— Gabi! Está indo para o treino?
Gabriel virou a cabeça sobre o ombro encontrando os olhos maquiados de Sadie, brilhando intensamente para si. Não sabia lidar com a euforia da garota quando ela se jogava em suas costas e se pendurava. Parecia imobilizá-lo completamente.— Sim, apesar de já estar atrasado. Esqueci dos tênis que ganhei dos meus pais esses dias, então voltei pra pegar.— Esquecidinho você, hein. Mas parece que agora não teremos tanto tempo juntos... Quero dizer, da gente sair em galera igual aquele dia.O alfa sorria gentilmente para a garota, que finalmente o soltara do apertado abraço, conseguindo caminhar pelos corredores da escola pra sair do prédio. Carregando o par de tênis novinho, ele tentava olhar seus detalhes só pra fugir do olhar intenso de Sadie.Era um incômodo lidar com garotas como ela. O cheiro que emanavam deixavam claro suas intenções. Sempre deixavam rastros propositalmente. Bem... Não a cuTheodore se ausentara do treino naquela tarde. Preferia assim, pois as proporções da dita história estavam ficando grandes demais. Lilian havia dito que tomaria cuidado com o assunto, evitando escrever sobre outros estudantes para não jogá-los naquele redemoinho. Contudo, o que mais temia estava a acontecer. Mas de um jeito estranho. Imaginara que o grupo de Sadie o tomaria como autor daquela história. Afinal ele era o protagonista e par romântico de Gabriel. Seria lógico chegar nessa conclusão. Só não esperava que o grupo de Sadie tomasse o alfa como uma vítima de sua tentativa de sedução. Ora essa, não deveriam olhar torto para Gabriel e enchê-lo de perguntas? Ou então mudar a forma como tratavam? Não fora assim que acontecera consigo? Que mundo injusto... Apesar de ser um alívio que Gabriel tenha amigos que se importam consigo. Se Theodore fosse ao treino naquela tarde, imaginara que o time não ficaria a vontade com sua
O celular apitava avisando a chegada de uma nova mensagem. Tirando o aparelho do bolso, Milles tomava cuidado em se manter equilibrado sobre o skate enquanto lia o endereço enviado por Gabriel. Do que sabia sobre as ruas daquela pequena cidade, o alfa já tinha noção de onde era. E teria de voltar o caminho, pois Nicolas morava muito perto da escola. Fazendo a volta na rua, o rapaz pegava impulso para deslizar o skate no asfalto, ansiando cada vez mais chegar em seu destino. Como poderia aquele capitão marrento e mau-humorado ficar sozinho em casa e ainda mais doente? Um sorriso crescia debilmente em sua face, considerando aquela a chance perfeita para uma vingança. Nicolas sempre pegara no seu pé durante os treinos, o obrigando a fazer mais exercícios que os demais. Principalmente castigá-lo quando as garotas invadiam o ginásio para assistir os treinos, o tornando responsável pela bagunça. Então, não seria direito seu aproveitar a guar
As horas passavam arrastadas para Milles. Já havia lavado a louça e sua batalha atual era fazer Nicolas dormir. Mas o garoto não fechava os olhos de maneira alguma.Por que com Theodore ele simplesmente cedia?Seria algum problema consigo?Não conseguia ficar relaxado por ser ele quem estaria cuidando? Era o pensamentos mais plausível que conseguia imaginar. Provavelmente o seu capitão estaria em alerta por Milles ficar por perto, mesmo que fraco e febril.— Não, você não vai jogar vídeo game.Nicolas formava bico e chutava as cobertas para longe, fazendo uma pequena birra que parecia combinar com sua personalidade caótica.— Mas eu quero! Não quero dormir, eu quero ficar acordado!— Você vai dormir.— Não quero.— Vai dormir seu porteiro de maquete!— Mas eu não quero...<
Ainda na terça-feira, Theodore já esperava Gabriel no portão da escola. Ficar sentado na sala de aula o deixara angustiado, enquanto que no pátio podia, ao menos, admirar o pôr-do-sol alaranjado. Contudo era um tanto quanto estranho ficar parado ali com alguns estudantes passando por si o olhando e acenando timidamente.O ômega olhava em sua volta verificando que não havia nenhuma outra pessoa além dele mesmo por ali, só para ter a certeza de que o aceno para si. E somente então retribuía tão timidamente, arrancando sorrisinhos das pessoas que seguiam seus caminhos.Estariam rindo dele ou rindo para ele?Theodore não sabia.— Boa sorte no concurso, Theodore! — Ousara dizer um rapaz que Theodore reconhecera ser da classe de Lilian, acenando espalhafatosamente para o ômega. — O primeiro ano conta contigo!O garoto acenava mesmo correndo pe
Theodore conhecia bem a casa de Nicolas, e por isso não fizera cerimônias para entrar e deixar as compras no balcão da cozinha. Contudo, no instante em que eles passaram na sala, Gabriel imediatamente tirara um lenço de sua bolsa e a usara para cobrir o nariz do loiro.Havia um cheiro muito intenso ali.Os dois garotos trocaram olhares. Theodore segurara o lenço e seguira pelo corredor até o último quarto onde a porta estava aberta. Ali ele e Gabriel puderam encontrar a origem daquele cheiro forte.E se surpreenderam.Milles estava escorado na cama de Nicolas, com a cara de poucos amigos segurando Nicolas sentado em seu colo. Completamente largado ali, como se estivesse em êxtase puro. Já o capitão, dormia como um bebê com a cabeça em seu ombro, e a ponta do nariz tocando o pescoço do alfa.Que cena inédita!Os dois rapazes entreolharam-se completa
A quinta-feira amanhecera com sol apesar do vento gelado típico de outono. Mesmo com os conselhos de Lilian sobre evitar os ditos moletons, Theodore pegara o mais novo de seu guarda-roupa para usar na escola. No entanto, os cabelos levemente bagunçados e a preguiça estampada pareceu lhe render pontos extras na sua popularidade.Alguns estudantes o cumprimentavam timidamente, ou até lhe desejavam boa sorte no dito concurso. Haviam também aqueles que o ignoravam ou o evitavam, lançando olhares nada discretos. Certamente um efeito causado pela história, que na noite anterior ganhara mais capítulos na comunidade do Orkut.Sentando-se no gramado debaixo da tabebuia como de costume, Theodore aproveitara o tempo lendo um livro enquanto esperava pelo melhor amigo. Fazia um tempo que não se dedicava a um bom livro de romance. O da vez fora uma recomendação da bibliotecária, o aconselhando a ler
Com o fim das aulas, e o fim da reunião na sala da coordenação, Theodore acompanhava Nicolas para o vestiário do ginásio onde se trocaria. O baixinho estava quieto desde o momento em que a briga terminara, preso aos próprios pensamentos.— Você está bem? — Ousara questionar, cruzando os braços ao se encostar nos armários.Nicolas erguera os olhos ao terminar de arrumar as joelheiras, pegando as cotoveleiras para vesti-las. Soltara um suspiro pesado, como se fosse um fardo organizar os próprios pensamentos.— O grandalhão me pareceu estranho hoje.Um arrepio passara na espinha de Theodore, mas ele soubera manter a compostura e não parecer nervoso.— Como assim? Foi um alívio ele ter ajudado a parar a briga.— Argh, vou ter que agradecer ele? — Resmungava Nicolas com uma careta, causando risos em seu amigo.<
— Tudo bem, Theo. Mas não chegue muito tarde, viu? Qualquer coisa liga, que o Pete irá te buscar.— Tá certo, mãe. Beijos.Desligando o celular e o guardando no bolso da calça, Theodore voltava a cruzar os braços enquanto vigiava os três briguentos a limparem o banheiro do primeiro andar. Deveria imaginar que o treinador fosse lhe pedir esse favor logo depois de terem discutido sobre os planos de treino. Professor Marcos estaria desconfiado que dali surgiria mais uma briga que ferraria por completo a dinâmica do time. O loiro, por sua vez, acreditava que a briga deixara claro que os dois amigos de Sadie perderam seus orgulhos ao apanharem na frente da escola toda. Ou seja, não teriam coragem em erguer os punhos.Cruzando os braços soltando um suspiro cansado, o loiro assistia ao silêncio deles. Vez ou outra os escutavam reclamar da sujeira, mas não ousavam falar