostumei. Uma belíssima e calma canção era tocada em um piano invisível, pois por mais que tentasse não conseguia ver nada além de branco. Minha mente estava um verdadeiro caos nos últimos dias. Esses sonhos ajudaram muito neste colapso. Perder todas as informações era um modo de minha mente dizer que estava cansada. No sonho tudo o que me vinha na cabe&cce
Confesso que quando Nicardo perguntou o que eu estava sonhando, meu rosto ficou quente e provavelmente vermelho. Eu lembrava exatamente tudo o que havia acontecido naquele sonho. A leveza e suavidade da canção, o pianista, o beijo – principalmente o beijo – e tudo o que senti quando o vi. – Eu não me lembro direito. –mentipor impulso. – Você disse que estava sonhando com o rapaz que te ama. –<