As horas passavam arrastadas para Milles. Já havia lavado a louça e sua batalha atual era fazer Nicolas dormir. Mas o garoto não fechava os olhos de maneira alguma.
Por que com Theodore ele simplesmente cedia?
Seria algum problema consigo?
Não conseguia ficar relaxado por ser ele quem estaria cuidando? Era o pensamentos mais plausível que conseguia imaginar. Provavelmente o seu capitão estaria em alerta por Milles ficar por perto, mesmo que fraco e febril.
— Não, você não vai jogar vídeo game.
Nicolas formava bico e chutava as cobertas para longe, fazendo uma pequena birra que parecia combinar com sua personalidade caótica.
— Mas eu quero! Não quero dormir, eu quero ficar acordado!
— Você vai dormir.
— Não quero.
— Vai dormir seu porteiro de maquete!
— Mas eu não quero...
<Ainda na terça-feira, Theodore já esperava Gabriel no portão da escola. Ficar sentado na sala de aula o deixara angustiado, enquanto que no pátio podia, ao menos, admirar o pôr-do-sol alaranjado. Contudo era um tanto quanto estranho ficar parado ali com alguns estudantes passando por si o olhando e acenando timidamente.O ômega olhava em sua volta verificando que não havia nenhuma outra pessoa além dele mesmo por ali, só para ter a certeza de que o aceno para si. E somente então retribuía tão timidamente, arrancando sorrisinhos das pessoas que seguiam seus caminhos.Estariam rindo dele ou rindo para ele?Theodore não sabia.— Boa sorte no concurso, Theodore! — Ousara dizer um rapaz que Theodore reconhecera ser da classe de Lilian, acenando espalhafatosamente para o ômega. — O primeiro ano conta contigo!O garoto acenava mesmo correndo pe
Theodore conhecia bem a casa de Nicolas, e por isso não fizera cerimônias para entrar e deixar as compras no balcão da cozinha. Contudo, no instante em que eles passaram na sala, Gabriel imediatamente tirara um lenço de sua bolsa e a usara para cobrir o nariz do loiro.Havia um cheiro muito intenso ali.Os dois garotos trocaram olhares. Theodore segurara o lenço e seguira pelo corredor até o último quarto onde a porta estava aberta. Ali ele e Gabriel puderam encontrar a origem daquele cheiro forte.E se surpreenderam.Milles estava escorado na cama de Nicolas, com a cara de poucos amigos segurando Nicolas sentado em seu colo. Completamente largado ali, como se estivesse em êxtase puro. Já o capitão, dormia como um bebê com a cabeça em seu ombro, e a ponta do nariz tocando o pescoço do alfa.Que cena inédita!Os dois rapazes entreolharam-se completa
A quinta-feira amanhecera com sol apesar do vento gelado típico de outono. Mesmo com os conselhos de Lilian sobre evitar os ditos moletons, Theodore pegara o mais novo de seu guarda-roupa para usar na escola. No entanto, os cabelos levemente bagunçados e a preguiça estampada pareceu lhe render pontos extras na sua popularidade.Alguns estudantes o cumprimentavam timidamente, ou até lhe desejavam boa sorte no dito concurso. Haviam também aqueles que o ignoravam ou o evitavam, lançando olhares nada discretos. Certamente um efeito causado pela história, que na noite anterior ganhara mais capítulos na comunidade do Orkut.Sentando-se no gramado debaixo da tabebuia como de costume, Theodore aproveitara o tempo lendo um livro enquanto esperava pelo melhor amigo. Fazia um tempo que não se dedicava a um bom livro de romance. O da vez fora uma recomendação da bibliotecária, o aconselhando a ler
Com o fim das aulas, e o fim da reunião na sala da coordenação, Theodore acompanhava Nicolas para o vestiário do ginásio onde se trocaria. O baixinho estava quieto desde o momento em que a briga terminara, preso aos próprios pensamentos.— Você está bem? — Ousara questionar, cruzando os braços ao se encostar nos armários.Nicolas erguera os olhos ao terminar de arrumar as joelheiras, pegando as cotoveleiras para vesti-las. Soltara um suspiro pesado, como se fosse um fardo organizar os próprios pensamentos.— O grandalhão me pareceu estranho hoje.Um arrepio passara na espinha de Theodore, mas ele soubera manter a compostura e não parecer nervoso.— Como assim? Foi um alívio ele ter ajudado a parar a briga.— Argh, vou ter que agradecer ele? — Resmungava Nicolas com uma careta, causando risos em seu amigo.<
— Tudo bem, Theo. Mas não chegue muito tarde, viu? Qualquer coisa liga, que o Pete irá te buscar.— Tá certo, mãe. Beijos.Desligando o celular e o guardando no bolso da calça, Theodore voltava a cruzar os braços enquanto vigiava os três briguentos a limparem o banheiro do primeiro andar. Deveria imaginar que o treinador fosse lhe pedir esse favor logo depois de terem discutido sobre os planos de treino. Professor Marcos estaria desconfiado que dali surgiria mais uma briga que ferraria por completo a dinâmica do time. O loiro, por sua vez, acreditava que a briga deixara claro que os dois amigos de Sadie perderam seus orgulhos ao apanharem na frente da escola toda. Ou seja, não teriam coragem em erguer os punhos.Cruzando os braços soltando um suspiro cansado, o loiro assistia ao silêncio deles. Vez ou outra os escutavam reclamar da sujeira, mas não ousavam falar
Ele realmente tinha feito aquilo?Na escola?Não fora um sonho, certo?Era rotineiro ter alguns sonhos intensos com Gabriel, principalmente em certos períodos. Tocando os próprios lábios, sentia com nitidez os beijos intenso trocados outrora. Descendo por seu peito, recordava-se dos estímulos que recebera o excitando tanto. E quando seus olhos desceram para o baixo ventre... Era como se a mão de Gabriel ainda estivesse ali presente.Só de lembrar, o seu corpo começava a aquecer.Seus braços tremiam só de se recordar.Nunca imaginaria que Gabriel fizesse algo daquele nível. Ele sempre parecera comportado demais, ou ao menos não demonstrava os seus gostos como os demais garotos da idade. Fora uma surpresa excitante descobrir aquele lado e daquela forma.Justamente logo após ter se declarado para ele.Theodore cobria o rosto com as duas m&at
Quando se questionara se Gabriel agiria estranho, Theodore deveria ter se questionado também. Daria um crédito a si mesmo, pois, não imaginara que ao pisar no pátio da escola o seu estômago se reviraria só de ansiar ver o alfa.Estava muito ansioso.Por isso, queria fugir.Era simplesmente desagradável se sentir daquela maneira. Nem conseguira ficar sentado debaixo da tabebuia como de costume, indo direto para o corredor aguardar na porta da sala onde poderia encarar o chão esperando o tempo passar. Se ficasse no pátio poderia encontrar Gabriel, e não fazia ideia de que cara fazer.Com certeza ficaria corado. Faria alguma careta estranha? Não queria. Desejava passar tranquilidade, fazer uso da mesma cara de pau que fizera na noite anterior ao se encontrar com o seu melhor amigo. Fingir que nada aconteceu.Isso seria maldade demais, não seria?Não poderi
Ser mordido por uma pessoa era a coisa mais estranha do mundo.Desde a sua infância Milles fora ensinado e aconselhado a ser cuidadoso com a mordida, pois, deveria fazer quando amasse muito a pessoa. Admitia, pelo menos, que focaria nisso só quando fosse adulto e responsável. Até chegar lá, se permitiria se divertir com as garotas para ter mais experiência e não ter um casamento meramente chato.Pelo menos na cama.No entanto, jamais imaginaria que o momento em que morderia alguém acabaria daquela maneira.Com ele sendo mordido.Por um ômega gay.Alguém que ele detestava.E, para melhorar a sua auto flagelação, o sujeito que parecia ser sua alma gêmea.Era o combo perfeito para a ruína de Milles Mckenzie.Seu ombro doera a noite toda desde que fora mordido. Apenas uma compressa com água quente aliviava a dor, e ainda assi