Capítulo 5 – Encobrir
Voltando ao estacionamento, Scarlett mordeu o lábio ao ver, mais uma vez, o esplêndido carro. Então franziu os lábios e pensou: ‘Esta pode ser... minha única chance de tirar uma foto deste bebê.’ Por isso, virando-se para Kaleb e Liam, perguntou:

― Posso tirar uma foto com o carro? ― Ela fez beicinho e raciocinou: ― Eu realmente amo este carro. Vocês não têm ideia de quantas vezes fantasiei sobre andar em um desses. ―

Kaleb sorriu e respondeu:

― Você ama o carro? E que tal lhe pareceu... ― Ele tossiu, cobrindo a boca, e retomou, com a voz quase inaudível ― o dono? ―

― O quê? ― De emoção, Scarlett perdeu sua última palavra.

Liam, no entanto, ouviu perfeitamente e disse a Scarlett:

― O que ele perguntou foi, quem você ama mais, o carro ou eu? ―

Scarlett simplesmente não pôde deixar de se divertir com a criança e cobriu a boca, enquanto ria de sua franqueza fofa. Então abaixou o olhar e beliscou a bochecha adorável, dizendo:

― Claro que você, seu fofo! Eu escolheria você em vez do carro, sem dúvidas! ―

Liam deu um sorriso triunfante, como se tivesse vencido a batalha, enquanto seus olhos pousavam em seu pai. Se ele pudesse manter um placar, tinha certeza de que já havia vencido a luta.

Enquanto Scarlett tirava fotos de si mesma com o carro, Kaleb teve uma ideia brilhante, garantindo uma vitória maior. Então ofereceu:

― Ei, Scarlett, eu tenho um telefone com câmera 4K. Deixa que eu tiro as fotos e mando para você, o que acha? ―

― Oh, não! Não precisa. Eu tenho vergonha... ― Scarlett foi rápida em responder, sentindo-se envergonhada por imaginar Kaleb Wright tirando fotos dela.

Liam olhou para seu pai, mas apesar dos olhares ameaçadores do filho, Kaleb insistiu:

― Deixe de coisa, eu vou tirar as fotos e mandar para você. Eu sou muito bom em fotografia. ―

Era verdade. Kaleb costumava posar de modelo, quando mais jovem, e foi assim que também aprendeu fotografia. Ele nunca levou a carreira a sério, no entanto. Quando teve Liam, percebeu ainda, que administrar a empresa com seu irmão era a melhor escolha.

Isso lhe deu mais liberdade para estar com seu filho e controle sobre seu tempo. Se o trabalho fosse agitado, ele podia levar Liam para o escritório. Seu irmão mais velho, Kyle, fazia o mesmo. Foi assim que a Wright Diamond Corporation abriu um pequeno clube infantil no próprio prédio comercial.

Parado na frente do Knight XV, o peito de Kaleb se encheu de orgulho ao tirar não apenas uma, mas dez fotos perfeitas de Scarlett. Duas das quais, ele pretendia manter apenas para si mesmo.

***

Três horas depois, no grande bufê de jantar do Hotel Third Diamond, Scarlett sorria, exclamando:

― Uau! Esta foi literalmente a melhor refeição que já comi! Não comia bem assim faz... ― Então, fez uma pausa, pensando na última vez que tivera uma ceia suntuosa, depois deu um sorriso triste, antes de retomar: ― muito tempo. ―

― Você gosta da comida daqui? ― Liam perguntou, radiante. ― Muitos deles são pratos de assinatura da minha avó. ―

― É verdade? ― Scarlett perguntou, com o corpo inclinado para trás, impressionada com o que ouviu. Depois olhou na direção de Kaleb e elogiou: ― Sua mãe é incrível. ―

― Ela é. E é linda também. Minha mãe tem olhos azuis muito atraentes ― disse Kaleb, com um sorriso sincero. Então acrescentou: ― Temos os mesmos olhos... ―

― Oh. ― Scarlett admirou, colocando a mão sobre a boca, segurando as risadas que ameaçavam sair de seus lábios. ― Estou muito feliz por ter jantado com vocês, senhor Wright. ―

― Por favor, já devemos superar as formalidades. Você devolveu meu filho, são e salvo. Sou muito grato a você e você não precisa se dirigir a mim como se eu fosse seu chefe ― ele sugeriu. ― Me chame de Kaleb. ―

― Kaleb, então. ― Ela disse, antes de seus olhos brilharem junto com um sorriso sincero, que facilmente se pintou em seu rosto delicado. ― Obrigado, Kaleb. ―

Os olhos de Kaleb se estreitaram, focando em como os lábios carnudos de Scarlett diziam seu nome e ele ficou muito satisfeito.

― Minha Linda? ― Liam, que estava sentado ao lado de Scarlett, implorou com olhos de cachorrinho. ― Você pode dizer meu nome, várias vezes? ―

― Liam. Liam. Liam. Liam. Liam. Liam! Lindo e adorável Liam! ― Scarlett acrescentou e o sorriso de Liam alcançou as orelhas.

Kaleb parecia incrédulo, mas se recuperou rapidamente, balançando a cabeça.

O trio desfrutou de algumas opções de sobremesas deliciosas, antes de Boris encontrá-los para buscar Liam. Kaleb pretendia levar Scarlett para casa, mas seu filho insistia que queria ir junto. Entretanto, Kaleb foi firme sobre a ser tarde e a criança precisar ir dormir, especialmente porque tinha escola no dia seguinte.

Em outros assuntos, Kaleb toleraria a teimosia de Liam, mas com a escola, as regras precisavam ser seguidas, incluindo observar a estrita hora de dormir.

Foi perto dos elevadores que Scarlett deu um beijo de boa noite na bochecha de Liam, e só depois disso Kaleb voltou com a moça pelos corredores que levavam ao saguão do hotel.

Scarlett ainda estava na terra dos sonhos, pensando em como seu dia foi tão adorável. Ela valorizava o tempo que passava com Liam e não podia deixar de sentir frio na barriga por estar perto de Kaleb também.

Ela tinha que admitir que Kaleb era realmente lindo. Além disso, na opinião dela, ele parecia ser um pai atencioso.

Enquanto caminhavam pelo longo e largo corredor, os olhos dela não deixavam de espiar, de soslaio, o corpo alto, as mandíbulas esculpidas, a maneira como o pomo de adão balançava enquanto ele engolia, e a maneira como ele andava com autoridade e equilíbrio.

Ela ficou maravilhada com a sorte que tinha, por ter conhecido Liam e Kaleb.

Enquanto pensava nessas coisas, seus olhos vislumbraram duas figuras se aproximando, as mesmas que tentou evitar, no dia em que conheceu Liam.

Luca e Courtney caminhavam em direção a eles, a cerca de dez metros de distância.

A moça imediatamente entrou em pânico e, por um segundo, seus pés ficaram enraizados no chão, enquanto seus olhos vasculhavam a vizinhança, em busca de um bom esconderijo.

Desde que terminaram, aquela tinha sido a vida da moça. Se escondendo em qualquer canto, todas as vezes que seu caminho se cruzava com o de Luca. Mas, estavam em um corredor e não havia onde se esconder e nem outro caminho a tomar, a não ser se aproximar do ex-namorado e da irmã-traidora. Scarlett não estava pronta para enfrentar aquilo, de maneira alguma.

Em vez disso, se agarrou à melhor pessoa que poderia protegê-la de ser vista.

Kaleb.

Segurando o braço de Kaleb, ela o puxou para mais perto dela, enquanto se encostava na parede. Ambas as mãos dela logo se apertaram contra as lapelas de seu terno e ela pediu:

― Por favor... Você pode me esconder? ―

Kaleb ficou surpreso, mas, ao mesmo tempo, a proximidade deles também o encantou. Ele ficou confuso com o que ela pediu e, a princípio, decidiu esclarecer:

― Esconder você? ―

Enquanto seu antebraço descansava na parede, perto de seu rosto, seu corpo se aproximou dela, sua cabeça olhando para sua expressão assustada. Kaleb a ouviu repetir:

― Isso, por favor, me ajuda a me esconder... ―

Quando Kaleb percebeu como os olhos de Scarlett se moveram para um casal que se aproximava, o magnata franziu a testa, mas, ao mesmo tempo, viu uma oportunidade que não poderia ser perdida. Por isso, acenou com a cabeça e respondeu:

― Não se preocupe. Vou te esconder bem. ―

Ele se aproximou, essencialmente fechando o espaço entre seus peitos. Embora houvesse muitas camadas de roupas entre eles, ele acabou engolindo em seco, sentindo os seios de Scarlett pressionados contra seu corpo sólido.

Depois, abaixou a cabeça, para que seu rosto cobrisse Scarlett. Junto com seu antebraço que permaneceu na parede, nenhuma de suas características poderia ser vista por Luca e Courtney. Suavemente, Kaleb completou:

― Sou muito bom em esconder pessoas. ―

Scarlett ficou aliviada por estar bem camuflada. Ela estava nos braços de um homem lindo e seu rosto estava praticamente a centímetros do dela, seus lábios roçando seu cabelo, seu hálito quente soprando contra sua testa.

Ela instantaneamente sentiu arrepios por toda parte, ainda mais quando o corpo dele continuou a pressionar contra seu pequeno corpo. Ele estava fazendo um trabalho realmente bom em cobri-la, mas ela teve que empurrá-lo levemente, dizendo:

― Eu... preciso... respirar. ―

― Oh, desculpe ― Kaleb disse, sua boca ainda soprando no topo de sua cabeça. ― Mas, espere, acho que eles estão olhando para você. Por que você não me abraça? ―

Scarlett arregalou os olhos, pensando: ‘Abraçar?’

Apesar de seu cérebro protestar, ela fez o que foi sugerido, atracando seu corpo completamente contra o dele. Não havia absolutamente nenhum espaço entre eles. Ela descansou o rosto contra a curva do pescoço dele e se abaixou para esconder sua figura significativamente, com as mãos segurando com mais força o paletó de Kaleb.

― Eles ainda estão aí? ― Ela perguntou, com a voz fraca, pois já fazia um bom minuto, e ela esperava que eles já estivessem fora de vista.

― Eles ainda estão no corredor. Eles estão... andando muito, muito devagar... parecem tartarugas ― Kaleb disse, sua mão envolvendo a cintura dela, seus olhos fingindo vasculhar o corredor. ― Fique só mais um pouco aí... eu cuido de tudo... ―

Como ela poderia reclamar? Scarlett não sabia o que estava acontecendo com ela, mas pensou silenciosamente: ‘Sou eu? Ou está ficando quente aqui?’

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