A partida amistosa terminara com a vitória do time da casa que recebera grandes elogios do outro técnico. O último set transformara a quadra em um verdadeiro campo de batalha, obrigando os jogadores a suarem a camisa para não desistirem da acirrada pontuação.
Para um certo alfa de cabelos escuros, aquela partida durara uma eternidade. Os seus colegas de time se agitavam com o bom desempenho do rapaz, mas ninguém imaginava que ele estaria apenas descontando aquele sentimento tão estranho e raivoso na bola.
“Não olhe. Por que você quer tanto saber o quão próximo eles estão?”. Os pensamentos de Gabriel eram outro campo de batalha, e mais agonizante se comparado à quadra. Recriminava-se por sempre fugir o olhar para o banco amadeirado onde aqueles dois sujeitos estavam.
Mesmo que Theodore mantivesse toda sua atenção no jogo e fazia algu
Na segunda feira Gabriel chegara na escola de bom humor. Como de costume, se sentara no banco perto da fonte onde seu novo grupo de amigos se encontravam e acenavam para si. Sadie o recebera com um sorriso contagiante ao puxá-lo pelo braço. — Bom dia Gabi! Fiquei sabendo que arrasou no treino de sábado. — Bom dia — Cumprimentava o rapaz, já abrindo seu sorriso gentil de costume. — Não fui o único, o time todo foi muito bem. — Não foi o que meu irmão me contou... Sadie olhara para Milles, que deixara de praticar em seu skate só pra participar da conversa. — Não estou mentindo, se é isso o que estão pensando. — De qualquer forma, estávamos pensando em ir à uma festa nessa sexta. Lembra que eu falei sobre ela? — Festa? — Gabriel ponderou por alguns instantes. Seus pais haviam pedido que tratasse bem a garota, já que era filha de seu chefe. Mas também pediram que se enturmasse com os jovens da cidade, para ficarem tranquilo
Na sexta-feira daquela semana o dia amanhecera completamente nublado. As nuvens acinzentadas pairavam a cidade pequena com trovoadas, sinalizando a possível tempestade que estava prestes a vir.Para o garoto recém-chegado na sala de aula aquelas nuvens pareciam conversar consigo o avisando do caos que poderia vivenciar mais tarde. Afinal, ele tinha um compromisso naquela noite.A classe estava vazia por conta da aula de educação física no primeiro horário, porém Theodore havia chego atrasado por ter levado Lisa na escola no lugar de sua mãe. Já ansioso pela noite, não sentira vontade de participar da aula, optando por ficar em silêncio aproveitando a solidão de sua sala vazia.Theodore ajeitava o material sobre sua carteira e tornava a olhar a janela sentindo o nervosismo em sua barriga. Queria fugir, não conseguia se acalmar de maneira alguma. Mal dormira naquela noite, as
O treino daquela tarde fora tão tempestuosa quanto a chuva que caía no lado de fora. Em breve as eliminatórias iriam começar, e o time precisava de garra para garantirem sua vaga na competição principal. Não somente os jogadores estavam ansiosos, como o técnico também fizera questão de não amolecer nos treinos.O foco deles precisava ser a vitória.Entretanto, dois atletas não compartilhavam daquela mesma energia.Para os demais jogadores, o capitão estava em seu jeito normal de tornar suas vidas um inferno durante os treinos. Sempre dificultando, sempre gritando, sempre os obrigando a serem ferozes em quadra. Mas para um certo aluno transferido aquela atitude era uma enquadra.Nicolas estava marcando Gabriel desde o início da partida treino.Colocados em times opostos, era nítido que o capitão jogava a bola para não dar tem
Segurando um guarda-chuva, um garoto ômega descia do ônibus carregando uma mochila nas costas e uma bolsa grande na mão. Olhando em volta, Theodore sentia cada parte do seu estômago se revirar ao seguir o caminho de estrada de terra já tão conhecido por si.A única coisa boa de se visitar o pai era que ele vivia em um sítio fora da cidade pequena. O problema era ter de pegar ônibus para chegar perto da estrada, e a longa caminhada até encontrar o portal que lhe desejava boas vindas.Se fosse em outros tempos certamente o seu pai o buscaria na porta da escola com a caminhonete. Mas aqueles tempos não voltariam mais. Seu pai nem passara mensagem perguntando que horas o loiro chegaria.Theodore não reclamou de sua longa caminhada, apesar de seus pés e costas doerem ao ponto de precisar fazer algumas paradas antes de continuar. Quando avistara o portal azulado com emblemas de tour
No sábado de manhã o galo cantava às seis da manhã, mas não fora o pobre animal que despertara Theodore de seu sono. O motor barulhento da caminhoneta fora quem o trouxera à realidade.Girando no colchão macio, o rapaz ponderava em dormir até tarde e descer só para almoçar. Por outro lado ficar o dia todo preso no quarto só para evitar seu pai parecia uma ideia bem injusta. Quem tinha lhe convidado fora Maggie, e a ômega parecia ansiosa para que se dessem bem.Então, com um resmungo preguiçoso Theodore se obrigara a levantar da cama e tomar um banho gelado para descer até a cozinha.O seu maior problema era ter alguma discussão com o pai, como na outra vez. No entanto não poderia fugir da realidade, pois era concordar que ele estava errado.Theodore não achava que estava errado.Descendo as escadas, chegara na cozinha sem enc
Theodore não havia imaginado que entraria no mesmo carro que o seu pai depois da noite em que brigaram. Mas lá estava ele sentado no banco de trás da caminhoneta, indo para uma festa sertaneja fazer companhia à sua futura madrasta.A festa seria um churrasco de chão feito no terreno da cooperativa. Quando a caminhoneta estacionou e Theodore descera do carro, já ouvira as músicas sertanejas tocando no som de um carro com o porta malas aberto. O cheiro de cerveja lhe davam as boas vindas junto como cheiro da carne sendo assada mesclada aos feromônios misturados das classes.—Parece que o povo já está animado. —Ria Maggie ao descer do carro.—Já estão entortando o caneco —Sorria Bill sem desgrudar os olhos dos camaradas que riam e jogavam cartas.—E você pretende entrar na roda, não é?&mdas
Deitado no banco de trás, Theodore cobria os olhos com o antebraço engolindo a angústia e a vontade de chorar. Não se permitiria mostrar-se vulnerável bem debaixo do nariz de seu pai.Não quando tinha medo do que poderia vir depois.O caminho fora silencioso e apressado, tendo Maggie liberado os próprios feromônios para acalmar os dois homens. Depois que a caminhoneta fora estacionada na garagem da casa amadeirada, Maggie apressou-se em sair do carro para ajudar o loiro a descer.—Consegue se mexer? Está machucado em algum outro lugar?—Eu consigo andar, obrigado.Theodore conseguira sair da caminhoneta com dificuldades, suas costas doíam assim como sua face. Ainda assim seguira para dentro da casa como se aguentasse a dor do mundo. Sem dizer uma única palavra para os adultos ele seguira até seu quarto.Ainda parados na porta assistindo
No domingo de manhã a casa amadeirada estava silenciosa e fresquinha. A mulher que passava o café no coador erguia os olhos castanhos para a janela ao ouvir o som do motor da caminhoneta. O alfa bronzeado descia com sacolas com pães fresquinhos e quentinhos, soltando um bocejo silencioso.Quando Bill entrara na casa deixando a sacola na mesa da sacada, fora até a cozinha depositar um selar na bochecha da noiva, a fazendo sorrir.— Por que levantou tão cedo hoje? Poderia ficar mais tempo na cama já que é domingo.— Tenho que passar na cooperativa pra resolver algumas coisas, mas quero voltar pro almoço.Abrindo um sorriso brincalhão, Maggie voltava a se concentrar em coar o café na garrafa.— Agora que se resolveram não quer perder um minuto, não é?Escondendo a vergonha, Bill pigarreou olhando a vista da janela.— Theodor