Sarah II

Sarah…

No dia seguinte acordei muito cedo, na verdade mal consegui dormir, estava ansiosa demais.

— Bom dia Sarah dormiu bem?

— Bom dia, não dormi nada.

— Percebi, está com o olho fundo, parece um zumbi... vou precisar caprichar na maquiagem para esconder.

— Estou nervosa, com medo... ontem sei lá, tive a impressão de que o Carlos não gosta muito de mim.

— Não Sarah, ele é sistemático, bipolar... você vai ver com o tempo pegará confiança em você e te amará como me ama e como eu amo você.

— Obrigada, não sei o que eu seria sem você.

— Vai completar 1 ano que eu saí do orfanato e no começo Sarah foi complicado para mim também... passei por tudo isso que está passando. Vergonha, medo e insegurança, isso é normal, tudo é novo para você. Sei que é difícil por ser mais tímida e por se achar inferior a todos, mas você não é, vão ver a menina inteligente que é e guerreira.

— Obrigada por tudo.

— Não precisa agradecer, somos irmãs e prometemos que vamos sempre cuidar uma da outra. Vamos lá que vou passar uma maquiagem nesse rosto de boneca.

Terminamos de nos arrumar, coloquei o meu uniforme, uma calça de linho preta que caiu muito bem no meu corpo, uma camisa social, lenço no pescoço e um blazer, Laura me indicou usar um sapato salto baixo pois como auxiliar de 2 secretários ia ficar de um lado para o outro. Quando terminamos de se arrumar, parei em frente ao espelho, fiquei em choque... Maquiagem clara que a Laura fez em mim, prendi meu cabelo em rabo de cavalo bem-feito... Uniforme sob medida que meu deu um ar de mulher e não de uma menina caipira.

Fomos para estação do metrô e vi alguns olhares para nós, a Laura estava impecável, saia social com uma fenda aberta na lateral, salto alto e uma blusinha social. Muitos homens estavam mexendo conosco.

— Nosso preciso urgente comprar um carro, não aguento mais andar de metrô e esses homens asquerosos... não respeitam as mulheres. Reclamou Laura.

Fiquei em silencio, era meu primeiro dia, estava muito ansiosa então, não liguei para os homens nos secando, falando besteiras. Meu primeiro dia foi tranquilo, o Juan secretário do Carlos em ensinou tudo sobre o último andar e o que eu precisava fazer. Meu trabalho era organizar planilhas, arrumar as mesas dos secretários e a mesa do Carlos, imprimir documentos, organizar pastas. Levar relatórios para os diretores, levar café para o Carlos e os secretários. Não tive nenhum contato com CEO, o senhor Bianchi, não posso nem pensar pisar na sala dele. Carlos foi muito atencioso comigo, me ensinou muita coisa sobre a empresa, até além do meu dever.

— Sarah vou te ensinar algumas coisas, quem sabe no futuro você vira minha secretária?

— Nossa Carlos agradeço e o Juan?

— Juan está com um projeto de ir estudar na Irlanda, então logo, logo vou precisar de um novo secretário ou secretaria, piscou para mim e fiquei vermelha.

— Só preciso convencer o Sr. Bianchi, você será uma ótima secretaria e claro você vai completar 18 anos poderá ser efetivada.

Fiquei muito feliz, vou me dedicar ao máximo para ser efetivada e me tonar secretaria. O dia passou muito rápido, almocei em 30 min, comi só um salgado pois não estava com muita fome e queria colocar em ordem algumas palmilhas.

Laura teve que acompanhar a sua diretora em um almoço com alguns executivos, então almocei sozinha. No final do expediente estava morta, meus pés inchados de tanto ir e voltar de um canto para o outro... andar para outro e fora que precisei ir retirar umas encomendas para o secretário do CEO, minha sorte que fui de metrô e não era horário de pico.

As 17:00 me encontrei com a Laura na saída e fomos para casa. A semana passou rápido, chegou meu primeiro final de semana, Laura e Carlos planejaram me levar para conhecer a noite agitada de São Paulo.

— Hei se esqueceram que ainda sou menor de idade? Tenho apenas 17 anos.

— Caralho Laura esqueci que ela é baby ainda. Disse Carlos.

— Não tem problema, podem ir se divertir. Vou descansar e amanhã vocês me levam para passear durante o dia ok? Disse já pensando em tomar banho, colocar pijama, assistir filme comendo brigadeiro.

— Negativo Sarah, você vai... Carlos você é amigo do dono da boate, querido não vão nem pedir documento e quem olha para a Sarah jura que é maior de idade. Disse Laura.

— Com essa cara bundinha de neném, pode fazer uma maquiagem bem ousada e uma roupa dizendo “Me come”, aí ok.

Fiquei com olhando para o Carlos assustada.

— O que foi? Nunca foi comida?

Carlos me perguntou, fiquei vermelha sem saber o que responder.

— Carlos cala a boca, já disse que Sarah é inexperiente, nunca ficou com um homem.

Disse Laura. Carlos abriu a boca para responder mais a Laura já cortou...

— Guarde suas piadas para você Carlos. Sarah não é obrigada a ouvir. Aliás no último andar você também fala besteiras?

— Não meu amor, no último andar eu sou o sério. Diretor geral. Agora fora da empresa, sou esse... que você ama.

Falou piscando com cara de deboche.

— Amo mesmo... Respondeu Laura. - Vamos então deixar a Sarah como você disse “me come”.

Caímos nos três na gargalhada. Coloquei uma roupa da Laura, um Cropet prata e calça de couro preto bem justa marcando a minha cintura e bunda. Uma sandália prata com preto, uma maquiagem mais leve... deixei meu cabelo solto e fiz babyliss nas pontas. Ganhei uma bolsa transversal pequena de oncinha linda da Laura mas ela me emprestou uma de mão pequena combinando com a roupa... onde coloquei meu documento, cartão e celular e o batom para poder retocar.

Chegamos na boate e fomos direto para a área vip da boate, o segurança na entrada nem pediu meu documento. A boate era como nos filmes, escura, luzes coloridas. Mal conseguia ver as pessoas direito. A área vip acessava pela lateral e só podia entrar com a pulseira, sentamo-nos em uma mesa e um garçom ficou responsável em atender . Carlos pediu 2 doses de whiskey uma para ele e outra para a Laura.

— E para você Sarah uma Coca Cola? Disse Carlos

— Para de ser debochado Carlos, pode ser uma caipirinha de saquê. Você vai gostar Sarah, é bem fraquinho. Disse Laura.

Chegou a nossa bebida e Laura me orientou beber devagar e sempre tomar água pois era minha primeira vez que ingeria álcool. Gostei da caipirinha saque com morango, estava bem docinho. Depois do primeiro copo comecei a me soltar, chamei Laura para dançar pois desde criança amava. Descemos para a pista de dança, Carlos ficou no nosso meio dançando, muitos homens vinham tirar nos para dançarmos mais recusávamos, sempre e com a desculpa que éramos um triângulo amoroso. Dançamos bastante que estava já até suando.

— Vou ao banheiro, já volto. Avisei.

Sai da pista com dificuldade pois lotou e teve um rapaz que me puxou pela cintura, tentou me agarrar mais consegui me soltar. Passei por isso umas 4 vezes, se esquivando de homens alcoolizados, até tinha uns bonitinhos mais nenhum chamou minha atenção para dar o meu primeiro beijo. O banheiro no térreo perto da pista de dança estava lotado, fui para área vip pois sabia que lá ia estar vazio e tinha mais toaletes. Corri para o banheiro do vip, foi um alívio. Arrumei minha maquiagem e meu cabelo pois estava parecendo uma doida.

Sentei-me em um sofá em nossa mesa e descansei um pouco.

Lorenzo Bianchi…

— Meu Deus Markus não quero ir para boate nenhuma, acabei de chegar nesse país de merda.

— Vamos cara, precisa pegar umas brasileiras... Mulher de verdade e não aquelas europeias geladas e secas. Vamos?

— Está bom, vou mais se estiver chato vou embora, não quero brasileiras.

— Ok... respondeu Markus.

Sou o Lorenzo Bianchi irmão mais novo do Leonardo Bianchi, tenho 26 anos moro na Itália desde quando nasci. Precisei vir para o Brasil para resolver problemas com o meu irmão que está doente e meus pais vieram me acompanhando. Nunca quis ser um CEO ou ser capo da máfia italiana, sim minha família é da Máfia italiana, meu pai é o Capo da Cosa Nostra, moramos em Sicília, minha mãe é Brasileira nascida no Estado de São Paulo.

Meu pai já está na idade de aposentar na máfia e eu terei que ocupar o seu lugar, o correto era para o meu irmão Leonardo ser o seu substituto mais por ironias do destino, ele se assumiu ser homossexual e renunciou seu legado para viver a sua vida longe da máfia italiana.

Assumiu a Presidência em nossas empresas e mora há 20 anos no Brasil, quando ele assumiu a sua sexualidade, meus pais esconderam da organização pois poderia perder seu legado, a família Bianchi era nome honrado na máfia. Planejaram o meu nascimento para o legado continuar em nossa familia, cresci escutando sobre a importância de ser um Bianchi, com 18 anos ia ter que me preparar para um dia assumir o cargo do meu Pai quando ele se aposentar, tenho que casar-me com uma mulher aceita pelo capo e Virgem.

Nunca quis isso para o meu futuro, quero aproveitar a vida e nunca me casar ou assumir as empresas da família e máfia italiana. Meu irmão descobriu um câncer na próstata cerca de 1 ano e a cada dia que passa sua situação está piorando, a doença está em um estágio avançado.

Terei que assumir o cargo de CEO e ser capo no futuro, as 2 coisas que não queria para o meu futuro.

— Pai e mãe, vou sair com o Markus e sem hora para voltar, não me liga.

— Já começara com a sua vida de vagabundo? Reclamou meu pai.

— Meu bem deixa nosso filho apreciei seus últimos dias de solteiro. Disse minha mãe Ana.

— Já disse que não vou me casar com aquela puta da Cecília, ela não tem escrúpulos. Disse alternado a minha voz.

— Moleque insolente, já disse se não se casar com outra, será com Cecília, já te dei a oportunidade de escolher a sua noiva e você só nos enrolou. Disse Sr. Bianchi

— Pai eu já falei que ainda não apareceu, estou procurando a mulher ideal para ser a Sra. Bianchi no futuro.

Consegui por anos enrolar eles com essa história de casamento, mas agora a cada minuto estava ficando mais difícil. Tinha que encontrar uma mulher e sem dúvida, no Brasil que não irá ser, por isso aceitei vir passar um tempo com meu irmão, fingindo estar interessado na empresa e tonar no futuro CEO e Capo da Máfia.

Me encontrei com o Markus na entrada da boate, fomos direto para área vip. Pedimos whiskey e alguns aperitivos. A área vip estava vazia, a pista de dança lotada.

— Vamos Lorenzo para pista achar alguma gostosa para dançar.

— Não estou a fim, pode ir.

— Cara assim você ficará sozinho na seca aqui no Brasil. Essa boate está cheia de mulheres bonitas, olha aquela duas ali no bar, são gatas.

Olhei para o bar e tinha duas loiras com o corpo perfeito, Markus foi se apresentar para as mulheres e eu fiquei sentado tomando meu whiskey. Levantei fui olhar a pista de dança, na parte superior na área vip conseguíamos ver tudo perfeitamente. Vi homens bêbados agarrando mulheres, homens beijando homens, mulheres se oferecendo para velhos bem-vestidos com roupa de grife, mas três pessoas me chamaram atenção.

Duas mulheres e um homem, a loira era muito bonita, mais me chamou minha atenção foi a morena, corpo parece que foi desenhado pelo diabo e o rosto desenhado pelos anjos, um sorriso encantador. Eles estavam dançando e não ligavam para as pessoas em volta, estavam em um mundo que só tinha os três. Fiquei vibrado olhando eles dançarem, será que a morena está com o homem? Ou as duas são um casal? Passei o tempo olhando-a, acompanhado cada movimento do seu corpo perfeito, não estava dançando vulgar.

— Lorenzo? Ei, cara, essa é a Rebeca e Natasha.

Markus veio me apresentar as duas loiras, Rebeca me olhou como se quisesse devorar, uma mulher bonita mais achei bem vulgar a roupa. Estava com um vestido curto e o decote em V até o umbigo, os seios praticamente pulando para fora.

— Prazer Lorenzo!

Voltei a olhar a pista de dança e ignorei o Markus com as duas mulheres. A morena saiu da pista de dança e acompanhei cada passo dela. Um rapaz tentou agarrar ela pela cintura e vi ela empurrando, não deu liberdade ou conversa para nenhum. Me deu vontade de descer e ajudar, mas ela ia me ignorar como fez com os outros homens. Fiquei observando subir para área vip e ir direto para o banheiro.

Ela saiu e ficou sentada na sua mesa, olhando para pista com um sorriso, estava feliz. O garçom serviu água e ela ficou sozinha. Fiquei observando-a, não consegui desgrudar meus olhos, meu coração disparou quando nosso olhar se encontrou. Ela parou de sorrir e olhou sério em minha direção, o olhar dela era profundo, não desviei e continuei encarando.

Sarah…

O garçom me serviu água, agradeci e continuei descansando, nunca tinha dançado assim. Quando olhei para frente vi um rapaz me encarando, muito bonito de parar o trânsito, o olhar dele era frio. Ele aparenta ter mais de 25 anos, cabelo castanho escuro, olhos claros, pele branca parecia que não tomava sol, está bem-vestido, calça preta e uma camisa preta, homem de preto.

Fiquei olhando sem desviar o olhar, se ele quer ficar me encarando vou encarar também. Vi uma mulher loira parando ao lado dele, oferendo um copo com bebida, ela praticamente se jogou nele e aceitou a bebida sem tirar os olhos de mim, continuei observando e a mulher falando em seu ouvido, ele não esboçou nenhuma reação.

A loira olhou na mesma direção e me encarou, fez uma cara de nojo e cochichou no seu ouvido, tive vontade de fazer um gesto inapropriado com o dedo para ela, mas me segurei. Ele tomou um gole da bebida e eu observei a sua boca era perfeita, senti algo que nunca tinha imaginado, minha pele começou a queimar, me deu um calor e perdi o ar, ele deu um sorriso, percebeu a minha reação, devo estar vermelha, preciso voltar para pista de dança e ficar com a Laura e o Carlos. Passei por eles como um foguete queimando, não olhei apenas corri.

— Nossa demorou baby, o que estava aprontando no banheiro? Perguntou Carlos.

— Nada, fiquei um pouco sentada. Já descansei agora quero dançar.

A Laura ficou me olhando pois me conhecia muito bem, eu estava com uma cara assustada. Dançamos mais e olhei para a área vip e ele estava lá me olhando, senti meu corpo queimar com o olhar dele, a loira já não estava ao seu lado.

— Amiga o que tanto olha para o vip? Quer voltar e ficar lá descansando? Perguntou Laura

— Não, já descansei, quero dançar mais. Olhei para cima e ele continuou me encarando.

Um rapaz se aproximou e pediu para dançar comigo, aceitei. Dançamos e gostei, pois, ele foi gentil e não tentou me agarrar, me ofereceu uma bebida e fomos para bar. Olhei para a área vip e não vi o homem de preto. No bar João Pedro, loiro dos olhos verdes se apresentou pois não conversamos quando estávamos dançando, me ofereceu uma bebida.

Pedi uma caipirinha de saquê, amei a bebida e seria o meu segundo copo então não ia me fazer mal. Conversamos sentado no bar, João Pedro um rapaz muito simpático e educado me falou um pouco da sua vida, mora em Alphaville com os pais, estuda direito e está no último ano. Ele tem 23 anos e já me contou sobre os seus sonhos, não falei nada sobre a minha vida, pois não tenho muito o que dizer...

— Nossa Sarah, estou falando sem parar e não me disse nada sobre você. Onde mora, idade, com quem mora?

— Não tenho muito o que dizer sobre mim. Vou fazer 18 anos…

— Porra você é de menor? Disse serio.

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