Um ômega.
Nicolas era um ômega.— Não pode ser... Você não cheira a um.— Que comece a parte chata da conversa.— Está brincando com a minha cara, seu baixinho imprestável?— Adoraria, é o meu passatempo preferido inclusive. Mas estou deplorável na sua frente, e eu não chegaria a esse ponto só pra te sacanear.Certo, Nicolas tinha um ponto. Eles brigavam sim, sempre discutiam um com o outro. Não suportavam a presença do outro. Mas jamais Nicolas teria permitido Milles vê-lo vulnerável.Jamais.Era sempre forte.Sempre em alerta.— Então... Tu é um ômega? — Milles respirara fundo sentindo suas pernas tremerem subitamente. Precisou se encostar na parede para se apoiar e não cair pateticamente &mdQuando Theodore sonhara em se apaixonar, a intenção era viver um romance digno de filme da Disney. Estava preparado para os altos e baixos, ansiando por resolvê-los junto ao seu paquera só para fortalecer o seu amor. Um romance que lhe fizesse sentir vivo.Agora que vivenciava algo, sentia que a realidade era completamente diferente de um filme da Disney.Sentado no canto do ginásio com o fone conectado em seu ipod, ouvia as músicas do seu musical preferido sem desgrudar os olhos claros de um certo alfa alto de cabelos escuros. Adorava ver Gabriel focado daquela maneira, como se o mundo só fosse ele e a bola.Gabriel sempre olhava em sua direção abrindo um sorriso gentil, como quem não quisesse perder o ômega de vista. Em um momento
Na manhã da terça-feira o outono viera com uma brisa gentil que balançava os cabelos loiros. O cheiro adocicado de um ômega era espalhado por todo lado, pois ele estava feliz não escondendo de ninguém. Mesmo com todos os olhares sobre si, Theodore adentrava na escola de ombros erguidos.Fora para o seu lugar preferido, o gramado abaixo da tabebuia onde costumava ler livro ou escutar música enquanto esperava a chegada de Nicolas. Apesar que seu amigo havia ligado no dia anterior avisando que faltaria, já que sua febre não baixava.Deveria visitá-lo depois da aula?Abrindo a mochila para pegar seu livro, Theodore sentira o peso de olhares sobre si. Arqueara a sobrancelha olhando em volta, encolhendo os ombros em perceber todos no pátio o observar e cochichar.O que era aquilo?Seu rosto estaria sujo? Lisa brincara com a geleia no café da m
Na escuridão do seu quarto, Milles estava sentado em sua cama encostado na parede encarando a janela. Mais precisamente o próprio reflexo. Fazia um bom tempo que observava aquele sujeito tão estranho que parecia consigo mesmo. Reconhecia o corte de cabelo, a cor dos olhos e demais traços em seu rosto, porém o que transparecia era inédito.O tom acastanhado tinha um fio avermelhado que brilhava. Todo o seu rosto estava tensionado, como se tentasse arduamente conter algo. Milles sabia muito bem do que se tratava aquilo.Estava ardendo de desejo.Deveria ser algo rotineiro, já que os seus desejos passaram a lhe acompanhar desde o dia em que seu capitão o beijara. Porém, os eventos dos últimos dias trouxeram uma nova perspectiva sobre o que sentia. Milles se dava conta ser incapaz de resistir a Nicolas. O seu capitão era uma droga viciante, que precisava cada vez mais.
Na terça-feira Milles estava ansioso para ir à escola. Geralmente não se sentia daquela maneira, mas haviam duas coisas das quais precisava averiguar.Primeiramente, seu amigo. Se Sadie ficara irritada com a maldita história sendo publicada na comunidade do orkut, quem dirá o que os demais estudantes pensariam de Gabriel. Cochichos, rumores infundados, brincadeiras das quais Milles já havia feito com Theodore poderiam ser feitas com o aluno novo. Gabriel provavelmente não estaria preparado para lidar com tamanha atenção.Seguidamente, queria ver Nicolas. O capitão havia desmaiado no dia anterior sabe-se lá o porquê. Estava febril e parecia cansado. Apesar de toda fragilidade o baixinho ainda fizera questão de beijá-lo daquela forma na enfermaria. Só pra mostrar ao alfa que aquele ômega não seria domado com tanta facilidade. Ainda assim, Mille
— Gabi! Está indo para o treino? Gabriel virou a cabeça sobre o ombro encontrando os olhos maquiados de Sadie, brilhando intensamente para si. Não sabia lidar com a euforia da garota quando ela se jogava em suas costas e se pendurava. Parecia imobilizá-lo completamente. — Sim, apesar de já estar atrasado. Esqueci dos tênis que ganhei dos meus pais esses dias, então voltei pra pegar. — Esquecidinho você, hein. Mas parece que agora não teremos tanto tempo juntos... Quero dizer, da gente sair em galera igual aquele dia. O alfa sorria gentilmente para a garota, que finalmente o soltara do apertado abraço, conseguindo caminhar pelos corredores da escola pra sair do prédio. Carregando o par de tênis novinho, ele tentava olhar seus detalhes só pra fugir do olhar intenso de Sadie. Era um incômodo lidar com garotas como ela. O cheiro que emanavam deixavam claro suas intenções. Sempre deixavam rastros propositalmente. Bem... Não a cu
Theodore se ausentara do treino naquela tarde. Preferia assim, pois as proporções da dita história estavam ficando grandes demais. Lilian havia dito que tomaria cuidado com o assunto, evitando escrever sobre outros estudantes para não jogá-los naquele redemoinho. Contudo, o que mais temia estava a acontecer. Mas de um jeito estranho. Imaginara que o grupo de Sadie o tomaria como autor daquela história. Afinal ele era o protagonista e par romântico de Gabriel. Seria lógico chegar nessa conclusão. Só não esperava que o grupo de Sadie tomasse o alfa como uma vítima de sua tentativa de sedução. Ora essa, não deveriam olhar torto para Gabriel e enchê-lo de perguntas? Ou então mudar a forma como tratavam? Não fora assim que acontecera consigo? Que mundo injusto... Apesar de ser um alívio que Gabriel tenha amigos que se importam consigo. Se Theodore fosse ao treino naquela tarde, imaginara que o time não ficaria a vontade com sua
O celular apitava avisando a chegada de uma nova mensagem. Tirando o aparelho do bolso, Milles tomava cuidado em se manter equilibrado sobre o skate enquanto lia o endereço enviado por Gabriel. Do que sabia sobre as ruas daquela pequena cidade, o alfa já tinha noção de onde era. E teria de voltar o caminho, pois Nicolas morava muito perto da escola. Fazendo a volta na rua, o rapaz pegava impulso para deslizar o skate no asfalto, ansiando cada vez mais chegar em seu destino. Como poderia aquele capitão marrento e mau-humorado ficar sozinho em casa e ainda mais doente? Um sorriso crescia debilmente em sua face, considerando aquela a chance perfeita para uma vingança. Nicolas sempre pegara no seu pé durante os treinos, o obrigando a fazer mais exercícios que os demais. Principalmente castigá-lo quando as garotas invadiam o ginásio para assistir os treinos, o tornando responsável pela bagunça. Então, não seria direito seu aproveitar a guar
As horas passavam arrastadas para Milles. Já havia lavado a louça e sua batalha atual era fazer Nicolas dormir. Mas o garoto não fechava os olhos de maneira alguma.Por que com Theodore ele simplesmente cedia?Seria algum problema consigo?Não conseguia ficar relaxado por ser ele quem estaria cuidando? Era o pensamentos mais plausível que conseguia imaginar. Provavelmente o seu capitão estaria em alerta por Milles ficar por perto, mesmo que fraco e febril.— Não, você não vai jogar vídeo game.Nicolas formava bico e chutava as cobertas para longe, fazendo uma pequena birra que parecia combinar com sua personalidade caótica.— Mas eu quero! Não quero dormir, eu quero ficar acordado!— Você vai dormir.— Não quero.— Vai dormir seu porteiro de maquete!— Mas eu não quero...<