Caminhei pelo corredor do hospital com a borboleta no ombro, empurrei a porta do quarto, Sarah já estava pronta para ir embora, me lançou um largo sorriso, se aproximou e me deu um beijo. Assim que afastou o rosto percebeu a borboleta que desceu as asas se exibindo.
-É de verdade?
-Sim - respondi.
Sarah estendeu a mão e tocou a ponta do dedo indicador na asa direita da borboleta.
-É linda.
-Acredito que ela não goste de ser tocada - comentei.
-Ela?
-A borboleta - respondi.
Sarah apertou a sobrancelha confusa, de repente arregalou os olhos e esbranquiçou.
-Carson - disse Sarah agarrando a bolsa - Temos que buscá-la.
Eu sorri orgulhosa, Sarah é muito inteligente, não me surpreende perceber os sinais tão rápido. Entramos no elevador praticamente correndo.
-Assim que perceberem que fugimos, vão ir atrás da Carson.
-Sim, foi isso que a Amanda vei
Dirigimos sem direção até o dia amanhecer, o silêncio estava tão denso que dava para cortar com uma faca, estávamos cansadas e assustadas, sem saber o que fazer. May disse que conhecia alguém que nos ajudaria a trocar de carro, mas que não poderíamos fazer perguntas. Voltamos para a cidade próxima a universidade, estacionamos diante de um posto abandonado e aguardamos. Quinze minutos se passou até que um jeep compass se aproximou, um homem alto, de pele branca, calvo e com barba volumosa saltou do carro.-Quanto quer pelo jeep? - May perguntou.-O que vão fazer com o carro de luxo de vocês? - o homem perguntou.-Não sei, talvez jogar da ribanceira - May respondeu com um ar sarcástico.-Por quê? - o homem perguntou.-Tem um rastreador no carro - May respondeu.-Dou duzentos mil e o jeep compass pelo carro de vocês - o homem disse.Arregalei os olhos, a pouco estávamos negociando comprar o carro dele,
Demos as mãos, respiramos fundo e fizemos um minuto de silêncio em respeito a Camila. Por um momento senti o cheiro dela, como se desse um abraço em cada um de nós. Senti uma energia subir por meu corpo, como uma descarga elétrica arrepiando minha nuca. De repente abri os olhos e vi uma neblina nos envolvendo, esfreguei os olhos e a neblina se dissipou.-Que prova nos temos? - May perguntou.-Eu tenho as mensagens em que Zuri me ameaça - disse Sarah.-Eu também - disse Alice.-Você ainda tem o vídeo? - perguntei.-Não - Alice respondeu - Apaguei a poucos dias.May apanhou o celular para tentar recuperar o vídeo, Alice e Sarah foram até o escritório da casa para imprimir as mensagens, Phelipe e Andrew foram para a cozinha preparar o almoço, Pedro e Taylor se sentaram na varanda para conversar, eu e Carson vasculhamos as redes sociais a procura de mais provas. Passamos a manhã toda envolvidos com as provas, fizemo
Como o ataque contra Alice não saiu como o esperado, lançaram um ataque secundário, como a segunda bomba quando a primeira não explode. O impacto veio direto na Carson, de repente seu celular começou a tocar incessantemente. Carson apanhou o celular, arregalou os olhos, sua pele ficou pálida, suas mãos tremiam, parecia que um fantasma levantou do túmulo para roubar sua alma. Me aproximei, agarrei o celular e li as centenas de mensagens a chamando de monstro, deformada, escória, demônio e todo o tipo de palavras de cunho depressiativo. Mas a pior parte, certamente foram as fotos da Amanda carbonizada, a casa destruída e até Carson no hospital com o lado esquerdo do corpo enfaixado. May agarrou o celular, deslizou a ponta do polegar na tela, desceu os olhos sobre as palavras e imagens. Naquele momento percebi que Carson não havia contado seu passado para May, que estava confusa e assustada.-O que é isso? - May perguntou.Carson deu alguns passos para trás até
Nossa foto causou uma revolução no site da universidade em questão de minutos, milhares de pessoas postaram fotos de seus corpos mostrando o que acreditavam ser suas imperfeições. Cicatrizes, marcas de nascença, deficiência, vitiligo em pele branca e negra, doenças de todos os tipos, pessoas muito altas ou muito baixas, muito magras ou gordas, com alguma parte do corpo considerada muito grande. Algumas pessoas não tinham nada visível nas fotos então escreveram em seus corpos com batom e caneta palavras como bulling, depressão, bipolaridade, transtorno obsessivo compulsivo, autismo, transtorno de personalidade borderline, dissossiativo, antissocial, limítrofe e muitos outros que eu não consegui ler. De repente as pessoas começaram a se assumir, escrevendo em seus corpos que são geys, lésbicas, transexuais, gênero neutro, gênero fluído, bissexual, Pansexual, intersexual, Queer, assexual. E todas usaram a mesma legenda da nossa foto e se intitularam como Medusa. Em questão de horas, Me
Passamos o dia conversando sobre nossas inseguranças, contemplando a ironia de nossa forças surgirem a partir de nossos pontos fracos. Parece uma pseudo psicologia de algum Coaching charlatão, difícil de acreditar, mas se tornou nossa realidade. E mesmo sem perceber, descobrimos que um dos maiores segredos da vida nos aceitar e nos amar independente de qualquer insegurança.Em meio a conversa Sarah decidiu subir para o quarto, disse estar cansada e precisava tomar um banho relaxante. Respeitei seu momento de introspecção, fiquei por algumas horas na sala até receber uma mensagem da Sarah me chamando para o quatro. Subi as escadas praticamente correndo, empurrei a porta do quarto e Sarah estava secando seus logos cabelos com uma toalha. Ela me lançou um sorriso animado, seus olhos brilhavam, sua pele delicada como a seda se escondia por baixo de um hobby de um tecido leve e cor preta. Dei um beijo em seus lábios macios e fui tomar um banho rápido. Saí do banheiro com um shot
O raio de sol tocou meu rosto com delicadeza me resgatando do mundo dos sonhos, saltei da cama, puxei a cortina impedindo a entrada de luz, tomei um banho rápido e desci as escadas. Atravessei a sala, abri a porta principal e respirei fundo. O dia está lindo, temperatura confortável, céu limpo, pássaros cantando e voando, árvores com folhas e flores coloridas ao redor do lago. Como não tinha percebido que estou no paraíso? Fechei a porta e caminhei até a cozinha sentindo o cheiro adocicado de café.-Bom dia-Bom dia - disse Phelipe com um sorriso malicioso - a noite foi boa, não é?-Você ouviu? Me desculpe por isso.Meu rosto esquentou, joguei os olhos para a mesa.-Quem disse que só vocês se divertiram? - disse Phelipe com o mesmo sorriso malicioso.Devolvi o sorriso malicioso. Phelipe fez ovos mexidos, panquecas e bacon para mim. Apanhei a bandeja e Phelipe pareceu ler meus pensamentos.-Come - dis
A semana se seguiu regada por denúncias e prisões, mas de trezentas pessoas foram a delegacia em nome da Medusa e mais de cento e oitenta foram presas dentro e fora do país. A polícia voltou a cabana, cavou por alguns dias e encontrou a ossada de doze pessoas e dez bebês traficados foram resgatados e entregues para suas respectivas famílias. A universidade São Antônio postou um comunicado se sensibilizando com as vítimas e garantindo que ressarciria cada aluno e família, mas declarou Falência poucos dias depois. O domingo amanheceu quente com o céu limpo, decidimos fazer um churrasco para comemorar a Revolução que causamos. vestimos roupas de banho e passamos o dia tomando sol e relembrando nossos últimos dias, orgulhosos por enfrentar nossos demônios, aceitá-los e seguir em frente. Ao entardecer uma viatura se aproximou da casa, o delegado saltou do carro e nos chamou para conversar. Nos reunimos na sala ansiosos por novidades.-A investigação ainda não termi
Passamos o dia conversando, contamos tudo para meus pais, desde a Zuri ter incendiado a casa da Amanda, até as prisões. Minha mãe ouviu tudo em silêncio, meu pai movia o corpo na cadeira de forma agressiva demonstrando estar inconformado.-Nunca gostei daquela garota - disse minha mãe sobre a Zuri.Assim que terminamos de comer e atualizar meus pais, Sarah saiu da mesa, caminhou até o quintal atrás da casa, se sentou em um banco de madeira, preso a viga do teto por correntes. Sai da casa, me sentei ao seu lado, agarrei sua mão e entrelacei os dedos.-Sinto muito por ter que reviver tudo outra vez.-Tudo bem - Sarah respondeu.Ao longe tocava a música "Fugitivos - Day Limns". Puxei seu corpo, a abracei com força.-Vou ter que aprender a lidar com isso assim como lidamos com os ataques.-Sim - respondi - Nos sempre estaremos com Você.Sarah apoiou o rosto em meu peito, suspirou e deixou o e