O treino daquela tarde fora tão tempestuosa quanto a chuva que caía no lado de fora. Em breve as eliminatórias iriam começar, e o time precisava de garra para garantirem sua vaga na competição principal. Não somente os jogadores estavam ansiosos, como o técnico também fizera questão de não amolecer nos treinos.
O foco deles precisava ser a vitória.
Entretanto, dois atletas não compartilhavam daquela mesma energia.
Para os demais jogadores, o capitão estava em seu jeito normal de tornar suas vidas um inferno durante os treinos. Sempre dificultando, sempre gritando, sempre os obrigando a serem ferozes em quadra. Mas para um certo aluno transferido aquela atitude era uma enquadra.
Nicolas estava marcando Gabriel desde o início da partida treino.
Colocados em times opostos, era nítido que o capitão jogava a bola para não dar tem
Segurando um guarda-chuva, um garoto ômega descia do ônibus carregando uma mochila nas costas e uma bolsa grande na mão. Olhando em volta, Theodore sentia cada parte do seu estômago se revirar ao seguir o caminho de estrada de terra já tão conhecido por si.A única coisa boa de se visitar o pai era que ele vivia em um sítio fora da cidade pequena. O problema era ter de pegar ônibus para chegar perto da estrada, e a longa caminhada até encontrar o portal que lhe desejava boas vindas.Se fosse em outros tempos certamente o seu pai o buscaria na porta da escola com a caminhonete. Mas aqueles tempos não voltariam mais. Seu pai nem passara mensagem perguntando que horas o loiro chegaria.Theodore não reclamou de sua longa caminhada, apesar de seus pés e costas doerem ao ponto de precisar fazer algumas paradas antes de continuar. Quando avistara o portal azulado com emblemas de tour
No sábado de manhã o galo cantava às seis da manhã, mas não fora o pobre animal que despertara Theodore de seu sono. O motor barulhento da caminhoneta fora quem o trouxera à realidade.Girando no colchão macio, o rapaz ponderava em dormir até tarde e descer só para almoçar. Por outro lado ficar o dia todo preso no quarto só para evitar seu pai parecia uma ideia bem injusta. Quem tinha lhe convidado fora Maggie, e a ômega parecia ansiosa para que se dessem bem.Então, com um resmungo preguiçoso Theodore se obrigara a levantar da cama e tomar um banho gelado para descer até a cozinha.O seu maior problema era ter alguma discussão com o pai, como na outra vez. No entanto não poderia fugir da realidade, pois era concordar que ele estava errado.Theodore não achava que estava errado.Descendo as escadas, chegara na cozinha sem enc
Theodore não havia imaginado que entraria no mesmo carro que o seu pai depois da noite em que brigaram. Mas lá estava ele sentado no banco de trás da caminhoneta, indo para uma festa sertaneja fazer companhia à sua futura madrasta.A festa seria um churrasco de chão feito no terreno da cooperativa. Quando a caminhoneta estacionou e Theodore descera do carro, já ouvira as músicas sertanejas tocando no som de um carro com o porta malas aberto. O cheiro de cerveja lhe davam as boas vindas junto como cheiro da carne sendo assada mesclada aos feromônios misturados das classes.—Parece que o povo já está animado. —Ria Maggie ao descer do carro.—Já estão entortando o caneco —Sorria Bill sem desgrudar os olhos dos camaradas que riam e jogavam cartas.—E você pretende entrar na roda, não é?&mdas
Deitado no banco de trás, Theodore cobria os olhos com o antebraço engolindo a angústia e a vontade de chorar. Não se permitiria mostrar-se vulnerável bem debaixo do nariz de seu pai.Não quando tinha medo do que poderia vir depois.O caminho fora silencioso e apressado, tendo Maggie liberado os próprios feromônios para acalmar os dois homens. Depois que a caminhoneta fora estacionada na garagem da casa amadeirada, Maggie apressou-se em sair do carro para ajudar o loiro a descer.—Consegue se mexer? Está machucado em algum outro lugar?—Eu consigo andar, obrigado.Theodore conseguira sair da caminhoneta com dificuldades, suas costas doíam assim como sua face. Ainda assim seguira para dentro da casa como se aguentasse a dor do mundo. Sem dizer uma única palavra para os adultos ele seguira até seu quarto.Ainda parados na porta assistindo
No domingo de manhã a casa amadeirada estava silenciosa e fresquinha. A mulher que passava o café no coador erguia os olhos castanhos para a janela ao ouvir o som do motor da caminhoneta. O alfa bronzeado descia com sacolas com pães fresquinhos e quentinhos, soltando um bocejo silencioso.Quando Bill entrara na casa deixando a sacola na mesa da sacada, fora até a cozinha depositar um selar na bochecha da noiva, a fazendo sorrir.— Por que levantou tão cedo hoje? Poderia ficar mais tempo na cama já que é domingo.— Tenho que passar na cooperativa pra resolver algumas coisas, mas quero voltar pro almoço.Abrindo um sorriso brincalhão, Maggie voltava a se concentrar em coar o café na garrafa.— Agora que se resolveram não quer perder um minuto, não é?Escondendo a vergonha, Bill pigarreou olhando a vista da janela.— Theodor
Gabriel estava ansioso na segunda-feira de manhã. Desde o momento em que se sentara na fonte antes da aula começar, e não enxergara a figura do ômega loiro sentado debaixo da tabebuia, ele sentira que algo estava errado.De modo geral, ele não era um rapaz que costumava se preocupar com mau entendidos. Dessa vez era diferente.Na sexta-feira à noite Gabriel fora para a festa junto com seu novo grupo de amigos. Como esperado de um bando de adolescentes doidos, o álcool e a pegação rolavam à solta pela casa da garota rica. No instante em que pisara no gramado do sobrado e percebera a atmosfera da festa, Gabriel torcera o nariz.Gostava de ir em festas, mas preferia algo comedido. Música alta, gente bêbada se esbarrando e casais se engolindo nos corredores não era algo apreciativo para o garoto. Ainda assim fizera um grande esforço para se divertir, já que estava
No instante em que pisara fora do ginásio coberto, vira o loiro seguir para os fundos do prédio. Estranhando, se apressara para alcançá-lo.— Ei, Theodore, espera!O garoto encapuzado parara de caminhar, sem se virar para trás. Tentando acalmar sua respiração ofegante, Gabriel apoiou-se em seus joelhos antes de se aproximar lentamente do loiro.— Não consegui conversar contigo hoje. Você está bem?— Estou bem.A resposta seca fizera Gabriel engolir em seco.— Theo!— Volta aqui seu tampinha! Temos um assunto pra resolver.Gabriel fechara os olhos reprimindo a vontade de xingar ao ouvir a voz de Nicolas e Milles tão perto de onde eles estavam.— Cala a boca, seu babaca. Volta pra sua trupe que eu quero conversar com meu amigo.— Oh, já está se escondendo atrás da sua esposa.
Aquelas palavras se repetiam para Theodore incansavelmente. Imaginava que Gabriel fosse agir como Nicolas. O questionando o que poderia ter acontecido, ou então que ficaria tão preocupado ao ponto de querer cuidar de suas feridas. Só que Gabriel fora simples. Ele apenas afugentara a onda de preocupação excessiva e o deixara ir embora. Ficara levemente entristecido, admitia, pela aparente falta de interesse de seu colega de classe. Quando a noite chegara a janela de chat do MSN se erguera, fazendo o ômega loiro pular da cama mesmo sentindo dores. Sentando-se na cadeira de sua mesa de estudos, encontrara o nome de Gabriel brilhando na tela lhe desejando boa noite. Rapidamente o loiro lhe responde a saudação, aguardando ansiosamente sua resposta. “Gabriel diz: Como está se sentindo? Dói em algum lugar?” Theodore cobrira o rosto com as mãos abafando o riso alegre e eufórico. Espiando entre os dedos, respirara fundo para lhe responder. “Theodore diz: Dói um pouco na barriga e as cos